O menino de óculos e seus dois irmãos iam todas as manhãs para a escola na
Rua Pintassilgo, em Moema, onde estudavam desde o maternal, curtiam muito a
escola e todos os amigos.
O menino de óculos, apesar da sua baixa visão, não media esforços para superar os obstáculos que surgiam no seu dia a dia, principalmente os referentes aos estudos. Contava com a colaboração da família e de um e outro amigo para a gravação de algumas aulas e dos livros de literatura. Com sabedoria e determinação foi criando mecanismos que facilitassem os seus estudos e nem as dificuldades foram obstáculos para que ele sempre se destacasse como um ótimo aluno.
No ano de 1980 especificamente, assim que o menino de óculos entrava na escola e se separava dos irmãos, o menino Henry vinha ao seu encontro gritando:
- Bom dia, quatro olhos.
Durante esse ano letivo Henry foi intensificando suas ofensas, passando a xingar e fazer terríveis imitações, mas, normalmente tudo isso era feito quando não havia colegas e professores por perto; enfim, tudo era feito covardemente.
O menino de óculos procurava se esquivar, não dar importância a tanta agressividade, mas aquilo tudo sem dúvida mexia muito com ele.
Um dia, durante o recreio, Henry resolveu sacanear, zoar de todas as maneiras o menino de óculos e, dessa vez, fez questão de fazer tudo na frente de todos que por perto estavam. Durante bons minutos repetiu insistentemente suas maldosas frases.
Alguns professores, alunos e seus irmãos, presenciando tudo aquilo, foram se aproximando... O menino de óculos, de cabeça erguida, caminhou lentamente em direção ao Henry e quando chegou bem perto, cara a cara, uma roda foi se formando
O menino de óculos, apesar da sua baixa visão, não media esforços para superar os obstáculos que surgiam no seu dia a dia, principalmente os referentes aos estudos. Contava com a colaboração da família e de um e outro amigo para a gravação de algumas aulas e dos livros de literatura. Com sabedoria e determinação foi criando mecanismos que facilitassem os seus estudos e nem as dificuldades foram obstáculos para que ele sempre se destacasse como um ótimo aluno.
No ano de 1980 especificamente, assim que o menino de óculos entrava na escola e se separava dos irmãos, o menino Henry vinha ao seu encontro gritando:
- Bom dia, quatro olhos.
Durante esse ano letivo Henry foi intensificando suas ofensas, passando a xingar e fazer terríveis imitações, mas, normalmente tudo isso era feito quando não havia colegas e professores por perto; enfim, tudo era feito covardemente.
O menino de óculos procurava se esquivar, não dar importância a tanta agressividade, mas aquilo tudo sem dúvida mexia muito com ele.
Um dia, durante o recreio, Henry resolveu sacanear, zoar de todas as maneiras o menino de óculos e, dessa vez, fez questão de fazer tudo na frente de todos que por perto estavam. Durante bons minutos repetiu insistentemente suas maldosas frases.
Alguns professores, alunos e seus irmãos, presenciando tudo aquilo, foram se aproximando... O menino de óculos, de cabeça erguida, caminhou lentamente em direção ao Henry e quando chegou bem perto, cara a cara, uma roda foi se formando
e o menino de óculos esbravejou bem forte para que o menino maldoso e,
quem sabe, o mundo também, pudesse ouvir:
-Tenho certeza que a partir de hoje você nunca mais vai sacanear alguém, quem sabe hoje você vire gente e passe a ter respeito pelo outro e, numa questão de segundo, lhe desvencilhou um único e certeiro soco. Os amigos e professores fecharam a roda, deixando o Henry de fora.
O menino de óculos sou eu, Arthur , esta história tem 30 anos e essa atitude
covarde do valentão e maldoso Henry, hoje tem um nome: bullying.
Por Arthur Minniti
15 comentários:
Experiência terrivel!
Linda forma de estrear em nosso blog.
Escreva mais e volte a nos deleitar com seus textos.
Grande chara, adorei manda mais e seja bem vindo. Agora já somos dois Arthures com H. e atualmente eu também sou quatro Olho para ver de perto, rsrsrs.
Olá, Arthur!
Seja bem vindo entre nós!
Tema forte e bem a propósito mesmo, pois vivemos num mundo recheado de bulling.
Sua experiência, embora dificil, é o que acontece a tantas crianças, jovens e aduktos, ontem, hoje e sempre, né!
Lembro-me que quando eu era criança, na escola, também sofria piadas...eu era bem magrinha e tinha os dentinhos tortos...as outras crianças me chamavam de "pau de virar tripa" e também de dentuça. Eu ficava triste, mas, nem me importava com eles todos.
Já adulta, sofri vendo meus filhos sendo chamados de "astronauta" por conta de nosso sobrenome Astrauskas.
Tenho minha neta mais velha, a Nathalia, que é gordinha e sofre demais por isso. Bulling pesado... que a fez se afastar da escola, sofre de pânico e faz tratamento para depressão infantil...tudo por conta desta sociedade discriminativa e incauta, que age dementadamente pela falta de cultura e educação.
Quando teremos um mundo melhor?
Resta-nos dar os primeiros passos, através dos bons exemplos. Atitude é tudo!
Valeu, Arthur.
Obrigada.
Muita paz!
olá, arthur
historia bonita, de um menino forte q venceu nao só esse, mas varios henrys malvados da vida.
beijo carinhoso, da amiga da sua mae, e sua amiga tb,
cristina k.
