Comemora- se o Dia do Circo nessa data 27 de março, numa homenagem ao palhaço brasileiro Piolin, que nasceu nessa data.
Ao lado do Ponto Chic era o local onde os circenses se reuniam para contatar os espetáculos. E para que não ficassem expostos às intempéries e ao barulho, alugaram um escritório do outro lado da Avenida, mas não demorou muito eles voltaram a fazer negócios na esquina da Avenida São João, pois se sentiam mais felizes ali.
Abelardo Pinto – Piolim O famoso Palhaço Piolim nasceu em Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, em 27 de março de 1897. Seu pai Galdino Pinto, circense brasileiro, nasceu no interior do estado de São Paulo, de pais fazendeiros. Estudou na cidade de Rezende, no Rio de Janeiro e foi nesta cidade, durante um espetáculo circense, que assistiu e se apaixonou por uma atriz. O resultado é que acabou por ir embora com o circo, tornando-se mais tarde ele próprio um homem de circo. Tornou-se proprietário do Circo Americano, onde teve início sua dinastia.
O circo do Piolim ficava numa ruazinha à esquerda da igreja do Rosário, nos anos 1920 (hoje tem o nome de Abelardo Pinto); dali foi para o final da Avenida São João, início da Rua General Olimpio da Silveira, onde veio sofrer um grande incêndio nos anos 1950. Abelardo Pinto viveu sua infância dentro do circo, envolvido nas mais diferentes atividades. Seu treinamento teve início desde muito cedo e aprendeu as modalidades de ciclista, saltador, casaca de ferro, acrobata e contorcionista, tendo se destacado nesta última enquanto criança. Aos oitos anos de idade apresentava-se no circo de seu pai como “o menor contorcionista do mundo”. Mesmo obtendo sucesso, o menino Abelardo não gostava de suas exibições, como revela mais tarde em seu depoimento ao Museu da Imagem e do Som: “Com oito anos fazia um contorcionismo primário, que só criança pode fazer”. “Não fui como os outros meninos, que entravam no circo por baixo do pano. Nasci dentro dele e levava uma vida que causava inveja aos outros garotos. Eu, do meu lado, tinha inveja deles. Eles tinham uma casa, tinham seus brinquedos comuns e podiam ir diariamente à escola. Eu começava a frequentar um colégio e o circo se transferia. Lá ficava eu sem escola”. Revela ainda, ao mesmo jornal, que seu sonho era ser engenheiro, queria construir casas, pontes, estradas e castelos. Construiu apenas castelos de sonhos de muita gente. “Sou, de qualquer maneira, um engenheiro e estou feliz com isso.”
O circo Americano estava sem seu principal número: o palhaço havia ido embora. Então, o Sr. Galdino Pinto foi a São Paulo, com o intuito de tentar conseguir um substituto. O filho Abelardo, diante dessa situação, resolveu assumir a profissão de palhaço e sobre essa decisão revela mais tarde – “Pensei: se ele fez, eu também posso fazer palhaçadas”. A partir deste momento, o Circo Americano adquire um artista que seria, mais tarde, aclamado como “O Imperador do Riso”.
O “Palhaço Piolim” – apelido dado por uns artistas espanhóis que, ao verem o pequeno trabalhador Abelardo, diziam que ele parecia um “piolim” (barbante muito fino).
Circo Irmãos Rocha, que havia convidado o Palhaço Chicharrão para uma temporada, mas o artista estava envolvido com um contrato no Rio de Janeiro e não poderia aceitar o convite. Convidaram então o Piolim, que acabou assumindo o papel do palhaço excêntrico e enfrentando o público paulistano pela primeira vez e com muito sucesso.
Piolim teve três filhos e dezesseis netos. Ele sempre dizia que ser palhaço no Brasil não era grande coisa em razão da falta de amparo. O grande sonho de Piolim foi criar uma escola de circo. Não conseguiu ver seu desejo concretizado. Faleceu no ano de 1973, aos 76 anos. A escola foi aberta em 1978 e levou o seu nome. Quando morreu morava em um velho camarim de madeira, com pintura, roupas, onde passava o dia todo só, recordando épocas passadas no velho circo da Freguesia do Ó, onde durante muitos anos brilhou o Circo Piolim.
Texto e pesquisa de Mário Lopomo
8 comentários:
Prezado Mario, conheci em 1971 a pequena casa de madeira onde o Grande Abelardo Pinto, O Piolim, viveu os últimos anos de sua vida, na Rua Cajatí na Freguesia do Ó praticamente esquecido do publico e de todos. Mais tarde em 1968 quando estive contratado pela TV. Bandeirantes, juntamente com o companheiro e também comediante Ankises Pinto, o Famoso Ankito que durante alguns anos fez dupla com o Grande Otelo nas telas do cinema, praticamente substituindo o Oscarito nas velhas e saudosas chanchadas do cinema nacional, fiquei sabendo que o palhaço Piolim era tio dele. Em 1964 quando a Escola de Samba Perola Negra (ainda no 2º grupo) resolveu desfilar no Carnaval com o tema em homenagem ao querido Piolim, eu fui convidado para como destaque, desfilar como Piolim, foi um dia muito feliz da minha vida, viver o papel do meu grande ídolo de infância pela passarela da Avenida São João (na época o desfile das escolas aconteciam nessa nossa Avenida famosa). No Final a Escola da Vila Madalena, entrou para o grupo principal do Carnaval paulistano onde permanece até hoje. Parabéns pelo texto.
