quinta-feira, 31 de março de 2011

O Castelinho da Rua Apa





(Uma experiência insólita)

Em 2006, mais uma vez, meu amigo Silas veio do Rio para minha casa. Estava interessadíssimo em conhecer e fotografar o Castelinho da Rua Apa. Na manhã seguinte, lá fomos nós para a Avenida São João, fotografar o dito Castelinho. Não sabia que ia entrar de “gaiato” em mais uma situação insólita...

O Castelinho hoje está em ruínas.

Foi construído em 1912, por Vicente César dos Reis para ser o lar de sua tradicional família. Nele viveu a família até a trágica noite de 12/05/1937, quando todos morreram vítimas de um crime.

Naquela noite a governanta, que vivia em um anexo, ouviu tiros dentro da casa e saiu para a rua, em busca de um policial. Quando o policial entrou encontrou, no escritório e na sala, os corpos de Dona Maria Cândida (viúva havia dois meses) e dos seus dois filhos, Álvaro e Armando.

Na manhã seguinte, os jornais estamparam: “O crime do Castelinho da Rua Apa”, causando comoção na cidade toda.

A polícia investigou e encerrou o caso: Dois assassinatos, um culposo, outro doloso, seguido de suicídio (por suposição). Encerrou, mas não solucionou. Não descobriram a real motivação e nem quem seria o verdadeiro assassino.

A versão que ficou e que virou tradição oral é a seguinte: Álvaro queria transformar o Cine Broadway (propriedade da família) em um rinque de patinação. Desentendeu-se com o irmão Armando e pegou uma arma e o ameaçou. A mãe, tentando apartá-los, meteu-se entre os dois e foi atingida mortalmente. Álvaro mata o irmão e, em seguida, comete suicídio.

Com o tempo, o clima da tragédia maculou a residência dos Guimarães Reis. Virou uma casa mal-assombrada e tornou-se mais uma lenda urbana.

Com a ausência de parentela direta, o imóvel passou à União. Foi alugado muitas vezes até ser abandonado e, através dos anos, virou ruína.

A ruína continuou com a fama de mal-assombrada. Diziam que o fantasma de Álvaro vagava pela casa, perseguindo o irmão - o Armando. E que a mãe, eternamente desesperada, continuava na tentativa de separá-los; falavam de ruídos, vozes e gemidos... Muitos disseram que sentiram e viram “coisas” por lá.

O comediante ANKITO que morou no castelinho por uns tempos, disse que nunca vira, ouvira ou sentira nada. Confirmou que a casa era linda e que adorava viver lá.

A lenda urbana leva muita gente a visitar o Castelinho da Rua Apa, nº 236, esquina com a Avenida São João.

Estávamos eu e Silas dentro daquelas ruínas. É nosso costume, quando estamos fotografando, pouco ou quase nada falarmos. Em silêncio vamos fazendo as nossas fotos, sempre juntos, às vezes colados, fotografando o mesmo objetivo. Acabei de fazer a foto, mas Silas ainda fotografava o escritório. Eu fui para a sala dos fundos. Entretido em angular uma foto, percebo a presença do Silas. Logo senti que ele estava junto a mim. Pensei: “ele está interessado no mesmo tema que eu”. Mais uns passos e eu dirigi a objetiva para a torre do Castelinho. Um ângulo interessante! Clic! Pronto! Agora, mais duas fotos para garantir... De repente, sinto o Silas colar-se em mim. Sem tirar os olhos do visor, falei em tom de brincadeira:

- Se você colar um pouco mais, vai virar assédio! Rindo, volto-me para o Silas e... Ele não estava lá! Senti um arrepio dos pés à cabeça e uma sensação de enjôo. E a invisível presença desapareceu.

Segundos depois, ouvi o meu amigo, do lado fora, chamando por mim. Fui ao encontro dele. Eu me aproximei e ele rápido me diz: -

Caraca! Vamos embora. Não quero mais ficar aqui! -

O que houve? – Perguntei.

Ele contou: Depois de fotografar o escritório foi para fora, fotografar a fachada. Disse-me que logo percebeu a minha presença. Continuou fotografando e eu junto. De repente, bateu-lhe a vontade de virar-se e fazer uma foto minha (Brincadeira de mau gosto que fazemos um com o outro. É que não gostamos de ser fotografados).

Rindo intimamente, rápido ele virou-se e bateu a foto... Eu não estava lá! Apavorado começou a chamar por mim.

Eu, por minha vez, contei a ele o que acontecera comigo lá dentro.

Conclusão: Fomos fotografar o Largo de Santa Cecília e Silas, mais que depressa, entrou na igreja para “fazer um ‘descarrego básico’.” Eu, por via das dúvidas, fui atrás.

À noite, em minha casa, sem coragem de ir para os nossos quartos, ficamos na sala a ver filmes e nem cogitamos de falar sobre o assunto. Amanhecia quando subimos para dormir.

Fica aqui o meu relato somente. Eu não tenho competência para explicar o inexplicável. Sei que nunca acreditei nas lendas do Castelinho. Via nele, um local marcado pela tragédia, nada mais.

Do Castelinho e da tragédia que aconteceu lá, havia ficado na minha lembrança, apenas a figura fiel de Dona Baby (Maria Ângela Cunha Bueno). A namorada e amiga do Álvaro, que nunca acreditou que ele fora o assassino matricida e fratricida, como diziam. Passou a vida levando flores ao túmulo dele. E, quando ela morreu, uma parenta passou a cumprir o ritual.

