terça-feira, 15 de novembro de 2011

A data de 15 de Novembro


imagens extraídas da internet Rua 15 de Novembro, Praça Marechal Deodoro e Praça da Reública vista do terraço Itália.

A chuva cai, ininterruptamente, levando-me a longos momentos de reflexão, neste feriado de 15 de Novembro, recolhida em casa.
Volto aos meus tempos de menina, quando meu amado pai e meu avô materno nos contavam sobre estas datas especiais.
Meus irmãos e eu nos sentávamos no chão, ao redor deles, com verdadeiro bombardeio de perguntas sobre estas datas e por que algumas ruas de São Paulo levavam os nomes famosos e nomes com datas.
Lembrei-me quando perguntamos sobre a Rua 15 de Novembro e sobre a Praça Marechal Deodoro... Meu avô, leitor assíduo sobre tudo o que se referia à São Paulo, logo nos explicou sobre o levante político militar, ocorrido em 15 de Novermbro de 1889 que instaurou a forma republicana federativa presidencialista de governo no Brasil, derrubando a monarquia constitucional parlamentarista do Império do Brasil e, por conseguinte, pondo fim à soberania do imperador Pedro II. Foi, então, proclamada a República dos Estados Unidos do Brasil e que esta proclamação havia sido na Praça da Aclamação, atual Praça da República, na cidade do  Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, quando um grupo de militares do exército brasileiro, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, destituiu o imperador e assumiu o poder no país.
Meu querido pai disse que nos levaria para vermos a Praça da República da cidade de São Paulo, a Praça Marechal Deodoro e também a Rua 15 de Novembro, inclusive nos dizendo sobre esta rua, que já teve vários outros nomes em outras épocas, mas que passou a ter o nome 15 de Novembro por ocasião da proclamação da reúplica.

Lá fomos nós. Meu pai e nós, de ônibus até o centro de Sampa. Ficamos meio decepcionados, pois lá na tal rua não havia nada que mostrasse tão grandioso evento. Mas, meu pai nos falava que era considerada a rua mais chique da cidade, onde se localizavam os principais bancos, além do comércio e cafés mais sofisticados.

Partimos depois para a Praça da República, que foi palco de manifestações importantes da história nacional notadamente com a eclosão da Revolução Constitucionalista de 1932, no dia 23 de Maio, ao se manifestarem os paulistas contra a ditadura Vargas, frente à sede do partido governista (era o Partido Popular Paulista, ex- Legião Revolucionária, fundado pelos asseclas da ditadura.
Nosso passeio se estendeu até a Praça Marechal Deodoro e logo fomos perguntando sobre a tal estátua que meu avô já nos havia dito que se tratava do monumento a Luiz Pereira Barreto,  e que homenageava o grande médico e cientista. Considerado o descobridor do guaraná, o responsável pela industrialização da cerveja em São Paulo e o introdutor das primeiras safras de uvas destinadas à produção de vinho. Monumento inaugurado em 1929 foi concebido pelo artista italiano Galileo Emendabili, que colocou duas figuras de mulheres: uma fazendo referência à medicina e a outra à agricultura.
Já exaustos, voltamos para casa, novamente de ônibus e lembro-me que adormeci recostada no colo de meu pai.
Doces lembranças destes entes queridos que foram meu pai e meu avô, contando-nos gostosas histórias de nossa cidade amada.
Por Sonia Astrauskas

14 comentários:

Miguel S. G. Chammas disse...

Amor, umaz linda aula da história brasileira desenvolvida com um lindo texto de sua autoria.
Passeio tão longo esse que, lógico, cansou e te deu sono. Então, o colinho do papai foi a salvação da repoublica.

Beti Timm disse...

Sampa visto e recomendado pelos teus olhos nos aproxima mais desta selva de concreto, mas que tem os seus encantos, além de ter a caractrística de ser instigante. Gostei e vou recomendar! Beijos comadre!!

suely aparecida schraner disse...

Que lindo, Soninha! O duro é que: proclamada a República danamos a votar em tiriricas, collors e que tais. Mas o que eu gostei mais foi de saber do descobridor do guaraná. Muita paz e flores.

