sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Meu Pai


Mês de agosto, mês dos pais e quero falar mais um pouco sobre meu herói, MEU PAI.

Não pude gozar o tempo que queria com a companhia de meu pai; ele nos deixou quando eu tinha só 26 anos. Já sonhava com os “Beatles”, calças jeans, viajar, cinema americano, rock-and-roll, Elvis e todos os nossos ídolos que embalavam o passar dos gloriosos anos da nossa juventude. Senti sua partida muito cedo, ele contava só 68 anos, chorei e choro até hoje a saudade que sinto dele. Como ele era bom, justo, amava seus filhos. Por nós todos, não media sacrifícios, os 9 filhos, nunca corresponderam a altura daquilo que ele fez por nós. Teve sua morte antecipada por um grotesco e selvagem erro médico.

Enganado por seu próprio irmão, da forma mais imunda possível. Mas, lembrando a sua figura magnânima, e os belos textos de nossa querida Sonia Astrauskas, não quero lembrar meu querido PAI, associado com estes desejos de ódios e rancores. Deus, Misericordioso, há de amparar sua alma, guardá-lo para um dia podermos nos reencontrar e continuarmos aquele papo interrompido.

Não lembro se já contei uma passagem que me ocorreu, poucos anos depois de sua partida. Morava na rua do Gasômetro, quase em frente ao cine Glória e em cartaz estava passando um belíssimo filme italiano, “Carrozzelo Napolitano” . Eu e a Myrtes sempre fomos ao cinema junto, mas, como o Maurício e o Moacyr eram muito pequenos, ela não se importou de ficar com as crianças. Eu queria ver o filme e o Glória sempre ficava com um, só uma semana. Na semana seguinte, já era outro filme.
Fui assistir ao filme, musical, até hoje muito bom, era a história de um vendedor de músicas (não sei se em Nápoles é assim, o Natale deve saber), ele vinha numa carroça, apregoando as músicas, a maioria, napolitanas. Conforme ele dizia o nome da “canzoneta”, se ouvia a canção cantada por cantores da época. Assisti extasiado ao filme, saí do Glória turbinado, meio que drogado e com a preocupação de, sem perda de tempo, na manhã seguinte, FALAR COM MEU PAI E CONVIDA-LO A ASSITIR O FILME. Atravessei a rua, ao chegar à porta do prédio em que morava, a triste realidade, lembrei: “Aonde você vai, Modesto, falar com seu pai? ele morreu...” Meu pai amava estas músicas napolitanas; tive, no momento, vontade de chorar, cheguei a lacrimejar... Pra quem vou falar sobre o filme? Que saudade que dá. Todos os dias penso nele, ao escrever estas linhas, sinto o que senti quando saí do Gloria. Meu bom pai, Bartholomeu Laruccia, onde estiveres, ampare-nos.

Por Modesto Laruccia

8 comentários:

marcia ovando disse...

Assim como você Modesto penso no meu pai em todos os momentos e que falta êle faz!
Para você um grande abraço pelo dia dos pais.

Luiz Saidenberg disse...

Bela lembrança de seu pai, Modesto, e ainda relacionada a um belo filme, Carosello Napolitano. Assisti tb. Era de De Sicca, se non sono sbagliato.
Perdi o meu aos quinze anos, assim compreendo bem a falta que eles nos fazem. Grande abraço.

Miguel S. G. Chammas disse...

Modesto, lindo relato. Os pais às vezes tão esquecidos são o esteio e os herois de seus filhos.
Pena que, em muitos casos, e tenho certeza não é o seu caso, os filhos não reconhecem essa realidade e só depois, muito depois de perderem esse bem, vão se darconta do que perderam.
Aí já é tarde e a Inês é morta.....

Arthur Miranda - Tutu disse...

Ah! já sei agora entendo, a ideia do pessoal escrever sobre o Pai para o dia dos pais, era a de matar a gente de saudades do próprio pai.
Estou emocionado Modesto, e ao mesmo tempo preocupado pois acho que quando eu morrer, não sei se os meus filhos irão ter saudades minhas, como eu tenho do meu, e como você tem do seu.
Então aqui vai um conselho para os Pais que ainda estão nesse mundo.
Seja sempre aquele pai que após sua morte, seus filhos possam sentir saudades de você, Parabéns Modesto, tenho certeza que você é e sempre foi aquele Paizão. E pai-se bem.

Soninha disse...

Olá, Modesto!

Deus delegou aos homens esta responsabilidade,permitindo, assim, que os filhos chamassem de PAI os que tem esta missão na Terra... Trazerem ao mundo, através da fecundação,uma nova vida e protegê-la para o resto da vida.
Pai lembra isto... Continuar a obra de Deus...proteger,amparar,ajudar,encaminhar,aconselhar,indicar,acolher, etc...
Ah, que saudade de meu amado pai! Lembro dele todos os dias. Ele é minha referência boa.
Que Deus abençoe meu querido pai onde ele estiver. Abençoe seu pai também...e a todos os pais!
Linda história, a sua, Modesto.
Obrigada.
Muita paz!
Feliz dia dos pais!

suely aparecida schraner disse...

Muito legal o seu texto! Parabéns e mantenha esse talento paternal! Abraço.

Zeca disse...

Modesto!

Parabéns pelo belíssimo e emocionante texto relembrando não apenas o seu amado pai, mas reafirmando o grande amor que você tem por ele!

FELIZ DIA DOS PAIS!

Abraço.

Wilson Natale disse...

Bellissimo testo, caro Larù!
Ainda existe o Carrosel Napolitano,que antes eram feitos nos teatros e atualmente, com o nome de Concerto ou Festival da Música Napolitana é realizado ao ar livre. No concerto ouve-se as velhas músicas, as novas e novíssimas músicas napolitanas.
Até os anos 30 era comum os vendedores de partituras de música. Qual os jornaleiros eles saiam às ruas apregoando os lançamentos da Casa Ricord.
Abração,
Natale