Nos anos 1950-60 os cachorros viviam da mesma maneira que ser humano; brincavam na rua ou então nos quintais, local necessário para tê-los em casa. Quem morava na Mooca ou Brás, tinha certa dificuldade para criar cachorros pela falta de quintal, pois a porta das casas, naqueles bairros, era já a beira da rua. Naquele tempo, raramente se viam os cães pequenos, cheios de treleles. Quando muito, tinha alguém com um cachorrinho pequinês. Os nomes dos cachorros eram normalmente estrangeirados, Nero, Duke, Rex e Bob. A maioria era vira-latas, mas havia quem tivesse os pastores alemães, mas a maioria desses animais era da Guarda Civil e eram adestrados, geralmente usados em aglomerações como as que tinham em campos de futebol e para farejar lugares a procura de algo.
O primeiro cachorro que tivemos foi o Bob, um branquinho que apareceu em casa e nem mesmo sendo enxotado com estupidez pelo meu pai, ele foi embora, ficou em casa até morrer de velhice, já com falta de dentes. Mas, na flor da idade era um cachorro irrequieto e totalmente “indisciplinado”, pois não respeitava nem os homens da carrocinha, dando um verdadeiro baile nos laçadores que não conseguiam seus intentos. Como corria aquele bichinho! Os laçadores ficaram com uma tremenda raiva por que não só nós, os donos, mas todas as outras pessoas davam risadas, pelo baile que eles tomavam. No fim acabavam eles indo embora, sem levar o cachorro. Ainda bem, por que se ele fosse levado pela carrocinha, meu pai jamais iria buscá-lo.
Depois do Bob veio o Rex, nem me lembro como ele apareceu lá em casa; só sei que era bem diferente do Bob, digamos um tremendo Lok, era meio abobalhado, grandalhão e pesado e não tinha a mesma mobilidade do seu amiguinho de casa.
Bob tinha uma mania de correr atrás das bicicletas e carros, ia latindo muito, até se cansar; vinha na corrida e, se aproximando do carro, dava uma brecada para depois ficar latindo ou nos pés de quem pedalava a bicicleta, ou então próximo aos pneus dos carros. O Rex quis imitá-lo, mas na hora de brecar, passou direto indo debaixo do chassi do carro, rolando, mas não sofrendo nada de grave. Serviu de lição, por que nunca mais se meteu à besta.
A maioria dos cachorros, da cidade de São Paulo, eram vira latas e criados com muito amor. Eles comiam a mesma comida que seus donos. Minha mãe, por exemplo, dava uma melhorada na comida dos nossos cachorros; toda semana ela ia à feira e comprava dois quilos de bofe, um tipo de víscera bovina, não usada para alimentação de seres humanos; processava na maquina de moer carne, cozinhava e misturava ao arroz. Os cães comiam com muito agrado. Mesmo com o inverno bravo daqueles tempos, nunca vi cachorro com capa de tecido ou plástico para se livrar do frio. Eram cachorros machos sem frescura nenhuma. Também não existia Pet Shop; quando muito um ou outro veterinário, mas era difícil ver cachorros doentes naqueles tempos, De vez em quando aparecia um cachorro louco e, quando isso acontecia, ele era sacrificado para não morder as pessoas, principalmente crianças. Lembro-me que desde o início dos anos 1950 já tinha o hospital de Cães e Gatos, na Avenida Santo Amaro, de quem ia em direção ao bairro do mesmo nome. Hospital que, até bem pouco tempo, ainda estava no mesmo lugar. Creio que ainda deve estar.
Por Mário Lopomo
O primeiro cachorro que tivemos foi o Bob, um branquinho que apareceu em casa e nem mesmo sendo enxotado com estupidez pelo meu pai, ele foi embora, ficou em casa até morrer de velhice, já com falta de dentes. Mas, na flor da idade era um cachorro irrequieto e totalmente “indisciplinado”, pois não respeitava nem os homens da carrocinha, dando um verdadeiro baile nos laçadores que não conseguiam seus intentos. Como corria aquele bichinho! Os laçadores ficaram com uma tremenda raiva por que não só nós, os donos, mas todas as outras pessoas davam risadas, pelo baile que eles tomavam. No fim acabavam eles indo embora, sem levar o cachorro. Ainda bem, por que se ele fosse levado pela carrocinha, meu pai jamais iria buscá-lo.
Depois do Bob veio o Rex, nem me lembro como ele apareceu lá em casa; só sei que era bem diferente do Bob, digamos um tremendo Lok, era meio abobalhado, grandalhão e pesado e não tinha a mesma mobilidade do seu amiguinho de casa.
Bob tinha uma mania de correr atrás das bicicletas e carros, ia latindo muito, até se cansar; vinha na corrida e, se aproximando do carro, dava uma brecada para depois ficar latindo ou nos pés de quem pedalava a bicicleta, ou então próximo aos pneus dos carros. O Rex quis imitá-lo, mas na hora de brecar, passou direto indo debaixo do chassi do carro, rolando, mas não sofrendo nada de grave. Serviu de lição, por que nunca mais se meteu à besta.
