Se alguém estivesse disposto a arrumar encrenca, era só chamá-lo pelo nome verdadeiro.
Assim era o jeito de ser de Máximo Alves de Oliveira, popular Max, que era como ele gostava de ser chamado.
Desde os tempos de escola, vividos no G.E.P.M.N, Grupo Escolar Padre Manoel da Nóbrega, na Freguesia do Ó, praticamente até o fim da vida, Max foi possuidor de um verdadeiro pavor de seu nome de batismo e dos trocadilhos que os colegas e amigos faziam em torno dele.
-Máximo, você é mesmo o máximo!
De tanto ouvir isso, Max passou a odiar o próprio nome exigindo, por conta disso, que todos o chamassem por Max.
Com o passar dos anos, a coisa praticamente acabou transformando-se em um transtorno mental; Max não aceitava, de forma alguma, ser chamado pelo seu nome verdadeiro.
E, é claro, sempre quando alguém reage de forma agressiva e obsessiva em torno de algo, acaba provocando, em muitos, o desejo de provocação.
E assim, Max passou parte de sua vida, vivendo grandes conflitos e metendo-se em muita encrenca por culpa de seu próprio nome e, é óbvio, tudo isso só fez alimentar nele o ódio que o mesmo já sentia pelo próprio nome e naturalmente a fomentar mais encrencas, o que hoje em dia fatalmente faria com que seus pais buscassem para ele algum tipo de ajuda psicológica, mas na década de 60, na Freguesia, era algo que não passava pela cabeça de ninguém, muito menos na de seus pais.
E assim, nesse conflito existencial, Máximo, perdão, Max tornou-se adulto, sem abandonar essa mania de teimar em não aceitar seu nome de batismo.
Conselhos, falar que Máximo era um nome bonito, que não era nada demais chamar-se Máximo, nada disso adiantava. Nesses descontraídos bate papos entre amigos se, para fazer gracinha alguém falasse mesmo brincando, -Max deixa isso pra lá. Até que seu nome é mesmo o máximo - com certeza ouviria um sonoro palavrão em homenagem a sua mãe.
Máximo, digo Max, casou-se com Joana e, na igreja, exigiu do Padre, na hora da cerimônia, no lugar de Máximo chamasse-o de Max.
Seus três filhos passaram a ser conhecidos como os filhos do Max.
Ano passado, já viúvo, depois de uma longa enfermidade, Máximo, ou melhor, Max faleceu, mas antes de morrer, ele pediu aos filhos e netos que, por caridade, não colocasse seu nome em sua lápide da sepultura.
No último dia de finados eu estive no cemitério onde também está enterrado meu pai e, em um dos corredores, vi a sepultura do meu amigo Max, notei também que seus filhos seguiram à risca suas recomendações finais, ou seja, a de não colocar o nome dele na sepultura.
E, na fria lápide estava escrito:
AQUI JAZ. UM HOMEM EXEMPLAR, ÓTIMO FILHO, BOM MARIDO E O MAIS QUERIDO DOS PAIS – SAUDADES DE SEUS FILHOS E NETOS.
O único problema é que todo mundo que lia a lápide saia comentando:
PUXA, ESSE CARA ERA O MÁXIMO.
Por Arthur Miranda (tutu)
Assim era o jeito de ser de Máximo Alves de Oliveira, popular Max, que era como ele gostava de ser chamado.
Desde os tempos de escola, vividos no G.E.P.M.N, Grupo Escolar Padre Manoel da Nóbrega, na Freguesia do Ó, praticamente até o fim da vida, Max foi possuidor de um verdadeiro pavor de seu nome de batismo e dos trocadilhos que os colegas e amigos faziam em torno dele.
-Máximo, você é mesmo o máximo!
De tanto ouvir isso, Max passou a odiar o próprio nome exigindo, por conta disso, que todos o chamassem por Max.
Com o passar dos anos, a coisa praticamente acabou transformando-se em um transtorno mental; Max não aceitava, de forma alguma, ser chamado pelo seu nome verdadeiro.
E, é claro, sempre quando alguém reage de forma agressiva e obsessiva em torno de algo, acaba provocando, em muitos, o desejo de provocação.
E assim, Max passou parte de sua vida, vivendo grandes conflitos e metendo-se em muita encrenca por culpa de seu próprio nome e, é óbvio, tudo isso só fez alimentar nele o ódio que o mesmo já sentia pelo próprio nome e naturalmente a fomentar mais encrencas, o que hoje em dia fatalmente faria com que seus pais buscassem para ele algum tipo de ajuda psicológica, mas na década de 60, na Freguesia, era algo que não passava pela cabeça de ninguém, muito menos na de seus pais.
