Croc, croc ! Toda manhã ele me saúda, com seu conhecido piado. Retribuo estalando a boca, é minha forma de chamá-lo e estimulá-lo a descer. E lá vem o Plínio.
Voa confiante do muro, passa para o galho mais próximo do ipê e espera que eu troque o pratinho de frutas, na árvore. É um velho amigo. Escrevi sobre ele há três anos. Mal viro as costas, já está tomando seu desjejum.
"Plínio, o Jovem", como o apelidou minha esposa, quando ainda pequeno e pouco emplumado sabiá, vinha com a mãe ao mesmo ipê, para ser alimentado por ela.
Creio que seja o mesmo, com o desembaraço que espera toda manhã, o meu aparecimento. Segundo soube por meu filho, os sabiás vivem muitos anos, às vezes mais de vinte. Então, aqui está nosso querido Plínio.
Comecei com "Meu" sabiá. É verdade que, infelizmente, pessoas ignorantes mantêm esses bichinhos em gaiola, para ouvir seu belo canto, que deve ser de tristeza, pois só se fazem ouvir na época da reprodução, na primavera.
O "meu", não. É absolutamente livre, livre, como dizem, como um pássaro! E nem posso chamá-lo de meu. Provavelmente, eu sou mais dele que ele de mim. Eu sou dele, e dele é todo o Reino dos Céus, todo o espaço e a exuberante natureza. Sou um pobre bicho da Terra, desajeitado, de movimentos limitados, preso pelas pesadas pernas ao chão, enquanto seus limites são ditados pela força de suas asas.
É uma grande honra sua preferência pela nossa casa, e particularmente pelo jardinzinho, onde aprendeu a exercitar seu vôo e seu direito à liberdade, da qual todo pássaro deveria gozar. Outras aves vêm nos ver, mas nenhum com tanta familiaridade. Afinal, ele é da casa, mesmo!
Que Plínio, agora não tão "Jovem", viva muito mesmo, e continue a visitar todas as manhãs a nós, que somos apenas humanos. O jardinzinho jamais seria o mesmo, sem ele.
Até amanhã, caro amigo!
Por Luiz Saidenberger
Voa confiante do muro, passa para o galho mais próximo do ipê e espera que eu troque o pratinho de frutas, na árvore. É um velho amigo. Escrevi sobre ele há três anos. Mal viro as costas, já está tomando seu desjejum.
"Plínio, o Jovem", como o apelidou minha esposa, quando ainda pequeno e pouco emplumado sabiá, vinha com a mãe ao mesmo ipê, para ser alimentado por ela.
Creio que seja o mesmo, com o desembaraço que espera toda manhã, o meu aparecimento. Segundo soube por meu filho, os sabiás vivem muitos anos, às vezes mais de vinte. Então, aqui está nosso querido Plínio.
Comecei com "Meu" sabiá. É verdade que, infelizmente, pessoas ignorantes mantêm esses bichinhos em gaiola, para ouvir seu belo canto, que deve ser de tristeza, pois só se fazem ouvir na época da reprodução, na primavera.
O "meu", não. É absolutamente livre, livre, como dizem, como um pássaro! E nem posso chamá-lo de meu. Provavelmente, eu sou mais dele que ele de mim. Eu sou dele, e dele é todo o Reino dos Céus, todo o espaço e a exuberante natureza. Sou um pobre bicho da Terra, desajeitado, de movimentos limitados, preso pelas pesadas pernas ao chão, enquanto seus limites são ditados pela força de suas asas.
É uma grande honra sua preferência pela nossa casa, e particularmente pelo jardinzinho, onde aprendeu a exercitar seu vôo e seu direito à liberdade, da qual todo pássaro deveria gozar. Outras aves vêm nos ver, mas nenhum com tanta familiaridade. Afinal, ele é da casa, mesmo!
Que Plínio, agora não tão "Jovem", viva muito mesmo, e continue a visitar todas as manhãs a nós, que somos apenas humanos. O jardinzinho jamais seria o mesmo, sem ele.
Até amanhã, caro amigo!
Por Luiz Saidenberger
9 comentários:
Seu texto me remeteu a seguinte poesia:
A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um sabiá
Mas não pode medir seus encantos.
A ciência não pode calcular quantos cavalos de força
Existem
Nos encantos de um sabiá.
Quem acumula muita informação perde o condão de adivinhar: divinare.
Os sabiás divinam.(Manoel de Barros)
Luiz, quisera eu ter um amigo tão leal e constante como o Plinio, esta é uma amizade que satisfaz até ao mais leigo dos teus leitores, eu.
Espero que essa amizade perdure e te traga milhões de momenos de felicidade.
Elegante e charmosa crônica, Luiz. Vc sabe cantar até o mais silencioso dos seres, quando se trata de um pássaro, então, vc se supera. Parabéns, Saidenbrg.
Modesto
Olá, Luiz!
Que previlégio ter um amigo deste no jardim!
A natureza é maravilhosa...
Até os animais voltam para nos ver, quando são bem tratados e respeitados, nãoé mesmo!
Cuide bem de seu amiguinho, para tê-lo sempre em seu jardim.
Valeu!
Obrigada.
Muita paz!
Saidenberg, que maravilha saber que sua majestade, o sabiá,gentilmente apelidado de "Plinio",encontre em seu pequeno jardim, alimento, carinho e a liberdade de ir e vir.
Vida longa ao Plínio,para a alegria de todos.
Um abraço
Saidenberger, aqui no Ipê amarelo de minha casa, tenho Sanhaço, Bem te ví, e até mesmo andorinhas e um Papa Capim, esta faltando apenas um Sabiá, que saiba assobiar tão bem quanto você, que é do Blog o nosso Plinio tão querido, Parabéns.Belo texto
Saidenberg: Coisa boa esse texto!
Muito sensivel, mostrou um pouco da relação homem-natureza.E também a beleza que há no viva e deixe viver. Principalmente nessa cidade onde poucous se enternecem com a visão de um passarinho.
E ai está o seu Plínio, o moço, vivendo a sua hisória e fazendo você escrevê-la. Que viva muito esse teu Plínio e que se torne o Plínio, o velho. E que não encontre pela frente, como o seu homônimo,alguém fantaziado de vulcão.
E eu,que tenho uma praça como quintal, sou acordado toda manhã pelos gritos dos bemtevís e o grasnar de periquitos e maitacas.
E estamos todos encantados com um picapau que apareceu por aqui e resolveu ficar.
Abração,
Natale
Puutz! A 'rebordosa' de fim de ano ainda faz o seu estrago!
Alí, on de eu escreví fantaZia, leia-se FANTASIA!Ahahahaaaaa!
Abração,
Natale
Luiz, o compositor já dizia: " A todo mundo eu dou psiu, procurando por alguém, tenho o coração vazio, vivo assim a dar psiu, sabiá vem cá também", que o "Plinio" continue a te proprocionar bons momentos de alegria e encantamento, abraços, Nelinho.
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