terça-feira, 30 de outubro de 2012

MALUCOS-BELEZA” (Anos 70) - “O lado trágico da Paulicéia” -



(crônica da Cidade nos Tempos de Sexo, Drogas & Rock’n Roll)

Toda a Crônica é desencadeada por alguma razão. As razões desta minha Crônica são três. Razões cristalizadas em velhas fotos.
Como a vaticinar o final dos tempos, surge nos céus um cometa brilhante. O Cometa Janis Joplin (1943-1970) iluminou e aqueceu os adeptos do Movimento Hippie. Assim como apareceu, o Cometa Joplin desapareceu em meio a sua trajetória.
O Furacão Jimmy Hendrix (1942-1970) destruiu a América, ainda acomodada ao modo de viver dos anos 50. Enlouqueceu os jovens e influenciou a nova maneira de viver que se delineava.
1969 – Milhares de jovens pioneiros deixam suas casas e caminhando, de carro, de carona vão ao Festival de Woodstock. A partir desse festival o mundo nunca mais seria o mesmo. Lá, Joplin e Hendrix levaram à loucura total 500.000 jovens.
Janis e Hendrix ficaram por mais um tempo e, em 1970, partiram em uma viagem sem volta. Não viram os hippies se tornarem os donos da década de70;
Woodstock virou história.
Virou lenda que os velhos das décadas futuras contarão, sem censura alguma, aos seus netos...
Não se tapa o Sol com a peneira! Aconteceu (acontece ainda). É realidade. É um lado triste da Historia da Cidade de São Paulo.
Tempos estranhos aqueles da década de 70.
Sofria-se muito com a “morte da bezerra”; filosofava-se a respeito das magníficas “formigas azuis do Ceilão” e sua importante função na natureza. Tínhamos discussões acirradas, pró e contra, sobre “O Efeito dos Raios Gama nas Margaridas do Campo” e debatíamos se “O Apanhador no Campo de Centeio” era assalariado ou “bóia-fria”... E dúvidas atrozes, do tipo: Quem governa a China? Mao, ou madame Mao?
Nos fins de semana, as noites eram repletas de “curtição” pelos botequins da vida e pelas travessas da Augusta, onde se conseguia a melhor “farinha” do mercado – a tal “branca de neve”, a “cocada”.
Nas “quebradas” da Consolação comprava-se “bolsas” do “gero ‘bão’ da Bahia” que se fumava em “bombas” ou “fininhos”. As “bombas” eram do tipo “passe pour tout” e os “fininhos” eram individuais...
Nos botecos e “muquifos” do Bexiga consumia-se vinho, cerveja e macarrão. Nas quitinetes da Praça 14-Bis, Rua Paim e Frei Caneca o “barato” era caldo de feijão com pinga e consumia-se muito pão. Depois do “fumacê” sempre batia aquela fome... Nos porões da Liberdade, Vila Buarque, transformados em pensões, tudo podia acontecer. Era o tempo do sexo, drogas e Rock’n Roll...
Nos Jardins e no Pacaembu, as festas eram regadas a “estupefacientes” e “psicotrópicos”. Era demais ficar “turbinado” e espiar pelo buraco do caleidoscópio, vendo as pecinhas coloridas a formar desenhos quais cristais de neve. Era um tremendo “barato”! Todos ficavam “au de là du Marrakech” (Pra lá de Marrakech.).
E, vez ou outra, um adepto de “Lucy in the Sky with Diamonds” (LSD) partia em uma viagem sem volta. Outros “baixavam” no Pronto Socorro das Clínicas por causa da overdose...
Na rua, a cocaína, o “fumo” “y otras cositas más” causavam “revertérios” além da imaginação: A “mina” tirou a roupa na Barão de Itapetininga e começou a dançar e a cantar dizendo que era a Mãe Natureza, a Eva Universal...
E eu? Eu que não curtia esse “lance” de drogas (Sexo e Rock? Sim! Sim! Sim!), o que fazia no meio deles? Eu vivia, oras! Eu era, para eles, a “ovelha psicodélica”.
E o que é uma ovelha psicodélica? É alguém como eu, ”maluco” ao natural. Alguém que nunca se acomoda, mas se adapta a tudo.
Nasci “muito louco”, “over” e tudo na vida me emociona e enlouquece. Não julgo, aceito. Não seria capaz de viver com determinadas pessoas, mas convivo com elas. Nasci em janeiro. Sou de Aquário, pô! Então, “Let the sunshine in...”
Pelo meu jeito de ser convivíamos todos muito bem. E alguém, quando eu disse ser uma ovelha negra entre eles, retrucou dizendo que eu era o mais maluco de todos e que eu estava mais para ovelha psicodélica.
E a coisa ficou mais evidente quando os “omi” “passaram batidos” pelos “malucos” e me deram uma “geral”, perguntando onde eu tinha “mocosado” a “coisinha”... É. Eu sem perceber, sem usar, tinha ficado, “com certeza, maluco beleza...” Quem anda com mancos acaba mancando.
A bem da verdade, não me drogava, mas era chegado num “mé”. “Me amarrava” em doses e doses de conhaque. Começava a beber em alto estilo: Umas doses de Domecq, outras de Napoléon e depois caia no Presidente e, fatalmente, terminava a noite “mamando” um Conhaque Palhinha ou Conhaque de Alcatrão São João da Barra. Eu e a Reca (Regina), a “porra-loca” mais gostosa lá da Avenida Angélica!
Entre “pegas”, sustos e “baratos”, vadiávamos pela noite, até cair de “porre” ou de sono. E quando “Morfeu” chamava, ia-se para casa ou pegava-se uma “beira” nos bancos do Trianon, nas escadarias da Bela Vista. Ou dormia-se pelo chão das quitinetes.
E todas as manhãs de domingo, nove horas, eu estava com meus amigos junto à banca de bolsas do Zezão, lá na feirinha da Praça da República. Estávamos mais amarrotados que papel de embrulho jogado no lixo. Passa-passa de gente de todo o tipo, vozes mercadejando produtos, cheiros enjoativos, motores, buzinas e o bimbalhar dos sinos da Consolação. E eu rançando a Patchoulli. Zezão, ainda sob o efeito do “bode” de uma noitada intensa estava caladão, lidando com alicates, fivelas e ilhoses. Eu, depois de uns “trocentos” conhaques tomados na noite tinha na boca um gosto de cabo de guarda-chuva e a “tchurma” estava mais calada do que mudo com laringite...
Ah! Eu era tão jovem nos anos 70! Tempos de “Paz e Amor”.
Hoje, ainda permanece nas minhas recordações a saudade dos amigos mortos pelo uso das drogas, permanece também as suas vozes junto a minha, gritando pela utopia “Paz, flores, liberdade, felicidade”...
Tenho ainda, bem guardadas, a velha bata e a pulseira que me acompanharam pelos anos 70.
É... Tempos muito, muito estranhos aqueles dos anos 70...
Uma década brilhante, mas triste. Onde muitos seguiram em frente sonhando a vida e outros tantos se deixaram ficar, sonhando as drogas. Muitos se encontraram e outros tantos se perderam para sempre.
Logo os holofotes que iluminaram a década se apagariam e, assombrados, veríamos o fantasma da AIDS obscurecer a década de 80 que se iniciava...
 
