PRAÇAS DA MINHA VIDA
Na verdade mesmo, são poucas as praças que marcaram a minha trajetória de vida.
Nascido em uma cidade cosmopolita e vivendo num bairro central, nunca tive o hábito de fazer o “footing” por pracinhas da minha São Paulo. As praças que marcaram a minha existência foram: Praça da Republica, Parque Trianon, Praça Buenos Aires e a mais querida de todas elas, a Praça Franklin Roosevelt.
Nessa praça, vivi diversas etapas da minha vida, ainda no final da década de 40, ainda no uso das calças curtas, a descobri. Nela, atrás da Igreja de N. S. da Consolação, onde estava localizado um Seminário, eu e meus colegas da época descobrimos que os tijolos dos muros do Seminário, quando deslocados, nos ofereciam ótimos nichos onde guardávamos uma série de pertences. Entre eles maços de cigarros comprados à duras penas e que jamais poderiam nos acompanhar até nossas residências.
Ali, foram escondidos muitos maços de Fulgor, Elmo, Aspásia, Pulmann e outras marcas, que eram consumidos nas horas de folga.
Mais tarde, quando já não mais existia o Seminário, essa praça, que era de terra batida em mais de 80% de sua extensão e, por isso, perfeitamente própria para receber os grandes Circos que chegavam à cidade.
Muitas aventuras vivi com esses monumentos da arte circense.
Na praça Roosevelt eu também iniciei um trabalho como feirante, nas feiras-livres dos sábados.
Mais tarde, foi nessa mesma praça que eu prestei meu exame admissional para o Curso Básico de Contabilidade.
O Colégio Comercial Frederico Ozanan, que na época se chamava Escola Técnica de Comércio Frederico Ozanan, estava estabelecido na Praça Franklin Roosevelt, 123, ao lado do Colégio Visconde Porto Seguro.
Foi nessa Praça, também, quando já estava coberta por asfalto, que a Fanfarra Frederico Ozanan, fez seus primeiros ensaios.
Depois, nas madrugadas da vida, meus amigos de boemia e eu, visitávamos todas as boates que a circundavam. Nessas aventuras noturnas, ajudei o novato Jair Rodrigues a “caitituar” o seu primeiro disco que tinha de um lado, a música “O Morro Não tem Vez” e do outro lad, a música “Feio não é Bonito”.
Depois, a sutileza de políticos fez da Praça um conglomerado de concreto armado, transformado em Estacionamentos, Super-Mercado e de um monte de lugares onde os facínoras de plantão, seviciavam mulheres, os viciados em drogas viajavam em suas paranóias e a noite se fazia presente, mesmo de dia.
Hoje, as promessas de revitalização, reforma e reurbanização dessa Praça dormem nas gavetas de políticos desinteressados no embelezamento da cidade, e nós, amantes da saudade, esperamos que ela se renove.
Por Miguel Chammas
Na verdade mesmo, são poucas as praças que marcaram a minha trajetória de vida.
Nascido em uma cidade cosmopolita e vivendo num bairro central, nunca tive o hábito de fazer o “footing” por pracinhas da minha São Paulo. As praças que marcaram a minha existência foram: Praça da Republica, Parque Trianon, Praça Buenos Aires e a mais querida de todas elas, a Praça Franklin Roosevelt.
Nessa praça, vivi diversas etapas da minha vida, ainda no final da década de 40, ainda no uso das calças curtas, a descobri. Nela, atrás da Igreja de N. S. da Consolação, onde estava localizado um Seminário, eu e meus colegas da época descobrimos que os tijolos dos muros do Seminário, quando deslocados, nos ofereciam ótimos nichos onde guardávamos uma série de pertences. Entre eles maços de cigarros comprados à duras penas e que jamais poderiam nos acompanhar até nossas residências.
Ali, foram escondidos muitos maços de Fulgor, Elmo, Aspásia, Pulmann e outras marcas, que eram consumidos nas horas de folga.
Mais tarde, quando já não mais existia o Seminário, essa praça, que era de terra batida em mais de 80% de sua extensão e, por isso, perfeitamente própria para receber os grandes Circos que chegavam à cidade.
Muitas aventuras vivi com esses monumentos da arte circense.
Na praça Roosevelt eu também iniciei um trabalho como feirante, nas feiras-livres dos sábados.
Mais tarde, foi nessa mesma praça que eu prestei meu exame admissional para o Curso Básico de Contabilidade.
O Colégio Comercial Frederico Ozanan, que na época se chamava Escola Técnica de Comércio Frederico Ozanan, estava estabelecido na Praça Franklin Roosevelt, 123, ao lado do Colégio Visconde Porto Seguro.
Foi nessa Praça, também, quando já estava coberta por asfalto, que a Fanfarra Frederico Ozanan, fez seus primeiros ensaios.
Depois, nas madrugadas da vida, meus amigos de boemia e eu, visitávamos todas as boates que a circundavam. Nessas aventuras noturnas, ajudei o novato Jair Rodrigues a “caitituar” o seu primeiro disco que tinha de um lado, a música “O Morro Não tem Vez” e do outro lad, a música “Feio não é Bonito”.
Depois, a sutileza de políticos fez da Praça um conglomerado de concreto armado, transformado em Estacionamentos, Super-Mercado e de um monte de lugares onde os facínoras de plantão, seviciavam mulheres, os viciados em drogas viajavam em suas paranóias e a noite se fazia presente, mesmo de dia.