Do Castelinho ficou e ficará apenas a figura de Dona Baby. Aquela mulher idosa, que tantas vezes vi no cemitério da Consolação (anos 60/70), carregando uma braçada de flores, a caminho do túmulo onde ainda repousa o seu amado...


Por Wilson Natale

quarta-feira, 30 de março de 2011

Memórias de botequim I





Vamos relembrar a década 50. O ano? Pode ser 1956, não importa. O que importa mesmo é o que a minha memória foi buscar, lá escondidinho, nos recôncavos de uma mente tão cheia de preocupações.

Outro dia, conversando com minha esposa ouvi dela que durante o dia, em um desses programas de TV onde se cultua a arte da culinária, ela havia aprendido um prato formado por frango na cerveja e polenta. Estávamos a avaliar o sabor desse prato quando ela, num relance de lembrança, disse que além desse prato o programa havia apresentado a receita do ”bolovo”, ou seja, o bolinho de ovo cozido e empanado. Confirmei que tal bolinho era sempre um dos meus favoritos, quando encostava meu umbigo no balcão de um botequim.

Conversa vai, conversa vem, falando dos botequins da vida, veio, de supetão, uma deliciosa lembrança. Lembrei que, quando eu era o melhor office-boy de São Paulo, e trabalhava na Condemar, lá na Rua Senador Feijó, tinha um balcão de botequim que eu fazia questão de me encostar.

Era um pequeno bar na Rua Padre Adelino, quase na frente do famoso Lanifício Fileppo. Sempre que surgia uma fatura para ser entregue, ou então uma amostra de fio para ser levada até lá, eu fazia questão de ser o portador. Ia, quase sempre, em horários próximos do almoço. Apanhava o ônibus na Praça da Sé e antes de chegar ao Lanifício ou depois de lá chegar e fazer minha obrigação, eu parava no pequeno barzinho.

Atrás do balcão, servindo clientela, sempre estava uma senhora. Tinha ela a aparência de uma “mamma”, na cabeça um lenço estampado, protegendo a barriga um avental. No rosto, um sorriso enternecedor e mantendo na estufa, em cima do balcão, umas polpettas fritas, divinamente deliciosas. As polpettas eram bem fritas e sequinhas, uma verdadeira delicia. Já sabendo a minha pedida, ela colocava a porção de seis unidades do divino quitute, abria uma garrafa de guaraná da Brahma, estupidamente gelada, e me deixava saborear o almoço tão ambicionado. Essa lembrança, que pena, jamais poderá ser repetida. A “mamma” com suas polpettas não mais está ali estabelecida e, infelizmente, já não existe o Guaraná Brahma.

Por Miguel Chammas

terça-feira, 29 de março de 2011

Dia do circo




Comemora- se o Dia do Circo nessa data 27 de março, numa homenagem ao palhaço brasileiro Piolin, que nasceu nessa data.

Ao lado do Ponto Chic era o local onde os circenses se reuniam para contatar os espetáculos. E para que não ficassem expostos às intempéries e ao barulho, alugaram um escritório do outro lado da Avenida, mas não demorou muito eles voltaram a fazer negócios na esquina da Avenida São João, pois se sentiam mais felizes ali.

Abelardo Pinto – Piolim O famoso Palhaço Piolim nasceu em Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, em 27 de março de 1897. Seu pai Galdino Pinto, circense brasileiro, nasceu no interior do estado de São Paulo, de pais fazendeiros. Estudou na cidade de Rezende, no Rio de Janeiro e foi nesta cidade, durante um espetáculo circense, que assistiu e se apaixonou por uma atriz. O resultado é que acabou por ir embora com o circo, tornando-se mais tarde ele próprio um homem de circo. Tornou-se proprietário do Circo Americano, onde teve início sua dinastia.

O circo do Piolim ficava numa ruazinha à esquerda da igreja do Rosário, nos anos 1920 (hoje tem o nome de Abelardo Pinto); dali foi para o final da Avenida São João, início da Rua General Olimpio da Silveira, onde veio sofrer um grande incêndio nos anos 1950. Abelardo Pinto viveu sua infância dentro do circo, envolvido nas mais diferentes atividades. Seu treinamento teve início desde muito cedo e aprendeu as modalidades de ciclista, saltador, casaca de ferro, acrobata e contorcionista, tendo se destacado nesta última enquanto criança. Aos oitos anos de idade apresentava-se no circo de seu pai como “o menor contorcionista do mundo”. Mesmo obtendo sucesso, o menino Abelardo não gostava de suas exibições, como revela mais tarde em seu depoimento ao Museu da Imagem e do Som: “Com oito anos fazia um contorcionismo primário, que só criança pode fazer”. “Não fui como os outros meninos, que entravam no circo por baixo do pano. Nasci dentro dele e levava uma vida que causava inveja aos outros garotos. Eu, do meu lado, tinha inveja deles. Eles tinham uma casa, tinham seus brinquedos comuns e podiam ir diariamente à escola. Eu começava a frequentar um colégio e o circo se transferia. Lá ficava eu sem escola”. Revela ainda, ao mesmo jornal, que seu sonho era ser engenheiro, queria construir casas, pontes, estradas e castelos. Construiu apenas castelos de sonhos de muita gente. “Sou, de qualquer maneira, um engenheiro e estou feliz com isso.”

O circo Americano estava sem seu principal número: o palhaço havia ido embora. Então, o Sr. Galdino Pinto foi a São Paulo, com o intuito de tentar conseguir um substituto. O filho Abelardo, diante dessa situação, resolveu assumir a profissão de palhaço e sobre essa decisão revela mais tarde – “Pensei: se ele fez, eu também posso fazer palhaçadas”. A partir deste momento, o Circo Americano adquire um artista que seria, mais tarde, aclamado como “O Imperador do Riso”.

