domingo, 22 de agosto de 2010

Ostentar um Pinto no nome

Esta história, apesar de parecer estranha, é a mais pura verdade.
Trata-se de pessoas queridas, meus familiares muito próximos, os quais eu só troquei os nomes.
Em 1948 Marlene Miranda Araújo conheceu e resolveu mais tarde casar-se com Armando Pinto de Castro.
Casaram-se em 1949 na igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó e no Cartório civil da Freguesia que, na época, ficava localizado na Rua Diogo Domingues, local onde permaneceu por muitos e mui
to anos, a ponto da mesma ficar conhecida no bairro como a Rua do Cartório.
Casaram-se e tiveram dois filhos, o Edílson Pinto de
Castro e Iran Pinto de Castro.
Depois de, Marlene passou a usar o Pinto do seu marido, em seu nome e assim virou Marlene Miranda Araújo Pinto de Castro.
Tudo ia bem e eu jamais vi ou ouvi Marlene reclamar do inconveniente de, agora, ser obrigada a usar o Pinto do seu marido.
Os anos foram passando sem nenhum problema até que Armando, seu marido, falece
u de infarto fulminante, deixando Marlene viúva, jovem e cheia de vida.
Marlene, então viúva, vendo o tempo passar começou a namorar com o Romualdo e desejar casar-se com o mesmo ,e com isso, a oportunidade de abandonar ou deixar de usar o Pinto do marido que, afinal, já estava morto há mais de quatro anos.
Como sempre, fora muito amiga da ex sogra e sabedora que esse Pinto advinha da família da mãe do falecido, ela sempre relutou muito em retirá-lo, apesar de não mais gostar de ostentá-lo, já que achava que com isso prestava homenagem a memória de sua ex sogra agora, também já falecida.

Para melhor entendimento:
Sua ex sogra chamava-se Dona Carmem Pinto e seu ex sogro João Castro.
Sendo assim o Pinto de seu ex marido pertencia a sua mãe Dona Carmem e o Castro pertencia ao pai dele João Castro, já que o mesmo não tinha Pinto.

Nessa nova união com Romualdo, não houve uma casamento oficial, por ser o mesmo desquitado (ainda não havia divórcio no Brasil).
Marlene, então, não pode tirar o Pinto do falecido e foi obrigada, mesmo vivendo com outra pessoa, a continuar usando o Pinto do Armando.
Mais tarde com Romualdo dos Santos (Romualdo era dos Santos e também não tinha Pinto), ela teve mais um casal de filhos.
O Jerônimo Araújo Pinto de Castro Santos (o primeiro a nascer) e Márcia Araújo de Castro Santos, essa sem Pinto, pois Marlene não admitia que sua filha pudesse ter Pinto assim novinha, sendo assim não permitiu que o escrivão no cartório botasse o Pinto na recém nascid
a, naturalmente com o apoio de todos os familiares.
Não sei se estou sendo claro?
Mais tarde, quando os filhos do primeiro marido se casaram, ela lutou e impediu que as netas pudessem ostentar o Pinto.
Dizia ela.
- Pinto só nos filhos e netos, neta minha jamais vai ter Pinto.
E assim, hoje em dia, sua filha, suas netas e bisnetas têm o Pinto dos irmãos e prim

os em sua volta, mas elas cresceram sem Pinto.
E pobres de seus filhos, netos, e bisnetos condenados a ter de carregar seus Pintos até o fim da vida.
Muitos podem até achar que ela exagerou, conheço algumas pessoas que até gostam do Pinto.
Mas confesso, sinceramente, eu também não gostaria e a meus pais jamais perdoaria se eles tivessem aprovado um Pinto desses, em meu nome.


Por Arthur Miranda (tutu)

6 comentários:

Miguel S. G. Chammas disse...

Tutu, usando uma expressão dos tempos do enlace do Pinto, acho, sinceramente, que és um bom pintacuda.
Tens o dom do humor e fazes de uma tragédia efetivamente pintada numa comédia (me desculpe a apelação) pintoresca....

Soninha disse...

Olá, Arthur!

Que difícil, né?!
Esta questão de nomes e sobrenomes é bastante interessante...Os filhos e outros descendentes tem de suportar um leque de gozações, insinuações e outros, por conta de seus nomes...
Fez-me lembrar...meu filho tem o nome do avô paterno e, quando era pequenino, não gostava...então, quando alguém lhe perguntava seu nome ele sempre dizia outro e nunca o seu próprio nome...mais tarde, no colégio, qdo os colegas e professores passaram a cahamá-lo por um apelido (Neto), por causa do Neto no sobrenome, ele gostou e adotou...
Hoje, ele gosta do nome e o usa com muito orgulho.
Meu filho é o Vicente Astrauskas Neto...guardem este nome...será um famoso publicitário.
Valeu, Arthur.
Obrigada.
Muita paz!

Zeca disse...

Ô loco, Arthur!!!

Quanto pinto nessa história! É mulher com pinto, homem com e sem o dito cujo e, até os bebês, acabam entrando na briga onde avós, mães e pais decidirão qual ostentará, com ou sem orgulho, o seu próprio pinto...
Enfim, entre os pintos todos, parece que ninguém se feriu e todos continuam gozando de perfeita saúde, física e mental! Tenha ou não tenha pinto, use ou não use o mesmo!
Parabéns pelo texto que conseguiu me fazer rir um pouco neste início de uma nova semana. Não sei se você é Arthur Miranda Pinto; mas tenha ou não tenha pinto (no seu nome!), tenha uma excelente semana.

Abraço.

Luiz Saidenberg disse...

Muito gozado, Tutu ! Você fez uma autêntica suruba nomenclatural !
Todo cuidado com o Pinto é pouco, deve ser usado( como nome ) com moderação !
Abração.

MLopomo disse...

Marlene Araújo, talvez constrangida teve que usar o nome Pinto em publico. São coisas de nome ou sobrenome. Essas coisas com o tempo se acostumam. Tanto assim que ela passou a usar o pinto do marido. Marlene foi diferente de outras mulheres que usavam o pinto que não do marido. Ela gostava tanto do pinto do marido que mesmo viúva, agora estando com Raimundo se recusou a deixar o pinto do marido de lado. Gosto de pessoas assim: Conseguindo “algo bonito” como o nome Pinto nada de deixar na mão, ou melhor no nome de outras pessoas. Nem mesmo as netas ela permitiu que usassem o pinto do avô. Marlene é daquelas mulheres decididas. O que é meu não se divide com ninguém.

Modesto disse...

Muito divertido seu texto, tutu, vc. conseguiu elevar as alturas todos os Pintos da família. Pinto é um sobrenome de origem espanhola ou portuguesa. Por incrível que possa parecer, tinha vizinhos, no Braz, italianos, (barezes) com sobrenome de Pinto. Na sua história, hove um exgerado desejo de ostentar o Pinto no nome. Isso só fez desencadear uma "pintalhada" pra nenhum galo botar defeito. Gostei da narrativa, Arthur, parabéns