segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O menino do Jaçanã

É tarde eu já vou indo preciso ir embora, té manhã. Mamãe quando eu, sai, disse: - bichinho não demore em Braçanã. Este é um trecho da música de Luiz Vieira, composta no inicio dos anos 1950. Ouvindo a música, percebi que uma palavra contida na letra, se parecia com o nome de um bairro da zona norte da cidade de São Paulo, o Jaçanã.
Ai,
me lembrei do menino do Jaçanã, meu colega de escola SENAI, do Brás. Era Sebastião (Tião) que morava no bairro do Jaçanã.
Órfão de pai e filho de empregada doméstica, Tião tinha orgulho da sua mãe, que não se preocupava em arrumar outro homem e se dedicava ao trabalho, para dar a ele uma vida melhor.
No curso profissionalizante, Tião optou pela marcenaria e, na parte teórica, fazia o curso correspondente a um ginásio naqueles anos, 1954-55-56. Com poucos recursos, ia estudar com roupas ganhas ou feitas por sua mãe, quando chegava do serviço. Camisas de algodão que, de vez em quando, ganhava das patroas, por estar com muito uso por seus maridos, muitas vezes grandes para o porte físico do filho.
Quando não, eram camisas feitas de saco de farinha que, às vezes, tinha a logomarca da SANBRA (sociedade algodoeira do nordeste brasileiro) ou do açúcar União. Como não podia deixar de ser a gozação era grande por parte dos alunos que não tinham os mesmos problemas financeiros em suas famílias.
Tanto na parte prática como na teórica, ele era muito bom e suas notas estavam acima dos demais; Nem era de ficar sempre de olho nos livros ou cadernos. Sebastião não era de f
icar estacionado. Quando terminou o curso no SENAI, foi trabalhar na firma que o financiou nos três semestres que ele ficou na escola SENAI. Trabalhava de dia e, à noite, ia estudar mais, pois queria ser um doutor. Anos mais tarde, o encontrei no centro da cidade. E, depois daquele... puxa quanto tempo! Ele disse que ia até a Praça João Mendes.
Vou ao fórum levar essa petição, que precisa ser protocolada ainda hoje, sem falta. Então, percebi que o velho amigo de escola, o Tião, agora era chamado de Dr. Sebastião Rodrigues da Silva.

Por Mário Lopomo

9 comentários:

Soninha disse...

Olá, Mário!

Com certeza, vale mais o esforço que se faz, ao longo da vida, para alcançar um objetivo.
Vimos no Tião, o exemplo de perseverança, vontade, determinação, disciplina, para ele realizar o seu sonho e melhorar de vida.
Muito bonita sua história.
Valeu!
Muita paz!

Zeca disse...

Bom dia, Mário!

O seu amigo, Doutor Sebastião, com sua coragem e perseverança, serve de exemplo para muitas pessoas que, ignorando as facilidades que a vida lhes oferece, não chegam a lugar nenhum.
E ainda nos traz à memória a deliciosa música "Menino de Jaçanã", do inesquecível Luiz Vieira, que embalou a minha infância.
Texto memorável! Parabéns!
Abraço.

Miguel S. G. Chammas disse...

Legal Mario,. vc me fez recordar várias passagens no Jaçanã. Valeu!

Unknown disse...

Mario, como é bom ler uma estória assim, sobre alguém que apesar da infância difícil e da orfandade,formou-se e hoje é um homem bem sucedido na sua profissão.
Parabéns ao Dr Sebastião Rodrigues da Silva, e a você Mario, por homenagea-lo
Um abraço

Modesto disse...

Essa é a principal virtude dos que, com recursos bem mirrados, conseguem fazer o melhor com o pouquíssimo que tem. Não dão as costas pro obstáculo, enfrenta-os, de frente. E sai vitorioso. Parabéns, Pomarola, gostei de su texto.

Arthur Miranda disse...

Mario, gostei muito da historia. Se o nosso presidente tivesse feito o mesmo, hoje ele teria os dez dedos com certeza. Mas talvez jamais chegasse a ser nosso presidente. Gostei muiiiito desse Menino do Jaçanã, Parabéns de todo o coração.

Anônimo disse...

Mário, eis aí mais uma prova de que o trabalho, a fé e a perseverança com certeza trazem os frutos, parabéns pelo texto, abraços, Leonello Tesser (Nelinho).

Leonello Tesser (Nelinho). disse...

Mário!!! veja você!!! cliquei no espaço errado!!! saíu como sendo "anônimo" com meu nome!!!desculpe, Leonello Tesser (Nelinho).

margarida disse...

Mario,um lindo exemplo deste menino, hoje Dr. Sebastião. Parabéns a ele pela persistência e garra e a você pela linda homenagem.
Um abraço.