quinta-feira, 11 de abril de 2013

Como destruir um casamento bem rápido





Metro lotado, desde o Terminal Jabaquara, como todos os dias.
Eu vinha da Praia Grande com meu carro e o deixava num estacionamento, ali perto do terminal e utilizava o Metro, linha azul, até a Estação República, fazendo a baldeação para a linha verde na Estação Ana Rosa.
Naquela manhã eu vinha pensando em como conciliar o trabalho que eu vinha realizando e as viagens de treinamento nos postos Poupatempo em vários municípios paulistas, quando encontrei uma amiga que não via há muito tempo, a Selma.
Depois dos cumprimentos saudosos, notei que ela estava triste, com a fisionomia sorumbática, fui logo perguntando se ela estava bem de saúde e se estava tudo bem em sua casa, com seus familiares.
Era exatamente essa a “deixa” que ela queria ouvir e, sem pestanejar, foi logo me contando sobre a péssima situação conjugal que estava vivendo.
Depois de tanto tempo separada e sozinha, ela encontrou um homem bom, também separado que, depois de algum tempo de namoro, resolveram morar juntos. Tudo corria bem no início, mas depois de certo tempo, ele se acomodou e se transformou num verdadeiro “muro de lamentações”, só reclamando de tudo.
Ela já não via mais no companheiro o homem gentil, romântico, solidário, cúmplice de antes.
Todos os dias eram recheados de “uis” e “ais” sem fim... Dores daqui, dali; não havia parte do corpo que não doesse.
Não bastasse isso, aquele companheiro que era só elogios para toda e qualquer comida que ela fizesse, hoje só colocava defeitos em tudo.
Acomodado, preguiçoso, sem iniciativas para nada, estava transformando a vida dela numa frustração muito grande, deixando-a cada vez mais decepcionada e triste.
Ela exercia sua atividade profissional exaustivamente e, quando voltava para casa, ainda tinha de cuidar dos afazeres domésticos e de seu companheiro reclamão.
Por mais que eu tentasse animá-la com aquelas velhas frases feitas, ela não melhorava. Disse-me que, além de tudo isto, tinha de ouvir, constantemente, de seu companheiro, ser chamada pelo nome da ex-esposa do dito cujo, coisa que a humilhava por demais. Tive de concordar.
Quando nos aproximávamos da estação Ana Rosa, tive de me despedir de minha amiga Selma. Com um abraço bem apertado, desejei que tudo melhorasse em sua vida.
Ao embarcar no outro conjunto de vagões, fiquei pensando como algumas pessoas conseguem estragar tudo tão rápido.
Relações humanas são complicadas, eu sei... Por isso precisam ser cultivadas, cuidadas... Precisam de olhares especiais, de trato, de carinho, de comprometimento, de respeito...
Homens e mulheres acabam gastando um tempo tão precioso e perdendo, acima de tudo, a oportunidade de serem felizes.
Vale pensar a respeito, né?
Muita paz!




Por Sonia Astrauskas

9 comentários:

Teresa disse...

Quando ouço (leio) este tipo de história, fico pensando no egoísmo do ser humano. Ainda outro dia, ouvi uma história parecida: ela chegava do trabalho, bem mais tarde que ele e já o encontrava dormindo porque, segundo dizia, estava cansado. Pela manhã, mal se viam, pois ele saia bem cedo. Entretanto, no final de semana, que ela esperava ansiosamente para fazer um programa, ele saía para jogar futebol com os amigos, pela manhã e voltava cansado, cheio de cerveja e ia dormir. E os dias foram passando, a vida foi ficando mais difícil, os sonhos desmoronando, até que um dia ela se cansou, passou a mão nos filhos e foi-se. Se está mais feliz, não sei. O que sei é que ele até agora não entendeu como ela pode fazer isso com ele.

Unknown disse...

A vida é repleta de encruzilhadas e bifurcações; às vezes é preciso que se saiba andar sobre um pantanal escorregadio para se chegar em terra firme e segura.
Tormentas existem para serem vencidas.
As oportunidades não devem ser desprezadas, mas se necessário, quando nada mais houver para ser resgatado, o final deve ser aceito.
Fico entristecido com a situação dessa moça e gostaria de poder confortá-la.
Às vezes, pequenas palavras podem ser a solução de um grande problema.

Miguel S. G. Chammas disse...

O comentário acima é de m inha autoria.

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Soninha, uma relação a dois precisa ser cultivada diuturnamente, é preciso haver respeito e sobretudo espírito de renúncia de ambas as partes, quando só uma se sacrifica a coisa não dá certo, fico penalizado com a situação de sua amiga e espero que ela consiga superar tudo isso.-

margarida disse...

Soninha, tenho uma amiga que passou por isso também, depois de 10 anos de relacionamento seu parceiro se transformou, passou a beber demais, não gostava mais de sair com ela e só reclamava. Um dia ela se cansou de tudo isso, pegou suas coisas e foi embora. Não sei se está mais feliz porque faz tempo que não encontro com ela, mas pelo menos ficou livre daquele tormento. Viver a dois não é fácil, precisa de amor, respeito e nada de egoismo. Espero que sua amiga fique em paz.

Zeca disse...

Soninha,

a história da sua amiga, infelizmente, é semelhante a tantas outras, como podemos ver pelos comentários. O ser humano carrega consigo tanto egoísmo que se torna incapaz (mesmo sendo uma pessoa de bem) de ver no outro as necessidades próprias de uma vida compartilhada.
Esses casos parecem mostrar claramente a diferença evolucional entre os dois espíritos. E aquele menos evoluído não se importa em sugar não apenas a energia física, mas também os sentimentos do outro. Não percebe que, neste plano, eles estão se distanciando cada vez mais.
Nesses casos, por mais doloridas que sejam as separações, a única saída acaba sendo essa. Para que a pessoa que se sente em desvantagem na relação possa seguir seu caminho sem um fardo tão pesado em suas costas. E possa seguir em sua evolução espiritual sem o prejuízo dos sentimentos negativos que uma relação em desequilíbrio acarreta sempre.

Abraço.

Arthur Miranda disse...

Situações como essa já destruíram muitos "enlaces matrimoniais" de muitos filhos e filhas de Adão e Eva.
Parabéns Sonia, pelo ótimo texto.

Modesto disse...

Um relato exemplar a nos mostrar o quanto é inesperado o comportamento humano, quando exposto em nova situação, mudando completamente seu norte. Bem relatado, Sonia, sua escrita envolve o leitor de maneira emocional e agradável. Parabéns, querida.
Modesto

Wilson Natale disse...

Soninha:
Se eu estivesse no seu lugar, eu sairia do metro feliz e alividado correndo atrás da minha vida. (risos)
Eu explico: Você ouviu o "drama" da sua amiga acomodada falando do seu atual e acomodadíssimo companheiro.
Se ela deixasse de lado o comodismo, imporia limites, discutiria os prós e contras do relacionamento e, fosse o caso, poria um ponto final na relação e partiria em busca de outra menos problemática.
Tem um mundo de gente assim po aí, dispostas a não fazer nada, a não ser comprazer-se em lamentar-se.
Então, Soninha, lembra sempre do que eu (disse) escreví. Quando alguém vier a lamentar-se, pensa sempre em quem é o acomodado, se o acomodamento é mútuo. Se mútuo, não entre na faixa de pessimismo da pessoa.E seu dia estará a salvo.
Guarde as suas boas energias e equilíbrio para qem realemnte necessita. No mais, ouça apenas.
Ótimo texto!
Abração,
Natale