quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A mansão mal assombrada

Passamos por lá uma noite dessas, vindos do Teatro Ruth Escobar. Subimos a Rua dos Franceses e até reduzi a velocidade para ver se a mansão continuava lá. Estava, e para alugar.
Uma portentosa fachada cinzenta, com alta escadaria e muros baixos. Grande var
anda, com pilastras ornamentais. Um jeitão mesmo de casa mal-assombrada. Quase no fim da subida, antes de chegar à Carlos Sampaio, chamava a atenção. Um palacete remanescente dos muitos que compunham a região, mas bem conservado e ainda majestoso.
Foi, certamente, construído para moradia, em grande estilo, mas depois de quantos dramas familiares ter-se-á tornado um prédio comercial?
Não sei; nossa história começa quando ali já era, então, uma agência de publicidade. Quando eu soube dela, trabalhava em outra agência. Assim, nunca estive lá, nada vi, mesmo assim, fiquei impressionado.
Quem a contou foi um nosso diretor da conta Fiat, que havia sido dono da agência instalada na mansão. Disse que eram ouvidos ruídos estranhos, sentidas curiosas sensações. Um ar de gélida tristeza circulava pelos corredores. Até que, uma vez, ele estava em reunião com um cliente, coisa que se prolongou até altas horas da noite.
A certa altura, o cliente desce para ir ao banheiro, no primeiro andar. Começava a demorar-se, quando se ouviu um grande vozerio. Meu amigo estranhou, pois os dois estavam a sós no casarão.
Desceu, voando, as nobres escadarias e encontrou o cliente, fora de si, como se tivesse tido uma visão. E era isto mesmo: quando tentara entrar no banheiro, fora impedido por u
m velho furioso, trajando pijamas, que gritava ser sua a casa e que não queria mais ninguém por lá.
A aparição havia sumido, mas, pela descrição ficou-se sabendo que o caso era antigo: era o fantasma do Sr.Maluf, o primeiro morador da casa (não, não era o mais que controverso deputado eleito).
Na mesma ocasião desta narrativa outra moça, que também trabalhara lá, mas em outra época, corroborou a história. E ela nem sabia que o nosso diretor também tivera esta experiência.
Disse que a teimosa aparição dera muito trabalho, sendo exorcizada várias vezes. Até que, aparentemente, as coisas se acalmaram. O velho Maluf acalmou o pito. Foi isto o que eu soube; e não tenho a continuação da história.
A quem a quiser, sugiro alugar a tal mansão. Deve ser uma experiência interessante. Eu é que não teria a mínima vontade de viver lá. Espero que o Sr. Maluf tenha mesmo se aquietado e já não assuste mais ninguém. Já o seu homônimo, continua firme, assombrando em tudo que é eleição.

Por Luiz Saidenberg

15 comentários:

Wilson Natale disse...

Saidenberg: A coisa mais arrepiante do seu texto, com certeza foi o fato de você nomear o sobrenome
Maluf.Fiquei "arrupiadin, arrupiadin, como diz o mineirin... Se já é difícil exorcizar o vivo, imagina o quão difícil é exorcizar o morto. Ahahahaaaaaaaaaaaaa!!!
Manda o endereço certinho dessa mansão que eu vou passar BEM LONGE DELA! Ahahahaaaaaa!!!
Brincadeiras à parte, a cidade tem muitas casas assombradas. Uma delas é a mansão do Washington Luís.Ele nunca morou lá e dizem que, depois de morto agora vive lá.
Em alguns desses locais públicos tive algumas experiências estranhas.
Um dia falo sobre isso. Creio que todos temos conhecimento ou experiências pessoais sobre o tema. Abração,
Natale

Arthur Miranda disse...

Saidenberg: gostei da pitoresca e Boriskarlofesca, historia. No final fiquei a lamentar que o Maluf, seja um outro, pois o deputado vive me assustando desde que foi governador e mandou descer o pau nos professores da Freguesia do Ó

José Carlos Navarro disse...

Caro Luiz,
Primeira hora do dia, primeira leitura e excelente combustivel aditivado para vencer esta sexta feira paulistana.
Lembrou-me, seu texto, da casa da Av Europa 21, ex Horacio Lafer, Ex Manchete que tinha às escondidas atras das paredes, e acompanhando as escadarias normais da casa, outras escadas onde subiam os empregados. Eu, muito pequeno, ao entregar mercadorias lá, fui convidado a subir ao andar de cima para ver um salão ( peça pregada pelo choffer e a governanta ). E enquanto eu subia as escadas visiveis com o choffer a outra ia pela escada escondida dando socos na parede. E o choffer "não ouvia nada"..., nadinha....

