nota: o texto foi escrito em Janeiro de 2007, quando do primeiro encontro de alguns autores do São Paulo Minha Cidade, em Dezembro de 2006, o que originou, depois, o periódico encontro das redondas, hábito que dura até os dias de hoje.
Desculpem o título esdrúxulo, mas é assim mesmo. No último dia 28 de dezembro de 2006, fomos convocados a uma reunião de ilustres literatos conhecidos, porém (até então) “ilustres pessoalmente desconhecidos”.
Convocações não se discutem (e eu iria discutir esta ? Meio cansado sim, estou, mas, louco ainda não); por isso, fui, ávido para conhecer e estar perto das figuras tão ímpares que, nos últimos meses, me fizeram passear novamente por tantas calçadas e rever tantos personagens desta São Paulo querida.
Cheguei cedo, misturando ansiedade com a curiosidade de conhecer aquele shopping de tão colorida fama, me postei à espera dos tão afamados amigos.
Chega o Chammas, que já conhecia (e há quanto tempo, mais de 40 anos para ser mais ou menos exato), cumprimentos, lembranças, reclamos, recados e ficamos à espera.
Chega o Mario, procurando, procurando, desconfiado que seríamos nós dois seus amigos, enquanto que o Chammas e eu, discutíamos, vamos não vamos, deve ser o Mario, não deve, deve, não deve. Afinal, ele foi. E era. (Confesso que o Chammas mais ou menos tinha adivinhado os traços físicos do Mario.) Um espaço no restaurante; a ansiedade de quem vem, quem não vem, logo surge uma figura simpática e personalíssima, apresentando-se como o Saidenberg.
Abraços, cumprimentos, um lugar à mesa, mais um chope a acompanhar os demais que já iam pela metade. E, como diria um velho amigo, “a festa começara”.
Casais e jovens que por nós passavam olhavam para aqueles que, quase juntos, contavam com aproximadamente 2 séculos e meio de idade, cantarolando músicas, com evocação à São Paulo, bailes antigos, faziam desfilar um sem parar de contos, casos, histórias e personagens da Vila Olímpia, do Itaim, do Brooklin, Bela Vista, do..., enfim de toda São Paulo. Falaram do 4º Centenário. Acho que com um pouco de esforço falariam até do 3º Centenário. E, sempre os três.
Quando um iniciava um conto, outro intervinha e o continuava; alguns reparos aqui, outros adendos acolá; a simples citação de um fato, de um lugar e logo jorrava aquela torrente de conhecimentos, preenchendo lacunas e lembranças, completando histórias que não se encaixavam na recordação de um ou de outro.
Dizer que foi uma noite agradável, seria pouco. Foi uma noite rica. Foi o primeiro encontro físico. Não será o último, pois outros já estão agendados.
Entendo, na minha imensa modéstia, que está lançada uma semente. Oxalá, seja fértil o solo e possamos todos usufruir desses frutos que, sob uma tênue e ilusória casca de saudade, possuem a mais doce e saborosa polpa que se chama história de um povo.
A infância de hoje deve ter conhecimento do que se passou na verdadeira história do Brasil. Não a história contada nos livros, mas a verdadeira, que é transmitida em tom de conversa, por aqueles que efetivamente foram, são e serão sempre seus principais personagens.
Por que o título desta crônica? Porque, para mim, o que brotou naquela mesa ,exige uma marca mais forte e um divisor de águas mais acentuado.
Revigorado, na manhã seguinte havia um novo ano novo em meus projetos pessoais.
Que venham outros amigos, que venham muitos, que venham todos. Finalmente, de minha parte, o quarto personagem daquela redonda mesa, devo dizer que sem falsa modéstia, tive uma atuação destacadíssima: na pizza e no chope que me couberam, fiz meu papel sem qualquer deslize ou necessidade de qualquer reparo.
Por José Carlos Munhoz Navarro
Convocações não se discutem (e eu iria discutir esta ? Meio cansado sim, estou, mas, louco ainda não); por isso, fui, ávido para conhecer e estar perto das figuras tão ímpares que, nos últimos meses, me fizeram passear novamente por tantas calçadas e rever tantos personagens desta São Paulo querida.
Cheguei cedo, misturando ansiedade com a curiosidade de conhecer aquele shopping de tão colorida fama, me postei à espera dos tão afamados amigos.
