terça-feira, 28 de setembro de 2010

Um amor sincero


(Homenagem a minha querida esposa, Myrtes)

Amando como poucas, sem receio algum,
Myrtes, linda, com a felicidade, sonha;
não permite que nada aconteça,
pra anular a paixão comum
e deixar que o amor esmoreça.

Vida e luta de trabalho, na feira,
não deixa de lado a atenção
que o amado sempre espera.
Modesto, em escolha certeira,
tem pela amada, sincera paixão,
e a felicidade, derradeira.

Economia restrita e pequena,
feirante, sem trégua sem medo,
calor, chuva, frio, sem incomodar.
Dia dos Namorados, que pena,
de manhãzinha, bem cedo,
pro meu amor, o que vou dar?

Esperta e viva, seu irmão vai consultar,
o que poderia ser feito, um mimo
por mais simples, ofertar.
Vitório, noivo, pronto pra casar,
poderia dispor só um mínimo,
além do minguado, não pode dar.

Vendedor, com irmãos trabalhando,
sendo clientes só os feirantes,
nesse mister a Myrtes conheceu;
no primeiro momento, só olhando...
dias seguintes, mais inebriantes,
o esperado momento, aconteceu!

Na feira do Cambuci, onde ela mora,
surpreende a Myrtes com o apelo;
ela, envergando um simples vestido,
ouve o tímido Modesto, agora,
linda, longos cabelos, sorriso anelo,
o tão esperado e aguardado pedido.


Namoro sequioso, briguento e ciumento,
seguem, sem dar tréguas a dúvidas,
o amor a tudo superar e nada ceder.
Como tempestades que, de momento,
surgem, de repente, não são ouvidas,
nada de mal, essa paixão, pode deter.

Myrtes, preocupada em presentear,
procura meios, como ofertar,
um valor, de ninguém esperar,
porém, custe o que custar,
esse presente ela tem que dar.

Idéias mil, sua cabeça a trabalhar,
surge, na figura de um representante.
Se o Vitório comprar sabão Platino
em quantidade superior, iria batalhar,
um relógio, sem custo, nem desatino,
a empresa do sabão, vai lhe dar.

Vitório titubeia, a quantidade é alta
teria sabão pra todo o ano,
um capital empatado mas, o preço,
com a revenda, o lucro salta.
Faço pela Myrtes, minha irmã, eu a amo.
Faz o pedido, mandar, nesse endereço.

Desconfiada por natureza, ganha o presente.
Pronto, brinca o irmão, um presentão,
pro querido amor, seu namorado.
Você não acha o brinde bem diferente,
daquilo que o vendedor tinha em mãos.
Querida, melhor que isso, só comprado.

Num rasgo de ousada iniciativa,
diz a si mesma, essa droga não vou dar
pro Modesto, coisa melhor ele merece.
Contata papelaria, sempre criativa,
compra impressos, o relógio vai rifar,
vende os números a todos que aparece.

Moça pobre, mimo pra si, não quer dar,
não regateia, o presente vai comprar.
Total arrecadado, suficiente pra gastar,
naquilo que está a calcular.
Com este gesto, de amor sincero,
desprovido de egoismo e ambição,
vai a Casa da Ópera, na rua Direita,
"Um corte de linho irlandês, eu quero,
branco, pra dar a minha paixão,
se ele é meu escolhido, sou sua eleita.

Ao prestar essa homenagem
a minha querida Myrtes, amor eterno
digo que, do corte de linho irlandês,
resultado de sua insistência e coragem,
fiz um belíssimo e atraente terno,
deixando boquiaberto até quem o fez.


Por Modesto Laruccia

9 comentários:

Miguel S. G. Chammas disse...

Modesto, linda estória, lindo poema, lindo presente, linda homenagem.
O mais lindo de tudo é poder contar com a alegria impar desse casal e desfrutar da sua amizade.
A Myrtes mereceu essa singela e pura homenagem do seu poeta mais querido.
Parabéns!

Soninha disse...

Olá, Modesto!

Que bacana! Uma linda homenagem para sua esposa!
Além da homenagem, pudemos conhecer um pouco da história de suas vidas, através dos versos de seu poema.
Uma vida de luta, pautada com muito trabalho e recheada com muito amor e carinho.
Adorei!
Parabéns a você e Myrtes, pela união duradoura.
Muita saúde para vocês!
Obrigada!
Muita paz!

Unknown disse...

Modesto, li certa vez, que o melhor relacionamento é aquele em que o amor mútuo, execede o amor que cada um necessita do outro.
É muito bonito ver um amor maduro, assim como o de vocês.
Uma homenagem muito carinhosa para sua Myrtes.
E você se cuide hein! Pois ela ainda é uma mulher muito bonita.
Parabéns por essa união e um abraço para os dois.
Bernadete

Luiz Saidenberg disse...

Que beleza, Modesto. Não só a poesia, mas o gesto nobre para a companheira de tantos anos. Meus parabéns! Fossem todos colegas de site assim felizes com suas esposas, e reconhecessem os longos anos de carinho, dedicação e sofrimento. Abraços.

MLopomo disse...

Bendito os relacionamentos que atravessam décadas. As décadas são as entrelinhas do verdadeiro amor.

Arthur Miranda disse...

Que beleza modesto,que coisa linda
esse bonito amor em poesia
seu enorme talento nos brindou.
a Denise minha amada, gostou tanto
que alguma coisa parecida me cobrou.
E eu sem ser poeta, e andar na lua.
estou numa sinuca,e jurei que um dia vou te pegar na Rua.
Parabéns super Modesto.

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Modesto, que posso eu dizer diante de uma homenagem tão linda e singela que o amigo presta à sua querida companheira Myrtes? que Deus os abençoe e que eu possa sempre ter o privilégio de contar com a amizade de vocês, parabéns por mais esse relato, abraços, Nelinho.

Zeca disse...

Parabéns, Modesto, pela linda homenagem aqui prestada ao grande amor da sua vida! Parabéns a ambos pela linda história de suas vidas que aqui, neste belo poema, é contada para que todos nós possamos desfrutar um pouco desse amor tão bonito!
Abraços.

margarida disse...

Que homenagem linda ao grande amor de sua vida, ela merece!
Que voces continuem assim para sempre....meus parabéns!
Um grande beijo