Em textos anteriores já comentei o prazer que sinto ao visitar o Mercadão e a delícia que é fazer uma excelente (qualidade x preço) refeição no Sujinho. São dois ícones, para mim, da capital paulista. Neste texto, ainda sobre bares e restaurantes, vou mencionar outros lugares onde gosto de conceder-me os prazeres da boa mesa em São Paulo. Como já disse, existem outros, muitos outros! Mas esses são os meus preferidos. Sem desmerecer os muitos outros que nossa cidade, sempre tão generosamente, nos oferece.
Acredito não precisar nem lembrar da existência do tradicional e inimitável Ponto Chic! Lá no Largo do Paissandú, onde jamais consigo resistir ao delicioso bauru. Seu recheio abundante é composto de rosbife, quatro queijos derretidos em banho-maria, tomate e pepino, tudo servido no pão francês. Sem contar o clima do lugar, que ainda guarda lembranças da época áurea, onde o centrão da cidade ainda era o melhor lugar para passear e se divertir.
O Ponto Chic era frequentado, a noite, pelos estudantes de direito da Faculdade de São Francisco, dentre eles o ex-governador Abreu Sodré, que contou a história das reuniões dos estudantes, muitos dos quais grandes nomes da literatura, entre eles Machado de Assis, Mario e Oswald de Andrade e também de Casimiro Pinto Neto, o inventor do sanduiche Bauru.
Há algum tempo já não faço este programa, mas sempre gostei muito de reunir amigos e ir jantar no Gigetto, lá na Rua Avanhandava, com seus pratos incrivelmente generosos e as figurinhas carimbadas do circuito teatral da cidade. A mesa do couvert era enorme e, se não tomássemos cuidado, quando viessem os pratos do cardápio, a fome já havia sido eliminada de vez. As massas do Gigetto sempre foram divinas! Além de não exagerarem nos preços.
Agora, se encontar coragem e tiver um ataque de desprendimento, sou capaz de gastar todas as economias num jantar no Massimo, que fica na Alameda Santos e cujos pratos já se tornaram famosos, tanto pela generosidade quanto pelo sabor. Houve um tempo, quando era alto executivo financeiro de uma multinacional, em que cheguei a ser conhecido pelo nome pelo próprio maitre. Depois, resolvi trocar a vida de executivo pela de empreendedor em Paraty e, durante um bom tempo não tive condições de ali voltar. Mas, nos últimos anos, vez ou outra (é raro, mas acontece), quando algum amigo mais bem resolvido financeiramente topa, eu crio coragem e retorno ao lugar. É um restaurante muito caro, mas vale a pena só pelo prazer de degustar suas finas iguarias e ser atendido com toda cortesia pelos seus funcionários, que já não me conhecem, mas continuam gentis e atenciosos.
Existem outros lugares na cidade que valem a pena ser visitados, mas estou falando aqui daqueles que eu mais gosto, daqueles que me habituei a frequentar ao longo de minha vida e enquanto morava em São Paulo. Depois que me mudei, há mais de vinte anos, muitos lugares deixaram de existir, outros mudaram de endereço ou sofreram modificações e muitos outros foram surgindo, cada qual com suas especialidades e com suas próprias características.
Falar aqui sobre todos eles seria criar uma imensa lista de bares e restaurantes, os quais a cidade tem de sobra e para todos os gostos. Estou falando apenas daqueles que se tornaram parte da minha própria história de vida. Daqueles que permanecem sempre em minhas lembranças e que, quando posso, não deixo de visitar.
Por Zeca Paes Guedes
8 comentários:
Zeca, como deve comprovar meu raquitico corpinho, sempe fui amante da boa mesa e do bom copo.
Esses teus textos me trazem a vontade de voltar a ser um bon vivant mas as algibeiras, geralmente vazias, a distancia e também a vigilancia de uma companheira zeladora por meu bem estar, me ajudam a evitar essas transloucadas aventuras.
E assim, lendo teus textos e recordando, a gente segue vivendo.
Belos lugares, caro Zeca, muito bem relatados. No Ponto Chic deu-se minha última( espero que não) ida ao Centro. Miguel, Lopomo e eu fizemos ali uma entrevista para a Folha. O bar continua ótimo; o problema é o entorno. Que vergonhoso e terrível, hordas de sem teto caídos pelas antes belas calçadas históricas. Ao Gigetto há muito não vou. Fui muitas vezes, mas os preços aumentaram cosiderávelmente. E ao Massimo fui uma única vez, sendo recebido pelo próprio à entrada. Mas, após a
"marolinha do Lula", nem pensar. Não faz mal, São Paulo tem inúmeros lugares bons e ainda baratos. Abração.
Olá, Zeca, querido e malvado amigo!
As coisas que vocêgosta de fazer em Sampa, tem nos deixado babando sobre o teclado,isso sim...
Lugares hiper legais e,com certeza, frequentados pelos paulistanos, incluindo aí nossos queridos amigos autores...
O bauru do Ponto Chicé uma coisa de louco...tão indispensável experimentar quanto o sanduba de mortadela e o pastel de bacalhau do Mercadão... Estas guloseimas são obrigatórias para quem vem à Sampa, com certeza.
Aiiiii, Zeca....que maldade,viu!
Hummmmmm!
Valeu!
Obrigada.
Muita paz!
Zeca: Que bom lembrar esses lugares! E que bom lembrar os cheiros, os sabores servido à mesa nesses lugares!!!
Fazer o quê? Eu aqui, diante do computador, na madrugada, tomando um chazinho com bolachas, vou fingindo que estou devorando deliciosos quitutes.
Bom à beça!
Valeu! Abração,
Natale
Ai que delícia! Bom roteiro gastronômico e saudoso. Parabéns!
Modesto
Zeca
Zeca, desculpe mas, estou sendo vítima desta "diabólica" máquina chamada "computador". Não quiz conceituar sua crônica de "modesta" e nem de "zeca". É que por três ou quatro vezes, quiz mandar meu comentário e a "Google" interpunha um anuncio convidando-me pra me associar. Ao que}? não sei. Tirava o anúncio e meu texto desaparecia com ele.
Gostei muito do seu roteiro, saboroso em todos os sentidos. Mas essas interrupções atrapalharam bastante, estou tentando digerir o que reli. Desculpe e parabéns.
Modesto (substantivo próprio, não adjetivo)
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