Hoje, as promessas de revitalização, reforma e reurbanização dessa Praça dormem nas gavetas de políticos desinteressados no embelezamento da cidade, e nós, amantes da saudade, esperamos que ela se renove.
Por Miguel Chammas
10 comentários:
Praça Roosevelt! Quantas recordações! Um ponto de encontro no centro da cidade, entre a Consolação e a Augusta, facilitando o acesso de todos os lados. O Cine Bijou, que durante a ditadura tornou-se uma espécie de simbolo da resistência, levando filmes que não se assistiria nas salas mais "comerciais" e menos engajadas politicamente. Ladeada pelas boates mais "desinibidas", que eu tive oportunidade de visitar poucas vezes pois, muito jovem, nem sempre tinha dinheiro para nelas gastar. E o sempre querido Teatro Cultura Artística, onde tive minha "iniciação" na música erudita, antes de ter condições de frequentar os concertos do Teatro Municipal. E nesse teatro também, minha curiosidade de rapazinho, fã do Roberto Carlos, assistia, aos sábados, o Show do Ronnie Von. E da praça, entre a compra de uma barra de chocolate no supermercado ou de uma rosa para oferecer a alguma paquera na floricultura que havia ali, guardei boas recordações. Não era a mesma praça que você conheceu, a minha é mais recente, já um enorme amontoado de concreto, mas encravada numa região que frequentei bastante no final de minha adolescência e inicio da pré-maturidade.
Obrigado pelas gostosas lembranças que me proporcionou, meu amigo.
Abraço.
Miguel, a Roosevelt era a praça dos fim-de-noite. Tempo em que eu curtia os "inferninhos" da Rua Augusta. E a melhor lembrãnça que tenho dela é a comemoração da nossa vitória, na Copa de 70. E a Praça já era toda em concreto.Mas arborizada, ajardinada. Com creche,a biblioteca, sanitários limpíssimos. Era um tempo em que existia os vigias de praças e banheiros. Coisa que desapareceu há muito tempo.
Hoje a Praça é triste.imunda. De belo mesmo, ficou a igreja. E Nossa Senhora - a consoladora dos aflítos - permanece lá, como pérola rara engastada em um anel de latão, a consolar os aflítos... Mas quem consola Nossa Senhora em suas aflições?
Abração,
Natale
Belo texto, Chammas. Parece que em quase todo mundo as praças são bençãos, oásis de verde e tranquilidade em meio ao tumulto das cidades. Veja-se Buenos Aires, com quilômetros e quilômetros de belos parques. Aqui, não. Absurdamente descuidadas pelas autoridades, maltratadas por pessoas bárbaras e miseráveis, viraram lugares de medo e preocupação, além da sujeira. Territórios sem lei,como se fossem os bosques da idade media, repletos de salteadores e animais ferozes.
Abraços.
Luiz, sua escrita fluente e esclarecedora me fez sonhar e viver uma época que não vivenciei.
Foi, efetivamentye, muito boa essa sensação.
Além de nos fazer viajar nomtempo, você nops transmite um pouco de sua invejável cultura.
Obrigado!
Apesar de paulistano, conheci muito pouco a pça. Roosevelt na sua vivência. Servi-me de seu estacionamento pras visita a Nestlé, na rua da Consolação, durante os anos em que a empresa ali se situava. Seu magnífico texto despertou-me emoções singelas, ao imaginar como ela era.
Parabéns, Chammas.
Mô
Me lembro da Praça Roosevelt da Antiga e da nova, durante 2anos fiz programas na Tv. Exelcior ( Show Riso, Gente Inocente e o Quartelzinho do Pé com pano.;) e antes disso o Teatro Cultura Artística.e muitas reuniões noturnas na igreja da Consolação onde participava de um grupo de comunicadores Cursilhistas que orientados pelo Pe. Zezinho ( o cantor e compositor mantinhamos um Pronto Socorro Espiritual durante todas as noites madrugadas a dentro, tendo vários artistas como voluntários no atendimento, com a participação do saudoso Pe. Orlando.
Nosso caro Miguel deu notícias hoje da Soninha, e tudo correu bem. Parece que vai ter alta rápidamente!
Maravilha, e só lamento que poucos colaboradores tenham se manifestado, inclusive a respeito dos textos das praças.
Acho que foi uma bela iniciativa da Sonia, mas a recepção foi parca como as do site VivaSP.
Ôpa! Olha eu chegando atrasada nos comentários! Parabéns e abraços
Olá, amor!
Foi muito bom ler seu texto e os dos outros autores, sobre as praças...
Sei que precisaríamos de inúmeras páginas para poder retratar as praças de Sampa, mas, o resultado do desafio foi muito bom. Pudemos conhecer um pouco sobre algumas delas e saber um pouco mais sobre as memórias destes autores queridos.
Valeu!
Obrigada.
Muita paz! beijossssss
Oi Miguel, sou a Muriel. Estudei no Frederico Ozanan, no horário especial (lembra desse horário?) na época que ele se encontrava na Praça Roosevelt. Continuei os estudos ali mesmo quando ele se mudou para a Rua Augusta. Puxa menino que saudades daquela época. Vc tem mais fotos da escola, dos professores?
Abraços
Muriel Niess
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