O “Palhaço Piolim” – apelido dado por uns artistas espanhóis que, ao verem o pequeno trabalhador Abelardo, diziam que ele parecia um “piolim” (barbante muito fino).

Circo Irmãos Rocha, que havia convidado o Palhaço Chicharrão para uma temporada, mas o artista estava envolvido com um contrato no Rio de Janeiro e não poderia aceitar o convite. Convidaram então o Piolim, que acabou assumindo o papel do palhaço excêntrico e enfrentando o público paulistano pela primeira vez e com muito sucesso.

Piolim teve três filhos e dezesseis netos. Ele sempre dizia que ser palhaço no Brasil não era grande coisa em razão da falta de amparo. O grande sonho de Piolim foi criar uma escola de circo. Não conseguiu ver seu desejo concretizado. Faleceu no ano de 1973, aos 76 anos. A escola foi aberta em 1978 e levou o seu nome. Quando morreu morava em um velho camarim de madeira, com pintura, roupas, onde passava o dia todo só, recordando épocas passadas no velho circo da Freguesia do Ó, onde durante muitos anos brilhou o Circo Piolim.


Texto e pesquisa de Mário Lopomo

segunda-feira, 28 de março de 2011

Curtas de Nelinho



Marcas de cigarro

Quando menino eu tinha a mania de colecionar carteiras de cigarros. Andava pelas ruas do meu bairro, Ipiranga, procurando alguma marca diferente. Lembro-me do dia em que achei um maço de Luke Strike, foi uma festa! Depois veio o Camel; ainda me lembro vagamente de algumas marcas, tais como: Aspásia, Fulgor, Rialto, Líricos, Continental liso e Continental com ponta, Big-ben, Neuza (mentolados), Yolanda, Ascott, Hollywood, Adelphy, Negritos (sabor adocicado), Cigarrilhas Talvis, cigarros de palha marca Pachola e tantas outras das quais já não me ocorrem no momento. Naquele tempo o empório vendia cigarros aos picados e meu falecido pai (que Deus o tenha) comprava o Aspásia na vendinha do Sr. João, que ficava na Rua Brigadeiro Jordão, perto da igreja São José do Ipiranga.


O primeiro aparelho de rádio, quanta alegria!


O primeiro aparelho de rádio que conheci foi montado pelo meu primo Benedito e ficava na sala sobre um suporte de madeira, bem alto para que nós não pudéssemos mexer; só meu avô e meus tios tinham a permissão para ligar. À noite, meu avô ouvia a "hora do Brasil", com o famoso "aviso aos navegantes", os programas "cadeira de barbeiro", peneira "rhodine", teatro Manoel Durães, festa na roça, o "chalaça" e a hora esportiva com o Aurélio Campos; os anúncios: "baton naná, gostoso como um beijo", "feridas no pé e na mão: pomada são sebastião", quem são os amigos da etelvina: cito, pox e parquetina", os musicados como: "passa passa talco ross quero ver passar. Passa passa talco ross para refrescar", "melhoral, melhoral é melhor e não faz mal" e, para finalizar: "phymatosan, quando você tussir, phymatosan, se a tosse repetir, renova seu apetite acabando com a bronquite, phymatosan igual não tem, é o amigo que lhe faz bem" e tatos outros.


Ipiranga - Paróquia de São José


Vamos voltar no tempo, década de 50, volto às páginas do livro do tempo e lembro-me da missa das 8:00 aos domingos, na igreja de São José, conduzida pelo padre Balint. Na sexta-feira santa a procissão reunia centenas de fiéis e saía por volta das 8:30 da noite e passava pelas principais ruas do bairro onde a maioria das casas enfeitavam suas janelas com flores e velas. O trânsito parava na Rua Silva Bueno e na Rua Bom Pastor e todos aguardavam, pacientemente. Os bares fechavam meia porta em sinal de respeito e as pessoas nas calçadas, em silêncio, tiravam o chapéu. A procissão retornava à igreja já quase à meia-noite. Fui coroinha naquele tempo e ajudei em muitas missas oficiadas pelos saudosos padres Vital, Dante, Estanislau, Vitalino e um muito idoso, o padre André. Recordo-me da cerimônia do lava-pés realizada no altar mór da igreja, das missas de réquiem quando era montada uma “essa”, simbolizando um caixão mortuário, e o padre, após o término da missa, descia do altar e vinha espargir a água benta. Aos sábados havia os casamentos e a igreja ficava lotada, parte pelos convidados dos noivos e parte pelas moças solteiras do bairro que iam apreciar os vestidos das noivas, era uma festa! Bons tempos àqueles. Hoje a igreja já não tem a mesma frequência, infelizmente a maioria dos jovens nem se lembra de Deus; é uma pena!


Por Leonello Tesser (Nelinho)

sábado, 26 de março de 2011

Sou antiquíssima





Amigos, sou ANTIQUISSIMA; agora me dei conta.
Sabem por que? Assistindo a um PPS sobre produtos antigos que recebi de nosso querido amigo, Mário Gonzalez, constatei que usei todos os produtos, anunciados ali, tive aparelhos de som e TV iguais, fumei os cigarros Continental, Columbia, Hollywood, Lincoln (todos sem filtro) e depois o Minister ( o primeiro com filtro) e voei no SuperHConstellation, da Real Aerovias Brasil, nos anos 58/59...