Por: Wilson Natale

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Eleições, um trabalho voluntário.



Tenho lembranças positivas das eleições do passado e isto se deve ao meu pai. Estudado que era e com forte sentimento de solidariedade adquirido na sua trajetória de vida, lá no bairro onde morava, gostava de praticar a cidadania ajudando e orientado os menos favorecidos e todos aqueles que queriam saber o local de votação.
Naquele tempo nem todos tinham acesso a essa informação como temos hoje, mas o Sr. João, por ter sempre em mãos o Diário Oficial do Município de São Paulo, com toda sua seriedade, educação, respeito e muita paciência, montava lá na rua de casa um posto de informações úteis para todos que passavam por ali antes de votar.
Ele não fazia propaganda de candidatos e não influenciava as pessoas, seu trabalho era simplesmente voluntário e apenas de orientação de como e onde votar.
Estava sempre de olho nos candidatos na época das eleições e para fazer sua escolha, usava do que mais gostava de fazer, a leitura. Era leitor de todos os jornais e revistas da época, além de participar dos comícios, quando eram feitos próximos de casa.
No bairro da Penha, normalmente o comício era realizado no largo oito de setembro. Nada de palanques pomposos, barulho ou poluição visual. Pelo contrário. No momento certo, reinava o silêncio para que os eleitores pudessem ouvir com clareza as promessas dos candidatos.
Uma ocasião ele foi assistir o comício do Ademar de Barros e outra vez o de Jânio Quadros. Não me lembro, mas, acho que naquele tempo era inexistente a participação das crianças e das mulheres neste movimento.  Já em casa, com as cédulas dos candidatos nas mãos, meu pai argumentava muito bem sobre os discursos eleitorais da época.
O dia da eleição era muito importante para nós e todos os eleitores, e eu mediante todo este movimento, já percebia como era importante a escolha de um candidato. 
Logo cedo, meu pai colocava a pequena mesa que tinha no seu escritório na calçada, bem em frente de casa. Sobre ela reinava o Diário Oficial, que, por sinal, era bem grosso, e uma régua para ajudar na leitura das zonas eleitorais e seu endereço. Esta mesa tinha duas gavetas, em uma delas ficavam as cédulas dos candidatos e na outra, papéis cortados de sobras do seu trabalho. À mesa, sempre havia uma pessoa adulta, meu pai, um dos meus irmãos mais velhos ou algum de seus ajudantes que trabalhava no seu escritório. Para mim, que ficava sempre a volta da mesa, restava apenas entregar as cédulas que as pessoas pediam,  um trabalho pequeno, mas de grande importância.
A rua de casa ficava movimentada e na mesa formava fila, porque os eleitores da redondeza iam lá para saber seu local de votação. Se não me falha a memoria, a prefeitura colocava  a serviço da comunidade  outros postos distribuídos pelo bairro, mas lembro mesmo o do meu pai, que era simplesmente voluntário, onde as pessoas saiam agradecidas pelas orientações que recebiam.
Este movimento era durante o dia todo e só terminava com o fim do horário de votação.
Por fim, chegava a hora de recolher a mesa e todos terminavam o trabalho com a sensação de dever cumprido. E meu pai ficava orgulhoso por ter colaborado mais uma vez nas eleições.
Esta cena foi repetida por algumas vezes sem que eu chegasse a sentar na cadeira principal desta mesa, porque tudo ficou mais evoluído ao ponto de meu pai não precisar mais fazer este trabalho.
Minha contribuição de fato nas eleições foi em outro período, quando a escola em que eu trabalhava passou a ser zona eleitoral. Como funcionária municipal, dedicava 8 horas de trabalho neste dia, orientando pessoas  para  que todos os eleitores pudessem votar tranquilamente. No final do dia via renascer o sentimento de outrora: o de dever cumprido.
Guardei na memoria este trabalho voluntario em torno desta mesa que fez parte do cenário na rua de casa e destes momentos de quando as eleições eram consideradas importantes por todos os cidadãos.
Hoje, estou aposentada e não trabalho mais nas eleições, mas, sempre que elas acontecem, o cenário do passado se torna presente e tenho saudades, acreditem!

