Como se fala no vulgo popular, “...quem conta um conto, acrescenta um ponto...”, eu também, lendo meu texto anterior lembrei der outra situação, aterrorizantemente engraçada, e resolvi contá-la neste cantinho de recordações.
O local era o mesmo, Rua Diogo Vaz, no bairro do Cambuci, os personagens também os mesmos, meu ídolo e tio Miguel, minha Tia Maria, eu e meu irmão Carlinhos, que passávamos uma temporada com os tios para que minha mãe se recuperasse de uma intervenção cirúrgica, que havia feito no antigo Hospital Oswaldo Cruz, da Rua João Julião, no bairro do Paraíso.
Pois bem, certa tarde, sem antes ter assustado meu irmão com as peraltices do Romuvaldo, estávamos na sala de visitas a paparicar. Na época, a TV nem era ainda cogitada; assim, as famílias tinham mais tempo para se reunir, conversar, brincar, enfim, para ter uma vida familiar mais intensa.
Por volta das 18:00 horas, meu tio levantou-se da poltrona e dirigiu-se à cozinha. De lá, ouvimos quando ele, numa voz normal, chamou:
- Miguelziho!
Eu, obediente, levantei-me e para a cozinha me dirigi. Lógico, a minha sombra, chamada Carlinhos, foi atrás.
Lá chegando, vimos meu tio em frente ao fogão e, de imediato, colocando o dedo indicador sobre os lábios, nos pediu silencio absoluto. Completando o gesto, nos disse que iríamos dar um susto na Tia Maria que estava na sala de visitas a ler uma revista.
Vibramos com a idéia.
Percebi, então, que ele queimava na chama do fogão, uma rolha grande – as rolhas eram guardadas depois de retiradas das garrafas – depois, chamando meu irmão, começou a pintar sua cara com o negrume da rolha queimada.
Aumentou suas sobrancelhas, pintou barbas e bigodes, chegou ao detalhe de enegrecer os dentes da frente.
Terminada a caracterização, mandou que meu irmão e eu ficássemos na cozinha e aguardássemos uma chamada dele e foi para a sala.
Lá chegando, esperou uns poucos minutos e me chamou sabendo, lógico, que minha “sombra” me seguiria.
Dito e feito, fomos pelo corredor da casa, pé ante pé e, ao chegarmos na sala, fizemos uma entrada espetacular.
BUHHH!
Minha tia, toda inocente, simulou um susto, mas meu tio, com o cenho fechado, me perguntou:
-Quem é esse monstrinho que está atrás de você? Será que é filho do Romuvaldo?
Meu irmão de imediato, já não gostando da brincadeira, disse: -Sou eu tio, o Carlinhos.
Que Carlinhos ? Retrucou meu tio, imagina Maria, se o Carlinhos é tão feio assim.
Essa cena se repetiu algumas vezes; meu irmão, jurando ser ele mesmo e meu tio negando-lhe a identidade.
Depois de pequeno espaço de tempo, percebendo que a noite já se instalara. Meu tio pega, temeroso, na mão do Carlinhos, vai até a porta de entrada da casa, abre-a, coloca-o para fora dizendo que não queria mais monstros na sua casa e fecha a porta mandando-o procurar outra casa para se hospedar.
Porta fechada, lá fora o choro apavorado do meu irmão. Lá dentro, as gargalhadas acachapantes, nesta altura, minhas e do meu tio, até que uma voz mais alta e estressada se fez ouvir.
Calem-se, seus sacripantas (minha tia era de nacionalidade portuguesa) e, empurrando-nos, abriu a porta, aconchegou meu irmão em seus braços e foi tratar de lhe limpar a cara, nessa altura totalmente borrada pelas lágrimas.
Depois de limpo e ainda soluçando, meu tio se achegou até ele e disse:
-Maria, é o Carlinhos mesmo, também com aquela cara toda pintada eu nem o reconheci....
Era um cara de pau ou não esse meu tio?
Por Miguel Chammas
O local era o mesmo, Rua Diogo Vaz, no bairro do Cambuci, os personagens também os mesmos, meu ídolo e tio Miguel, minha Tia Maria, eu e meu irmão Carlinhos, que passávamos uma temporada com os tios para que minha mãe se recuperasse de uma intervenção cirúrgica, que havia feito no antigo Hospital Oswaldo Cruz, da Rua João Julião, no bairro do Paraíso.
Pois bem, certa tarde, sem antes ter assustado meu irmão com as peraltices do Romuvaldo, estávamos na sala de visitas a paparicar. Na época, a TV nem era ainda cogitada; assim, as famílias tinham mais tempo para se reunir, conversar, brincar, enfim, para ter uma vida familiar mais intensa.
Por volta das 18:00 horas, meu tio levantou-se da poltrona e dirigiu-se à cozinha. De lá, ouvimos quando ele, numa voz normal, chamou:
- Miguelziho!
Eu, obediente, levantei-me e para a cozinha me dirigi. Lógico, a minha sombra, chamada Carlinhos, foi atrás.
Lá chegando, vimos meu tio em frente ao fogão e, de imediato, colocando o dedo indicador sobre os lábios, nos pediu silencio absoluto. Completando o gesto, nos disse que iríamos dar um susto na Tia Maria que estava na sala de visitas a ler uma revista.
Vibramos com a idéia.
Percebi, então, que ele queimava na chama do fogão, uma rolha grande – as rolhas eram guardadas depois de retiradas das garrafas – depois, chamando meu irmão, começou a pintar sua cara com o negrume da rolha queimada.