Chega o Chammas, que já conhecia (e há quanto tempo, mais de 40 anos para ser mais ou menos exato), cumprimentos, lembranças, reclamos, recados e ficamos à espera.
Chega o Mario, procurando, procurando, desconfiado que seríamos nós dois seus amigos, enquanto que o Chammas e eu, discutíamos, vamos não vamos, deve ser o Mario, não deve, deve, não deve. Afinal, ele foi. E era. (Confesso que o Chammas mais ou menos tinha adivinhado os traços físicos do Mario.) Um espaço no restaurante; a ansiedade de quem vem, quem não vem, logo surge uma figura simpática e personalíssima, apresentando-se como o Saidenberg.
Abraços, cumprimentos, um lugar à mesa, mais um chope a acompanhar os demais que já iam pela metade. E, como diria um velho amigo, “a festa começara”.
Casais e jovens que por nós passavam olhavam para aqueles que, quase juntos, contavam com aproximadamente 2 séculos e meio de idade, cantarolando músicas, com evocação à São Paulo, bailes antigos, faziam desfilar um sem parar de contos, casos, histórias e personagens da Vila Olímpia, do Itaim, do Brooklin, Bela Vista, do..., enfim de toda São Paulo. Falaram do 4º Centenário. Acho que com um pouco de esforço falariam até do 3º Centenário. E, sempre os três.
Quando um iniciava um conto, outro intervinha e o continuava; alguns reparos aqui, outros adendos acolá; a simples citação de um fato, de um lugar e logo jorrava aquela torrente de conhecimentos, preenchendo lacunas e lembranças, completando histórias que não se encaixavam na recordação de um ou de outro.
Dizer que foi uma noite agradável, seria pouco. Foi uma noite rica. Foi o primeiro encontro físico. Não será o último, pois outros já estão agendados.
Entendo, na minha imensa modéstia, que está lançada uma semente. Oxalá, seja fértil o solo e possamos todos usufruir desses frutos que, sob uma tênue e ilusória casca de saudade, possuem a mais doce e saborosa polpa que se chama história de um povo.
A infância de hoje deve ter conhecimento do que se passou na verdadeira história do Brasil. Não a história contada nos livros, mas a verdadeira, que é transmitida em tom de conversa, por aqueles que efetivamente foram, são e serão sempre seus principais personagens.
Por que o título desta crônica? Porque, para mim, o que brotou naquela mesa ,exige uma marca mais forte e um divisor de águas mais acentuado.
Revigorado, na manhã seguinte havia um novo ano novo em meus projetos pessoais.
Que venham outros amigos, que venham muitos, que venham todos. Finalmente, de minha parte, o quarto personagem daquela redonda mesa, devo dizer que sem falsa modéstia, tive uma atuação destacadíssima: na pizza e no chope que me couberam, fiz meu papel sem qualquer deslize ou necessidade de qualquer reparo.
Por José Carlos Munhoz Navarro
11 comentários:
Bela noitada, Navarro. E bem particular. Era véspera de Ano Novo, o shopping quase deserto, São Paulo imersa numa noite tranquila. Subi pelas escadas rolantes até a cerverjaria, e embora não conhecesse nenhium deles, logo percebi quais eram. O nosso primeiro encontro. Só quatro pessoas. Mas falou-se muito; pricipalmente o Lopomo falou muito, como sempre. Então, parecia mais uma multidão, destoando do quase silêncio do shopping. Só nós estávamos ali ! Foi muito legal e tb você reviver agora esse momento. Abraços.
Navarro, assim não vale, deixar nós outros com inveja de não estar nesse dia com vocês, eu por exemplo ainda nem conhecia o SPMC. Não se faz isso com os amigos.
Ainda bem que nunca e tarde, e Deus ainda me deu tempo para estar com vocês. Gostoso demais ler suas lembranças do primeiro encontro dos Redondos com as redondas. Valeu parabéns. morro de inveja.
Pois muito bem sr. Navarro, a pedra fundamental lançada naquela noite de 28 de Dezembro frutificou.
Novos personagens foram se achegando, uns mais destacados como o impagável Modesto, outros mais comedidos como o Fluge, mas todos embuidos de um só objetivo, fazer com que as RODADAS DE REDONDAS, COM AUTORES REDONDOS OU NÃO evoluissem e mantivessem todos muito unidos.
