quarta-feira, 28 de julho de 2010

Em casa de Ayrton

Ela era muito bonita, meiga,dona de um rostinho fino, olhos fundos, cabelos compridos. Ainda a vejo em minha memória, vestindo o uniforme da escola que frequentava em São Paulo, ou, junto com a nossa turma, ao lado do Lalli, seu namorado e que seria, em breve, seu marido. Saíamos em turma para acampamentos e fazíamos estudos bíblicos em grupo. Quantas lembranças tenho dela, seu jeito suave de falar, sua inocência.
Recentemente, eu a vi numa foto de revista , uma mulher madura, com dois filhos ao lado. Ainda conserva o mesmo olhar. Senti saudade, tristeza, um não sei que. Seu rosto parece sofrido e mal posso imaginar a dor por que passou, perdendo o marido num desastre de moto e ,logo mais, o irmão famoso e querido, num dia que enlutou o Brasil.
Falo da irmã de Ayrton Senna,Vivianne.
Mas, vamos aos velhos bons tempos.
Uma festa em casa de Ayrton e Vivianne, para a qual fui convidada. Lembro da noite de verão, do terraço, das árvores em flor, dos jovens bem vestidos; Vivianne passando entre os amigos, vestida de branco, como um anjo ou uma fada. Ela possuia esta característica etérea em seus movimentos e sua graciosidade, dona de uma qualidade incomum de doçura.
Lembro das mesas arranjadas em torno do jardim, onde vidros enormes foram colocados, dezenas deles, cheios até a boca de coisas gostosas: saladas, azeitonas, conservas, doces de frutas., queijos. Eu jamais vira coisa igual. Era festa de menina rica, porém, tão simp
les, tão amiga, tão sem pretensão. Uma menina que estudava a Bíblia . Assim também era Airton, um rapaz simples, que amava a Deus.
Vivianne passou por tempestades, mas, creio que seu coração continua intacto. Conheço-a bem para dizer tal. Mãe de Bruno, que segue nos passos do tio Ayrton. Vivianne, aqui vai o abraço da amiga de outrora.
Ayrton, este está com Deus.

Por Lygia Souza

7 comentários:

Soninha disse...

Olá, Lygia!

Muito bacana sua amizade com a Viviane e a família Senna.
Realmente, ela passa para o público a imagem de simplicidade, discrição e, ao mesmo tempo, uma mulher ativa, trabalhadora e participativa no trabalho assistencial.
Adorei saber desta sua história.
Valeu!
Muita paz!

Zeca disse...

Lygia,
gostaria de parabenizá-la pela homenagem que faz, não ao "nosso" grande ídolo, eternamente homenageado por todos, mas à sua irmã que, com graciosidade, simplicidade e doçura, sabe manter com decisão e firmeza, as obras assistenciais que ajudam a manter vivo o nome do saudoso irmão.
E parabéns a ela por manter intactas todas as suas qualidades e utilizar sua força e determinação em benefício do seu próximo.
Abraço.

Arthur Miranda disse...

É muito triste perder alguém querido na vida, em acidente então é mais doloroso ainda. Em 1995 perdi um filho em um acidente automobilístico na estrada que liga Taubaté a Campos do Jordão, confesso que até hoje a dor não passou. É por isso que gosto de estar sempre alegre escrevendo com humor, acho que é para não deixar transparecer tristeza que as vezes me invade a alma, como essa que você notou no olhar triste da Vivianne. Parabéns Lygia pelo texto e por lembrar desse gigante imbatível da Formula 1. Aceleraaaa
Ayrtoooooonnnnnnnnn.

margarida disse...

Lygia, que gostoso saber que na juventude vocês foram amigas.
Ela estava outro dia no programa da Ana Maria, e vi que continua doando parte de sua vida aos trabalhos sociais.Esse, acredito ser o melhor remédio para as dores da alma, principalmente quando perdemos um ente querido.
Que a luz dos sentimentos mais elevados possa iluminar sempre o coração da Viviane e que Deus a proteja. Adorei seu texto. Um grande beijo

Miguel S. G. Chammas disse...

Ligya, lindo texto e linda lembrança.
valeu apena te ler.

MODESTO disse...

Oi, Lygia, esta intimidade com Vivianne, irmã do Ayrton Senna, muito bem focada nesse texto rico em informações, garante a imagem que se faz de uma pessoa bem conceituada e, nem por isso, arrogante ou cheia de proza. Com um texto enxuto como o seu, o resultado não poderia ser outro: ÓTIMO.

Leonello Tesser disse...

Lygia, parabéns pelo seu relato, é comovente sua prova de amizade à sua amiga Vivianne, abraços, Leonello Tesser (Nelinho).