quarta-feira, 16 de março de 2011

Calçada, sinônimo de passeio público

Nossas calçadas, ah! Nossas calçadas! Quem nunca teve uma torção no pé, um salto quebrado, um tropeção por desnivelamento de calçada em São Paulo, que atire a primeira pedra. Tudo bem que nossa cidade é imensa, difícil de ser fiscalizada em sua totalidade, mas, sinceramente, o descaso com nossos passeios públicos beira ao absurdo.

Meu pai construiu sua casa nos anos 60 e, contrariando minha mãe, mas mostrando o quanto era cidadão, preferiu fazer uma rampa interna na casa, que dá acesso ao quintal, do que fazê-la na calçada e prejudicar um pedestre.

A qualquer reclamação nossa, dizia: "Por acaso vocês sabem o que quer dizer calçada? Significa passeio público! É feita para caminhar; vocês já viram alguém caminhar com rampas, desníveis, sobe e desce a cada metro ou a cada casa? Não dá, né? Calçada tem que ser reta, segura; é feita para andar".

Com esse argumento nos convenceu, não só a nós, os familiares, mas a todos os vizinhos que pôde. Tanto é que os vizinhos da direita, da esquerda e da frente, todos tem calçadas lisas, sem nenhuma rampinha ou desnível sequer.

Conclusão: são as preferidas da rua para brincadeiras de crianças, conversas nas ma
nhãs de domingo, os primeiros passos dos bebês, novos moradores do pedaço, o solzinho matinal dos idosos que precisam dar uma caminhada segura, enfim, um sucesso essas calçadas! Hoje, andando pela cidade, não tem como não me lembrar de meu pai e sua demonstração de bom senso.

Como é difícil caminhar por São Paulo! Percebe-se a falta de respeito a cada metro; tem lugar que nem calçada tem e outros que as tem para estacionamentos, comércio, usos dos mais variados, menos o principal: o passeio, o caminhar do público cidadão. Uma pena, realmente uma pena! Quem sabe, um dia...

Por Márcia Sargueiro Calixto

14 comentários:

Miguel S. G. Chammas disse...

Márcia, grande texto e grande exemplo. Tiro por mim que, às vezes, tenho de alçar meus pés a alturas incomensuráveis para vencer pequenos espaços por calçadas desniveladas.
É um horror!
As autoridades deveriam pensar nessas aberrações de "passeio público".

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Márcia, como está fazendo falta pessoas de bom senso como o senhor seu pai, isso sem contar a falta de educação de uma parte do povo no que se refere ao lixo, parabéns pelo texto, abraços, Nelinho.

Wilson Natale disse...

Márcia: Assunto ótimo! E texto também.
Você sabia que a Prefeitura não liga a mínima para isso? Pois é. Não é mais da alçada dela... E cada um faz o que quer, quando e como quer sem pensar que uma calçada é PASSEIO.
Aqui na Mooca, quarteirões de calçadas retas e uniformes se transformaram, não em rampas, em verdadeiros tobogãs. Rampas que da rua à frente do imóvel abre um raio de até 50 cent´metros de altura.
Falar do lixo e acúmulo de lixo é pura perda de tempo. Basta olhar por ai, sem palavras, e constatar.
O problema é a deseducação do povo, da maioria que não respeita os dias de coleta do lixo e que, além do lixo, jogam móveis, entulhos e outros detritos além do lixo.
E pensar que houve um tempo que a calçada era a continuação do imóvel que a dona de casa fazia questão de manter limpa...
Abração,
Natale

Luiz Saidenberg disse...

Caminhar por São Paulo é uma Via Cricis. Buracos, boeiros, rampas - tem mais rampas que calçadas- tudo isto leva, ao rés do chão, a marca de incivilidade paulistana, de par com o descaso das autoridades.
Bom e sábio pai, seu exemplo infelizmente não frutificou.
Na terra do Deus nos acuda e salve-se quem puder, o paulistano marcha,inexorávelmente, para a frente, caindo, claudicando, tropeçando, mas nada pode deter sua marcha sem rumo até o colapso total da cidade.

Luiz Saidenberg disse...

Desculpem. Perdõe-me, Senhor! É Via CrUcis!

Arthur Miranda disse...

Não , não Saidenberg é Via crizis.

Arthur Miranda disse...

Não, não Saidenberg, é acho que é Via Crises mesmo.

Euza disse...

Vou ser lugar comum: excelente texto. Infelizmente a falta de respeito não está localizada em Sampa. Na maioria das grandes cidades temos o mesmo problema - em menor proporção pq não temos nenhuma outra cidade da mesma proporção que SP. Mas a questão é de respeito e respeito é educação basicamente familiar.
Um abraço.

Soninha disse...

Olá,Márcia!

Que bacana a preocupação de seu pai...
Deveria ser a de todos.
Sampa tem esta situação mesmo...calçadas horriveis e quase intransitáveis.
Em muitas cidades do Brasil é a mesma coisa. Embora, encontremos ainda locais onde ospasseios públicos são verdadeiros oásis.
Esta situação das calçadas é de responsabilidade de cada morador,sabe!
Valeu, Márcia!
Obrigada.
Muita paz! Beijosssssssss

Conselho Gestor da UBS Veleiros disse...

O nível do desenvolvimento de uma cidade é notado pelo respeito que ela tem para com seus cidadãos. Nossa S Paulo quer que a gente se esborrache no chão. Nossas calçadas denotam uma gestão de escuridão. Lindo texto, Marcia!

suely schraner disse...

Onde se lê Conselho Gestor da UBS Veleiros, leia-se Suely.

MLopomo disse...

Está escrito: Não jogue lixo. e os sugismundos desobedeceram. Se tivessem escrito Joguem lixo com certeza eles tambem desobedeceriam, e a calçada ficaria limpa. Não sei se povo é muito desobediente, ou é do contra!

Modesto disse...

Belo texto, Marcia e melhor a descrição da preocupação de seu pai com relação aos pedestres. Um respeito quase que extinto da vida atual. Modernidade grosseira, desrespeito imoral. Se houvesse um pouco, que seja de humanismo nas relações entre as pessoas, amenisariamos muito nossa condição de gente. Parabéns, Marcia.
Modesto

Zeca disse...

Parabéns, Márcia!
Um dos dramas, não apenas dos paulistanos, mas de grande parte das cidades brasileiras, que chegam a causar problemas físicos nas pessoas que torcem pés, caem e chegam a quebrar pernas é a buraqueira que se vê nas calçadas. Sem contar os carros e motos estacionados sobre elas e o lixo alí depositado sem qualquer critério. É mesmo um problema de educação e da grande falta de respeito que toma conta das pessoas! Já não se fazem mais pessoas como seu pai, que além de pensar à frente do seu tempo, se preocupava com os transeuntes que por ali iriam passar.

Abraço.