Em 1969, quando sai do Braz para morar em minha casa, primeira
propriedade adquirida pelo antigo BNH, Banco Nacional de Habitação, de triste
memória. A única obra de moderna arquitetura que o BNH construiu foi no Rio de
Janeiro, um edifício com todas as mordomias que se possa imaginar aos seus
funcionários, desde piscina, ginásio poliesportivo, teatro, escola de balé,
churrasqueira para os fins de semana, carros de última série e tudo a custa das
arrecadações que o governo fazia por conta dos descontos nas folhas de
pagamento dos trabalhadores do Brasil inteiro... Espera um pouco, não é sobre
isso que quero falar agora.
Tive minha casa à custa desse empreendimento, então não deveria me queixar. A forma de pagamento das prestações para Continental é que eram umas monstruosidades. A correção monetária, na época, era de meter medo. As prestações eram corrigidas trimestralmente e muitos dos “adquirentes” não aguentaram. Pouca gente sabe que essa aberração foi criada pela famosa revolução de 1964.
Naquele tempo nasceu nossa quinta filha, Mylene. Com cinco filhos a Myrtes não titubeou, arregaçou as mangas e disse: “Mo, você não vai sozinho poder enfrentar estas prestações, vou te ajudar”. Imediatamente, com 36 anos, cinco filhos, o mais velho Maurício com 15 anos, observou as dificuldades de todos os casais que tinham filhos em idade escolar, escolas distantes dos bairros em que moravam antes de vir para o parque. Imediatamente se propôs:
- Vou tirar carta de motorista, vamos entrar em uma prestação e comprar uma "kombi" para levar as crianças nas escolas da periferia. Pode deixar que as prestações vão ser pagas e ainda vamos ganhar mais alguns para nossa poupança.
Dito e feito, compramos o veículo e ela inaugurou transporte escolar aceito por todos os moradores. Cuidava da casa, lavava, cozinhava, cuidava dos filhos, compra de roupas, médicas quando precisava. Sobrava tempo para passeios, viagens, acampamentos (fui sócio por muitos anos do CCB) que fazíamos com a Kombi.
Eu, vendedor, saia de manhã e só voltava à noite; a Marginal só existia parcialmente (os viadutos do "Cebolão", encontro do Tietê com o rio Pinheiros ainda não existia). A felicidade mora conosco desde então. Prometo a vocês contar algumas situações que ocorreram nestes 55 anos de casados, não quero cansar com leituras de longos textos. Apenas deixar um pouco para traz, o Braz (nunca esquecê-lo), e me ater ao Parque Continental e mostrar a todos a valorosa mulher que é a Myrtes. Na próxima narrativa vou contar como o... não, não, esperem e verão.
Tive minha casa à custa desse empreendimento, então não deveria me queixar. A forma de pagamento das prestações para Continental é que eram umas monstruosidades. A correção monetária, na época, era de meter medo. As prestações eram corrigidas trimestralmente e muitos dos “adquirentes” não aguentaram. Pouca gente sabe que essa aberração foi criada pela famosa revolução de 1964.
Naquele tempo nasceu nossa quinta filha, Mylene. Com cinco filhos a Myrtes não titubeou, arregaçou as mangas e disse: “Mo, você não vai sozinho poder enfrentar estas prestações, vou te ajudar”. Imediatamente, com 36 anos, cinco filhos, o mais velho Maurício com 15 anos, observou as dificuldades de todos os casais que tinham filhos em idade escolar, escolas distantes dos bairros em que moravam antes de vir para o parque. Imediatamente se propôs:
- Vou tirar carta de motorista, vamos entrar em uma prestação e comprar uma "kombi" para levar as crianças nas escolas da periferia. Pode deixar que as prestações vão ser pagas e ainda vamos ganhar mais alguns para nossa poupança.
Dito e feito, compramos o veículo e ela inaugurou transporte escolar aceito por todos os moradores. Cuidava da casa, lavava, cozinhava, cuidava dos filhos, compra de roupas, médicas quando precisava. Sobrava tempo para passeios, viagens, acampamentos (fui sócio por muitos anos do CCB) que fazíamos com a Kombi.
Eu, vendedor, saia de manhã e só voltava à noite; a Marginal só existia parcialmente (os viadutos do "Cebolão", encontro do Tietê com o rio Pinheiros ainda não existia). A felicidade mora conosco desde então. Prometo a vocês contar algumas situações que ocorreram nestes 55 anos de casados, não quero cansar com leituras de longos textos. Apenas deixar um pouco para traz, o Braz (nunca esquecê-lo), e me ater ao Parque Continental e mostrar a todos a valorosa mulher que é a Myrtes. Na próxima narrativa vou contar como o... não, não, esperem e verão.
Por Modesto Laruccia
7 comentários:
Olá, Modesto!
Realmente, Myrtes teve a fibra das grandes mulheres, das mulheres fortes e determinadas...
Com 5 filhos e ainda conseguia transportar crianças para escola e cuidar da casa e da família!
Fantástica!
Que bacana você nos contar estas histórias. Adorei!
Obrigada.
Muita paz! Beijosssssss
Modesto, a Myrtes não só dimanica, mas uma mulher de muito valor movida pelo mais nobre sentimento que existe, o amor. Amor a você, aos filhos e a família. Que sorte a sua!Um beijos pra vocês.
Laruccia!
Só observar vocês dois já emociona, pois os olhares denunciam os longos anos de amor que os une! Parabéns pela mulher determinada, corajosa, forte o suficiente para encontrar uma forma de conciliar as lides domésticas, que são muitas, com o cuidado dos filhos e do marido e, de quebra, ganhar um dinheiro extra para desafogar o amado e proporcionar um pouco de lazer para todos. E parabéns a você por ter sido o companheiro ideal para uma mulher como ela!
Estou ansioso para a continuação...
Grande abraço.
55 anos de casados! Que beleza de história que vocês devem ter juntos. Aguardo a segunda parte. Um abraço.
Modesto, aguardo ansioso a continuação da Historia: Myrtes A MULHER CORAGEM que pelo trailer apresentado vai dar um grande IBOPE por muitos dias, Essa eu e a Denise vamos acompanhar com carinho, já que não vemos as da Globo e muito menos as da TV Record. manda mais modesto, depressinha,com URGÊNCIA, que eu tenho certeza vai emocionar todos nós, como tudo o que você escreve. Parabéns pela brilhante ideia.
LARÙ, mio caro:
Donna Myrtes è davvero una donna cento per cento!
E você também, pois não tolheu as iniciativas dela. Ao contrário, deu todo o seu apoio.
E falo isso porque, naqueles anos 60, e nos 70 e, acho, até hoje existem aqueles machistas que preferem ver a mulher e os filhos pssarem necessidades do que deixar a mulher trabalhar.
E, nos anos 50,60 a coisa era bem pior.
Acho que é essa capacidade de aceitação mútua,cumplicidade e liberdade de ação em comum acordo,e,o amor são os ingredientes do casamento de vocês que dura 55 anos.
Minha avó aconselhava aos filhos e filhas, netos e netas que:
"Um casal foi feito, não para andar um na frente do outro e sim, lado a lado, para um amparar o outro".
Baci in testa!
E anche tré viva a la Kombi!
Natale
Modesto, que vergonha! só hoje eu lí a história da Kombi escolar, êta mulher valorosa! foi à luta e não deixou a peteca cair, você é um homem de sorte, parabéns à Myrtes, abraços, Nelinho.-
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