por: Maegarida Peramezza

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

POR QUE EU GOSTO E PARTICIPO DO ENCONTRO DOS REDONDOS COM AS REDONDAS


 
 
 
 
 
 
Dias após o ultimo encontro com as redondas, procurei responder para mim mesmo a seguinte pergunta?
O que motiva a minha participação nesse encontro que acontece no mínimo três vezes por ano em São Paulo, morando aqui em Lorena a uns 200 quilômetros de distancia de nossa famosa Capital.
Com certeza não são as redondas, aqui no vale do Paraíba existem dezenas de pizzarias que fornecem pizzas tão deliciosas quanto às da nossa querida Cidade de São Paulo.
Pesquisei um dia inteiro e, então, descobri alguns motivos que sempre acabam me arrastando juntamente com a esposa, para a participação nesses encontros.
Vou então relacioná-los:
1º - Oportunidade de passar um dia inteiro ou parte dele em minha Cidade querida, São Paulo da minha vida. Andar pelas ruas e Avenidas mais belas do meu Brasil, pisar no chão que pisei quando ainda era mocinho, olhando praças, avenidas e lugares, onde, andei, vivi, chorei, sorri,trabalhei, sonhei, amei, sofri e também me diverti. Fazer um mini tour pelo centro de uma das maiores cidades do mundo, andar e comprar pela Paulista, a nossa querida e verdadeira Quinta Avenida pagando tudo em Real, sem ter que pagar em dólar, andar pelo primeiro mundo ser sair do Brasil. É mole?

 - Sair da rotina do dia-dia estafante, São Paulo é o fortificante, que tonifica meus dias, espanta as minhas tristezas, amplia minhas energias.

 - Por fim é o estar com vocês escritores do Blog Memórias, e do Site SPMC. Que eu aprendi a gostar e a amar como minha família. Às vezes no finalzinho do dia eu percebo que meio despercebido, passei mais em contato com os textos de alguns de vocês, do que com os meus familiares. Se não vejamos: Às vezes fico 10 dias sem comunicação com MEUS FILHOS. Entretanto não fico um dia sem entrar em contato com o site.
Portanto, faço um convite aos escritores do Site, como também deste Blog:

Quer fazer amigos e falar sobre SÃO PAULO
ouvindo histórias gostosas e até piadas hilárias.
bebendo umas cervejinhas,
um chopinho ou guaraná?
Venha e vê se não falha.
Participe você também com a gente,
traga seu rabo de saia
entrem os dois nessa onda.
Venha também ao encontro
dos redondos com as redondas.

 por: Arthur Miranda

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

CONFISSÕES DE UM ENVELHESCENTE(Um exercício de Rabugice)



Não sou muito chegado a escrever sobre datas marcantes ou frases históricas, principalmente sobre as tais efemérides, efemérides como diria o Conselheiro Acácio. Não acredito nessa história de "Sigam-me aqueles que forem brasileiros" ou "As cortes Portuguesas, etc. etc.. Laços fora, Independência ou Morte" ou "Se mil vidas eu tivesse..." ou ainda "Os dados foram lançados..." ou o galilaico "et pur si muove"..., ou Libero Badaró com um tiro na moringa, bem no meio do semblante: "morre um liberal, mas não morre a liberdade", ou Marie Antoinette com seu... "não têm baquettes nem ficelles? manda esse pessoal comer bolos, brioches, profiterolles com patées de foie grãs na falta de manteiga. Sacre bleu, mon Dieu!, que falta de criativité, né Louis? :... Je pense que j'ai un torcicolo! Alguém chame o Dr. Guillotin, s'il vous plait?":

- ...Que pescocinho delicado, lindo, Ma Dame la Reine!

- Merci, Monsieur le docteur...

Será que tinha alguém ali do lado com um gravador? ou com um caderno de notas? ou com uma câmera escondida? Algum paparazzo?...heim?, heim?

Pois é, pelo fato de ser um incréu é que não escrevo nem comento, também, essas datas misteriosas como o Dia das Mães (nem tão estranhamente, 9 meses após o Dia dos Pais, façam as contas!), Dia da Sogra, Dia dos Apreciadores de Farinha de Mandioca, Dia dos Elefantes Problemáticos, Dia dos Caçadores de Borboletas, Dia dos Fabricantes de Pipas, Dia dos Namoridos Encrencados e por aí a fora...! e, muito menos, os feriados religiosos e Dias Santos:

Ansim boquejou Zaratustra, codinome Zara: - "...em verdade, em verdade, vos digo: - Aqueles que muito falam, falarão demais e aviso que a data de hoje deverá ser lembrada com uma hecatombe de 100 bois brancos, não 99 e nem 101! 100 bois! hecta em grego, fui claro ou querem que faça um desenho?; não pentatombe, nem hexatombe, nem heptatombe. Hecta!... e, sua carne (dos bois, dos bois, claro!) deverá ser vendida para os mais necessitados a preços escorchantes para que eles deixem de ser otários ou estácios embandeirados.

