quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Pacaembu


Este texto escrevi em 27/04/2010 por ocasião dos 70 anos do Pacaembu

A caminho do trabalho, sempre fico ouvindo o rádio para saber sobre as novidades, que não são muitas. Hoje, na rádio Bandeirantes, logo cedinho, falava-se sobre os 70 anos do estádio Paulo Machado de Carvalho, o conhecidíssimo Pacaembu, de Sampa, inaugurado em 27 de Abril de 1940.
Orgulhosa, fui ouvindo sua história que se misturava à história de meu avô materno, filho de imigrantes italianos e louco por futebol e à de meu amado pai, mineiro vindo ainda adolescente para São Paulo e que, igualmente, adorava futebol.
Ao longo da Rodovia dos Imigrantes, fui ouvindo o locutor e me lembrando de quando meu pai e meu avô contavam sobre o feito maravilhoso.
A televisão, rádio, internet e jornais estão repletos de detalhes sobre tão importante monumento que é o Pacaembu, mas, em minha memória os detalhes eram especiais, pois eu via os olhos expressivos de meus amados pai e avô contando-nos como havia sido, quais as dificuldades e, ainda, sobre a rodada dupla que teve no dia seguinte ao da inauguração.
Indignado, meu avô relatava sobre a maneira desrespeitosa, segundo ele, do público receber sob vaias o então Presidente da República, Sr. Getúlio Vargas, que foi assistir ao desfile e outras homenagens da inauguração, juntamente com Ademar de Barros e Prestes Maia, respectivamente governador e prefeito da época.
Os famosos jogos da estréia, sendo o primeiro Palestra Itália contra Sport Coritiba, Sport abrindo o placar com o gol de Zequinha, mas o jogo finalizou com o placar de 6 a 2 para o Palestra, sendo este o atual Palmeiras, clube que mais comemorou títulos no Pacaembu.. O Segundo jogo, a convite da prefeitura da cidade de São Paulo, Corinthians e Atlético Mineiro, com o placar de 4 a 2 para o Corinthians, contava-nos meu amado pai, cheio de orgulho de seu time do coração.
Por 10 anos o Pacaembu foi o maior estádio da América do Sul, perdendo seu posto para o Maracanã, em 1950.
Pacaembu foi a base de muitos jogos importantes da seleção brasileira de futebol e por longo tempo foi o local oficial de jogos nacionais e internacionais, deixando de ser sede obrigatória depois a inauguração do Morumbi, em 1960.
Ícone importante de São Paulo, recebeu inúmeras estrelas de nosso futebol, além de tantos outras estrelas internacionais. Foi uma das principais sedes dos jogos Panamericanos de 1963.
Suportou as mazelas do tempo, passou por profundas mudanças, entre elas a derrubada da concha acústica e a construção do tobogã atrás do gol à direita das cabines de imprensa.
Pacaembu orgulha-se, também, de ser um dos maiores divulgadores para o país do talento do garoto magrinho que usava a camisa branca do Santos, Pelé, que tem números impressionantes no estádio do Pacaembu. Em 119 jogos marcou 115 gols.
Hoje é atual casa do Corinthians, o Pacaembu também sedia, anualmente, a final da Copa São Paulo de Juniores, sempre no dia do aniversário da cidade de São Paulo, em 25 de Janeiro.
Sei que meu amado pai e meu querido avô sentir-se-iam orgulhosos por ver o Pacaembu como um dos principais pontos turísticos da cidade de São Paulo, com a inauguração, em 2008, do Museu do Futebol em suas dependências.
Em seu aniversário de 70 anos, o Pacaembu ganha um importante presente que é ser palco da finalíssima do campeonato Paulista-2010.
Parabéns, Pacaembu. Parabéns, São Paulo. Parabéns, Brasil.


Por Sonia Astrauskas

7 comentários:

Memórias de Sampa disse...

Recordar e reviver.
Me permitam lembrar deste meu texto.
Muita paz!

Sonia Astrauskas

Teresa disse...

Meu pai gostava de nos levar conhecer lugares novos, falava da história do lugar, ensinava, mostrava São Paulo e fazia questão que soubéssemos os nomes das ruas e não dizer simplesmente, "primeira à esquerda, ou primeira à direita", tinha que saber o nome direitinho. E falava muito do Estádio Municipal do Pacaembu (depois Paulo Machado de Carvalho). Era o sonho de consumo de minha infância, mas meu pai só descrevia o estádio, falava da concha acústica, da lateral das arquibancadas, mas não me levava lá, pois era lugar só para homem. Outros tempos. Era bem Clube do Bolinha e meu pai era um fiel seguidor da regra "menina não entra".
E aí vem você e nos surpreende com esse texto tão bom. Belas recordações, excelente memória. Até o resultados dos jogos vocês mencionou. Muito bom. Continue nos dando esse prazer.

Anônimo disse...

Maravilhosa reedição de um dos seus melhores textos. Reli com avidez e volúpia cada uma das palavras e, confesso, me embriaguei no embalo das saudades que brotou no coração. O Pacaembu foi o estádio da minha mocidade. Nele assisti grandes embates futebolísticos. Nele desfilei nas comemorações da Semana da Pátria, e nele me extasiei quando da visita do Museu do Futebol. Obrigado pela oportunidade de me permitir reler este texto e aproveitando o momento, peço, ou melhor, exijo que novos textos seus venham nos deleitar. Valeu!

Nelinho disse...

Soninha, eu fui um frequentador assíduo do Pacaembu nas décadas de 50/60/70/80/90, depois deixei de ir aos estádios mas permanecem vivos em minha memória os jogos eletrizantes que assistí lá, para mim é o estádio que faz parte da memória desta cidade, parabéns pelo texto. Nelinho escreveu.

Luiz Saidenberg disse...

Belo texto, Sonia, e muito histórico.
Adolescente, por causa de um tio professor de educação física, frequentei muito o Pacaembu. Piscina, volei, futebol de salão, e dei minhas votas ao redor do gramado, naquele tempo ladeado pela enorme estátua de Davi, de Michelangelo, e pela concha acústica.

Wilson Colocero disse...

Como era bom ir ao Pacaembu! Fácil de chegar e sair, de comprar ingressos e entrar (depois de comer um dos famosos "churrasquinhos de gato" e tomar um guaraná). Belos tempos de educação e civilidade, de encarar o futebol como divertimento!
Deixei de frequentar estádios quando surgiram as lamentáveis "torcidas uniformizadas" (essas patrocinadas, porque até então íamos uniformizados por vontade própria), torcendo lado a lado com simpatizantes do outro time "na boa" como se diz hoje.
Foi bom e felizes nós que pudemos curtir aqueles tempos!

Unknown disse...

Pra mim, o Pacaembú , era o lugar mais lindo de São Paulo, enquanto estudante as escolas estaduais se apresentaram no maior coral já visto, e eu estava lá. Foi emocionante! Como é bom recordar e seu texto trouxe isso, obrigada.