sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Memórias radiofônicas - I


Meados de 1950, todas as manhãs de domingo, quem sintonizasse a Radio Tupi de São Paulo, que tinha seus estúdios e auditório no alto do Sumaré, ouviria, como prefixo musical de um programa, uma música famosa e muito executada nos meses de Dezembro cuja letra canta assim:

Anoiteceu,
O sino gemeu
E a gente ficou
Feliz a rezar.
Papai Noel,
Vê se você tem
A felicidade
Prá poder me dar.
Eu pensei
Que todo mundo
Fosse filho de
Papai Noel
Sendo assim
Felicidade
Eu pensei que
Fosse uma
Brincadeira de Papel.
Já faz tempo que pedi
E o meu Papai Noel
Não vem
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem.

Estava, assim, começando o programa “Clube do Papai Noel”. Um programa infantil comandado pelo ex-locutor Homero Silva que, de tão querido pelas crianças, era até confundido e chamado de Papai Noel.
Esse programa, por si só, simples e despretensioso, lançou vozes inconfundíveis e marcantes do rádio paulistano.
Hebe Camargo, Herlon Chaves, Wilma Bentivegna, Wanderley Cardoso, Vida Alves, foram algumas das crianças que passaram pelo programa e se firmaram no estrelato radiofônico paulista.
Eu, modéstia à parte, também passei pelos microfones desse clube famoso e, nem por isso me tornei famoso.
O “seu” Homero, tinha uma menininha que era tratada como a princesinha do Clube, era uma garotinha magrinha, de cabelos compridos e totalmente cacheados, um palminho de rosto muito lindo que atendia pelo nome de Chininha Loschiavo. O nome correto era Catarina Loschiavo apelidada desde tenra idade por Chininha.
Ela era irmã de meu irmão de coração, o Luiz Loschiavo (Zinho), consequentemente era tida e querida, por mim, como irmãzinha.
Suas apresentações diante dos microfones eram marcantes, a música “Over the Rainbow” que vertida para o português levou o nome de “Além do Arco-Íris”, era uma de suas interpretações mais marcantes.
Como podemos comprovar, antigamente, as crianças tinham vez no Rádio e na Televisão sem precisar se aviltarem ou serem exploradas inadvertidamente.
Grandes programas além do Clube do Papai Noel marcaram época, Gincana Kibom, Clube do Zezinho, Programa Pulmann Jr, Circo do Arrelia, eram alguns deles.
Hoje, a TV se presta a mostrar desenhos de origem oriental, cheios de violência e máquinas inverossímeis.
Posso afirmar que as crianças da minha geração foram felizes e puderam aproveitar o Rádio e a Televisão com muito mais prazer.

Por Miguel Chammas

11 comentários:

joaquim ignacio disse...

Olha, Miguel, concordo com vc quanto à programação infantil do rádio e da tv no início dos anos 50s, uma pureza maior, uma isenção total de malícia; não era nada construtiva, mas, também, nem um pouco destrutiva, eram conversas, desenhos animados,pequenos atores que faziam radio-teatro. Outros tempos. Uma pergunta: a Catarina não morava naquele quarteirão da S. Domingos, entre a Major e a Abolição? Se for a Catarina que eu estou pensando (e que se apresentava no Clube Papai Noel) ela fazia parte da nossa turminha da matinê do Rex aos domingos, muito drops de hortelã e muita pipoca americana.
Meu abraço.

joaquim ignacio disse...

Olha, Miguel, concordo com vc quanto à programação infantil do rádio e da tv no início dos anos 50s, uma pureza maior, uma isenção total de malícia; não era nada construtiva, mas, também, nem um pouco destrutiva, eram conversas, desenhos animados,pequenos atores que faziam radio-teatro. Outros tempos. Uma pergunta: a Catarina não morava naquele quarteirão da S. Domingos, entre a Major e a Abolição? Se for a Catarina que eu estou pensando (e que se apresentava no Clube Papai Noel) ela fazia parte da nossa turminha da matinê do Rex aos domingos, muito drops de hortelã e muita pipoca americana.
Meu abraço.

Laruccia disse...

Oi Miguel, sai um pouco, deixa o computador em paz, vá dar uma volta na praia, vc e a Sonia precisam tomar um pouco de sol. Abro os e-mails, lá está o Miguel com suas piadas, abro o SPMC, lá está o Miguel com seu testo, abro o "Memórias" lá está o Miguel... Aô, "esfiha", deixa um pouco pra mim, pô. Mecheluccio, caro mio, tu sei un bravo ragazzo, ma non dimenticare da noi. Un baccio.
É verdade, Miguel, naquela época tinha programas de nivel e sem video-tape, era tudo "a vista", não tinha "bretason", programas alegres e despretenciosos. Parabéns, Miguel e desculpe a brincadeira.
Laruccia

Luiz Saidenberg disse...

Memórias de um tempo ingênuo, de uma tv incipiente, vivendo de improvisação e espontaneidade. Perto do sangue, suor e lágrimas que escorrem de nossos canais não lacrimais de hoje, era mesmo outro mundo.
Abraços.

suely aparecida schraner disse...