Miguel S. G. Chammas disse...

Uauuuuuu! Que susto!
Casa mal assombrada no meio do Bixiga?
Meu Deus é horripilante.
Só vou visitaressa casa mediante altos honorários, nada de locação.
Luiz você conseguiu me assustarmesmo. Não vou, juro, até lá nem para ver a casa por fora.

Luiz Saidenberg disse...

Muito obrigado, amigos. E Soninha, vc acertou em cheio: não sei se a mansão é mesmo a da foto, mas que parece, parece.
Doutra feita posteror, questionei novamente esse ex-diretor sobre a autenticidade da história. E ele a reafirmou, contando que antes da dele haviam lá passado seis firmas de propaganda. E todas faliram !
Mesmo na dele, fizeram uma última campanha, brilhante e, ao que parecia, seria aprovada, com grande verba, pelo cliente.
Contra todas expectativas, a campanha - que seria a salvação da lavoura- foi recusada, e a agencia tb faliu! Ah, meu caro Maluf, vc apronta e não é de hoje!

Luiz Saidenberg disse...

Soninha comunicou: esta é mesmo a mansão Maluf. Pelo jeito, o fantasma é taõ persistente quanto o controverso deputado, pois a casa ainda está para alugar, e faz anos que passei por lá! Vade retro, Maluf !

suely schraner disse...

É a moderna versão do Fênix, esse Maluf: resurge das cinzas assombrando todo mundo.Também me peguei pensando no mesmo. Adorei sua crônica!

Wilson Natale disse...

Moral da história:
Esta é uma casa MALufASSOMBRADA...
Aconselho aos proprietários a alugar a casa para um grupo da CPI ou para o Ministério Público. Melhor que exorcismo. Ahahahaaaaa!
Abraços,
Natale

Soninha disse...

Olá,Luiz!

A casa é fantástica,não é mesmo?!
Éuma pena estar tão deteriorada...Mas,creio que nos áureos tempos,foi sunuosa e elegante.
Interessante fato acontecido lá.~
Acredito que as almas dos que foram muito apegados aos seus bens, quando morrem não conseguem se desprender e acabam se esravizando, ficando presosnos locais onde viviam, assustando a todos frequentam estes locais. Uma pena,mesmo.
Mas, gostei muito de sua história.
Valeu!
Obrigada.
Muita paz!

Luiz Saidenberg disse...

Malufassombrada!!! Muito bom ! Acho, que como a prisão não funciona para os ricos, neste país, o mínimo que poderia ser feito é colocar o deputado em reclusão nesta mansão. Aí,talvez, sob os berros horripilantes e vitupérios de seu(talvez)antepassado, resolvesse se arrepender de seus pecados e devolver boa parte de sua fortuna aos cofres públicos...algo como a história do Velho Scrooge, de Charles Dickens...

Modesto disse...

Que bela história, Luiz. Se tem coisa que eu gosto, e muito, é fantasma de verdade. Fantasma mesmo, de arrepiar... Se não hovessem fantasmas, o que seria de nossa existência, da nossa realidade... se, de fato existe realidade, pressupõe-se que a irrealidade está sempre presente.Quando vc diz: "aquela pessoa é boa..." é porque vc sabe como é a ruim. Então, a ruim também é gente, existe. Se isto é VEDADEIRO, o FALSO existe da mesma forma. Portanto, todo fantasma tem direito de existir, mesmo sendo o Maluf. Parabéns, Luiz
Modesto

Anônimo disse...

Luiz, quem será que vive perambulando pela casa todas as noites, eu sou meio covarde quando ouço histórias de assombração, principalmente do Maluf, parabéns, Nelinho.

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Luiz!!! veja que saiu como anônimo! será que o fantasma apagou minha assinatura? abraços, Nelinho.

Luiz Saidenberg disse...

Amigos, no lo creo en las brujas. Sei lá, tem tanta gente boa e honesta que é medium, tem visões...algumas bem próximas a nós, e muito queridas. Eu sou cético, e sem querer desautorisar essas pessoas, acho que não é falta de sensibilidade minha. Só que fantasmas, espíritos, reencarnações, não são a minha praia, simplesmente. Tenho minha parte mística, e sei, como disse Shakespeare, que há mais coisas entre o Céu e a Terra do que supõe nossa vã filosofia...mas não é meu departamento. Tive a sorte, ou não, de ser infenso( será que e esta a palavra?) ao sobrenatural. Abraços.

Anônimo disse...

Boa noite, sou do GPIP, grupo paulista deinvestigacao paranormal e temos interesse em investigar esse caso. Deixo o email aqui para contato gpip@gmx.com