Ainda não havia amanhecido e as luzes do sobrado onde morávamos, na esquina da Antônio Lobo, já estavam todas acesas.
Minha mãe, usando o ferro de passar, dava os últimos retoques em 3 uniformes de gala. E nós, os nove filhos, fazíamos a maior algazarra.
Lembro-me de ouvi-la dizer: - Hoje vocês acordaram os passarinhos.
Realmente, estávamos muito eufóricos, afinal, havia chegado o grande dia. Naquele domingo, o Estadual da Penha, iria participar, no Vale do Anhangabaú, do Concurso de Fanfarras, promovidos pela Rede Record de Televisão. Três de meus irmãos tocavam na fanfarra. A Margarida era um deles.
O comandante ou regente do grupo, chamava-se Euro, filho do dono do Cartório, que ensaiou, exaustivamente, durante meses aqueles garotos (as), que iriam representar nossa Penha querida.
Os ensaios eram na própria escola e, depois, passaram a treinar a evolução, nas ruas menos movimentadas do bairro. Esses ensaios, tornaram-se uma atração para os estudantes e moradores.
Infelizmente, num dos últimos ensaios na rua, um automóvel atropelou nosso regente que, por conta disso, teve uma das pernas fraturadas, ficando assim impossibilitado de reger nossa fanfarra.
Foi um desânimo geral. Muita tristeza mesmo. Mas, depois com mais calma, decidiram que não iriam jogar fora tanto esforço e dedicação. Com o apoio do Euro, designaram alguém do grupo para reger a fanfarra e resolveram participar do concurso.
Foi com muita alegria, que vimos nossos três irmãos com seus lindos uniformes de gala, saírem de casa rumo ao ônibus que os levaria ao Anhangabaú. Nós, ficaríamos assistindo pela TV, na esperança de vê-los em atividade.
O que aconteceu? Todos aqueles jovem componentes do grupo, mesmo sentindo a ausência do comandante e com muita garra e determinação, conseguiram conquistar o primeiro lugar.
Naquele belo dia de domingo, o bairro todo festejou a vitória e aguardou, com ansiedade, a chegada dos nossos campeões.
Lembro-me que eles vieram em formação, pela Rua Dr. João Ribeiro, executando seus toques e batidas com a tuba, bumbos, repiques e cornetas. Muito aplaudidos, pararam em frente ao Cartório, onde fizeram uma linda homenagem ao Euro, que por conta do gesso, só pode aparecer na janela e, acenando, agradeceu emocionado aos seus comandados.
Bons tempos em que os jovens participavam de concursos, que elevavam o nome do Bairro e da escola.
Meus parabéns, para todos que fizeram parte daquele grupo vitorioso.
Por Bernadete Pedroso
Minha mãe, usando o ferro de passar, dava os últimos retoques em 3 uniformes de gala. E nós, os nove filhos, fazíamos a maior algazarra.
Lembro-me de ouvi-la dizer: - Hoje vocês acordaram os passarinhos.
Realmente, estávamos muito eufóricos, afinal, havia chegado o grande dia. Naquele domingo, o Estadual da Penha, iria participar, no Vale do Anhangabaú, do Concurso de Fanfarras, promovidos pela Rede Record de Televisão. Três de meus irmãos tocavam na fanfarra. A Margarida era um deles.
O comandante ou regente do grupo, chamava-se Euro, filho do dono do Cartório, que ensaiou, exaustivamente, durante meses aqueles garotos (as), que iriam representar nossa Penha querida.
Os ensaios eram na própria escola e, depois, passaram a treinar a evolução, nas ruas menos movimentadas do bairro. Esses ensaios, tornaram-se uma atração para os estudantes e moradores.
Infelizmente, num dos últimos ensaios na rua, um automóvel atropelou nosso regente que, por conta disso, teve uma das pernas fraturadas, ficando assim impossibilitado de reger nossa fanfarra.
Foi um desânimo geral. Muita tristeza mesmo. Mas, depois com mais calma, decidiram que não iriam jogar fora tanto esforço e dedicação. Com o apoio do Euro, designaram alguém do grupo para reger a fanfarra e resolveram participar do concurso.
Foi com muita alegria, que vimos nossos três irmãos com seus lindos uniformes de gala, saírem de casa rumo ao ônibus que os levaria ao Anhangabaú. Nós, ficaríamos assistindo pela TV, na esperança de vê-los em atividade.
O que aconteceu? Todos aqueles jovem componentes do grupo, mesmo sentindo a ausência do comandante e com muita garra e determinação, conseguiram conquistar o primeiro lugar.
Naquele belo dia de domingo, o bairro todo festejou a vitória e aguardou, com ansiedade, a chegada dos nossos campeões.
Lembro-me que eles vieram em formação, pela Rua Dr. João Ribeiro, executando seus toques e batidas com a tuba, bumbos, repiques e cornetas. Muito aplaudidos, pararam em frente ao Cartório, onde fizeram uma linda homenagem ao Euro, que por conta do gesso, só pode aparecer na janela e, acenando, agradeceu emocionado aos seus comandados.
Bons tempos em que os jovens participavam de concursos, que elevavam o nome do Bairro e da escola.
Meus parabéns, para todos que fizeram parte daquele grupo vitorioso.