Aumentou suas sobrancelhas, pintou barbas e bigodes, chegou ao detalhe de enegrecer os dentes da frente.
Terminada a caracterização, mandou que meu irmão e eu ficássemos na cozinha e aguardássemos uma chamada dele e foi para a sala.
Lá chegando, esperou uns poucos minutos e me chamou sabendo, lógico, que minha “sombra” me seguiria.
Dito e feito, fomos pelo corredor da casa, pé ante pé e, ao chegarmos na sala, fizemos uma entrada espetacular.
BUHHH!
Minha tia, toda inocente, simulou um susto, mas meu tio, com o cenho fechado, me perguntou:
-Quem é esse monstrinho que está atrás de você? Será que é filho do Romuvaldo?
Meu irmão de imediato, já não gostando da brincadeira, disse: -Sou eu tio, o Carlinhos.
Que Carlinhos ? Retrucou meu tio, imagina Maria, se o Carlinhos é tão feio assim.
Essa cena se repetiu algumas vezes; meu irmão, jurando ser ele mesmo e meu tio negando-lhe a identidade.
Depois de pequeno espaço de tempo, percebendo que a noite já se instalara. Meu tio pega, temeroso, na mão do Carlinhos, vai até a porta de entrada da casa, abre-a, coloca-o para fora dizendo que não queria mais monstros na sua casa e fecha a porta mandando-o procurar outra casa para se hospedar.
Porta fechada, lá fora o choro apavorado do meu irmão. Lá dentro, as gargalhadas acachapantes, nesta altura, minhas e do meu tio, até que uma voz mais alta e estressada se fez ouvir.
Calem-se, seus sacripantas (minha tia era de nacionalidade portuguesa) e, empurrando-nos, abriu a porta, aconchegou meu irmão em seus braços e foi tratar de lhe limpar a cara, nessa altura totalmente borrada pelas lágrimas.
Depois de limpo e ainda soluçando, meu tio se achegou até ele e disse:
-Maria, é o Carlinhos mesmo, também com aquela cara toda pintada eu nem o reconheci....
Era um cara de pau ou não esse meu tio?
Por Miguel Chammas
9 comentários:
Ô Miguel, coitado de seu irmão. Deve ter feito anos de terapia para se livrar desse terror familiar! Acho que o sonho de seu tio era ser o Hermann Monstro, ou o chefe da Família Adams !
Abraços.
Olá, amor!
Nossa! Quanta maldade...Deus me livre!
Se é feio e maldoso assustar gente grande, imagine assustar crianças?
Hunffff...
Posso compreender, agora, a razão do Carlinhos não querer vir nos visitar...Acho que ele não quer lhe ver...tem trauma de infância...kkkkkkk
Valeu!
Obrigada.
Muita paz! beijosssssss
Ôô, Miguelito!
Tadinho do Carlinhos! Pelo jeito ele foi o saco de pancadas do tio e do próprio irmão! Também, quem manda deixar o tio pintar-lhe o rosto com rolha queimada?!
Mas o melhor de tudo foi lembrar da época em que não havia televisão em casa e a família costumava reunir-se à noitinha para bater papo, contar histórias e causos. Coisas que nossos filhos e netos jamais conhecerão! Apenas através destes textos...
Abração.
Ôô, Miguelito!
Tadinho do Carlinhos! Pelo jeito ele foi o saco de pancadas do tio e do próprio irmão! Também, quem manda deixar o tio pintar-lhe o rosto com rolha queimada?!
Mas o melhor de tudo foi lembrar da época em que não havia televisão em casa e a família costumava reunir-se à noitinha para bater papo, contar histórias e causos. Coisas que nossos filhos e netos jamais conhecerão! Apenas através destes textos...
Abração.
Olha, Chammas, esse seu tio merecia um fuzilamento do tipo cubano, isto é, de cabeça pra baixo. Eta cara perverso, pô. E vc, com a maior cara de pau, colaborando com estas traquinagens. Pra vc o castigo seria dar ordem de fogo pros soldados, eles, os soldados deveriam errar nas primeiras tentativas e depois... soltariam o mequetrefe todo "borrado". Parabéns pela coragem de nos contar, Miguel.
Isso não é tio, irmão do pai. È um Tiodrastro ou seja irmão do Padrastro ou da madrastra, cacilda se ele fosse meu tio eu seria gago ou mudo.
Teos esquios aguia Zatana.
Vá de reto Satam não cosoa de mi quivana. Pé de pato mangolo tres veis.
Mi si fio do jeito que sunse tá só home é que pode te ajuda. Saravá.
Deus me livre, credo em cruis. fuiiiiiiiiiii. Só seu Tio mesmo, hem Miguel.
Miguel, esse seu tio era da pá virada, veja se isso é coisa que se faça com o sobrinho além de assustar a titia, boa história Miguel, abraços, Nelinho.
The Horror, the Horror...o pobre Carlinhos era o bode expiatório da família, tanto que até demorou a ler...Miguel, vc precisa mandar melhores notícias do destino de seu irmão, pois o site todo ficou pasmo e condoído.
Miguel, quando o seu tio chegar ao inferno, ele não será recebido. Lúcifer vai dar umas brasas para ele começar uma filial do mesmo em outro lugar.
O Demônio detesta concorrência competente. Kkkkkkkkkkkkkkkkk, rsrsrs.
Brincadeira tenho certeza que seu tio era muito querido pelo seu irmão e por todos.
Esqueci de colocar essa parte no comentaria anterior, Parabéns pela historia.
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