A evolução, graças a Deus, aconteceu, já tivemos rodadas com mais de 26 participantes.
Agora, mais uma vez, evoluindo, às Redondas foram incluidas as Massas e a Musica.
Tangos e Boleros fizeram o fundo musical da mais recente rodada e, no proximo dia 7 de Novembro, as tradições espanholas estarão presentes na nossa Rodada.
Uma apetitosa paella será servida ao som do Passo Doble, do Bolero e de outros ritmos.
Tudo isso me faz sentir orgulho.
É mais uma vitoria conseguida com muita luta e dedicação.
Brindemos, pois, aquela noitada remota e a rodada que está por vir!
Olá, José Carlos!
Muito legal este seu texto...eta recordação do primeiro encontro dos autores, que disparou os outros encontros, que foram somados pela presença dos familiares, enriquecendo, ainda mais, as histórias que seriam contadas no site.
Alguém tinha que começar, como em tudo na vida, não é mesmo?!
Vieram outros e assim continua. Esperamos que sempre hajam os encontros "das redondas", mesmo que sejam ao sabor de outros quitutes, pois o mais importante é o fortalecimento da amizade entre todos e a continuidade dos textos com as incríveis memórias sobre São Paulo, nossa querida cidade.
Valeu!
Obrigada.
Muita paz!
Navarro, muito bem contado o início dessa convivência duradoura.
Vocês 4 formaram os alicerces. Muitos vieram depois,ajudando na formação de um grupo,que nos proporciona belas e deliciosas leituras diárias.
Um brinde à vocês (tin-tin) e meu muito obrigada.
Um abraço
O que o Zé Carl os escreveu é a mais pura verdade.Parece até que ele levou um micro gravador debaixo da blusa tamanha riqueza de memória. realmente foi um dia "suy generys". Tudo começou por um texto do Saidenberg, falando de uma de suas idas em pizzaria, e a pizza ele apelidou de redonda, pois na verdade nunca fizeram pizza quadrada ou retangular. Então veio a idéia de fazer tais encontros, e numa mensagem enviada ao Luiz e ao Miguel, A idéia foi aprovada, por ambos e o local Shopping Frei Caneca foi sugestão minha por ter ido varias vezes participar de assuntos de futebol com Milton Neves. O resto está no texto bem escrito pelo José Carlos Navarro, e aquele negocio de: Será que aquele redondo é um deles? Foi pura verdade. Todos os encontros são verdadeiros encontros familiares. E será sempre assim, tenho certeza.
Olá, Xará!
Não sei se agradeço pela gostosura do texto ou se declaro em público o ataque de inveja que senti, por não ter participado daquele encontro! Deve mesmo ter sido uma noite memorável, pois rendeu tanto que aqui estamos, com o Memórias de Sampa que, acredito, tenha sido originado naquele encontro. E agora, os novos encontros que têm me deixado com mais inveja ainda! Mas ainda hei de conseguir participar com vocês dessa alegria que percebo em todos os que aqui escrevem! E olhe lá se já não será no próximo?! Estou tentando de tudo para poder viajar nessa época e estar em São Paulo! Infelizmente hoje moro num local bem distante e, como todo aposentado, preciso planejar bem minhas viagens, unindo o útil ao mais agradável ainda!
Parabéns pelo texto (e incentivo!)
Abraço.
Belo texto, ótimos comentários.
E com ajudinha aqui, ajudinha ali, podemos recostituir o inícios dos encontros dos redondos(ou não)!
Tinha umas fotos de evento, mas no computador não achei. Se achar no meu baú de fotos não digitais, enviarei ao site. Foi muito legal mesmo, e o site SPMC era então risonho e franco, mas depois que deu-se o lançamento do livro virou uma loucura, da qual não mais se recuperou.
ReconStituir...reconStituir !!!
Não devia mesmo ter fugido das aulas de datilografia.
Navarro, vocês foram o marco da construção e com certeza o alicerce perfeito para dar continuidade ao maravilhoso grupo que temos hoje. Me orgulho de fazer parte dele.
Cara, eu também sou um poeta. Sou um poeta do submundo. Nunca publiquei nada. Só me apresentou a concursos de poesia em bares e restaurantes itaim. Eu envio uma saudação, um colega.
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