E... O Palhaço o que éééééé???
É ladrão de muiééééé!!!
Piolin, arrastando um cachorro de pano, invade o picadeiro. Vem perseguido por outros palhaços:
Foi ele! Não fui! Foi, sim! Não fui não!
Micagens, caretas, um palhaço- policial com um cassetete enorme na mão. E o Piolim em trejeitos e dobraduras de corpo, puxava a corda da coleira do cachorro dizendo: Pula Violeta! Bordão constantemente repetido durante a discussão...
Ai está Piolin o retrato que eu guardo de você no meu coração e mente.E por amigos deixo com vocé o meus amigos Fuzarca e Torresmo e o Arrelia e Pimentinha.
E o palhaço o que é?
É um ladrão que nos rouba toda a tristeza e não nos deixa qualquer alternativa que não seja rir e sonhar...
Hoje eu quero marmelada. Tem? E goiabada, tem?...
Hoje eu quero um circo. Mesmo que seja com a lona gasta e furada. Mesmo que a charanga seja desafinada. Quero uma multidão de palhaços correndo, fazendo estrepolias pelo pelo picadeiro da memória levantando a serragem cheirosa da saudade...
Boa lembrança Lopomo! Lindo texto-homenagem!
Abração,
Natale
Olá, Mário!
O circo é o lugar onde podemos sonhar de olhos abertos...
Um mundo encantado onde crianças e adultos ficam exatamente iguais...fascinados,encantados, felizes.
Meus palhaços de infância eram Arrelia,Pimentinha, Torresmo,Pururuca, entre outros.
Que alegria o circo!
Valeu, Mário.
Obrigada.
Muita paz!
Parabéns, Lopomo, pela bela homenagem ao Dia do Circo e a um dos principais representantes dos espetáculos circenses em nosso país.
Gostei muito da analogia entre o engenheiro e o palhaço, onde ambos criam castelos... assim como gostei de saber um pouco da história das origens do Piolim... nada mais romântico do que "fugir com uma artista circense" e tornar-se, assim, um homem de circo...
As memórias mais antigas que tenho do circo é do programa de tv "Circo do Arrelia", onde nos divertíamos, todos os domingos, com as palhaçadas do Grande Arrelia e de seu fiel escudeiro Pimentinha: "como vai, como vai, como vai? Muito bem, muito bem, bem, bem."
Mas eu gostava mesmo, e ainda gosto, é do circo de lona, ao vivo, mesmo mambembe.
Que (sobre)Viva o Circo! E que (sobre)Viva o Palhaço! (aquele que nos alegra e nos transporta para um mundo de sonhos.)
Abraço.
Não é possível que um grande artista como o Piolim tenha tido um fim tão miserável como esse.Se já existiam entidades que davam (e dão) amparo aos atores e atrizes que não podem mais exercer a profissão por que o Piolim não foi contemplado?
Seu formidável texto, Mario nos envolve como co-responsáveis por essa ocorrência. Nem sempre as coisas são como a gente quer. Paciência; parabéns, Lopomo.
Laruccia
MÁRIO, sempre fico de boca aberta ao ler seus comentários tão criativos e condizentes com nossa geração, hoje na "boa idade". O tema de agora é o Circo e quem de nós não teve a infância envolvida por ele e seus famosos Palhaços! Você comenta que Piolim morreu frustrado em não poder realizar o sonho de uma Escola de Circo. Eu tive meu passado profissional ligado ao famoso Tihany(acordos comerciais),um Circo itinerante nos Estados Unidos, Brasil, Argentina, entre outros paises. Me lembro bem que a Diretoria do mesmo, de origem húngara, costumava lamentar a falta no Brasil de uma Escola de Circo, que os obrigavam a importar artistas profissionais da Hungria, país em que a matéria circense é cadeira de universidade e muito valorizada pelo Ministério da Cultura local.
É uma pena que a infância de hoje em dia esteja dominada e envolvida pela cultura digital - bem distante daquela empatia que tínhamos com os
Palhaços, os quais no fundo nos transmitiam calor humano, sonhos e alegrias da vida, consciência dos valores pessoais, respeito à Família e à Sociedade etc.A era digital está criando uma sociedade fria e robótica, muito distante dos nossos tempos em que os valores humanos eram a prioridade.
MÁRIO, meus parabéns por esta excelente postagem e fico aqui na torcida por outros temas tão bem sacados e desenvolvidos. Abraços,Laerte.
"Atrás da máscara do palhaço, há sempre um triste que chora". As alegrias do picadeira e lembranças brejeiras neste texto maravilhoso. Abraço.
Olá a todos...fiquei muito feliz em ler o texto em homenagem ao Piolim... esse grande artista é meu bisavô, sou neta de Ayola uma de suas 3 filhas, ele teve mais um filho totalizando 4 filhos...Tenho muito orgulho de ter serragem no sangue apesar da família não trabalhar mais em circo.As últimas referencias que tive foram meu avô palhaço Figurinha o Nelson Garcia (da familia do circo Garcia) falecido em 2009 e meu tio Picolino muito vivo graças à Deus....Pois é tenho o Circo Garcia e o Circo Piolim no sangue e em nome desses grandes artistas deixo : MUITO OBRIGADA.
Bruna
brunareisdecor@hotmail.com
Postar um comentário