Situação terrível para uma criança bem criada e forte de sentimentos, as situações pelas quais vc passou. Eu também passei por isso, em doses muito maiores, durante 2 horríveis anos, como o único aluno negro no Colégio Santo Agostinho. Eu era visto como uma aberração por alunos, padres professores e professores leigos. O fato de eu ser bom aluno os espantava, os deixava boquiabertos e às vezes eu era tratado como 'avis rara', apresentado às pessoas como se eu fosse um fenômeno...
Claro que não se usava o termo bullying, havia muito de preconceito contra um não ígual, eu diria que 100%.
Um os professores da ECAUSP, não ou citar o nome do tal Prof. Dr., certa vez me disse: - Lembro de vc... Vc era um sujeitinho quietinho, tirava boas notas, ganhou medalhas de melhor aluno... Fala a verdade: vc colava nas provas, né?...
Ah, Brasil, Brasil...
Abraço do Ignacio
olá Arthur, parabéns pela coragem, ontem e sempre, uma histotia de vitoria na vida,um grande e saudoso abraço a vc e toda familia. Heloisa, ex Toca da Leitura
Um dia na escola que eu estudava, creio que em 1950, antes da aula estando no pátio junto a outros alunos um deles deu falta de seu guarda chuva, procura daqui procura de lá, e de repente olho pra cima e vi o guarda chuva pendurado num galho da goiabeira. Um aluno foi falar para a servente dona Iracema que eu tinha pegado o guarda chuva do menino. Ela como se fosse a diretora da escola me colocou de castigo, num quartinho de baixo da escada e La fiquei das 7 horas até o meio dia hora da saída. O tempo passa e certas coisas mudam de nome. O que era Sarro agora é Booling ou Bullyng.(Mário Lopomo)
Complementando: o tal Prof. Dr., intelectual juramentado, foi meu "colega" na antiga 3ª série de ginásio. Ele nunca se conformou de ter notas mais baixas que as minhas, apesar do nome quatrocentão, apesar de morar na Av. Paulista, apesar de ir de carro para as aulas com motorista uniformzado... Passados mais de meio século eu ainda precisei ouvir: - ...mas vc colava nas provas, né?
Naquele tempo, no colégio, eu tinha um defensor, o Antoninho, mais velho que eu, e que chegou a brigar algumas vezes em minha defesa. O Toninho era amigo comum do Miguel e meu. Hoje, eu soube,não está mais conosco...
Arthur, me desculpe pelo desabafo, mas vc é o culpado pois abriu a porteira e liberou muitas máguas acumuladas.
Abraço do Ignacio
Infelizmente o bullying existe e não é de hoje, veja o seu caso que aconteceu há trinta anos atrás. Nos dia de hoje dentro dos grupos,ainda é difícil aceitar o outro como ele é. Esse tipo de respeito ainda temos que conquistar. Parabéns pelo texto.
Bem-vindo, Artur!
Parece-me que só agora, aprendida mais uma palavra em inglês - no caso o "bullyng" é que todos nestes Brasís descobriram que aqui, também "tinha isso"...
Até então, crianças sofriam perseguição, abuso, etc e, sem que ninguém se importasse, tinham que resolver elas mesmas a situação.
Vida de criança é fogo! "Se correr o bicho pega. Se ficar o bicho come! Então, o jeito é lutar para sobreviver.
Creio que todos nós somos sobreviventes.
Ótimo texto. Parabéns!
Abração,
Natale
O diferente, ainda que a diferença seja mínima, nunca foi bem aceito no grupo. A diferença é que engolíamos o desaforo e encarávamos como uma dificuldade a mais a ser superada. Crianças, às vezes são cruéis.Hoje estes assédios estãoem destaque. Bullying é coisa de americano. No meu tempo a gente aguentava ou fazia como você:respondendo com notas altas. Ai de quem fosse reclamar em casa... Seja bem-vindo, Arthur! Parabéns!
Arthur seu texto e maravilhoso e mostra bem a maldade,preconceito e o sofrimento , porem, mostra tambem a coragem e valentia que poucos tem,mas que precisam tem.E voce teve!Beijocas com carinho e orgulho,tia tucha.
Arthur
Conheço o seu trabalho na
www.tecnovisao.net
e sei bem a sua luta diária para vencer os obstáculos e a sua sempre boa vontade em auxiliar os que necessitam .
abraço
Pedro Filho
.
Arthur!
Seja bem vindo!
E parabéns por esta estréia com um tema tão atual!
O que antigamente não tinha nome e "nem importância" se dava, hoje, além do nome (em inglês, infelizmente, mas...), tem importância e pais e professores batalham pelo seu desaparecimento.
Muito corajoso seu depoimento, pois a maioria de nós já foi vitimada por esse tipo de coisa, ou no passado ou até mesmo atualmente, muitas vezes sem coragem de confessar.
Eu era uma criança gordinha e sofria bastante com os apelidos que procurava ignorar "para não colar". E me destacava sendo sempre o melhor aluno da classe. Esse era o soco que eu dava em meus detratores, geralmente bem abaixo em termos de notas...
Parabéns!
Abraço
.
Bem vindo, Minniti, gostei da sua reação com esse projeto de gentalha. Tenho um texto que conto mais ou menos, a mesma história. No futebol varzeano, levei um sopapo de um juiz sem fazer nada. Em campo adversário, esperei. Na primeira oportunidade, cheguei perto desse apitador de "rinha", de cars dei-lhe um tremendo soco que ele rolou no chão. Depois, levei a maior surra da minha vida mas, estava de alma limpa, vingado.
Parabéns, Arthur.
Modesto
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