Ai, meu Deus! Como o mundo era bom, ao som das orquestras de Glenn Muller, Tommy Dorsey; assistir aos filmes com Liz Taylor, Alex Smith, Paulette Godard, Suzan Hayward, em “Esquina do pecado”, Lana Turner em Madame X... Allan Lade, John Waynne, Tony Curtis, Spencer Tracy, Tyrone Power, Doris Day, Dorothy Lamour Errol Flynn e tantos outros maravilhosos atores e atrizes, na era de ouro dos filmes de Hollywood.

E agora, graças a Deus como o "alemão" (Alzheimer) não me pegou, me lembro de tudo com muita saudades de um tempo feliz que não volta mais.


Ia me esquecendo, só não fui ao féretro de Carlos Gardel... Em 1935 eu não era nascida, o que veio acontecer em 1940, na Rua Borges de Figueiredo, no maravilhoso e amado bairro da Mooca.

Beijos de carinho

Por Mary Angélica Xavier Fraga Lopes

sexta-feira, 25 de março de 2011

Um amanhecer diferente

Na parte da manhã, quando acordo por volta das cinco horas, meu apetite está a mil, por hora. Enquanto a Myrtes ainda dorme, me preparo pra minha caminhada diária de 45 minutos. Depois de quase 35 anos, quando fazia 5km por dia, (1 hora, + ou -), agora não chega a 3 km., cheguei a conclusão de que é melhor lanchar antes e andar depois. Antes eu ia andar e depois do banho, ia pro desjejum. Errado. Vc comendo antes de andar, faz a digestão com mais facilidade, volta, toma banho e depois senta-se frente ao computador ou TV. Principalmente eu, que costumo desrespeitar certas regras sobre alimentação. Estou falando isso porque tenho 79 anos, (a mesma idade da lindíssima recém-falecida, Elizabeth Taylor), peso 90 kl e tomo, diariamente drogas pro coração, diabetes e próstata. Mas, não quero falar de doenças, (alias, nem deveríamos chamar isso de doença, a grande maioria das pessoas, na minha idade, não escapa desse triunvirato).
O negócio é falar de coisa boa, o que comer. O homem passa a maior parte de sua vida comendo; moço, sempre degustando novidades com sabores diferentes, de tudo e de todo jeito Na meia idade, continua mas não com a mesma volúpia. Quando envelhece, continua mas, só oralmente, no prato, na colher e no copo.
Tenho sempre alguma coisa pra comer de manhã porém, as vezes ocorre de ter só pães amanhecidos, nenhum queijo, presunto, requeijão, ovos, patê ou algumas fatias de Ceratti. Não me aperto, vou a gelad
eira, apanho um tomate, meia cebola, azeite, sal, vinagre (balsâmico) ou soyo, orégano e se gostar, alho em pasta. Fatio os pãezinhos, cubro-os, primeiro com a pasta de alho (opcional), preparo um prato com o tomate picadinho, junto com a cebola, sal (bem pouquinho), azeite, um pouco de pimenta (opção), vinagre, misturo bem; não é nada mais, nada menos que um vinagrete. Espalho as fatias de pão na assadeira e cubro-as com esse vinagrete e se por ventura “aparecer” algumas fatias de muzarela, arremato com uma fatia em cada naco. Mando pro forno, (elétrico, a gaz, a lenha ou a carvão) depois, “mangia che te fá bene”
Falei tudo isso pra contar pra vcs que, um jornal daqui de São Paulo, publicou em 13\12\10, uma receita de BRUSCHETA (le-se “brusqueta”, este é o nome da minha pretensa iguaria) que vou experimentar e pra vcs não ficarem com água na boca, aí vai:

INGREDIENTES:
6 fatias de pão integral ou multigrãos
1 colher de chá de alho picado
cebola picada
1 colher de sopa de azeite
1 tomate sem pele e sem sementes, picado
1 berinjela pequena, picada
1 folha de louro
1 colher de sobremesa de orégano

Nozes picadas e azeitonas.
sal a gosto.

PREPARO:
Corte as fatias de pão com o auxílio de um vazador redondo e reserve.
Aqueça o azeite e refogue o alho e a cebola.
Acrescente o tomate, a beringela, o louro, o orégano e o sal.
Refogue bem até que os ingredientes fiquem um pouco desmanchados.
Disponha as rodelas de pão numa assadeira e coloque-as no forno por, aproximadamente 5 minutos.
Retire-as do forno e distribua sobre elas o refogado.
Leve ao forno, novamente por, aproximadamente 3 minutos(forno pré-aquecido a 180 graus C.)
até que fiquem firmes.
Retire-as do forno, regue com um pouco mais de azeite e polvilhe com nozes picadas.
As azeitonas, vc come separado ou se não quiser, guarde-as.

A minha pode não ser tão sofisticada mas, é gostosa e.... mais barata.

Por Modesto Laruccia

quarta-feira, 23 de março de 2011

Hora do planeta - pequenos gestos, grandes resultados


Pequenos gestos, grandes resultados...
“Hora do Planeta”, movimento mundial voltado à preservação desta que é casa de todos nós: a Terra.
Convidamos você a participar dessa ação de importante significado, apesar de sua extrema simplicidade: basta apagar as luzes neste sábado, 26/3, das 20h30 às 21h30.
Em 2010, a Hora do Planeta contou com cerca de um bilhão de pessoas e, este ano, teve a adesão de mais de 130 países. A capital paulista também aderiu à mobilização, assim como diversas outras cidades brasileiras.
Pequenos gestos, grandes resultados.
Data: Sábado, 26 de março de 2011
Horário: 20h30 às 21h30
Particie!
Muita paz!

