domingo, 21 de abril de 2013

Sarita Montiel e outras lembranças




Na última segunda-feira, dia 8/4,  faleceu na Espanha a famosa artista e cantora Sarita Montiel; tomo a liberdade de transcrever um comentário feito pelo jornalista Ruy Castro, publicado na Folha de São Paulo, edição do dia 13/04/2013 sob o título "No Terraço Com Sarita":
"Sarita Montiel, cantora e atriz espanhola, morreu na segunda-feira em Madri, aos 85 anos, segundo as agências. Sarita, 85? Que mentira. Todos sabemos que ela nunca passou dos 31, 32 - quando sua beleza siderava as plateias em filmes como "A Última Canção", "La Violetera" e "Carmen de Ronda". Você perguntará: quem "sabemos"? Nós, os garotos que víamos Sarita no cinema, nas revistas ou nas capas dos LPS, e perdíamos o sono pensando em seus olhos verdes, cabelos castanhos, lábios carnudos  - e em seu decote (os adolescentes não são muito espirituais em suas fixações). Por Sarita, e apenas por ela, ficávamos até o fim daqueles horríveis filmes espanhóis, gemendo de inveja dos galãs e torcendo para que, ao cantar, ela arfasse ao tentar certas notas e seu decote revelasse mais um pouco do que pareciam duas pequenas obras-primas. O apogeu de Sarita foi entre 1958 e 1962. Os EUA a ignoravam, mas ela tinha a Europa, o México e a América do Sul. E, quando digo que Sarita nunca passou dos 31, 32, é porque, dali - a partir, talvez, de "Meu Último Tango"  ou "A Rainha do Chantecler" -, começamos a trocá-la por paixões mais próximas e palpáveis. Quem sabe sentindo-se traída, foi saindo das telas aos poucos e, com isso, poupou-nos de vê-la envelhecer. Mas, no auge do estrelato, Sarita veio ao Rio, e Ivan Lamounier, presidente da distribuidora Condor Filmes, deu-lhe uma festa em sua cobertura no Leblon. Todo pessoal do cinema foi convidado. A noite era de lua cheia; a música, ao vivo, e o implacável galã nacional Anselmo Duarte tirou Sarita para dançar no terraço. Nascia ali um romance? Bem, se o romance aconteceu, não sei. Só sei que, ao sair à noite nesse mesmo terraço, onde hoje moro, vejo Sarita e Anselmo  dançando ao luar e me surpreendo gemendo de inveja do Anselmo."
 
Assim meus amigos, como o jornalista, eu também me surpreendo sentindo saudades da noite de um sábado quando, na fila para tirar ingresso, estava ansioso para assistir o famoso filme "La Violetera" na tela do hoje extinto Cine Anchieta (ou será o Samarone?) não importa, o certo é que essa artista realmente mexia com nossas emoções.

Puxando pela memória não posso deixar de citar outra famosa artista (para mim a mulher mais bela que já vi); estou falando de Maria Félix a grande estrela do cinema mexicano. Ainda guardo em minha memória as cenas dos filmes "A Deusa Ajoelhada", "Quarta-Feira de Cinzas" e "Dona Diabla" nos quais ela contracenou com o não menos famoso Arturo de Cordoba, estes filmes eu assisti no também já extinto Cine Alhambra, lá na Rua Direta, junto com meu falecido amigo Fausto Rovella e, confesso a vocês: essa mulher também me fez gemer de inveja do Arturo e conseguia mexer com a libido nos meus primeiros anos de adolescência.
São doces memórias de personagens que, de uma forma ou de outra, fazem parte do nosso saudoso passado.



Por Leonello Tesser (Nelinho)

5 comentários:

Soninha disse...

Olá, Nelinho!

Velhas lembranças, boas recordações...
Eu lembro do filme La violetera... vi quando ainda era menina e a canção marcou, pois era singela, alegre... Ao meno para mim.
A vida é assim mesmo; vão-se os ídolos e vem outros; todos marcam nossa vida, de uma maneira ou de outra.
Valeu, Nelinho.
Muita paz!

Miguel S. G. Chammas disse...

Nelinho, juro de pés juntos que fomos, os dois e mais uma multidão de jovens, fieis admiradores dessa mulher que, além de belíssima, ainda cantava e muito bem.
Ainda hoje, fecho meus olhos e a vejo cantando "Volver" e volto a considerar que vinte años no es nadia...

Zeca disse...

Nelinho!

Bela e merecida homenagem àquela que foi, sem sombra de dúvida, um dos ídolos da nossa juventude. Era fã dela, tanto pelos filmes quanto pelos discos e, como diz o jornalista, também me sentia fascinado pelo que os generosos decotes revelavam... e para completar, outra homenagem prestada à não menos fascinante Maria Félix!
Bons tempos aqueles em que adolescentes, como fomos, se fascinavam com o produto da imaginação, favorecido por decotes sensuais e olhares provocativos!

Abraço.

margarida disse...

Nelinho, linda sua homenagem a esta bela mulher que mexeu com os corações masculinos. Lembro da musica La Violetera, todos gostavam de cantar. parabéns pelo lindo texto, um abraço.

Wilson Natale disse...

Nello:
Cá entre nós, que ninguém nos ouça,"Y que pechos tenía la Montiel,Diós mio"!!!
Sarita foi uma das maiores atriz-cantora que o mundo já viu.
O primeiro que vi foi "La Violetera". Depois, um a um, vi todos.
Linda, sedutora, voz "caliente", encantava a todos.
Uma homenagem mais que justa a sua.
Mas Sarita não morreu! Continua nos filmes. Não nas telas dos cinemas, pois estes quase não existem, mas nos clips do YouTube, na Internet.
Quanto a Maria Félix, a "Grande Damme" do cinema mexicano,e, também do cinema francês,eu a defino como todos a definiam: "Grande y la unica".
Valeu pelo texto e lembranças.
Abração,
Natale