Eita que a roda do mundo gira e as vezes fica tudo de cabeça pra baixo. Já que a vida não anda pra trás vamos em frente. Bacana suas memórias. Parabéns!

Wilson Natale disse...

Miguel: São tantas as memórias radiotelevisivas... A TV Tupi era canal 3 (e seus estúdios era a TABA e a taba era também a nossa casa. O "Cast" era a nossa família), a TV Paulista era canal 5 e a TV Record era - e é - canal 7.
Do rádio ficou a lembrança marcante do programa Manoel de Nóbrega, onde o Carlos Alberto de Nóbrega fazia o Águia Negra e o Ronald Golias fazia o seu fiel escudeiro. Ficaram também Cadeira de Barbeiro e História das Malocas.
Na televisão, minha memória guarda o Sítio do Picapau Amarelo, Capitão Estrela, Sabatinas Maisena, Melhores da Semana, Fuzarca e Torresmo, Nicholas,O Jardim Encantado, etc.
Era um tempo em que ligávamos os nossos televisores e esperávamos ele "esquentar". Primeiro vinha a voz, depois a imagem. Era um tempo também que os programas começavam as onze da manhã e encerravam à meia noite. Quem ligasse o televisor antes das onze veria na tela, aquele disco de controle de imagem com o índio no centro.
Foi muito bom ver a foto acima, de Os Melhores Da Semana e ver o Homero Silva, a Maria Vidal e a menina Sonia Maria Dorsey.
E você tem toda a razão, tudo mudou. As novelas mataram os horários infanto-juvenís expulsaram o teleteatro que nos davam de presente grandes atores e a obra de grandes autores.Não mais nos dão, na telinha, os grandes maestros como Mignoni, Melhada, Migliori, Federoski a reger as grandes orquestras das próprias esmissoras. Nem mesmo aqueles programas humorísticos sem as apelações de mau-gosto.
Hoje quem manda é o IBOPE! E a televisão virou um "pastiche". Nada se cria, nada se copia, tudo é abortado para satisfazer, sei lá,quem... A mim é que não satisfaz.
Bons tempos aqueles. Belo texto este seu! Valeu!
Abração,
Natale

MLopomo disse...

Miguel, No clube papai Noel imperava Sônia Maria Dorse, filha do maestro Francisco Rossi, Na inauguração da TV Tupi ele foi vestida de Indio, e ficou sendo o indiozinho da TV.Em outubro no aniversario da TV vou mostrar essa foto.

Arthur Miranda - Tutu disse...

Boas lembranças Miguel, mas eu não tenho muitas saudades daquela Televisão ingênua, de alguns programas daquela época sim tenho saudades. Mas para quem pode ter uma TV paga hoje em dia pode escolher bons programas, eu tenho certeza que pode ver uma teve de alta qualidade, e programas que superam em muito, aquela programação dos anos 50 e 60. Eu por exemplo só vejo o jornal das 21,15 da TV. Cultura canal 114 da Sky é ótimo.

Soninha disse...

Oie...

Cada época com suas coisas boas, em todos os segmentos de lazer, de comunicação, etc...
Naquela época, os programas tinham uma mensagem, de acordo com o público alvo, com a tecnologia, enfim...com o que dispunham.
Hoje, com a globalização, com a alta tecnologia avançada, com o público, com a preferência...tudo colabora para que a programação seja diferente, lógico.
Nós é que temos que ser os crivos; temos de ter critério para melhor escolher o que vamos assistir na televisão. Não somos obrigados a ver a decadência dos programas televisos sem nos posicionar.
Basta mudar de canal.
Sou fâ de tecnologia e vc sabe, né.
Quanto mais avançado, melhor...Mesmo lembrando dos bons programas de antigamente.
Cada época com sua necessidade, não é mesmo?!
Valeu!
Muita paz!

marcia ovando disse...

...tempinho de amor doce, puro tal o ALÔ DOÇURA, em compensação hoje!!!
Miguel não me lembro dessa cantora mirim, curti muito a Regininha Cordovil, filha do maestro Hervê Cordovil, amiga minha de infância que fez muito sucesso.
abraço

Zeca disse...

Miguel!

Que delícia de crônica! Levou-me imediatamento à ansiedade com que esperava os domingos para assistir ao Cirquinho do Arrelia, cuja musiquinha recordo até hoje:
"Como vai, como vai, como vai?
Como vai, como vai-vai-vai?
Vou muito bem, muito bem, muito bem!
Muito bem, muito bem-bem-bem!"
E por aí afora...
Realmente, como você diz no fecho desse belo texto: as crianças daquela época puderam aproveitar, com muito mais prazer, os prazeres e a fantasia que a rádio e a televisão ofereciam...
Hoje, com toda a tecnologia, temos muito mais opções na tv - e até mesmo no rádio - mas, talvez por isso, tudo pareça tão banalizado que o prazer dos espetáculos não tem mais o mesmo sabor...

Abração, caro amigo!

E parabéns por mais esse belíssimo texto!