No dia 11 de janeiro de 2010, depois de vários anos de sofrimentos, tive que fazer uma cirurgia no joelho, onde foi implantada uma prótese pra amenizar a ausência de cartilagem. Foi feita pelo Dr. Marcelo Keije Kubota, no Hospital Alvorada. Depois de uma semana de hospital, fui pra casa e dar início as seções de fisioterapia.
Quem já fez fisioterapia sabe como funcionam estas clínicas. Nessa que frequento, (até agora três pacotes de dez seções), a área, um pouco acanhada, tem 4 sofás, 10 ou 12 cubículos para atendimentos eletrônicos (lazer, choques etc.), esteiras, bicicletas ergométricas e mais alguns instrumentos.
O setor de atendimento conta com treze funcionários, assim distribuídos: onze fisioterapeutas, (Karina, Daniela, Marcos, Dani, Luiz, Evely, Erich, Leandro, Aline, Jonata e Marina), um massagista (Flávio) e
uma assistente (Fátima).
Por não contar com muito espaço, o atendimento quase chega a ser comprometido, sendo compensado pela simpatia, educação e respeito de seus membros, Não vamos entrar em detalhes que não é essa finalidade desse texto, apenas focar aspectos, que fogem de uma análise crítica.
Com uma visão panorâmica do salão principal, se estivermos com nosso vídeo aberto e o áudio desligado, temos a sensação cômica, de que todos, pacientes e funcionários, brincam com bolas, cordas, bicicletas, num filme mudo, uns rindo, outros fazendo a boca torcida num esgar condoído, pacientes gordos, magros, idosos, moços, com muletas, cadeira de rodas, quase todos, tristes, alguns piadistas, trazem, de casa, fatos e ocorrências que provocam risos ou exclamações. Um balé surrealista onde cada membro executa sua função, tentando seguir uma melodia atonal que só ele ouve. E os que não “dançam” sozinhos, tem seus companheiros na “contradança” respeitosa, que, as vezes, lhe causa dor e cansaço mas com pleno consentimento do paciente. Tudo dentro do maior silêncio possível. Geralmente, esses “ataques” se fazem no divã.
Em contrapartida, com esse mesmo panorama, tendo o vídeo fechado e o áudio aberto, temos a impressão de que é uma gravação de uma sala de torturas medievais, onde alguns penitentes se submetem passivamente aos mais esquisitos entorses, tentando o torturador colocar uma perna, um pé, um braço ou uma mão, numa posição que ele tinha anteriormente mas que, devido ao tombo, cirurgia, ou mau jeito, não consegue mais e a “tortura” se faz necessário. Isso não se vê. É um tal de “ai, ui, chega, nossa;” diante da pergunta do “torturador”: está doendo? O paciente, numa atitude masoquista, responde “está mas, pode continuar”. Tem os que ficam na periferia, assistindo e, às vezes, aproveitam pra falar de futebol, sugerem que falem bem do Palmeiras, pois, Marcos, principal torturador é palmeirense. Todas as garotas são muito simpáticas, tratam a clientela muito bem, com dedicação, respeito e principalmente, com conhecimento do que fazem.
Por Modesto Laruccia
Quem já fez fisioterapia sabe como funcionam estas clínicas. Nessa que frequento, (até agora três pacotes de dez seções), a área, um pouco acanhada, tem 4 sofás, 10 ou 12 cubículos para atendimentos eletrônicos (lazer, choques etc.), esteiras, bicicletas ergométricas e mais alguns instrumentos.
O setor de atendimento conta com treze funcionários, assim distribuídos: onze fisioterapeutas, (Karina, Daniela, Marcos, Dani, Luiz, Evely, Erich, Leandro, Aline, Jonata e Marina), um massagista (Flávio) e
uma assistente (Fátima).
Por não contar com muito espaço, o atendimento quase chega a ser comprometido, sendo compensado pela simpatia, educação e respeito de seus membros, Não vamos entrar em detalhes que não é essa finalidade desse texto, apenas focar aspectos, que fogem de uma análise crítica.
Com uma visão panorâmica do salão principal, se estivermos com nosso vídeo aberto e o áudio desligado, temos a sensação cômica, de que todos, pacientes e funcionários, brincam com bolas, cordas, bicicletas, num filme mudo, uns rindo, outros fazendo a boca torcida num esgar condoído, pacientes gordos, magros, idosos, moços, com muletas, cadeira de rodas, quase todos, tristes, alguns piadistas, trazem, de casa, fatos e ocorrências que provocam risos ou exclamações. Um balé surrealista onde cada membro executa sua função, tentando seguir uma melodia atonal que só ele ouve. E os que não “dançam” sozinhos, tem seus companheiros na “contradança” respeitosa, que, as vezes, lhe causa dor e cansaço mas com pleno consentimento do paciente. Tudo dentro do maior silêncio possível. Geralmente, esses “ataques” se fazem no divã.