Luiz Saidenberg disse...

Muito legal, Sonia. É curioso, eu que já morei nas imediações da Pça. Marechal Deodoro, que assinala o final da Av. João, sempre imaginei que o pesado monumento local fosse homenagem ao Marechal. Vivendo e aprendendo...abraços.

Wilson Natale disse...

Soninha, bom demais!!!
Nós temos memórias e histórias, assim como os nossos pais e avós!
Neste texto você fez aquilo que eu faço andando, fotografando e contando aos grupos que levo pela cidade.
E os meus "turistas" ficam encantados ao conhecer esta cidade que é ainda, muitas cidades.
Hoje dão a informação - o fato histórico - nada mais. Não há o encanto de se passear pelos locais históricos, onde se contam histórias da História.
Meu avô me deixou como herança uma grande fortuna: A Mitologia, a História da Itália e a História de São Paulo.
Meu tio Mário deu-me de presente a História e o fascínio pela cidade de São Paulo.
Deram-me, não somente os fatos, mas a História Viva que pulsa e encanta.
Valeu pela data histórica e pela lembrança dos antepassados que a mantém viva em sua memória.
Abração,
Natale

Wilson Natale disse...

A Todos: São Paulo e a República
Roteiro de passeio hitórico.
1889 - Largo do Palácio (Pátio do Colégio),O presidente da província entrega o governo aos republicanos.
À tarde, no Theatro São José (que ficava no local onde hoje está a Catedral)foi lavrada a Ata de adesão à República.
Mudanças dos nomes de ruas e logradouros:

RUA DE SÃO GONÇALO, depois do Imperador (hoje, lado direito da Praça da Sé), em 16/11/1889, passou a chamar-se RUA MARECHAL DEODORO.

RUA MANOEL PAES DE LINHARES,depois Rua Rosário dos Homens Pretos, depois Rua do Rosário, depois Rua da Imperatriz, em 16/11/1889, passou a chamar-se RUA XV DE NOVEMBRO.

RUA DO FERRADOR, depois Rua de São Francisco, depois Rua do Jogo da Bola,novamente Rua do Ferrador, depois Rua da Princesa e em 16/11/1889, passou a chamar-se RUA BENJAMIM CONSTANT.

RUA CÔNEGO TOMÉ,depois Rua da Cruz Preta, depois Rua do Príncipe, em 16/11/1889 passou a chamar-se RUA QUINTINO BOCAIÚVA.

RUA CONDE D'EU, a partir de 16/11/1889 passou a chamar-se RUA GLICÉRIO.

PRAÇA DA LEGIÃO, depois Praça dos Milicianos (1811), depois Praça dos Curros (1817),depois Largo 7 de Abril (1865) e, em 16/11/1889) passou a chamar-se PRAÇA DA REPÚBLICA.

Aí estão as mudandas que a República provocou no São Paulo antigo.

Abração,
Natale

Nota: O Theatro São José aqui referido foi o primeiro, que ficava no local onde está a Catedral e que foi destruído por um incêndio. Houve um segundo, construido no início do século XX e que ficava onde hoje está o Shopping Light, na esquina do Viaduto do Cha, com a Xavier de Toledo.

Arthur Miranda disse...

Parabéns Sonia, Historia mesmo? Só aqui no Memórias,kkk
Como meu pai morreu cedo e não conheci meu avô, a unica coisa que eu sabia sobre a praça da Republica era que aquela era a Praças dos Gays e isso na década de 60. E agora graças a seu texto e aos comentários do Natale, eu sei até os antigos nomes da dita cuja. Valeu mesmo.

Laruccia disse...

