terça-feira, 13 de julho de 2010

O centenário de Adoniran Barbosa

Estamos próximos da data de 6 de agosto, centenário de Adoniran Barbosa.
O conheci pessoalmente. Quisesse falar com ele, era só ir à Avenida Miruna 713, onde ficavam as Rádios Record e Jovem Pan (ex: Pan-Americana), onde ele iniciou seus trabalhos em 1941. Para vê-lo, não era preciso perguntar onde ele estava, porque numa daquelas mesas do bar da rádio, que ficava no pequeno pátio, lá estava ele, sentado numa delas, tomando sua cerveja.
Adoniran era também meu vizinho na cidade Ademar, casa que, segundo diziam, que foi comprada para ele e colocado em nome da esposa por Paulo Machado de Carvalho
, dono das Emissoras Unidas.
Adoniran Barbosa, em 1950 já era destaque no cinema e depois no rádio. Primeiro, com suas composições tão bem defendidas pelo conjunto vocal e instrumental Demônios da Garoa, nome que foi dado ao conjunto lá mesmo, na Radio Bandeirantes, quando essa emissora fazia parte das emissoras unidas, antes de ser vendida ao ex governador Adhemar de Barros, para fins políticos.
Sua carreira como compositor teve início em 1934, quando compôs, em parceria com J. Aimberê, a marchi
nha para o carnaval num concurso da prefeitura, com o título de “Dona Boa”, com a qual saiu vencedor. O sucesso da música levou-o a se casar com uma moça de nome Olga, com quem já namorava há algum tempo, mas o casamento durou pouco e dele nasceu a sua única filha, Maria Helena. Em 1949 casa-se pela segunda vez com Matilde de Lutiis, que seria sua companheira por mais de 30 anos, inclusive parceira de composição em músicas como “Pra q
ue chorar?” e “A garoa vem descendo”. No cinema teve participação; Seu primeiro filme foi o “PIF – PAF” e seu maior desempenho foi no filme “O CANGACEIRO”.
Adoniran Barbosa conhece os componentes do conjunto Demônios da Garoa, na época com outro nome (Grupo do Luar), na Rádio Record e com a interferência de Vicente Leporace, pertencente às Unidas, que considerou que o conjunto deveria ter outro nome, quando os rapazes participavam do programa de calouros “A HORA DA BOMBA”, apresentado por Leporace.
Como São Paulo era, naquele tempo, denominado a cidade da Garoa, veio à idéia do nome “Demônios da Garoa”, que acabou ficando consagrado. Junto deles, nas emissoras unidas, estava Adoniran, que era contratado da Radio Record; A união do compositor com o conjunto começou a acontecer. Uma das primeiras gravações foi “Saudosa Maloca”, depois “
O samba do Arnesto”. A seguir, vieram outras composições, como o “Samba do Bixiga”, “Vila Esperança”, “Iracema”, “Apaga o fogo Mané” e, por fim, a que mais fez sucesso depois de “Saudosa Maloca”, o “Trem das Onze”.
Todas as composições mostram a cara da cidade de São Paulo, identificando em Adoniran, um verdadeiro andarilho, que foi, pela cidade que ele adotou.
A letra da música “Iracema” nasceu quando andava pela Avenida São João e, numa banca de jornal, viu a notícia do atropelamento de uma mulher, naquela Avenida.
Adoniran acabou se transformando, em todos os programas da TV, como presença sempre vista com atenção. No auge da TV Record, na metade dos anos 1960, a presença de Adoniran era sempre bem vista. E, no programa “O Fino da Bossa”, apresentado por Elis Regina, A
doniram fez dupla com ela, quando de sua participação, o que levou-os a gravar em disco, com mais outras de suas composições.
Nesse período de fastígio da TV Record, participou do festival Bienal do samba em 1968, com a composição “Mulher Patrão e Cachaça” que, se minha memória não estiver falhando, tirou em terceiro lugar.
Participou, também, de algumas propagandas, mostrando como era gostoso tomar uma boa cerveja gelada, dando bronca: - “Afinal, nóis veio aqui para beber ou para conversar?”
Adoniran Barbosa veio ao mundo na cidade de Valinhos – SP, no dia 6 de Agosto de 1910 e faleceu em 23 de Novembro de 1982, aos 72 anos de idade.
Suas principais composições num total de 102 são: - Malvina, 1951 Saudosa maloca, 1951 Joga a chave, 1952 /Samba do Arnesto, 1953 As mariposas, 1955 Iracema, Adoniran Barbosa, 1956 Apaga o fogo Mané, 1956 / Bom-dia tristeza, 1958 /Abrigo de vagabundo, 1959 / No morro da Casa Verde, 1959/Prova de carinho, 1960 /Tiro ao Álvaro, 1960 /Luz da light, 1964 /Trem das onze, 1964 /Trem das Onze com Demônios da Garoa, 1964/Aguenta a mão, 1965 /Samba italiano, 1965 /Tocar na banda, 1965 /Pafunça, 1965 /O casamento do Moacir, 1967/Mulher, patrão e cachaça, 1968 /Vila Esperança, 1968 /Despejo na favela, 1969/Fica mais um pouco, amor, 1975 /Acende o candeeiro, 1972.

