segunda-feira, 30 de maio de 2011

MInha cidade progrediu


Minha pequena São Paulo progrediu...

Feliz quem a viu no passado.
Pouco barulho, água limpa, sem poluição.
Não havia sequestro nem roubo.
Ninguém ainda pensava nesse tal de mensalão.
Diziam só que ela era chata.
E eu não sei mais, agora,
Se a chatice de outrora
Não era preferível
Que essa modernização.


Hoje tem grandes shoppings,
Motéis, baladas e boates.
Muita gente morrendo de enfartes,
Cocaína, maconha e crack.

Minha cidade cresceu...
Já tem TV colorida.
Cresceu e parece que esqueceu...
Deus.

Minha cidade progrediu...
Tem gente vendendo carnê
Sorteios pelas TVs.
Loterias por todos os lados.
Para que você sua sorte tente.
Tem hospitais para cães e gatos
Mas, bem poucos hospitais para gente.
Minha cidade progrediu,
Tem gente pedindo de mão estendida.
Condomínio de muitos andares,
Um verdadeiro tormento


Tem saidinha de Banco,
Ongs que ninguém precisa,
E em quase todo cruzamento
Tem menor limpando pára-brisa.

É... Gente boa.
Talvez eu esteja falando a toa
Minha cidade progrediu muito.
Progrediu e cresceu, até demais.
Que até os corruptos de hoje
Tão roubando muito mais.


Arthur Miranda (tutu)

8 comentários:

Miguel S. G. Chammas disse...

É isso aí Tutu, um retrato de Sampa em versos bem construidos. Gostei mesmo.

Luiz Saidenberg disse...

Boa, Tutu.
Poeta que é, se vc viesse para o região da Rio Branco, e do Lgo. Paissandu, dos antigos teatros de revista, faria ainda mais versos, não mais sobre vedetes e comédias, mas apenas tragédias, de deixar Shakespeare envergonhado...
abração.

Laruccia disse...

Tutu, seus singelos versos enaltecendo nossa querida megalópolis, com suas berebas epidérmicas, ain assim, é portentosa. Parabéns, Miranda.
Laruccia

Memórias de Sampa disse...

Olá, Arthur!

Ah, nossa querida São Paulo! Felizes os que a viram no assado, como vocêdisse,mas,felizes tambémos que apodem ver agora... Como ela cresceu e progrediu...Progrediu e prosperou... E tudo tem um preço.
O mais bonito e tudo é que o amor de todos os paulistanos por Sampa persiste e,parece, cresce mais, assim como a própria cidade.
Nós a amamos, mesmo assim... Com tudo de bom e de ruim que ela tem.
Cabe-nos,isso sim, fazer algo por ela... Pequenas coisas,pequenos gestos. Tudo valerá, com certeza.
Este pequeno poema,já é um gesto bom. Um preito de amor à São Paulo.
Valeu, Tutu!
Obrigada.
Muita paz!

Soninha disse...

Ops...

Apareci como Memórias...Mas, sou eu,aí em cima,tá?!

Mais paz!

Anônimo disse...
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Luiz Saidenberg disse...

Ah, Arthur, eu queria falar é da Pça. Julio de Mesquita, com o Teatro Natal. Pelos lados da Rio Branco e Paissandu ficava o novo Santana. Estou certo? O fato que essa região é um pesadelo. Fala-se em revitalização. Ótimo! Espero que ocorra, mesmo. Mas onde colocarão os miseráveis?
Abraços.

Wilson Natale disse...

Bela crítica em forma de poesia, Arthur.
É a Cidade na sua mutação produzindo "bons" e "maus" frutos.
As muitas cidades que é São Paulo vai de desconserto em desconserto, consertando, aparando as arestas, buscando a perfeição.
Eas gerações vão passando, aplaudindo e criticando. E todas, vão comentando a Cidade dizemdo: Era melhor no meu tempo.
Mas o tempo é o nosso tempo...

Gostei muito!
Abração,
Natale