segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Teatro de rua...arteiras...atrevidas...artistas

Tive uma infância privilegiada apesar da família grande e humilde, da qual me orgulho de fazer parte.
Na Rua Antônio Lobo, no bairro da Penha de França, fazíamos de tudo; além das brincadeiras tradicionais daquela época, como pega-pega, trepa-trepa, balança caixão, cantigas de roda, lenço atrás, passa anel, amarelinha, pula-pula, corda, quente ou frio, queimada, bicicleta etc, uma marcou por demais minha vida de criança, era o "teatro
de rua".
Para que tudo desse certo, fazíamos reuniões da turminha nos quintais e porões das casas; o porão da minha casa também era usado. Lá, planejávamos a história, as roupas, a platéia, o ingresso, o narrador, os artistas, os ensaios, o dia da apresentação, a confecção das roupas etc.
No dia marcado, as famílias pagavam pelo ingresso e traziam suas cadeiras colocando-as na calçada, no lugar da apresentação. O dinheiro arrecadado era para repor o que havíamos gasto com as roupas, que eram, na sua maioria, feitas de papel crepom mais os acessórios de cartolina, cola, linha, agulhas, purpurina, lantejoulas etc.
O mais interessante era que usávamos apenas as nossas habilidades e criatividade, os adultos não interferiam, fazíamos tudo sozinhos.
Nosso teatro era aplaudido pela platéia formada pelos nossos pais, tios, conhecidos e vizinhos lá da rua. A casa da Sonia era sempre a mais usada como camarim, lugar para a troca das roupas, e de lá saíamos para dar início à peça.
Que saudade da torcida para não chover, da crença na cruz de sal... Que saudade das roupas de crepom azul turquesa, chapéu de fada e varinha de condão... Que saudade dos sonhos de criança, dos contos de fadas e das cerejeiras do Japão.

Por Margarida Pedroso Peramezza

7 comentários:

Miguel S. G. Chammas disse...

Margareth, ops, Margarida (rsrsrs)
Quer dizer então que temos mais uma artista e produtora de espetáculos no grupo.
E não dizia nada né?

Soninha disse...

Olá, Margarida!

Que lembranças mais agradáveis!
Bons tempos estes, quando podíamos brincar na rua, fosse do que fosse...
Na nossa rua também fazíamos so teatrinho e, também, os desfiles de bonecas, com exposições valendo notas e tudo...rsss
Era muito legal!
Tinha também as festas de batizados das bonecas, dos cachorrinhos de estimação da turma, etc...além das reuniões dos clubes da Luluzinhas e do Bolinha...nossa...veio tudo em minha mente...kkkkkk
Tempo bom...saudadeeeeee!!!
Valeu, Margarida.
Obrigada.
Muita paz! Beijossssss

Arthur Miranda disse...

Oi Margarida,
Eu também brinquei muito quando criança de todas as brincadeiras que você narra em sua historia, mais barra-bol, taco, caixeta, mãe da rua e troca-troca de FIGURINHAS É CLARO, qualquer outra outro tipo de troca eu não participei.
E principalmente teatro amador, adorava participar de tudo isto. Parabéns pela gostosa narrativa.

Laruccia disse...

Margarida, querida, não chore o passado, as crianças de hoje não conhecem e nem vão conhecer estas brincadeiras. O divertimento delas, hoje são os jogos eletrônicos em que disputam, no máximo em dois, com tiros, carros, mortes e monstros. O nosso consôlo, por incrível que pareça, é a internet, que é o que estamos nos brindando. Vc não acha? Belo texto, Peramezza, parabéns.

Luiz Saidenberg disse...

Margarida, glosando as últimas palavras de Nero, que artista perdeu o mundo ! Ou não, vc continua fazendo peças e encenações familiares? Abraços.

Wilson Natale disse...

Beleza de lembrãnça, Peramezza!!!
Fomos crianças felizes. Inventávamo e encenávamos histórias; criávamos e fazíamos os nossos próprios brinquedos. E melhor, vivíamos na fraternidade e na solidariedade.
Abração,
Natale

Zeca disse...

E haja criatividade, hein, Margarida?
Hoje as crianças já têm tudo pronto e nem imaginam essas ou outras brincadeiras semelhantes. Basta apertar botões...
É o progresso... é o progresso!
E para nós, os sonhos, as lembranças, a saudade!
Abraço.