Em contrapartida, com esse mesmo panorama, tendo o vídeo fechado e o áudio aberto, temos a impressão de que é uma gravação de uma sala de torturas medievais, onde alguns penitentes se submetem passivamente aos mais esquisitos entorses, tentando o torturador colocar uma perna, um pé, um braço ou uma mão, numa posição que ele tinha anteriormente mas que, devido ao tombo, cirurgia, ou mau jeito, não consegue mais e a “tortura” se faz necessário. Isso não se vê. É um tal de “ai, ui, chega, nossa;” diante da pergunta do “torturador”: está doendo? O paciente, numa atitude masoquista, responde “está mas, pode continuar”. Tem os que ficam na periferia, assistindo e, às vezes, aproveitam pra falar de futebol, sugerem que falem bem do Palmeiras, pois, Marcos, principal torturador é palmeirense. Todas as garotas são muito simpáticas, tratam a clientela muito bem, com dedicação, respeito e principalmente, com conhecimento do que fazem.
Por Modesto Laruccia
10 comentários:
Modesto, espero que o caro amigo já esteja recuperado após passar pelas "torturas medievais", o joelho é muito importante para a locomoção, parabéns pelo texto, abraços, Leonello Tesser (Nelinho).
Modesto, apesar da sala de quase torturas, ainda assim você me animou a fazer a minha cirurgia também. Quase não posso mais pensar em passear e adoro viajar.
Quero fazê-la o mais rápido possível porque, a terceira idade já não é bricadeira e ainda por cima ficar só sentada?
Abração e rápida recuperação.
Ivette
Contador de causos é assim, não deixa escapar nada. Esse é o Modesto! O escriba que já nos proporcionou com vários textos de deixar olhos pregados no “papel”, mostrou que para se contar um causo premeditado, não deixa escapar nada. Vejam que mesmo no hospital prestou bem atenção de quantos fisioterapeutas o rodeavam 13. Ainda bem que em meio aos “torturadores”, tinha um palmeirense, por isso que sua recuperação foi ótima. Já pensou se fosse Corintiano?
O problema do Laruccia foi o joelho, a peça de ligação entre o pé e a cocha, o chamado “calcanhar de Aquiles” para quem joga futebol. Para complemento da fisioterapia, um conselho de medico. Cuidado com as subidas. Pegue o elevador e vá até o ultimo andar, depois vá descendo as escadas, é mais leve e não força o joelho. Um abraço. Tomate.
Modesto, sua narrativa me levou diretamente para dois lugares distintos uma sala de fisioterapia toda equipada, onde também por dez dias seguidos eu freguentei, e para os porões do doi-codi no inicio da decada de 70 lugar que graças a Deus nunca entrei. E sua narrativa,rica e muito bem detalhada, fez tudo ficar muito real.
Mas se esse " torturador " palmeirense que o Mário falou que
se fosse corintiano você estaria perdido. Eu te garanto mesmo sendo palmeirense, fosse ele o Felipe Melo, você alem de perdido estaria todo quebrado e com toda a certeza também estaria mal pago. Espero te ver na noite do
Tango.
BOa narrativa de um traumático processo, caro Modesto. Espero que se recupere totalmente de tanto sofrimento !
Abraços.
Modesto,
pelo ritmo e detalhes da narrativa, mais parece um causo contado com bom humor do que a descrição do dia-a-dia num desses "porões de torturas medievais". É também um tributo aos "torturadores" que são, em sua maioria, os mais "torturados" tendo em vista a delicadeza com que devem conduzir seus trabalhos diante da dureza com que a vida, às vezes, nos presenteia.
Parabéns pelo texto e pelo bom humor.
Rápidas e completas melhoras!
Abraço.
Modesto,importante é seguir em frente e fazer os exercícios sem desanimar.Depois é só desfrutar desse tempo de tortura.Um beijo
Modesto, li seu texto e não criei coragem!
Madona Mia, não quero sofrer....
Olá, Modesto!
Felizmente tudo correu bem em sua cirurgia e hoje você em franca recuperação, mesmo tendo passado por estas sessões de fisioterapia.
Aliás, estas pseudotoru=turas são necessárias para a completa recuperação, não e mesmo?!
Desejo sua melhora.
Obrigada, Modesto.
Muita paz!
Oi, Modesto.
Porque não somos iguais aos automóveis? No seu caso, uma simples troca da 'junta homocinética' resolveria o problema. No meu caso, seria necessário trocar uma 'longarina do chassis' (fui operado da coluna em 2003). Algumas belas atendentes das clínicas de fisioterapia têm os olhos sedutores e, muitas vezes no enganam com a célebre frase: 'Calma, querido. Isso não vai doer nada, viu!!! Acredite, se quiser.
Abraços, Nelson.
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