Por Mário Lopomo

10 comentários:

Unknown disse...

Mario, ontem li uma reportagem aqui no Rio, sobre o centenário do Adoniram, onde o autor fala que aos 10 anos, o pai do artista conseguiu adulterar sua certidão de nascimento, aumentando a idade em 2 anos, para conseguir emprega-lo em uma loja de tecidos, que exigia a idade mínima de 12 anos. Ele portanto, só completaria 100 anos em 1912. Não sei se é verdade,mas isso não afeta em nada o carinho que temos por nosso querido Adoniram.
Grande homenagem.
Um abraço

Soninha disse...

Olá, Mário!

Legal estas informações sobre Adoniran.
Meu amado pai adorava este artista. Vivia cantarolando as músicas.
Saudade de meu paizinho e também de Adoniran.
Valeu, Mário!
Muita paz!

Arthur Miranda disse...

Mário, conheci pessoalmente os integrantes dos Demonios (Arnaldo e Cia.) como também o Adoniran, parabéns por esse texto bibliográfico do autor verdadeira homenagem ao compositor,ator,cantor, e comediante, Adoniran Barbosa (gente muito fina e de carater)

Miguel S. G. Chammas disse...

Beleza Mário. Conheci o Adoniran nos tempos da Record da Quintino Bocaiuva.
O grande Charutinho da Historia das Malocas foi sempre figura impar.
Merecida himenagem.

Modesto disse...

Como todos nós, também conheci o "Barbosinha", a simpática e sempre querida figura do artista que refletia São Paulo na sua mais autêntica verbozidade peculiar do paulistano descendente de oriundos. Belo trabalho, Mario, parabéns.

Leonello Tesser disse...

Mário, bem lembrado o centenário desse grande artista brasileiro, voce retratou bem a sua trajetória musical, parabéns pelo rico texto, abraços, Leonello (Nelinho).

MLopomo disse...

Bernardete,Sônia, Miguel, Miranda,e Modesto, Conhecer Adoniran já é uma felicidade. Miguel,você o conheceu na velha Record da Quintino Bocaiuva,quando ele era o Charutinho, eu o conheci em 1972, quando ele já estava se aposentando. Adoniran, era uma grande figura.Obrigado pelos comentarios.

margarida disse...

Mario, quem não conhece Saudosa Maloca! Adoniran foi e será conhecido por todas as gerações e sempre será lembrado com carinho e alegria.Um abraço

Zeca disse...

Parabéns, Mário, pelo excelente texto sobre uma das maiores referências de São Paulo! Afinal, "Memórias de Sampa" sem falar em Adoniram deixaria uma lacuna em branco. Lacuna essa brilhantemente preenchida pelo seu texto.
Abraço.

Luiz Saidenberg disse...

Tinha visto Adoniran uma vez, fazendo compras num mercadinho, perto da Record, no Campo Belo.
Mas fui apresentado a ele quando filmamos a premiada campanha da Caderneta de Poupança Unibanco.
O filme, realizado na velha estação da Paranapiacaba, ficou muito legal, com Adoniran cantando o jingle e ainda hoje pode ser visto no Youtube.