domingo, 5 de janeiro de 2020

Memórias de Hoje

Imagem :Colégio Ozanan - Google Imagens


Hoje, um texto de meu amigo José Carlos foi editado no blog Memórias de Sampa, e nele foi introduzida a imagem atual do prédio comentado no texto.

Que dor eu senti ao ver os destroços daquele, para mim, templo do saber, da fraternidade e idealismo.

Quantas histórias vividas nesse prédio em São Paulo na Praça Franklin Roosevelt 123. Fixando meu olhar na imagem, lembrei, de todas as aulas recebidas naquela sala da frente no andar superior do prédio.

Lembrei, das brincadeiras da turma do fundão, das batalhas de conhecimento promovidas pelos professores para afiar nosso saber,  das primeiras aulas de Geografia ministradas  por professor lusitano de nome João Cipriano que ali começava sua vida profissional e foi depois de muitos anos o ultimo proprietário daquele estabelecimento de ensino.

Lembrei, do seu fundador o professor João Batista Negrão Ferreira, que foi meu orientador, professor, incentivador e amigo durante anos. Parei o tempo para lembrar de todos os mestres que ali passaram e marcaram cada um doas anos cursados, minha memoria que já a mesma de antanho, foi registrando de forma precisa, mas não racional, dos nome de Benevides, Zé Pinto, Donato, Ribeiro, Marisa Jose, Youssef, Zacharias, Clarice, Vinicius, Ferré, Argemiro, Orlando, Waldemar, Geraldo e outras dezenas mais que levariam o espaço de algumas laudas mas que estão guardados com carinho no meu coração.

Lembrei, do velho Chico da Cantina, do Saul que veio em seguida, até chegar no mau amigo e xará Miguel, que um dia sumiu como fumaça no espaço e nunca mais encontrei.

Lembrei da fanfarra que conseguimos ganhar, tão pequena, do Negrão e que com o passar dos anos, mercê dedicação minha, do Daniel, do Arnaldo Bolão, do Walter Cozzolino, do Cabianca, sobre a regência do Marião e do Espanha, galgou aos píncaro da gloria transformando-se numa ”senhora e renomada fanfarra”.

Lembrei do G.A.T.O. (Grupo Amador de Teatro Ozanam) que fundei e dirigi durante anos com o devido apoio da direção e a participação de todos os colegas.

Lembrei do G.E.F.O. (Grêmio Estudantil Frederico Ozanam) do qual também cheguei a ser diretor,

Lembrei de todos os bailinhos pró-formatura que promovi ou participei, das festas e bailes de formatura, das festas Caipiras e das Qudrilhas com Casamento que eu ensaiava e apresentava.

Lembre de velhos camaradas como o Edson Gomes, o Durval e o Mario Paulo Galacini, o Fernando Fernandes, o Vermelho mais preto do mundo, o Salvador Braschiarelli, a Norma Toschi, as irmãs Arilda e Nair Krivanek



São tanta as lembranças... O melhor é fechar a pagina e tentar não lembrar...a saudades também mata.


Por Miguel Chammas


quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Corpo e Alma



Acordei hoje com um pensamento.
Há um prédio deteriorando-se na cidade   
Uma pequena construção agregada ao grande colégio alemão cai aos pedaços e eu acordei pensando nele.
Volto no tempo.
Vivíamos todos na busca do melhor. Humildes, deixávamos nosso trabalho e íamos em busca do conhecimento. Éramos ricos, não obstante a escassez de recursos e as finanças sempre combalidas.
Éramos ricos pois tínhamos a todos, diariamente. Ternos e gravatas, nós; alinhados vestidos ou saias elas, mas juntos convivíamos nossa busca  do sonho de cada um.
Velho Ozanam da Roosevelt e da Augusta. 
Ah nossos sonhos. Éramos a busca e também os próprios sonhos. Aulas intensas, completas e muito mais.
Atividades extracurriculares, como seria possível tantos profissionais agregando a atividade Ozanam aos seus dias
A fanfarra entoando nos desfiles; o jogral desfilando na cultura, o desenho do blusão da escola, o centro de mesa da formatura, o teatro, o vôlei entre as aulas ajustado ao pequeno espaço que tínhamos  naquele modesto prédio agregado ao grande colégio alemão.
Os alunos mais jovens -  tal como eu – quase criançolas, (às vezes invejando os mais velhos), buscávamos imitá-los, estes por sua vez  compartilhando livros, aulas, provas  e grandes negócios profissionais (e às vezes dando uma olhadinha nas nossas provas).  As moças em seu labor diário, seus fichários impecáveis, suas aulas bem marcadas. Tudo se constituía num conjunto harmônico de companheirismo e vida.
Mestres nos tratavam como iguais, como se iguais fossemos; nós os tratávamos como deuses, como se deuses fossem.  Éramos nós e eles a alma daquele corpo que nos abrigava. Propositadamente deixo em falta nomes. A mea culpa seria maior se esquecesse algum, de tantos que me encantaram na minha passagem por lá.
 Não esqueço dos bilhetes das moças pela manhã; a resposta dos moços pela noite, geraram amizades, namoros, casamentos.
Velho Ozanam da Roosevelt e da Augusta, gera em mim apenas boas lembranças.
Há um prédio deteriorando-se na cidade.
Afloram em meu pensamento sentimentos únicos de gratidão e jubilo. Sete anos passei naquela construção e, perdoe-me Camões, outros sete anos mais passaria se pudesse revive-los e sonhar o que naquele tempo sonhei, repasso por toda vida o que naqueles sete anos aprendi.
Não tenho saudades, tenho apenas boas recordações.
Durmo hoje com um pensamento o que sempre aprendi e que me faz ter sempre vivo.
O corpo é frágil, deteriora-se, morre, mas a alma, esta é imortal.



Por José Carlos Munhoz Navarro