quinta-feira, 19 de agosto de 2010

telefonia

Neste espaço criado pela Soninha, escrevemos muito sobre a saudade que temos, de tantas e tantas coisas do nosso tempo. Mas não podemos deixar de lembrar que, algumas modernidades vieram e facilitaram muito nossa vida. Uma delas é a telefonía.

No nosso tempo, telefone era coisa rara. Tínhamos que nos inscrever e esperar anos para a instalação do aparelho. Mesmo assim, o serviço era precário

Eu trabalhava num escritório de contabilidade e, para conseguir um sinal de linha, tinha que colocar o telefone pendurado fora do gancho, por um bom tempo. Não sei porque, mas funcionava.

Hoje, é uma maravilha, falamos a qualquer hora e para qualquer lugar, usando a telefonia móvel.

Localizamos nossos filhos, somos localizados por eles, solicitamos o "socorro" quanto o carro enguiça,etc...Eu não consigo sair sem ele.

Falo sobre isso porque li uma notícia, na semana passada, que uma das nossas companhia de aviação, irá liberar o uso do telefone celular durante os vôos. Mas, sinceramente, acho que não vai dar certo.

Verifico que as pessoas, inclusive meus familiares, fazem uso excessivo do aparelho. Na rua, no shopping, nas festas, conduções, etc.. Estão sempre grudados no aparelho.

Outro dia no Metrô de São Paulo, um senhor estava uma fera, tentando resolver via celular, um pro
blema com seu marceneiro que, pelo jeito, não havia terminado um serviço.
Logo depois, uma senhora atendeu uma chamada. Em alto e bom som, começou a falar com a sua filha...

-Estou no Metrô, o que você quer?
- Já falei pra não ficar me ligando toda hora, pô.
-O que? Não pode ser, eu deixei aí.
-Vá até o quarto, está na cômoda.
- Como não? Olhe direito. É um pacotinho pequeno.
- Volta lá e procure.
- Chame seu irmão.
- fulano) você pegou um pacotinho que estava em cima da cômoda? Não? Pelo amor de Deus. Tem que estar aí.
- Chame sua irmã.
- Achou? Não pode ser!
- Vocês perdem tudo e me deixam louca.
- Não achou? Pera aí, então olhe na gaveta das calcinhas.
- Você sabe muito bem qual é, porque vive mexendo nas minhas gavetas.
- Veja se está enrolado na calcinha vermelha....Naaaão, essa não, aquela tipo tanguinha com renda na frente....

Fiquei sem saber se acharam o tal pacotinho ou a tanguinha vermelha, pois desisti e mudei de vagão na primeira parada da composição.


Agora, fico imaginando como será isso dentro de uma aeronave. Você querendo ler, conversar com o acompanhante, ou simplesmente relaxar, e seu vizinho iniciar um bate papo , com seja lá quem for. Ou, se meia dúzia de passageiros resolverem passar o tempo de vôo, fazendo uso do celular, para resolverem seus negócios, Será uma verdadeira Babel, pois, normalmente, falam em tom muito elevado. O pior é que, ali, não dá para mudar de aeronave, nem pedir para descer.

Acho que precisamos fazer bom uso dessas modernidades. Senão, vou começar a sentir saudade daquele telefone pendurado no escritório, à espera de um sinal de linha.

Por Bernadete Pedroso

9 comentários:

Arthur Miranda disse...

Bernadete, o problema é que muitos fazem um péssimo uso do celular, ele deveria ser usado apenas em momentos de urgência, e seus possuidores pessoas que realmente tivessem muita necessidade do mesmo, a meu ver os médicos, advogados, pedreiros, eletricistas, domesticas diarista, e pessoas que atendem a domicilio.
Acredito que seja um aparelho para uso profissional ou para casos de emergências, e não para serem usados em papos furado, e inúteis fofoquinhas idiotas, perturbando e transformando os ouvidos alheios em verdadeiras latrinas. Gostei da narrativa e do tema abordado.

Miguel S. G. Chammas disse...