No futuro, nesta data, se for feriadão, melhor!  Comboios de 5 vezes 100 carruagens sem cavalos ou caravançarás de 100 camelos, deverão descer a Serra do Mar de cada vez, em direção aos infernos do litoral e no caminho, tanto na ida quanto na volta, haverá choro, sangue e ranger de dentes, além de entrevistas idiotas de jornalistas da Redibus Globulus com condutores dessas carruagens ou com os caravaneiros, que, ritualisticamente, deverão estar com latas de cerveja nas mãos, sem camisa e vestindo bermudas compradas na 25 de Março ou no Brás, com o 'rêgus gluteus pelludus" aparecendo calhordamente, 'gengibas' com falta de dentes, e que deverão ser tão demenciados quanto os tais jornalistas..."

: - ...é dificer, 'mais' nóis se adivertimo! ...estemo na istrada fais 19 hora, no fusca cheirando mortandela, sem água, sem cumida i acabô o leite das mamadêra das criançaiada (equipamento de som explodindo a 300 dB, funk de bandido ou uma letra poética e com profundo sentido filosófico do tipo "Olha o pente, olha o pente, olha o pente, olha o pente...). Vai passá no Jorná Nacionar? qui hora quié? uma veis mi intrevistaro no Paicambu i num apareceu p...nenhuma!; nóis fiquemo esperâno até acabá o Jorná daquela muié bonitona qui fala di noite, perdi a hora, cheguei tarde na trampa i num si vi na TV..., é mole, juventude?, num levo fé, não!

Também tenho a maior bronca dos oradores de beira de túmulo, dos oradores de coquetéis, de banquetes, de oradores senadores e deputados nordestinos e quejandos, não os nordestinos como pessoas, mas bronca daqueles discursos intermináveis que provocam sonolência, narcose braba; prá acordar os dormintes, digo, os ouvintes apenas um enxame de marimbondos de fogo invadindo o recinto e pondo todo mundo prá correr em debandada, desesperadamente. É a Síndrome de Agarramento de Microfones ou, em casos mais graves, a Síndrome de Dupla Personalidade com a de Dominância da de Ruy Barbosa, um perigo!:

- ...Excelência, questão de ordem...

- O nobre colega deverá seguir a ordem de inscrição para se manifestar... permitam, Vossas Excelências, que eu volte a tratar dos assuntos de relevância, de importância da segurança nacional quando fui bruscamente interrompido pelos inconvenientes apartes das bancadas não alinhadas à linha de pensamento de minha agremiação partidária, por essa cambada de beócios e capadócios...

- Se me permite o nobre e digno representante da província de Brandemburgo do Norte, cambada é a vossa família, beócio, melhor diria biócio, são dois, um em cada lado da testa, cheio de folhas e floridos como um jardim francês, é o senhor vosso pai, aquele senhor bebuço e andrajoso que baba na gravata e, capadócia é a senhora sua genitora, aquela senhora desfrutável e de conduta não ilibada alegria da criançada dos cursos primário, ginasial e 2º grau de sua cidade...

- Que constem nos autos as declarações do nobre representante do povo; depois conversaremos... mas, não obstante, de maneira peremptória, haverão de perguntar, o povo sofrido do sertão do Mandacaru perguntará, questionará, quererá saber, não esclarecidos demandarão respostas: "e daí? e eu, no meu papel de digno representante de minha província, de minha cidade, de meu bairro, de minha rua, de minha família, responderei: Sim, como de fato, não sei, precisamos manter a calma nesses momentos tão graves que afligem nossos corações e mentes ou iremos parar, nós todos, repito, nós todos!, nos nosocômios e nos sanitários dessa nossa pátria idolatrada, salve, salve! Mas, voltando às questões que me fizeram vir de Paris, de minha modesta mansarda no 17éme arrondissement, para me defender de acusações infundadas, reafirmo que em momento oportuno esclarecerei como surgiu uma piscina de volume d'água equivalente ao volume de 3 piscinas olímpicas em meu sitiozinho em Miami. Por enquanto não descarto a hipótese de milagre da Virgem de Macarena, da qual recebo, vez ou outra, alguma ajuda, tanta é minha fé em seus milagres...

(Neste momento o plenário é invadido por um enxame de marimbondos de fogo e todos fogem, aos berros, orador incrusiver!)

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Estou parando por aqui, porque detesto quem fica escrevendo feito louco (epa!) e eu estou me vendo nessa situação e já perdendo o autocontrole...

Este texto é dedicado àqueles que como eu, tem lá suas manias, já dobraram Cabo das Tormentas e que fingem não ouvir os netos cochicharem: - Ssshh!, fica esperto que o vô hoje deve estar com os calos doendo. Vê se não fala bobagem perto dele...

Dedico-o também aos paulistas e paulistanos de minha idade que já precisam usar técnicas mnemônicas prá se lembrar como é o nome do vizinho por 40 anos e que não se lembram qual é a chapa do carro nem o número da casa, nem o nome da rua,... E, ao mesmo tempo, espero reavivar as lembranças de dois personagens geniais de programas de rádio: Dr. Infezulino, de um programa de auditório da Radio Nacional do Rio de Janeiro e Zé da Bronca, vivido por Manoel de Nobrega no programa diário que levava seu nome, na antiga Rádio Nacional de São Paulo. Remember...

Abraço a todos (mas não aperta muito que me dá "farta de ar")

por:  Joaquim Ignacio
 

domingo, 14 de outubro de 2012

SEU MANEQUINHO E O FANTASMA (O São Paulo Insólito)



Lá por 1973, nossa amiga Terezinha fazendo exercícios na Escola de Bailado do Municipal, sofreu uma grave torção no pé. Estava “de molho”, solitária e triste. Sem poder sair de casa, pegou no telefone e convidou a todos nós, os amigos, para uma noitada de comes e bebes em sua casa, no sábado. Todos concordamos em ir.
 