A cueca misteriosa

Essa historia na realidade não é de minha autoria, eu apenas escrevi e enviei ao Blog o que a mim foi narrado, pelos personagens que viveram essa historia na qual eu nem acreditaria, não fosse à mesma contada pelos próprios personagens.
Vou tratá-los apenas pelas iniciais, ele de C. e ela de R.
C possuía uma cueca de estimação há muitos anos. Era uma cueca macia, comprada durante uma viagem do casal aos Estados Unidos e que, com o passar dos anos, foi ficando velha, amarelada, pelo uso e lavagens e assim, desgastada pelo tempo, alguns furos surgiram nela.
R, sua esposa, por varias vezes pediu a C que se desfizesse da mesma, pois ela argumentava que não ficava bem a um casal bem sucedido como eles, manter em uso uma peça de roupa naquele estado, mas, ele sempre dava um jeito de adiar ou ignorar o fato. A esposa, uma advogada brincalhona, no deboche já havia colocado um apelido na repugnante cueca, a mesma era conhecida como, T.T (tira tesão).
Mesmo assim, meu amigo insistia em manter aquela horrorosa cueca em atividades.
Um domingo, dia dos pais, C. vestiu a T.T. e uma bermuda para ir almoçar com a esposa e a filha em um restaurante famoso em São Paulo.
C já estava pronto aguardando a esposa quando ela perguntou, de dentro do banheiro onde se achava: - Por favor, meu bem, não vá vestir a T.T.
Rapidamente C tirou a bermuda junto com a tal cueca T.T. e, antes da esposa sair do banheiro, ele vestiu outra cueca, voltou a pegar a bermuda que havia deixado sobre a cama, vestindo-a rapidamente sem que a esposa percebesse a troca.
Com todos prontos, foram para o carro e rumaram para o famoso restaurante, onde uma mesa reservada com antecedência os esperavam .

Meu amigo e sua família já estavam acomodados em seus lugares quando ele notou, no chão do corredor do salão do luxuoso restaurante que eles se encontravam, uma cueca horrorosa sobre aquele piso.
Indignado, meu amigo chamou o garçom e mostrou o absurdo daquela situação, acontecendo nas dependências de um restaurante daquele gabarito.
O garçom, então, no lugar de desaparecer com aquilo, notando que fregueses de outras mesas haviam também testemunhado o fato, foi correndo chamar o gerente que, ao chegar, foi logo removendo aquela inconveniente e horrorosa peça da intimidade masculina do meio do salão.
Quando o gerente ergueu a cueca, meu amigo notou que era, nada mais nada menos, que a sua querida T.T. Na pressa, ele havia tirado a cueca junto com a bermuda, naquele quarto já escurecido. Como vimos, eles já haviam fechado tudo, pois estavam de saída. Na pressa, ele colocou a cueca nova e voltou a vestir a bermuda sem notar que a T.T, havia ficado forrando e presa à ermuda, conseguindo sua libertação ao atravessar o corredor do Restaurante.
Ao reconhecer sua cueca meu amigo ficou apavorado e corado de vergonha. Então, para disfarçar, fingiu que estava mais indignado ainda.
O gerente, procurando ser gentil, tentando compreender como uma cueca usada e desgastada foi parar no meio do salão de um restaurante daquele nível e freqüentado por pessoas de alto padrão, os convidou para irem sentar em outra me
sa. Alem de oferecer um vinho especial de presente, ao final não cobrou a despesa que, no mínimo, chegaria a duzentos reais.
Na saída do restaurante, enquanto ele esperava o manobrista com seu carro, ele ouviu sua filha, hoje em dia uma psicóloga, perguntar
- Mas pai! Aquela não era sua cueca velha que a mãe não gostava quando o senhor usava?
Sendo na hora interrompida pelo apavorado pai.
-Calada filha, em casa eu explico.
Confesso que já vi gente não pagar a conta em restaurante por achar mosca ou cabelo na comida, mas cueca velha e usada, foi a primeiríssima vez.

Por Arthur MIranda

segunda-feira, 21 de março de 2011

Mudanças são possíveis


Tenho lido muitos textos; editando alguns para o blog, ou estudando para minhas aulas.
Leio muito e de tudo.

A verdade é que os textos de nossos queridos autores deste blog trazem-me de volta a infância amada e distante, de nossa casa na Rua Umuarama e de meu bairro, a Vila Prudente. Isto me fez ficar saudosa e introspectiva.
Muitas vezes ouvimos dizer que pequenas mudanças de comportamento podem levar a grandes transformações internas e externas.
Realmente, nada melhor do que andar de bem com a vida.
Para estas tais mudanças, antes de qualquer coisa, é preciso romper com certas crenças arraigadas. Uma delas é que a tal felicidade mora atrás do arco-íris, é plena e eterna. Ledo engano.
A soma dos bons momentos e a valorização de cada um deles é que nos tornam felizes e satisfeitos com a vida.