Pois é Bernadete, o celular tomou conta do Brasil.
Nossos indigenas já se aventuram a andar com celulares feito penduricalhos em seus pescoços.
Fiquei sabendo que os patricios luzitanos além dos celulares usam os telefones moleculares, chamam um muleque na rua e mandam trasmitir o recado.
Parace que fica mais em conta

Soninha disse...

Olá, Bernadete!

Infelizmente, o povo brasileiro ainda age de acordo com a falta de cultura. Digo isso sem querer imprimir a isto algo pejorativo...ao contrário. Sofremos por não sabermos, ainda, lidar com estes modismos decorrentes do avanço da tecnologia, por mera falta de educação.
Precisamos aprender noções básicas,
Seria mais fácil iniciarmos pelas crianças. Porém, seus pais, muitas vezes, tem menos esclarecimentos que eles mesmos.
Dificil tarefa, mas, ainda evoluiremos a ponto de respeitar o próximo como desejaríamos fôssemos respeitados.
Celular, som de carro em níveis altíssimos, som de TV e rádio, nas casas, algazarras, entre outros ruídos excessivos, são o reflexo de nossa cultura, infelizmente.
Bem...chegaremos lá, com certeza...é nosso destino, a evolução.
Adorei!
Obrigada.
Muita paz! Beijosssssss

Nelson de Assis disse...

Os modernos aparelhos celulares tem muitas aplicações além do objetivo da comunicação. São jogos e outros entretenimentos que encarecem o equipamento e muitas vezes não servem para nada.
Com o advento destas pequenas maravilhas, pessoas parecem loucas pois, quando as observamos, parecem estar conversando consigo mesmas, dado alguns recursos desta modernidade.
Muitas vezes, o óbvio da discrição é esquecida quando falamos ao celular e não é difícil algumas nossas particularidades íntimas serem reveladas expontâneamente e, muitas das vezes, desastrosamente.
É o progresso que não pode parar.

Luiz Saidenberg disse...

Os celeulares, quando lançados, eram caros e símbolo de status. Tinha gente que atpe comprava falso, mudo, só para aprecer. Começou a banalizar-se- vi um varredor falando num- há alguns anos. Hjae, além do exagero no uso, de forma muitas vezes inadequada, a fala ficou ficou coisa secundária, como lembrou o Nelson. Celular hoje fotografa, filma, é Tv, internet, joguinho eletronico e não sei mais quê....quando comprei um novo, anos atrás, disse:-quero um telefone que fale, e nada mais! E é o que continua fazendo até hoje ! Abraços.

Leonello Tesser disse...

Bernadete, o pior é que àquelas pessoas que usam o celular no ônibus, no metrô não tem o mínimo respeito pelos passageiros e teimam em alimentar assuntos sem importância que bem poderiam ser resolvidos em casa, um abraço, Leonello.

Modesto disse...

Sabe o que é pior do que a "matraca" usar o celular no metrô? É o "pi-pi-pi-pi-pi..." dos motobois, pedindo não, exigindo que vc saia da frente. Interessante seu passeio de metrô, Pedroso, com o celular, é a mais confortável das comunicações. Parabéns.

Zeca disse...

Parabéns pela bela crônica, Bernadete!
O celular é o resultado desastroso do progresso! Reconheço sua utilidade para certas emergências, mas me desespero com o uso indevido que a maioria das pessoas dá a esse aparelhinho do Capeta! Resisto a ele até hoje e pretendo continuar resistindo até o final dos meus dias. O bom telefone fixo tem me atendido as necessidades com perfeição e, em caso de urgência extrema, alguém que tenha um celular há de ligar para o meu fixo e me localizar... acho o cúmulo da invasão de privacidade.
Abraço.

MLopomo disse...

Bernadete. Pensei em voltar aquele tempo em que precisavamos pedir ligação a telefonista. Lembra do 101,para chamadas interestaduais?
Mas, ai pensei a broca vai ser maior. teleflista!! Vai ou não vai sair a minha linha!!!!