segunda-feira, 14 de março de 2011

Memórias musicais



Sempre fui muito metido com relação às artes. Não teve ramo artístico que eu não me envolvi. Na área da música eu não fui muito feliz, embora tenha dado alguns “pitacos” que considerava de boa qualidade.
Cantando, embora tenha participado de vários programas na antiga Rádio Cultura, que tinha seu auditório na Avenida São João, quase esquina com a Avenida Duque de Caxias, em programas infantis e depois como calouro, na Rádio Tupi, com auditório no alto do Sumaré (Clube Papai Noel, do Homero Silva), mas nunca tive qualquer chance.
Nunca consegui tocar nenhum instrumento musical; os instrumentos de percussão eram mais confortáveis e eu me dava bem tocando maracás, bongô, afoxé, tamborim etc, etc e tal. Também nenhum destaque notável.
A única coisa que consegui na MÚSICA foi uma educação musical muito boa e um bom gosto apurado, aliado a uma excelente memória.
Ainda no campo musical, tive várias incursões na área de compositor.
Aliás, nessa modalidade eu me lembro das noites que íamos eu e minha “exposa” e o meu amigo, irmão e parceiro José Carlos Munhoz Navarro, para a casa do outro parceiro, Fernando Martins Pizo, compor marchinhas de carnaval que nunca foram gravadas.
Mas, era bom, pois enquanto ficávamos discutindo rimas, a Cida e
a esposa do Fernando, minha irmãzinha Rose, ficavam fofocando e fazendo quitutes para os grandes compositores.
Um dia, depois de compor uma das melhores marchas rancho de minha lavra, com o título significativo de PIERRÔ NOVA SINA, resolvi que ela deveria ser apresentada a um cantor, ídolo meu, de nome Francisco Egydio.
Disse mais, se ele não viesse a gravar a marcha, ninguém mais gravaria.
Naquela época eu estava recém casado e trabalhava numa concessionária da Ford (Lara Campos), na Rua Pinheiros, juntamente com meu camarada o José Carlos.
Um dia, cheguei ao trabalho doido de raiva (havia discutido com a dona da pensão). O Zé, depois de várias tentativas para me acalmar, resolveu propor que saíssemos ao final do
expediente e fôssemos dar uma volta antes do meu retorno ao lar. Concordei.
Ao término do expediente, passamos na casa dele (Rua Groenlândia), pegamos o Gordini velho de guerra e saímos em busca da aventura programada.
Eu sabia, por ouvir falar, que a casa do grande cantor Francisco Egydio era próxima do Autódromo de Interlagos, e para lá nos dirigimos.
Rodamos Interlagos de cabo a rabo e nada de encontrar a referida casa.
Naquela altura, uma torrencial chuva caia sobre Sampa, mas nós não desistíamos; paramos para abastecer o Gordini num Auto Posto em frente ao Autódromo e, enquanto abastecíamos, perguntei ao frentista se ele não sabia onde morava o cantor, ele deu um sorriso e virando-se para o lado direito disse: -Naquela casa ali!
Aliviados e surpresos com a casa indicada, pagamos o combustível e nos dirigimos até o local.
Tomei um grande banho de chuva para ir apertar o botão da campainha (coisa que fiz diversas vezes) e nada de sermos atendidos.
Molhado e com o ânimo mais abatido ainda, resolvi aceitar o conselho do Zé e desisti de novas tentativas. Voltamos.
Ele me deixou na porta de casa (Rua Maria José, 72-Bela Vista) eu entrei em casa, disposto enfrentar novos problemas.
Nada! Fui recebido com carinho e percebi que a noite ainda me daria prazer.
Ah! A música, foi pro fundo do baú e eu ainda hoje, de quando em vez, recito seus versos que são assim:

PIERRÔ NOVA SINA

Neste Carnaval
vai ser tudo alegria.
Neste Carnaval
vai ser tudo poesia.
Nós pela Avenida
jogando serpentinas.
Eu serei Pierrô,
e você a Colombina.

Vamos viver
um novo romance.
Vamos fazer
um novo final.
Eu vou te amar,
Você vai me amar,
neste Carnaval.

Vamos fazer
chegar ao fim.
As vitórias de
Arlequim.
Pierrô
Vai Ter nova sina.
Vai Ter o amor
de Colombina.

A letra considero muito boa, a melodia, por causa da minha incapacidade de solar qualquer instrumento e ter na minha voz a réplica do som de uma taquara rachada, o solo da música ficará para outra oportunidade.