Será sempre preciso encontrar o equilíbrio, deixando de ser radical, buscando a satisfação em tudo o que se faz e lidar com as situações sem julgamentos do tipo tudo ou nada, bom ou ruim, sucesso ou fracasso, porque, entre cada par destes conceitos existe uma gama de outras possibilidades que vão de 8 a 80 e o melhor mesmo é sempre o meio termo.
Manter o nível de felicidade sem fazer comparações e sem ficar satisfeito com a pouca sorte de outro é ser sensato e ter ótica na razão e não na emoção. Aliás, a emoção, muitas vezes, mais atrapalha que ajuda.
Sempre é bom nos mantermos otimistas. O medo é mestre em ativar pensamentos pessimistas, desencadear ansiedade, muitas vezes difícil de suportar.
Nossa! Como seria bom se eu mesma pudesse controlar esta ansiedade que é capaz de interromper que meus hormônios inundem meu campo emocional e controlem minha emoção para não embaçar minha razão.
Realmente, temos de deixar de ser egocêntricos, melhorar nossa auto estima, identificar falhas, reconhecer qualidades, compreender melhor o que nos foi colocado desde a infância como as falsas crenças, preconceitos, etc.
Tudo isto poderá nos fazer reagir melhor diante dos acontecimentos do dia-a-dia.

Com certeza, teremos melhores respostas. Claro que não existem receitas milagrosas e fórmulas mágicas capazes de nos fazer mudar a forma de enxergarmos o mundo. Cada caso é um caso isolado, com fatores ambientais, culturais, hereditários que influenciam em nossas atitudes e comportamentos. Mas, as transformações são possíveis, cabendo a nós a iniciativa para a mudança.
Mudar o vocabulário, sair do comum, se atualizar, sair do ócio, pensar diferente, melhorar como profissional, estudar mais, ler muito, cantar, sorrir, entre tantas outras coisas, são estratégias simples que nos ajudarão muito nesta trilha de mudanças.

Por Sonia Astrauskas

domingo, 20 de março de 2011

Veja,ilustre passageiro...

Veja, ilustre passageiro...
Adentrando os imponentes espaços do Instituto Tomie Ohtake, bem ao fundo, ao lado do restaurante, deparamos com duas curiosas exposições, capazes de despertar lembranças saudosas no mais empedernido e circunspecto dos ranzinzas.

Isto depois de termos dado uma olhada, no andar de cima, nas curiosas obras do badalado Vic Muniz. Descendo a escada e passando pela pequena multidão disputando uma mesa, ali estão: a exposição de rótulos de cachaça, desde os mais famosos aos mais primitivos e anônimos de perdidos alambiques do sertão e a dos Annuncios em Bonds.
Annuncios em Bonds... quem, já de certa idade, não se lembra deles, sendo que em alguns casos foram até sua própria motivação para aprender a ler? Veja, ilustre passageiro, o belo tipo faceiro...larga-me, solta-me, deixa-me gritar....assim como me vê, são vistos os anúncios da Annuncios em Bonds...
Cada um tem suas lembranças particulares do qual lhe marcou mais, mas Veja, ilustre passageiro é unanimidade, e justamente por isto dá nome à mostra.
Belos cartazes dos primórdios da propaganda em São Paulo. Fora eu de uma geração anterior, talvez também tivesse trabalhado neles, no Atelier Mirga. O atelier foi criado e dirigido pelo polonês Henrique Mirgalowsky, e entre 1928 e 1970 criou os principais cartazes de bondes e ônibus, que hoje fazem parte de nossa história e do imaginário popular.
Entrei na publicidade mais tarde, quando o atelier já estava fechando suas portas, bem como os saudosos bondes, no caso dos que portas tinham, pois peguei o bonde an
dando, agarrado no balaústre - mais uma coisa, e palavra em desuso, como o bonde...
Ainda assim, conheci alguns dos grandes artistas que trabalharam com Mirga: Fritz Lessin, que parecia um conde alemão, mas, era de uma simplicidade cativante; Ivo Araújo, excelente pessoa e diretor de arte; João Cardacci, já velhinho, dirigindo o estúdio da Almap...
Convido-os, então, a entrar nessa exposição e matar a saudades dos cartazes e ver, espantoso, como as artes eram todas manuais, as letras a anos luz da fotocomposição de hoje. Tudo na munheca, e lindo.
E relembrar os velhos nomes. Eucalol, Vic Maltema, Phymatosan, Lavolho, Duchen, Vinho Centauro...e rever, afinal, até aquele belo passageiro, faceiro, que quase morreu de bronquite.

Por Luiz Saidenberg
De 10 de fevereiro a 10 de abril /2011
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201
Entrada pela Rua Caropés, Pinheiros
São Paulo - SP
fone: 11 - 2245-1900
Aberto de terça a domingo das 11 às 20 horas

quarta-feira, 16 de março de 2011

Calçada, sinônimo de passeio público

Nossas calçadas, ah! Nossas calçadas! Quem nunca teve uma torção no pé, um salto quebrado, um tropeção por desnivelamento de calçada em São Paulo, que atire a primeira pedra. Tudo bem que nossa cidade é imensa, difícil de ser fiscalizada em sua totalidade, mas, sinceramente, o descaso com nossos passeios públicos beira ao absurdo.

Meu pai construiu sua casa nos anos 60 e, contrariando minha mãe, mas mostrando o quanto era cidadão, preferiu fazer uma rampa interna na casa, que dá acesso ao quintal, do que fazê-la na calçada e prejudicar um pedestre.

A qualquer reclamação nossa, dizia: "Por acaso vocês sabem o que quer dizer calçada? Significa passeio público! É feita para caminhar; vocês já viram alguém caminhar com rampas, desníveis, sobe e desce a cada metro ou a cada casa? Não dá, né? Calçada tem que ser reta, segura; é feita para andar".

Com esse argumento nos convenceu, não só a nós, os familiares, mas a todos os vizinhos que pôde. Tanto é que os vizinhos da direita, da esquerda e da frente, todos tem calçadas lisas, sem nenhuma rampinha ou desnível sequer.