Por Bernadete Pedroso
11 comentários:
Que bela homenagem a um tempo em que as escolas se esmeravam em desfiles, uniformes e fanfarras !
Nem sei mais se hoje essas coisas existem, talvez em cidades menores e com colégios muito tradicionais. O ensino público entrou em tal demoralização que pouco mais sei sobre essas coisas. Mas há muito não ouço os clarins e os rufar dos tambores!
Abraços.
Olá, Bernadete!
Nossa...que saudade!
Você lembrou de um assunto muito legal!
Também sou do tempo das fanfarras nas ecolas e participei....nossa....que saudade! Eu era a baliza...nossaaaa....nem me lembrava mais...
Eu era bem magrinha a ágil. Como eu não tocava nenhum instrumento e queria participar, a regente fez testes e, no meu caso, fui aprovada para fazer aquelas evoluções com o bastão e movimentos rítmicos de acrobacia...muito legal!
Hoje, nem sei mais segurar o bastão...no bom sentido, heim! (rss)
Adorei, amiga!
Valeu!
Muita paz!
Oi, Bernadete, quanto encanto encerra sua pequena crônica. Retumbante, batidas sincopadas num estrondoso e emocionante arrebentar de tímpanos. Lembro bem destes desfiles de bandas pela Record mas, ao vivo eram sempre mais delirantes. Sempre gostei (e gosto) desse festivo e alegre evento. Pena que as escolas não apresentam muitos desfiles dessa natureza. O termo "banda" agora é só usado em computador, larga ou estreita, sei lá. Parabéns, Bernadete.
Bernadete,
agora vc foi fundo!
Saiba minha querida que eu e mais alguns colegas, representando a Escola Tecnica de Comercio Frederico Ozanam, com outros participantes das demais fanfarras escolares de São Paulo e o queridissimo COMENDADOR SIQUEIRA,foi quem iniciamos e desenvolvemos esse concurso de fanfarras.
Minha escola, embora pequena e iniciante, no 2o. ano de existência do concurso, foi a a vencedora.
No ano que a Penha levou o caneco eu estava lá no Anhangabaú envergando o solene uniforme (calça azul marinho, blusão amarelo e bordô) da minha querida ETCFO.
Vai ver que até nos esbarramos por lá!
Boas lembranças Bernadete, eu tambem gostava dos concursos de Fanfarras, e o Miguel lembrou muito bem do querido Comendador Siqueira, mas não podemos nunca esquecer de um nome que alem de produtor dos concursos de fanfarras na Tv. Record, minha opinião um dos maiores atores comicos do Brasil, e um grande amigo de todos, e que muito batalhou pelo concurso de fanfarras.Estou falando do Grande e para mim muito querido e saudoso, Durval de Souza.
Realmente as saudades são muitas e o lamento pela falta de comprometimento de hoje em dia. Que valor tem a atitude dos jovens lutando e conquistando o prêmio, mesmo com a ausência do regente. Orgulho por todos.
Achei lindo comentário :Vocês acordaram os passarinhos!
éo que mais fala da ansiedade e por ver e participar de momento tão especial. um abraço. Lindo.
É Bernadete. Bons tempos mesmo. Um tempo de cultura, de cidadania, às vezes fico pensando porque coisas dessas não mais são realizadas? Lembro-me muito bem do concurso de bandas e fanfarras que era apresentada pela Record, ano todo e televisado ao final, quando se ia saber quem seria o vencedor. Não me lembro do nome do radialista que fazia o programa. Mas aquelas batidas ecoaram por muito tempo e quando elas soam em meu ouvido é que me pergunto: - porque hoje não se faz mais isso? Bom eu mesmo respondo para você: Não dá IBOPE, naquele tempo também podia não dar, mas os familiares, e moradores dos bairros por onde havia uma banda com certeza estavam de olho na TV, e a TV não estava de olho, no Trak, que é a medição do IBOPE minuto a minuto.
Mana, muito bom recordar a época da fanfarra do estadual.Ela era o orgulho do bairro da Penha e com o Euro no comando conseguimos muitos troféus nos concursos que a Record fazia. Foi muito triste o que aconteceu com o Euro, e a homenagem prestada foi a forma de expressarmos nosso carinho e gratidão pela sua dedicação e trabalho com o grupo da fanfarra.Naquele dia a emoção tomou conta do Euro , dos alunos e de todos aqueles que assistiam este ato de carinho. Adorei relembrar deste momento....um grande beijo.
Que bonito, Bernadete!
São belas lembranças de tempos bem mais amenos, sem os perigos de hoje, que acabam com essas demonstrações! E quem mais perde são nossas crianças, que cada vez mais se vêm presas atrás das grades das janelas ou dos jardins e diante da telinha do computador! Naquela época a criançada doava, com orgulho e felicidade, muitas horas, durante meses, onde se dedicavam a ensaiar exaustivamente a representação que fariam! Hoje, nossas crianças já não dispõem nem mesmo dessas horas, ocupadíssimas com suas agendas carregadas de obrigações.
Parabéns, Bernadete, por mais esse momento de ternas recordações!
Abraço.
Que homenagem linda ao grande amor de sua vida, ela merece!
Que voces continuem assim para sempre....meus parabéns!
Um grande beijo
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