Combinamos nos encontrar, às 20horas, na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação. Todo mundo lá, atravessamos a Paulista e entramos na Avenida Dr. Arnaldo, viramos na Rua João Florêncio e “carcamo” o dedão na campainha da casa de Terê.

Mamy – apelido de Dna. Clarice, mãe de Terezinha - abriu a porta e pediu que entrássemos, o portão estava aberto. Entramos. A noite prometia...

Começou com a Terezinha, escorada pela muleta, vindo nos receber no “hall” de entrada. Ela estava radiante!

Sentados na sala, ouvimos a Terê falar do acidente e dos terríveis dias de clausura que estava passando. Chegaram os comes e bebes e, naquela loucura de que todos nós éramos possuídos, ora conversávamos e assistíamos à televisão, ora conversávamos e escutávamos o “som”; ora conversávamos sério, ora contávamos piadinhas...

A noitada estava que era uma beleza! Então o Carlos pediu à Terezinha que tocasse a Sonata ao Luar no piano... “Com o meu pé desse jeito, “sua anta”“? “Não dá”! Respondeu Terê. O Carlos retruca: “Você usa os pés para dançar e as mãos para tocar, “pirada””. E Terê: “Ô “Zé - mané” ”! “Vou comprimir os pedais do piano com o quê”? “Com o rabo”?! “Piano tem abafadores, sabia”?... “Numa boa”, interrompendo o bate-boca, o Silvio se propôs a lidar com os pedais. Terezinha era um “desbunde” de perfeição técnica!

Já o Silvio, agachado sob o piano, que não acompanhava a partitura era um desastre. Ríamos muito. Aquela audição da Sonata estava divertidíssima. Euterpe que nos perdoe! E Beethoven também!...

Lá pelo meio da Sonata, a casa ficou às escuras. Acendemos os nossos isqueiros. Foi um fusível?... Mamy olhou pela janela e falou: “Foi corte de energia”. Nem na rua tem luz”!

Castiçais com velas foram acesos. Sentados no tapete ficamos a petiscar, a beber vinho e a conversar. Passa um tempão e nada da energia voltar. E a conversa foi esmorecendo. Então, a Terê teve uma brilhante ideia: “Que tal aproveitar essa falta de energia e fazermos uma reunião do tipo “histórias da meia-noite”?” Aplausos e aprovação geral!

Na penumbra, às luzes dos castiçais, contávamos as nossas histórias de terror. Dramas que se transformaram em assombramentos vingativos; maldições que destruíram vidas; fantasmas que andavam pela casa fazendo barulhos; mortos que chamavam os vivos, aparições e relembramos desde a loira do banheiro até a menina que perambulava pelos corredores do Martinelli... E todo mundo, meio que entrando no baixo astral, sentindo arrepios estranhos pelo corpo e nos cabelinhos da nuca.

A Clara começou a contar histórias fantasmagóricas sobre o Cemitério da Consolação e do Araçá... No meio de uma das histórias da Clara, o Orlando, meio “cabreiro” nos disse: “Gente, to gostando não do clima que está aqui. Melhor parar. Vocês “sacaram” que estamos a uma quadra do Araçá”? Ninguém tinha “sacado”! Ai o clima pesou mesmo e a “ficha caiu”. Silêncio absoluto.

Mamy que, até aquele momento apenas ouvia, riu e nos disse: “Agora é a minha vez de contar uma história de terror. E é sobre o Araçá e sobre o Senhor Manequinho, que foi o nosso jardineiro por muitos anos. Aconteceu no fim anos 30...”.

Anos de convivência transformara o jardineiro em “prata da casa”. A mãe de Mamy não permitia que ele fosse embora sem que jantasse. Em um desses jantares, entretidos em falar sobre podas, tipos de plantas, adubos e tipo de gramado mais adequado ao jardim, Seu Manequinho foi embora quase meia-noite.

Feliz, despreocupado, subia a Doutor Arnaldo, em direção à sua casa, na Teodoro Sampaio. Atravessou a Rua Major Natanael e viu-se diante do portão do Araçá, onde havia o necrotério. Seu Manequinho sentiu um arrepio pelo corpo. Como qualquer um de nós, ele não gostava de cemitérios, principalmente àquela hora da noite. Respirou fundo, apertou a alça da maleta que continha as suas roupas de trabalho e seguiu em frente. De repente, o horror e o pânico tomaram conta dele. Caminhando, viu aparecer no alto do muro do cemitério uma cabeça humana...

Puro terror! Uma cabeça com uma cara branquíssima e olhos brilhantes arregalados! O fantasma galgava o muro. Enregelado, Seu Manequinho apertou a alça da maleta, deu um grito de horror e começou a correr. O fantasma soltou um grunhido aterrador, pulou o muro e correu atrás do jardineiro.

Seu Manequinho corria desesperadamente e o fantasma o seguia bem próximo. Corre que corre, quando ele estava próximo ao muro do Cemitério do SS. Sacramento, o fantasma estava colado a ele. Seu Manequinho deu um grito desesperado, virou-se e acertou violentamente o fantasma com a maleta e desmaiou...

 Carros e escassos transeuntes pararam para ver aquela cena estranha... Seu Manequinho desmaiado, caído ao chão e um Guarda Civil, sem o quepe, com o rosto sangrando, meio tonto, encostado ao muro, tentando se manter em pé...