Conclusão: são as preferidas da rua para brincadeiras de crianças, conversas nas ma
nhãs de domingo, os primeiros passos dos bebês, novos moradores do pedaço, o solzinho matinal dos idosos que precisam dar uma caminhada segura, enfim, um sucesso essas calçadas! Hoje, andando pela cidade, não tem como não me lembrar de meu pai e sua demonstração de bom senso.

Como é difícil caminhar por São Paulo! Percebe-se a falta de respeito a cada metro; tem lugar que nem calçada tem e outros que as tem para estacionamentos, comércio, usos dos mais variados, menos o principal: o passeio, o caminhar do público cidadão. Uma pena, realmente uma pena! Quem sabe, um dia...

Por Márcia Sargueiro Calixto

terça-feira, 15 de março de 2011

Joelma - 01/02/1974

Onde você estava?...

Eu estava “de molho”, curtindo a quarentena.
Pois é! Quando criança, tive tudo quanto era tipo de doenças contagiosas, d
itas normais ou corriqueiras. Caxumba, sarampo, catapora... Escarlatina não. Mas, “estava escrito” que eu deveria ter escarlatina. Então eu, “cavalo véio”, a tive!
A doença, segundo o médico evoluíra para uma forma mais benigna. Mas, o contágio, não deixava de ser perigoso para mulheres gestantes. Daí a necessidade da quarentena.
Nada a fazer, a não ser beber, comer e dormir.
Êita vidinha boa de burguês abastado! No desvio, resolvi reler os mestres franceses.
À noite, esparramado na minha cama, comecei a reler o “Germinal”, do Émile Zola. Adormeci durante a leitura. Fui despertado pelo barulho forte e seco do livro que escorregara de minhas mãos e caíra ao chão, interrompendo o meu soninho gostoso! Não dormi mais.
Amanheceu. Barulhos pela casa, as vozes de mamãe e vovó, o cheiro forte do café fresco. Levantei-me.
Depois de tomar café fui para o jardim tomar um pouco de sol. Fiquei lá por um tempo e entrei. Fui para a sala fazer companhia a vovó, que crochetava e, ao mesmo tempo, assistia ao programa matinal da Clarice Amaral, na TV Gazeta.
Estava prestes a levantar para pegar o livro e retomar a leitura, quando a Clarice interrompe o bloco e avisa: “Gente, um edifício está pegando fogo no centro da cidade”! Rápid
o, cortam a imagem do estúdio e uma câmera externa, no alto do prédio da Gazeta, debruça-se sobre a Nove de Julho. Ao longe se via rolos de fumaça elevando-se em direção ao céu.
Quase nove horas da manhã do dia primeiro de fevereiro de 1974, começava o drama do Edifício Joelma.
Fui até o televisor e comecei a girar o seletor de canais em busca de mais informações. A Tupi, Record, Globo, em edição extraordinária, falavam do incêndio. E todas, em poucos minutos, estariam transmitindo ao vivo do local.

Eu estava abismado! A memória traumática do incêndio do Andraus trouxe de volta o cheiro da fumaça e lembranças tristes.
Pensava: “Então, nada foi feito? E todo aquele estardalhaço sobre medidas mais rígidas, fiscalizações menos espaçadas dos edifícios e multas pesadas? E aquela história de aparelhar melhor o Corpo de Bombeiros, de renovar a frota? No que deu aquela história de se construir escadas de emergência externas?”
No televisor, as emissoras começam a exibir os atos de uma tragédia anunciada.
A cada imagem, comecei a perceber que a tragédia do Andraus, vista com os meus olhos, dava-me apenas a dimensão do todo. E que a tragédia do Joelma vista pela TV, detalhava em “takes” o drama das pessoas acuadas pelo fogo e pela fumaça.

Pelo televisor eu vi, como se lá eu estivesse - e por toda a parte - o desenrolar do drama.
Bombeiros estarrecidos pela falta de água que os impediam de cumprir o seu dever, escadas que não alcançavam os andares superiores; o helicóptero que em mil manobras tentava um ponto de apoio para o salvamento. E pessoas. Pessoas em estado de choque, espremidas nos vãos, no alto do Edifício, fustigadas pela fumaça, fogo e calor; tentativas vãs de descer para o andar inferior, bombeiros intoxicados pela fumaça.
Na TV, as vozes em “off” dos repórteres que estavam no local, pediam às pessoas das imediações que levassem leite, muito leite e água mineral.
No prédio, pessoas. Pessoas traumatizadas, enlouquecidas. Alguém desistiu da vida e saltou para a morte.
No solo, começaram a aparecer as faixas e cartazes pedindo calma. Por megafones bombeiros e policiais gritavam a pleno pulmão para que todos mantivessem a calma, que o incêndio estava dominado.
De repente, alguém se jogou do prédio. Logo, mais um... Depois, outro... No solo, em um canto, amontoavam os corpos à espera do “rabecão”. No solo, pessoas solidárias desmaiavam, choravam; imploravam para que ninguém mais se jogasse. E o desespero daqueles que, em pânico estava no alto do prédio...
Quatro horas de inferno foi o quanto durou o sinistro incêndio do Joelma. Quatro horas em que os bombeiros driblaram a precariedade dos meios de combate ao fogo e improvisaram, com maestria, técnicas que salvaram muitos. Difícil foi a tarefa dos bombeiros! Apagar as chamas, retirar os feridos e carregar os mortos. Quatro horas, 345 feridos e 189 mortos... Tr
ês dias para o rescaldo e busca de novos corpos; uma semana ou mais de perícia e retirada de escombros.
Naquela sexta-feira a cidade não contabilizou lucros e sim, perdas e danos de uma tragédia anunciada
O Joelma virou lenda urbana: Policiais que vigiavam o interior do prédio confessaram “que ouviam gritos desesperados e saíam a procurar sem encontrar nada”. Alguns revitalizaram a lenda de Anhangá – espírito do mal, que mora no Vale, responsabilizando-o pelos suicídios das pessoas nos Viadutos (Chá e Santa Ifigênia), pelo famoso crime do poço (acontecido no local onde está o Joelma). E, responsável pelo incêndio do próprio edifício. Falavam de fantasmas vagando pelos andares do prédio... Outra corrente culpava o mês de fevereiro por ser nefasto.
Virou lenda urbana a “providência radical que a Prefeitura iria tomar”. Virou piada também.
Não sei se a Prefeitura fez pouco ou nada, ou se o mês de fevereiro é “fogo” mesmo. Mas sei que a 14 de fevereiro de 1981, o Edifício Grande Avenida pegou fogo. Era sábado de carnaval.

