quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Um Pierrot e sua Colombina


Recebemos este comentário para o texto de Miguel Chammas, "Memórias de um assunto redivivo", mas, vocês concordarão comigo, se trata de um verdadeiro preito de amizade, carinho e respeito deste queridíssimo amigo José Carlos Munhoz Navarro, amigo irmão de Miguel, desde a adolscência, que consideramos um verdadeiro texto, merecedor de ser postado neste espaço tão querido.
Entrego-lhes, com meu carinho de sempre.
Muita paz!

Entro como intruso em teu site.
Sorrateiro, à primeira hora da manhã, aqui no escritório, antes que os demais cheguem.
Deparo-me com o texto, reluto, vai me tomar de assalto, vou me sensibilizar, penso, amanhã eu entro e leio, fica melhor.
Mas qual, o dedo desobedece e clica, foi-se a razão, mais uma vez o coração foi mais forte e venceu o cérebro, que se julga soberano.
Li, reli, ouvi, como tantas vezes li e cantei ao longo destes tantos anos.
Soará piegas aos insensíveis, soaria triste aos desafortunados,como deve ter soado vazio aos insensatos, mas qual, retruco, o resultado é indiferente, o que representa mesmo é a sina do Pierrot e de seu criador.
Não me sinto triste como sei que não te sentes também; somos donos, criador e ouvinte, privilegiados de uma pequena ode a um momento maior que vislumbrastes e que fostes capaz de antever o que iria acontecer contigo quase cinquenta anos depois.
Há uma nova vida Pierrot.
Por menor que ela seja, vejo-a intensa, os teus dez, vinte, trinta carnavais que se aproximam se somarão aos setenta que já passastes e cantarolastes sonhador, sempre.
Deixo à parte os elogios, não precisas deles.
Foram carnavais ensolarados e chuvosos, como todos os Pierrots da vida tiveram e terão. Desfilastes altivo, sofrestes descompassos, tirastes notas altas e baixas. Acompanhei-te sempre. Mesmo turbinados por um Gordini temperamental que teimava em nos pregar as mais complicadas peças, caminhamos juntos, descobríamos vielas, enfrentamos os lugares mais difíceis, buscávamos concretizar um sonho e cantarolando tua música, sem querer, nós entravamos nela e fazíamos dela a nossa própria existência.
Há uma Colombina poeta, sempre houve uma Colombina.
Cabia tão somente a ti deixar tudo de lado e fazer um novo final, como modestamente sempre te pedi.
E tu começastes há algum tempo viver este novo final.
Abençoado sejam, ambos.
O Pierrot e sua Colombina.

Por José Carlos Munhoz Navarro

5 comentários:

Miguel S. G. Chammas disse...

Zé, com teimosas gotas querendo transbordar dos meus olhos, um enorme nó de emoção me roubando a respiração e com as mãos tremulas de um feliz nervosismo, me atrevo a comentar teu texto e dizendo apenas uma palavra: Obrigado!

Luiz Saidenberg disse...

Realmente, uma boa ideia, ligar a vida do criador à sua música. Nosso caro amigo finalmente descobriu mesmo sua Colombina, com ela ainda interpretando lindamente a melodia, então nada a lamentar: tudo está bem quando termina bem.

Zeca disse...

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Navarro!

Belas e emocionadas palavras que, por sí só já dizem tudo! O Pierrot, finalmente encontrou sua Colombina para, juntos, interpretarem a marcha das suas vidas!
Parabéns pelo belo texto!

Abraço

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Soninha disse...

Olá, José Carlos, querido amigo!

Ficamos muito comovidos com seu comentário sobre o texto do Miguel e, também, com sua emoção quanto à marcha rancho, cuja história da composição e todos os acontecimentos que giraram em torno dela.
É um pouco de sua história também, mesmo porque, vocês dois já compuseram algumas letras memoráveis e que, lamentavelmente, não sairam do papel... Nunca ninguém as ouviu...
Quem sabe, poderemos tirá-las do papel e levá-las para um CD, que poderemos gravar no estúdio do Prof. Nelder Correa.
Mesmo que não fiquem famosas, mas, o sonho de vê-las em CD para que nós e nossos familiares e amigos possamos ouvi-las, já nos trará imensa satisfação.
Valeu, amigo.
Obrigada.
Muita paz!

Laru disse...

Encantadora, nobre, justa, honrada e sincera homenagem a um AMIGO de longa data. Estou distante dos acontecimentos dessa invejável união mas, isso não impede de sentir a que ponto chega o gráu de uma boa amizade. Navarro, vc foi e ainda é um grande amigo do casal Sonia\Miguel. Isso está evidenciado nesse formidável comentário feito sobre o texto e a voz do casal "12", que, de tão jovens, com esse texto, eles renascerão a partir de 2012. Fico feliz de estar em contato com pessoas que me fazem acreditar que a humanidade ainda tem esperanças. Estas amizades são provas de que nem tudo está perdido. Salve a feliz e eterna amizade, Muito obrigado, digo no lugar do Miguel e da Sonia. A mim essa manifestação fez um bem muito especial.
Laru