quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Vidência

Imagem: Fachada do Centro Espírita Ana Viera
 
- E estas crianças, vão ficar ali?
- Que crianças?
- Aquelas ali, sentadas nas cadeiras do corredor?
- Eeeehhh... Vamos embora... Não tem ninguém ali, não! 
Explico: 
O Centro Espírita Ana Vieira fica situado na Mooca, na Rua Entá. Ali, estudei e colaborei por 31 anos, e agradeço imensamente a Deus por esta oportunidade.
Os sábados eram especiais na casa, pois eram dedicados às crianças e jovens e, também, a todos os que não podem ir ao Centro durante a semana, como é até os dias de hoje.
Eu adorava, pois eu ia ao Centro e colaborava na assistência espiritual (passes) e, depois, dava aulas nos cursos de Educação Mediúnica e Aprendizes do Evangelho.
Alguns pais e mães aproveitavam o sábado para levar seus filhos para os passes e aulinhas de Moral Cristã para a garotada e, também, ficavam para seus cursos, que sempre aconteciam após o atendimento às crianças. Alguns deles até levavam as crianças para casa e voltavam para as aulas, mas, os que moravam um pouco mais longe, ficavam com as crianças no Centro mesmo... Elas podiam ficar na biblioteca ou numa sala, desenhando, lendo, escrevendo, conversando, etc, até seus pais terminarem as aulas.
Certa ocasião, eu já havia terminado a minha aula e vários outros colegas também. E nós tínhamos o hábito, até por orientação, fecharmos o portão à chave, deixando em segurança os que ainda estavam em aula.
Eu costumava dar uma carona de carro para nosso querido presidente do Centro, o Sr. Gonçalves, que morava na Rua Dr. José Higino (perto do Centro), mas com uma ladeira e tanto para subir. Naquele sábado não foi diferente... Terminei minha aula e o Sr. Gonçalves também terminou seus afazeres. Fomos em direção à saída, cuidando por fechar a porta dianteira de acesso ao Centro que, naquela época, ainda sem passar pela reforma, tinha a escada de acesso ao andar superior dentro do salão principal.  Ele já ia fechando a porta e eu perguntei para ele sobre aquelas crianças que eu via sentadas nas cadeiras do corredor do andar de cima, pois de lá de baixo conseguíamos ver o corredor superior. E ele, com seus olhos azuis e arregalados, olhava para cima e me olhava em seguida, perguntando: - Que crianças? E eu: - Aquelas que estão lá em cima, sentadas nas cadeiras.
Ele foi fechando a porta rapidamente, me puxava pelos braços e dizia:
- Eeeehhhh... Vamos embora, Sonia... Não tem ninguém lá, não!
E lá fomos nós, rindo. Sim, porque ele sempre dizia que era espírita, mas que era cego, surdo e mudo, mediunicamente falando, e a situação mostrava que era outro tipo de crianças que só eu via e ele não... Ao menos aquele dia.
Ao longo destes 31 anos, muita coisa pudemos vivenciar.
Qualquer hora destas volto a contar.
 
 
Por Sonia Astrauskas

9 comentários:

Miguel S. G. Chammas disse...

Aleluia!
Novo texto seu. Como sempre, muito bem escrito e de forma bastante casual.
Esses mistérios da nossa materialidade causam, na maioria das vezes, arrepios naqueles que não conseguem acreditar, mas morrem de medo.
Adorei. e peço para não nos fazer esperar muito tempo para nos presentear com novos textos.

Teresa disse...

Simples e certeiro. Gostei. Eu não vejo e não escuto; apenas pressinto, intuo e falo. E espero falar palavras certas, na hora certa, para a pessoa certa, como você.

Modesto disse...

Um momento vivido por vc, Soninha, sem dúvida estranho para quem crê e quem não, mais ainda, pois foi relatado pela Sônia e inventar estes fatos não é a praia dela. Para se ter esse dom, basta ter fé. Suficiente? não sei, a Soninha vai nos dizer. Parabéns, Sonia. (por insistência de minha filha Myllene, comecei a frequentar o centro "Madala", do Butantã). Um forte abraço.
Modesto

Zeca disse...

Soninha,

reforço o que disse o Miguel: não nos faça esperar muito por novos textos tão bons quanto este.
Parabéns pela ativa participação nas atividades do centro. Sei que acrescentou muito durante o tempo em que esteve lá. E que deixou saudades em todos que conviveram com você.
Agora, só resta aguardar o próximo capítulo. Quando o relato é bom, ficamos com gosto de quero mais.

Abração.

margarida disse...

Videncia é um privilegio, um presente de Deus! Aproveite para usá-la para o bem e a paz das pessoas. Parabéns ao trabalho no centro, nada melhor como incluir nos projetos de vida esta doação.Um texto gostoso como sempre e me junto aos outros, não demore para voltar.Um grande beijo.

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Soninha, como sempre nos apresenta um texto muito bem redigido, há muitos mistérios no mundo espiritual, eu mesmo já tive algumas experiências sôbre o assunto, abraços, Nelinho.

Wilson Natale disse...

SONINHA:
Situação como essa assusta e ao mesmo tempo nos maravilha. Ver alguém, ou algo que só a gente vê.
E o bom disso é que serve a confirmar que há vida além da vida.
Abração,
Natale

Soninha disse...

Oieee, queridíssimos amigos!

Independente de crença, hoje a ciência já comprova, ou, nos mostra a condição normal de muitas destas capacidades psíquicas.
Décadas de estudos de minha parte e muito mais décadas de pesquisas científicas, nos deu esta segurança de falar sobre este assunto aqui.
Só quero enfatizar que, o que me levou a escrever isto, foi falar sobre este pedacinho da Mooca, bairro tão querido de Sampa, e falar sobre esta entidade filantrópica que é o Centro, onde realiza não só os estudos e o atendimento espiritual, mas, também, as obras assistenciais ao mais carentes da região.
O Centro é mantenedor da Creche Irmã Chiquinha, também lá na Mooca e a Casa de Amigos, onde ajuda mais de 400 moradores em condição de rua.
Obrigada pelos generosos comentários.
Muita paz a todos! Beijossss

Bernadete disse...


Soninha, desde criança,vejo muito mais do que desejo. As vezes chega ser assustador,mas não enxergo isso como religião. Ainda não sei como lidar com as visões e algumas premonições e,simplismente vou levando. Aguardo mais relatos. Quam sabe não me ajudam a entender essa videncia! Bjos amiga / Bernadete