E assim, nesse conflito existencial, Máximo, perdão, Max tornou-se adulto, sem abandonar essa mania de teimar em não aceitar seu nome de batismo.
Conselhos, falar que Máximo era um nome bonito, que não era nada demais chamar-se Máximo, nada disso adiantava. Nesses descontraídos bate papos entre amigos se, para fazer gracinha alguém falasse mesmo brincando, -Max deixa isso pra lá. Até que seu nome é mesmo o máximo - com certeza ouviria um sonoro palavrão em homenagem a sua mãe.
Máximo, digo Max, casou-se com Joana e, na igreja, exigiu do Padre, na hora da cerimônia, no lugar de Máximo chamasse-o de Max.
Seus três filhos passaram a ser conhecidos como os filhos do Max.
Ano passado, já viúvo, depois de uma longa enfermidade, Máximo, ou melhor, Max faleceu, mas antes de morrer, ele pediu aos filhos e netos que, por caridade, não colocasse seu nome em sua lápide da sepultura.
No último dia de finados eu estive no cemitério onde também está enterrado meu pai e, em um dos corredores, vi a sepultura do meu amigo Max, notei também que seus filhos seguiram à risca suas recomendações finais, ou seja, a de não colocar o nome dele na sepultura.
E, na fria lápide estava escrito:
AQUI JAZ. UM HOMEM EXEMPLAR, ÓTIMO FILHO, BOM MARIDO E O MAIS QUERIDO DOS PAIS – SAUDADES DE SEUS FILHOS E NETOS.
O único problema é que todo mundo que lia a lápide saia comentando:
PUXA, ESSE CARA ERA O MÁXIMO.
Por Arthur Miranda (tutu)
9 comentários:
O Máximo é você, Tutu. Nasceu com a veia cômica! Parabéns.
Arthar, (como dizem os inglezes na pronúncia do seu nome)"I don'te " creio pois, conheço essa piada há, mais ou menos, 60 anos, meu avô contava que ouvira de seu bizavo. Em todo caso, o herdeiro da grande empresa Bauducco, neto do fundador, o saudoso Carlo Bauducco e filho de Luigi Bauducco, se chama Massimo e ele está muito feliz com o nome. Eu, no lugar dele estaria, também. Ironia sempre ajuda a levarmos esse fardo, cada vez mais pesado que é a VIDA. Parabéns, Tutu.
Esse Tutu é mesmo o máximo! Sabe contar uma história como ninguém!
Parabéns pelo texto!
Abraço.
Olá, Máximo...digo, Arthur!
Você é que é o máximo, querido amigo.
É muito gratificante, para mim, ler seus textos, recheados de bom humor, trazendo retratos de sampa que nos fazem tão bem.
Valeu, Arthur!
Obrigada.
Muita paz!
Tutu, muito boa esta historia.
Eu neste meus poucos anos de vida, conheci vários Maximos, quem sabe até esse Max.
No ano passado conheci um Massimo, e ai sim tive problemas e prejuizos...
Nem quero me lembrar.
Ex Artista de televisão: O negocio é o seguinte: Perto da minha casa também tinha um cara chamado MAXIMO. Como na sua historia, ele detestava, mas não tinha jeito, até a mulher que ele amava e, ela o adorava, já não mais chamava ele de meu bem ou benhê. Era Max mesmo. Como ele a amava não ficava bravo, mas fazia biquinho. Quando ele viu que ia morrer chamou a mulher e disse: - Meu bem não coloque na minha lapide o nome MAX. E quando ele começou a comer capim pela raiz, ela mandou fazer a placa e escreveu: AQUI JAZ, O HOMEM QUE NUNCA TRAIU SUA ESPOSA. No dia de finados um camarada passando com a mulher disse: Esse era o Maximo
Tutu.
O 'mínimo' que posso considerar desta 'máxima' história, é a ironia
a que ela nos remete.
Pobre do Max. Nem mesmo depois de morto deixou de ser o 'Máximo'.
Arthur, que coincidência, meu pai se chamava Maximiliano mas também era chamado de Máximo, parabéns pelo bonito texto, abraços, Nelinho.
Arthur, você está sempre nos divertindo com essas estórias engraçadas. Achei o "Máximo" seu texto.
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