 O outro lado da história:

O policial - recruta ainda - fora escalado para a ronda do necrotério do Cemitério do Araçá que naquele tempo também funcionava como IML. Desconfortável e morrendo de medo por estar dentro de uma necrópole engolida pela escuridão, resolveu tirar o quepe, galgar e ficar sentado no muro do cemitério. Botava a cara no muro quando viu o Seu Manequinho passar. O jardineiro deu um grito tão assustador que apavorou mais ainda o pobre policial. Seu Manequinho começou a correr e o policial, não teve dúvidas (achando que o jardineiro vira, sabe-se lá que coisa), pulou o muro e também correu na mesma direção. Quando estava junto a ele, recebeu uma tremenda maletada no rosto.

Acudido pelos motoristas e passantes, esclarecido o mal entendido, Seu Manequinho que, não sabia se chorava ou se ria foi levado de carona para casa. O policial envergonhado e mudo foi ajudado a galgar o muro do cemitério e lá ficou sentado, “borrando-se” de medo...

Desde o fato acontecido, Seu Manequinho atravessava a Doutor Arnaldo e a subia pelo lado do Emílio Ribas... Mas...

Mas o Destino gostava de brincar com o Seu Manequinho!

Tarde da noite ele passava pelo portão do Emílio Ribas, quando do nada, ouviu uma voz cavernosa perguntando: “O amigo poderia me dizer a hora”? Não esperou para saber quem perguntara. Desatou a correr feito louco. Ultrapassou a Teodoro, onde morava e só parou de correr quando chegou à esquina da Cardeal Arcoverde.

Talvez fosse o vigia dentro da guarita a pedir-lhe a hora. Talvez não...

Rimos muito com essa história. Contamos outras, também hilárias.

A nossa noitada terminou bem, com o dia já claro e com o café da manhã. E a energia elétrica ainda não havia voltado.


por: Wilson Natale

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Talentos da exclusão


O trânsito anda pela hora da morte, como diria a avó. Despende-se o triplo do tempo no trajeto. A cidade ferve na tarde gelada. Perueiros são como abelhas. Passam zunindo. Os passageiros vão sendo engolidos por esta modalidade de transporte. Na perua, uma cena curiosa: um homem se levanta e cede lugar para uma senhora. Ela lá em pé, impassível. Ele intrigado: - Não vai sentar? E ela: - Estou esperando esfriar... Ele já irritado: - Então fica aí que eu mesmo sento enquanto esfria... O cobrador, um “alto-falante” humano, cara e tronco pra fora da janela, grita: “Vai terminal, sobe a Alameda, Largo Treze?”

Já no ônibus, sucedem-se as mais diferentes profissões: vendedores (de balas, salgadinhos, decalques), pedintes, aleijados, cegos, surdos e até um mudo com seu ajudante-orador.
Entram e pedem para passar por baixo da catraca. Deitam de cara pra cima e rastejam. E com que desenvoltura! A ‘roleta’ é quase rente ao chão... Levantam-se rápido e discursam: “Senhoras e senhores! Desculpe estar aqui falando. Não quero atrapalhar a viagem de vocês. Estou desempregado, tenho filhos pra sustentar... Pedir não é vergonha! É melhor do que roubar algum trabalhador ou uma senhora, né? Vamos ajudar o próximo que Deus vai lhe devolver em dobro! Aceito ticket, moedas. Pode ser 1 real, 10 centavos, um alimento, qualquer coisa me ajuda”.


Deste modo, vão convencendo um ou outro a doarem suas moedinhas ou a comprarem suas coisas. Muitos dos passageiros fingem não ouvir, tamanha a freqüência com que entram e descem, num estranho balé humano. Homens, mulheres, tocadores de gaita, jovens vestidos de palhaços, idosos: verdadeiros artistas, neste palco sobre rodas. Talentos da exclusão.
Lá fora, os puxadores de carroça disputam o asfalto com os carros velozes...


por:  Suely Aparecida Schraner

 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

MEMÓRIAS DE UM ÍDOLO

 