Por Wilson Natale

segunda-feira, 14 de março de 2011

Memórias musicais



Sempre fui muito metido com relação às artes. Não teve ramo artístico que eu não me envolvi. Na área da música eu não fui muito feliz, embora tenha dado alguns “pitacos” que considerava de boa qualidade.
Cantando, embora tenha participado de vários programas na antiga Rádio Cultura, que tinha seu auditório na Avenida São João, quase esquina com a Avenida Duque de Caxias, em programas infantis e depois como calouro, na Rádio Tupi, com auditório no alto do Sumaré (Clube Papai Noel, do Homero Silva), mas nunca tive qualquer chance.
Nunca consegui tocar nenhum instrumento musical; os instrumentos de percussão eram mais confortáveis e eu me dava bem tocando maracás, bongô, afoxé, tamborim etc, etc e tal. Também nenhum destaque notável.
A única coisa que consegui na MÚSICA foi uma educação musical muito boa e um bom gosto apurado, aliado a uma excelente memória.
Ainda no campo musical, tive várias incursões na área de compositor.
Aliás, nessa modalidade eu me lembro das noites que íamos eu e minha “exposa” e o meu amigo, irmão e parceiro José Carlos Munhoz Navarro, para a casa do outro parceiro, Fernando Martins Pizo, compor marchinhas de carnaval que nunca foram gravadas.
Mas, era bom, pois enquanto ficávamos discutindo rimas, a Cida e
a esposa do Fernando, minha irmãzinha Rose, ficavam fofocando e fazendo quitutes para os grandes compositores.
Um dia, depois de compor uma das melhores marchas rancho de minha lavra, com o título significativo de PIERRÔ NOVA SINA, resolvi que ela deveria ser apresentada a um cantor, ídolo meu, de nome Francisco Egydio.
Disse mais, se ele não viesse a gravar a marcha, ninguém mais gravaria.
Naquela época eu estava recém casado e trabalhava numa concessionária da Ford (Lara Campos), na Rua Pinheiros, juntamente com meu camarada o José Carlos.
Um dia, cheguei ao trabalho doido de raiva (havia discutido com a dona da pensão). O Zé, depois de várias tentativas para me acalmar, resolveu propor que saíssemos ao final do
expediente e fôssemos dar uma volta antes do meu retorno ao lar. Concordei.
Ao término do expediente, passamos na casa dele (Rua Groenlândia), pegamos o Gordini velho de guerra e saímos em busca da aventura programada.
Eu sabia, por ouvir falar, que a casa do grande cantor Francisco Egydio era próxima do Autódromo de Interlagos, e para lá nos dirigimos.
Rodamos Interlagos de cabo a rabo e nada de encontrar a referida casa.
Naquela altura, uma torrencial chuva caia sobre Sampa, mas nós não desistíamos; paramos para abastecer o Gordini num Auto Posto em frente ao Autódromo e, enquanto abastecíamos, perguntei ao frentista se ele não sabia onde morava o cantor, ele deu um sorriso e virando-se para o lado direito disse: -Naquela casa ali!
Aliviados e surpresos com a casa indicada, pagamos o combustível e nos dirigimos até o local.
Tomei um grande banho de chuva para ir apertar o botão da campainha (coisa que fiz diversas vezes) e nada de sermos atendidos.
Molhado e com o ânimo mais abatido ainda, resolvi aceitar o conselho do Zé e desisti de novas tentativas. Voltamos.
Ele me deixou na porta de casa (Rua Maria José, 72-Bela Vista) eu entrei em casa, disposto enfrentar novos problemas.
Nada! Fui recebido com carinho e percebi que a noite ainda me daria prazer.
Ah! A música, foi pro fundo do baú e eu ainda hoje, de quando em vez, recito seus versos que são assim:

PIERRÔ NOVA SINA

Neste Carnaval
vai ser tudo alegria.
Neste Carnaval
vai ser tudo poesia.
Nós pela Avenida
jogando serpentinas.
Eu serei Pierrô,
e você a Colombina.

Vamos viver
um novo romance.
Vamos fazer
um novo final.
Eu vou te amar,
Você vai me amar,
neste Carnaval.

Vamos fazer
chegar ao fim.
As vitórias de
Arlequim.
Pierrô
Vai Ter nova sina.
Vai Ter o amor
de Colombina.

A letra considero muito boa, a melodia, por causa da minha incapacidade de solar qualquer instrumento e ter na minha voz a réplica do som de uma taquara rachada, o solo da música ficará para outra oportunidade.

Por Miguel Chammas