Sonia, a sua aula, dada no feriado de XV de novembro, muito bem descrita, enriquecida pelo "teacher" Natale com suas dissertações, sofre de um "pecado" que considero grave por cometer uma injustiça e que suas vítimas não podem "levar vc as barras dos tribunais" por estarem na paz do Senhor. Os noms do vovô e do papai. Sempre que mencinamos o parentesco, esquecemos de citar seus nomes. Eles não são simples coadjuvantes, são personagens principais de uma crônica. Se, num filme qualquer, vc esquece do nome de um simples eletricista ou faxineiro, vc sofre pesada multa. Portanto, tenha a bondade de mencionar seus nomes. Seu texto, como sempre, equivale o sol que desponta esta manhã, depois da forte tempestada de ontem. Parabéns, Soninha, "scusati lo scherzo" (desculpe a brincadeira.
Laruccia

Soninha disse...

Olá, amigos!

Sou-lhes grata pela presença e pelos comentários que só enriqueceram o texto.
Vale lembrar que o trajeto que fizemos, quando crianças, foi de ônibus...de casa até o centro de Sampa. Da Rua 15 até a República fomos a pé...imaginem o longo trecho! Depois de lá fomos até Santa Cecília de ônibus (não me lembro qual)...Éramos bem pequenos (meu irmão e eu somente, pois a outra irmã não foi neste dia e a caçula ainda não era nascida).
Ao Modesto: meu paizinho querido, que já se encontra na espiritualidade desde 1990, chamava-se Divino Honório de Assis e meu querido avô materno, que também está lá do outro lado da vida desde 1981, chamava-se Attilio Siquelli.
Ao Natale: obrigada pelas informações e pela aula de história, pois, muita coisa se perde em nossa lembranças... Alguns dados que eu coloquei aqui fui buscar na internet, pois eu não lembrava das palavras exatas de meu pai e de meu avô.
A todos: uma vezs mais, obrigada pela amizade e carinho.
Muita paz!

Wilson Natale disse...

Soninha: Palavras levam o vento. O que importa é o que fica em nossas lembranças. Antes era a Barsa, hoje é a internet a nos informar. Mas é preciso curiosidade, interesse. E você foi atrás e complementou com o que faltava as suas lembranças.
Meu caso é um caso perdido: Vovô e meu Tio Mario me transformaram em um Sãopaulátra (risos).
E passo a você uma outra informação que eu até hoje não sabia:
Informou o meu amigo históriador e arquiteto que, com a abertura da Praça da Sé (1911), a Rua Marechal Deodoro deixou de existir como rua.
Com o alargamento e prolongamento da Av. São João (1913/14) deram o nome de Marechal Deodoro à praça recém formada. Tai a razão da praça não ter uma estátua do marechal.
Abração,
Natale

joaquim ignacio disse...

Sonia, todo mundo já falou tudo. Parabéns pelo texto, informação e lembranças sutís de um passeio esclarecedor.
E, o show diário do Natale que sempre nos transporta ao cerne das coisas, dos acontecimentos, da geografia e topografia de nossa cidade. Como dizem alguns religiosos que eu conheço, esse blog é "uma verdadêra bença" para nós, pobres mortais.
Meus agradecimentos a você que me incluiu em seu passeio e a todos os outros colegas que me deixam feliz e orgulhoso de estar com vcs.
Abraço do Ignacio

marcia ovando disse...

Feliz o povo que tem uma história,mesmo que essa história muitas vezes não seja respeitada.
grande abraço

margarida disse...

Soninha, recordar é viver e você teve estas doces lembranças, está lindo seu texto! Acabei por relembrar quantas vezes, lá na Penha de França, tivemos que ir ao colégio para comemorar esta data em grande estilo. Uniforme de gala e ao som da Marcha Batida da fanfarra da qual eu fazia parte, catávamos o Hino Nacional e hasteávamos a nossa Bandeira.Um grande beijo e parabéns!

Zeca disse...

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Soninha!

Como sempre, um grande texto e a sutil lembrança de uma data especial e importante que, sem você, acabaria passando batida. Hoje já não valorizamos mais as datas e sua importância em nossa história (tão mal conhecida!) que você complementou em seu belo texto.
E de quebra, as informações do Natale, contribuindo para o aprimoramento do nosso conhecimento.
E como uma coisa leva a outra, seu texto não apenas homenageou uma data importante, como nos trouxe a importância dessa data através do delicioso passeio com seu pai e seu irmão que você, gentilmente como sempre, dividiu conosco.

Abração

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