Desde tenra idade a musica foi minha grande sedução. Musica clássica, lírica ou popular me atraiam e acalmavam. Tinha um tio de segundo grau (era tio de minha mãe), que na qualidade de empresário do Teatro Municipal de São Paulo, me facilitava o comparecimento  â maioria dos espetáculos que nesta capital cumpriam suas turnês, e mais, após o espetáculo, o acesso aos bastidores e camarins era garantido.
Além dessa fantástica iniciação musical, eu tinha em casa, minha mãe dona de uma belíssima e afinada voz e que não degenerando sua descendência italiana, sempre a meu pedido, me presenteava com audições das velhas e românticas canções napolitanas. Sem contar que, também, cantava com belíssima maestria as canções e tangos portenhos.
Considero então, que meu berço musical, ao contrário do que hoje se oferecem aos  jovens rebentos, foi de  altíssima qualidade.
Os anos foram passando e eu, cada vez mais apaixonado pela musica. Confesso que, na minha transição de menino para rapaz, tentei por algumas vezes entoar canções, compareci aos programas infanto-juvenis de calouros como o Clube Papai Noel do querido Homero Silva , ao Grêmio do Zezinho da antiga Radio Cultura na Avenida São João. Inúteis tentativas, meu negocio era ouvir e me deleitar com mas obras dos verdadeiros artistas.
Ídolos musicais sempre tive, entre eles Enrico Caruso, Tito Schippa, Gino Becchi, Beniamino Gigli (de quem recebi inesquecível presente), Carlos Gardel, Libertad Lamarque, Hugo Del Carril, Bing Crosby, Frank Laine, Frank Sinatra. Muitas linhas deveriam ser preenchidas com nomes de meus ídolos, e ainda nem sequer citei um só dos meus ídolos nacionais que começavam com a voz de Vicente Celestino, passavam por Mario Reis, Francisco Alves, Orlando Silva. Sylvio Caldas, Carlos Galhardo, Nelson Gonçalves, Dalva de Oliveira, Wilma Bentivegna, Izaurinha Garcia, Elza Laranjeira, Angela Maria, Elis Regina (a maior de todas), Claudia e tantas outras.
Mas voltando ao ídolo que sugeriu este texto, nos anos 50 me tornei fã de um sanfoneiro que marcou para sempre um ritmo nordestino, o Baião e seus derivados. LUIZ GONZAGA.
Fui seu fã incondicional e o acompanhei por diversos auditórios e tetros de Sampa, principalmente o auditório da Radio Record na Rua Quintino Bocaiuva.
Seu grande Show em São Paulo aconteceu num domingo nas salas do Cine Odeon, eu ali estava e levava comigo meu irmão e meus primos Roberto e Sonia. Tinha conseguido convites para todos e nos divertimos muito, principalmente quando eram sorteados uma centena de prêmios aos presentes. Num dos sorteios o numero estava no convite que eu Dersa a minha prima Sonia, foi uma Bicicleta Hercules. Eu não tinha uma até então e tinha a certeza que dificilmente haveria de ganhar uma bicicleta, não achei justo ela se apossar do premio que, se eu não lhe tivesse convidado, seria meu.
Essa bicicleta foi motivo de várias brigas e muitas surras naquela casa das Rua Augusta onde nós morávamos.
O show foi fantástico, a musica foi contagiante, o Rei do Baião reforçou minha idolatria, mas no fundo, até hoje, sinto uma certa dor por não ter ganhado a tal bicicleta
por: Miguel Chammas

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

ELEIÇÕES - 2012


Votei pela primeira vez em minha vida em outubro de 1958, em uma seção eleitoral que funcionava no Grupo Escolar Padre Manoel da Nóbrega, situado na Avenida Itaberaba no bairro da Freguesia do Ó em São Paulo, no mesmo local onde fiz os meus estudos fundamentais e terminei o meu primário aos 11 anos de idade.

Ao votar pela primeira vez estava com 20 anos incompletos, com uma muita garra e vontade de votar nos candidatos que segundo minhas convicções iriam mudar as coisas. Sou, portanto nos dias hoje considerado um velho eleitor, como também um eleitor velho.

Depois voltei às urnas em 1960, novamente cheio de garra e vontade de levar o meu candidato vencedor a governador de São Paulo em 1958, para à presidente do Brasil, agora com maior participação nas eleições, pois além de eleitor eu atuei como primeiro secretário em minha seção eleitoral. Só Deus pode explicar com que felicidade e alegria eu trabalhei e cumpri o meu direito de cidadão.

Depois disso por vários anos a ditadura militar de 1964, roubou essa minha satisfação cívica e meias dúzias de gatos pingados passaram a decidir quem iria comandar o nosso estado, e o nosso país.

Então depois de vários anos sem poder exercer esse meu direito de escolher nossos dirigentes, vieram as Diretas já eu já não estava morando mais em minha querida cidade de São Paulo, mas não transferi meu título, pois achava que isso me mantinha mais ligado a São Paulo, mesmo morando em Campos do Jordão.

Houve uma eleição municipal aqui em São Paulo em 1985, e eu estava cumprindo um compromisso na cidade de Passos em Minas Gerais, saí cedinho da cidade em meu carro, votei em minha secção eleitoral aqui em São Paulo, voltei á Passos em Minas para cumprir meu compromisso, que era uma palestra na igreja Matriz de Passos cheio de alegria, e muito feliz por ter podido exercer meu direito de escolher o homem que iria comandar os destinos da minha querida cidade.

O meu candidato não ganhou ficou em terceiro lugar, mas eu estava feliz, por haver participado e ter feito um grande sacrifício para isso pudesse acontecer.

O tempo passou e eu passei junto com o mesmo, sempre votando, sempre acreditando em mudanças, soluções, saúde, asfalto, honestidade, trabalho, bem comum, ensino, educação, postos de saúde, estradas, hospitais, enfim tudo aquilo, que o povo deseja e precisa ao eleger seus legítimos representantes.

E então depois de ditadura, mortes, torturas, anistia, diretas já, plano cruzado, plano Collor, caras pintadas, privatizações fraudulentas, mensalão, etc., etc. e tal.

Então agora nessas eleições 2013 vou votar mais uma vez, mesmo estando desobrigado pela idade, mesmo porque sempre votei pelo direito de votar e não por ser obrigado.

Vou votar sem nenhuma alegria, pois pela primeira vez em minha vida não sinto tesão em votar, a picaretagem política, a desonestidade de muitos políticos, hoje em dia filiados em todos os partidos que por incrível que pareça, não exigem ficha limpa de seus filiados, e com isso acabaram matando a minha alegria e aquele meu tesão de votar.

ELEITORES PAULISTAS, PAULISTANOS, E BRASILEIROS TENHA TODOS UM "FELIZ" DIA DE ELEIÇÕES.
 
por: Arthur Miranda

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

7 de outubro de 2012




Numa época em que todo dia é “dia de alguém ou de alguma coisa”, fui procurar quem ou o que se homenageia nesse dia. Encontrei informações conflitantes sobre o Dia do Compositor (7 de outubro, 15 de janeiro ou 5 de março, esta, a data do nascimento do nosso grande compositor Heitor Villa Lobos). Para os católicos é o Dia de Nossa Senhora do Rosário. Como informação complementar e “importantíssima” é o 280º dia do ano no calendário gregoriano (281º em anos bissextos). Faltam 85 para acabar o ano.