A maioria dos cachorros, da cidade de São Paulo, eram vira latas e criados com muito amor. Eles comiam a mesma comida que seus donos. Minha mãe, por exemplo, dava uma melhorada na comida dos nossos cachorros; toda semana ela ia à feira e comprava dois quilos de bofe, um tipo de víscera bovina, não usada para alimentação de seres humanos; processava na maquina de moer carne, cozinhava e misturava ao arroz. Os cães comiam com muito agrado. Mesmo com o inverno bravo daqueles tempos, nunca vi cachorro com capa de tecido ou plástico para se livrar do frio. Eram cachorros machos sem frescura nenhuma. Também não existia Pet Shop; quando muito um ou outro veterinário, mas era difícil ver cachorros doentes naqueles tempos, De vez em quando aparecia um cachorro louco e, quando isso acontecia, ele era sacrificado para não morder as pessoas, principalmente crianças. Lembro-me que desde o início dos anos 1950 já tinha o hospital de Cães e Gatos, na Avenida Santo Amaro, de quem ia em direção ao bairro do mesmo nome. Hospital que, até bem pouco tempo, ainda estava no mesmo lugar. Creio que ainda deve estar.
Por Mário Lopomo
10 comentários:
Mario, bonito texto, principalmentepor que eu também fiz parte desses proprietários de cães.
Foram muitos os cães de minha vida, Bolinha, Pom-pom, Rex, Sansão, Atila, Xereta e uma outradezena.
Gostei do teu texto, só devo fazerum reparo, o Bofe que vc diz que não é usado nas mesas dos consumidores, frequentou, durante uma época de dureza, minha mesa e era tão bem manipulado por mim que todos que experimentavam pediam bis.
Bela historia Mário, fez eu me lembrar de um fato que gostaria muito de esquecer. Eu possuía uma cadela da raça viralates chamada Tupeva. Minha mãe trazia sobras de comida da pensão onde ela era cozinheira (também os restos das refeições dos pensionistas), E então fazia o mesmo que a sua mãe, comprava meio quilo de bofe, e reforçava a "refeição" da nossa cadela. Resultado, um dia aos 13 anos eu cheguei em casa da escola, minha mãe havia saído para ir ao mercadinho fazer compras, e eu vendo aquela panela com aquela "refeição" quentinha enchi meu prato com a comida da cachorra. Nunca mais esqueci o velho ditado que esclarece, O que os olhos não vêem o coração nada sente.
A fome torna tudo mais gostoso. Eca, eca, eca...
Em tempo: Caí na asneira de mostrar esse comentário para a Denise, e ela garantiu que não vai me beijar tão cedo.kkkk.
Mário,
seu texto me levou mais uma vez de volta à infância, com os vira-latas que "grudavam" na gente na rua, nos acompanhavam até em casa e nem enxotados iam embora, acabando adotados, para alegria da criançada. Também tivemos alguns, lá em casa, que se fartavam com as paneladas de uma espécie de polenta misturada a carne moída (não sei que carne era), feitas todos os dias pela minha saudosa avózinha. E o que mais me espanta é que toda semana, quando eu e meu irmão pegávamos sabão de coco, uma escova e a mangueira, eles vinham felizes tomar banho e fazer a maior algazarra, terminando com eles e nós molhados e ensaboados. Erra uma farra o dia do banho da cachorrada que nunca sonhou com um pet shop.
Parabéns e obrigado por mais esta viagem a um passado tão distante, mas que deixou tanta saudade.
Abraço.
Olá, Mário!
Que legal falar dos nossos queridos amigos, os cães!
Creio que a maioria das crianças tiveram ou tem seu cãozinho de estimação.
Lembrei-me da cadela querida que nos cedeu seu dorso quente para cochilarmos no quintal...lembrei-me, também, dos gatos, dos pássaros diversos que sempre tínhamos quando crianças, lá em casa...
Que saudade!
Valeu, Mário.
Obrigada.
Muita paz!
Adorei, Lopomo! Boa essa recordação sobre esses amigos que preenchiam a nossa vida e que, muitas vezes nos esquecemos deles em nossas lembranças.
Você fez um bom retrato "canino" e da Mooca. Mesmo assim,nas ruas mais tranquilas, os vira-latas eram de propriedade comunitária: sempre havia às portas uma vasilha com água e um prato de restos de comida. E, quando vinha a "carrocinha", os funcionários que se cuidassem pois iam levar pedradas da molecada e vassouradas da mulherada.
A moda passa e os vira-latas ficam, acrescentando ao gene os elementos desse modismo.
Dos anos 50 a 60, lembro que virou moda ter um Pastor Alemão,depois os Bassets, os Bull-Dogs; depois os Collies (tipo Lassie). Nos anos 60 viraram moda os Pequinêses, os Chiuhaua e os Poodles.
Quando nascí o DICK - um lindo "Trash-dog" (vira-lata). Depois veio o basset chamdo REX, um Lulú da Pomerânia - o FEDERICO e finalmente o ZÉ - viralatão, mistura de pastor alemão com Terra Nova, mais preto que o meu passado que viveu 19 anos!Um dia deu um pulo para pegar um sabiá que estava em cima do muro, caiu ao chão mortinho da silva. Teve um ataque cardíaco.
Abração,
As armadilhas dos ossos. Sem dúvida nenhuma esses cachorros eram mais felizes em ser apenas cachorros. Ótimo texto!
Mario, o melhor amigo do homem com o passar dos anos, eles se tornam, não mais amigos mas sim, membro da própria famíliia. Belo texto, parabéns.
Modesto
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