Por Miguel Chammas

12 comentários:

Zeca disse...

Beleza, Miguel!

Além dos outros dons que já conhecemos, tem também o dom da música! Mesmo com a tal voz de taquara rachada e a dificuldade de tocar qualquer instrumento (mais dois pontos em comum entre nós!), pelo menos consegue compor, coisa que eu nunca me atreví a fazer. E pelo visto na bela letra postada aqui, um compositor dos bons, não descoberto ainda, mas muito bom!

Parabéns! E não desista!

Abração.

Luiz Saidenberg disse...

Que grande artista perde o mundo !
Que pena que o amigo não tenha dons de canto e instrumentação, senão certamente teríamos mais uma bela música carnavalesca, a ressoar, como as grandes marchinhas de sempre, eternamente nos salões. Pierrô, Colombina, Arlequim, as tradições da Commedia Della´Arte cantadas a plenos pulmões, mais de mil palhaços no salão. Vai em frente, Miguel, que um dia vc consegue gravar! Abraços.

Wilson Natale disse...

Miguel: Pierrot, Colombina, Arlequim, história de um amor assim, assim...
Dias melhores virão, ou piores... (risos)
O que importa é que você criou a SUA letra para uma marchinha que, por sinal é muito boa. Bota uma música nessa letra e manda lá pro Bixiga, para o pessoal dos blocos soltarem a voz no Carnaval.
Abraçao,
Natale

Arthur Miranda disse...

Miguel, envia a letra para São Luiz do Paraitinga aqui no Vale do Paraiba que eles colocam musica e com certeza irão cantar no proximo carnaval. Eu pessoalmente acho que esse Pierrot era você mesmo e a colombina a Sonia. kkk Você foi mais profeta do que compositor. Abraços.

Soninha disse...

Olá, amor!

Quando temos um sonho, destes que se transformam em meta,é legal quando não desistimos dele...
Vá em busca de seu sonho...de sua felicidade...
Não desista.
Pouco falo sobre mim, aqui ou em qualquer outro lugar, mas, como você sabe, adoro música.
Cantar eu gosto muito...Fiz parte do coral da Mckenzie, enquanto aluna de lá e do coral da instituição filantrópica da qual fiz parte por 30 anos.
E quer saber? Ainda tenho vontade de cantar em coral. Acho que vo pensar com mais carinho a respeito.
Parabéns pela marchinha.
Valeu.
Muita paz! Beijosssssss

Soninha disse...

Em tempo...

Adoro Drumond...
Por isto, coloquei a imagem em hmenagem ao dia da poesia.

Parabéns a todos os poetas e pseudos poetas.

Muita paz!

Zeca disse...


JUREMA
BERENICE
CLÁUDIA


Dias 16, 18 e 19 vocês estarão comemorando mais um aniversário e eu não estarei aqui para parabenizá-las, devido estar saindo hoje para uma viagem de trabalho. Não sei se terei oportunidade de acessar a internet nos próximos dias, por isso, deixo aqui meus votos de saúde, paz e tranquilidade.

FELIZ ANIVERSÁRIO!

Abraços.

Modesto disse...

Miguel, vc sabe que a maioria das composições do Noel Rosa são com letras dele e musicadas pelo Vadico, se não estou enganado. Alguns anos atraz, lançaram um LP (antes do CD)com várias composições do Noel mas só instrumentada, não era cantada por ninguém. Nos créditos só apareceu o nome do Noel. E o Vadico... ,nada. Ele era paulista.
Gostei da sua poesia, não sei porque, morando no Bixiga, com tantos violeiros, guitarristas, bandolinistas vc não encontrou um que te musicasse essa pequena joia.
Parabéns, Miguel.
Modesto

Miguel S. G. Chammas disse...

Amigos, esta marcha rancho tem letra e usicade minha autoria.
A partitura da musica eu encontrei ainda outro dia.
Ambas as duas estão à disposição de qualquer trovadorque queira se arriscar.
Obrigado por todos os comentários airosos que me dedicaram

Jens disse...

Camara Miguel, a letra, de fato, é MUITO BOA. O azar, no caso, foi do grande Francisco Egydio. Deixou de gravar um sucesso garantido.

Um abraço.

suely schraner disse...

Parabéns, Miguel.

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Miguel, finalmente essa sua veia poética floresceu! pena que você não tenha encontrado o Francisco Egydio, com certeza ele teria gravado essa marchinha que eu achei linda, parabéns, Nelinho.