E para os brasileiros, em geral? Bem, só sei que 7 de outubro de 2012 ficará marcado como o dia das eleições para prefeitos e vereadores.

Neste ano, infelizmente, estarei impedido de exercer aquele que é um dos nossos mais legítimos direitos: o de eleger nossos representantes municipais! Como vim para São Paulo no início deste ano, meio às pressas devido às doenças dos meus pais já bastante idosos e, nos primeiros meses, às voltas com internações hospitalares e suas consequências, acabei nem me lembrando do título de eleitor e da necessidade de transferi-lo para cá, onde estou residindo por tempo indeterminado. E devido aos mesmos problemas, estou impedido de viajar para a cidade onde posso exercer plenamente esse direito de cidadão. Assim só me resta justificar o voto e pedir a Deus que o povo paulistano tenha discernimento e responsabilidade para eleger o melhor prefeito e os melhores vereadores.

Não que o meu voto fizesse, sozinho, alguma diferença! Mas ele faria com que me sentisse melhor tendo contribuído para esse evento e, estatisticamente, participado da escolha dos próximos dirigentes desta cidade tão rica em contrastes e em diferenças sociais. Tão necessitada de dirigentes que realmente façam seu trabalho em função das reais necessidades dos cidadãos e não apenas em função de acordos e conchavos políticos e muito menos em benefício próprio.

O que se vê por toda parte nestes meses que antecedem as eleições é a politicalha se movendo, como ratos saindo de suas tocas, no sentido de que o povo continue sendo manipulado para que eles não percam o lugar conquistado no poder, mas o consolidem, garantindo, assim, os interesses dos grupos que representam e os seus próprios. Não é a toa que se vê bispos indicando candidatos, políticos mais antigos apoiando seus pares, detentores de recursos e de poder determinando a manutenção do que temos por aí. Não vemos candidatos com verdadeiros programas de governo, destinados ao benefício comum. Vemos apenas arremedos disso, com maquiagem tão carregada quanto as usadas pelas atuais periguetes, peruas, ou seja, lá o nome que elas tenham.

O principal candidato a prefeito desta cidade, liderando as pesquisas há meses, é conhecido apenas pelo programa demagogo que comandou na televisão durante anos, onde levava uma pessoa do povo a uma loja ou prestador de serviços, para reparar o que estava errado. E o povo, inerme e permanentemente desinformado, escolheu-o como preferido apenas por considerá-lo “defensor dos pobres”! Não estou defendendo nenhum candidato, mas acredito que os que estão em 2º e 3º lugares tenham mais experiência e já tenham realizado mais em suas carreiras políticas do que esse cidadão que tem, como lastro, apenas um programa de televisão. O ex-presidente da República, que deveria estar descansando em sua aposentadoria, tem se descuidado até da saúde debilitada para fazer com que o “seu escolhido” seja eleito, inclusive (não sei se usarei a palavra correta, ou a mais justa) chantageando politicamente sua sucessora na Presidência da República na tentativa de conseguir seus objetivos. A senhora PresidentA, inclusive, trocou uma ministra para dar um ministério a outra senhora, importante (mas não a melhor) política paulista, que em troca voltou atrás em sua decisão pública de não apoiar o candidato do ex-presidente, apoiando-o como se fosse sua eleitora de primeira hora!

Os outros candidatos, inclusive aqueles que jamais tiveram qualquer condição de atingir o cargo de Prefeito desta cidade, trocam acusações e insultos, mostram as falhas e os pontos fracos dos demais, embora sempre deixem uma brecha para, num eventual segundo turno, negociarem seu apoio a quem pagar melhor.

 Infelizmente essa é a nossa política! Essa é a forma de se fazer política neste País! E isso só vai mudar quando os eleitores se conscientizarem de seus legítimos direitos e responsabilidades e passarem a exigir o que se espera dos representantes eleitos.
 
Quando os eleitores, ao invés de se manterem alienados e desinformados, passarem a vasculhar as vidas dos candidatos, não para incriminá-los ou culpá-los de algo, mas para conhecer suas origens, suas histórias e, escorados num perfil digno, escolherem o melhor deles. Só que, para conseguir atingir esse nível de escolha, nosso povo, tão sofrido, precisa receber melhores condições de saúde e de educação; trabalho e salário dignos e melhores condições de moradia e de locomoção.  

Os maiores problemas desta cidade concentram-se, não necessariamente nessa ordem, em: transporte público, trânsito, segurança, corrupção, saúde e educação. Havendo vontade política e empenho dos nossos representantes, não seria tão difícil resolver, em um, dois, três mandatos, cada um desses problemas. Mas as malditas coligações, conchavos, acordos, rabos presos e interesses de grupos ou pessoais impedem que, uma vez no poder, eles se empenhem em buscar essas soluções. O tempo para realmente governar, legislar e fazer com que se cumpram as leis acaba sendo pouco para o atendimento de todos os compromissos politiqueiros feitos antes das eleições.

Resta-me, já que não poderei utilizar o meu voto, ficar torcendo para que o futuro prefeito e os futuros vereadores façam por esta cidade algo melhor do que os atuais e seus antecessores fizeram! Que venham os melhores!

 

Por: Zeca