terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Tá despedido!

Tá despedido !

Todo dia acontece. Se não é no Brasil, é nos EUA, na China, no Japão, na Alemanha.

Demissão ficou mais comum que nascimento. Parece até que tem gente que já nasce demitida. E não tem choro; a crise corre solta pelo mundo, mais mortífera que o vírus H1N1. É a "marolinha", na verdade um Tsunami, do qual ninguém escapa.

Dito assim, parece comum; é comum. Notícias de demissões maciças chegam todos os dias e não comovem mais muita gente. Mas, quando a coisa é pessoal, é que sent
imos a dor da situação, da qual ninguém está livre.

Comigo foi por duas vezes. Em 36 anos de publicitário, pode-se considerar muito pouco. E pior, na mesma grande empresa, onde trabalhei em três ocasiões. Ah, desculpem, houve uma terceira e última vez. Mas, esta não vale: eu fazia bico numa agenciazinha, enquanto esperava que vencesse o prazo para ser demitido da grande agência.

É que faltavam 15 meses para minha aposentadoria; não podiam me dispensar, para não complicar o processo. É (ou era) ilegal. Tiver

am, então, de se conformar comigo, recebendo ali e também na outra agência, a pequenina. Na multinacional eu não tinha mais condições de trabalho. Quando o prazo enfim venceu e fui demitido da grande, também, e quase ao mesmo tempo, o fui da pequena.


Estranho? Pois vocês ainda não viram nada. Costumam ser estranhas as demissões em publicidade, ou costumavam. Hoje devem ser bem mais normais
e corriqueiras. Na ALMAP, então na Praça da República (naquele tempo as grandes agências ficavam, quase todas, pelo belo Centro de São Paulo), de três em três meses chamavam uma fila de colegas. Desciam ao andar de baixo e nunca mais eram vistos.

Todo mundo ficava de orelha em pé, mas não seria ali que chegaria minha hora. Numa sofisticada agência dos Jardins, os sócios eram tão esnobes que não davam nenhuma explicação aos demitidos.

Um deles, redator inconformado, teimou em obter satisfações com um dos sócios. O elegantíssimo patrão mandou-o esperar. Foi ao banheiro da sala, demorou um tempão, e, simbolicamente, deu a descarga.

Aí se dignou a perguntar ao demitido: - Diga uma coisa; você sabe dançar?

-Não, respondeu o infeliz.

-Ah, é por isto então que foi dispensado!

Esta mesma agência conheceu um tipo mais revoltado, temido por seus atos insensatos.Quando ele soube que seria demitido, não teve dúvidas: trouxe um revólver e colocou-o bem em cima de sua mesa. Trabalhou ali por mais uns bons meses, pois ninguém ousava comunicar-lhe a má notícia.

As demissões, justas, e mais comumente injustas...


Uma de que soube recentemente foi a de uma ex- colega, redatora incompetente, bajuladora, lobista e arrogante, que se valia de sua beleza para se promover e sabotar os colegas. Assim, subiu a altos cargos de direção, mas por outro lado o tempo derrubava-lhe as papadas e celulites. Com a decadência do que era seu maior atributo, chegou sua vez de ser defenestrada.

Quando meu amigo contou isto, declarei: - não sei, nem quero saber porque aconteceu. Seja como for, foi por JUSTA CAUSA!

Por Luiz Simões Saidenberg

10 comentários:

arthur Miranda disse...

Saidemberg, Isso também acontece muito em televisão quando muda "diretores". Gostei da narrativa, pois no final vi que o castigo as vezes vem a jato. Tenho certeza que essa sua ex colega incopetente,bajuladora, lobista, arrogante e que se valia de sua beleza para se promover e sabotar os colegas. Assim como tantas outras do mesmo naipe que ela, hoje ja estão sentindo como e duro viver de metidas.kkkk rsrsrs. Parabéns.

MLopomo disse...

Demissões justas, são injustas quando o amigo do patrão, chefe ou Chefeta, planta uma justa causa para que seu colega ou desafeto seja demitido. Maneiras de ver um colega demitido são inúmeras, por onde eu trabalhei e tive o dissabor de ver tantas coisas ruins, estava a de colocar na marmita algo de propriedade da firma. Quando o inocente operário passava pelo encarregado da portaria e autorizado a abrir marmitas, dava de cara com “o roubo”. Rindo ele dizia: Ai malandro... vai ter que se explicar na diretoria. Isso, eu vi muitas vezes. Eu era garoto e tinha que abrir a marmita todo dia como os demais. Mas parece que eu tinha cara de ladrão, pois todo dia eu era obrigado a fazer isso. Um dia eu estava na hora do almoço deitado em almofadas de pluma e o peso do corpo me levou mais a baixo. Quando ouvi um barulho dei de cara com o porteiro pegando coisas da firma para levar pra casa. Marrento como já era desde a infância fui até ele com as pontas do pé e disse ao seu ouvido: Ladrão em? Coitado, seu Nardelli já idoso e quase morreu, pelo menos ficou vermelho mais do que o normal. Ai ele já refeito do susto disse: olha pode levar o que quiser que eu não mando você abrir sua marmita. Gostei do caso madame que foi de fenestrada pelo tempo.

Modesto disse...

Que é um "saco" ser despedido isso, lá é e, muito. Em minha vida profissional, só perdi os dois últimos empregos por que abriram falência. Assim mesmo, no último já tinha decidido parar.
Seu amargo texto é um aviso aos novos profissionais, de qualquer atividade. Não esperem muita benevolência do patrão, principalmente se vc é o bom, o que ganha mais. Na hora do aperto, é o primeiro. Parabéns, Luiz.
Modesto

Miguel S. G. Chammas disse...

Luiz, demissões nunca são agradáveis, sejam elas por justa causa ou causas injustas.
Estou agora, no fim de carreira, amargando uma demissão por causa de uma co-ligação entre duas redes de farmácias. A mais poderosa impôs a sua administração e, eu, pobre velhinho DANCEI...

Wilson Natale disse...

Demissões e demissões por ijusta causa faz parte dos pesadelos de todo mundo.
Eu levei muito pé na bunda e fui aprendendo a ficar de olho no trabalhos e a avaliar propostas de emprego.
Duro é ser despedido. Mas com isso a gente aprende a não se apegar. e aprende tabém que ninguém é insubistituível.
Abração,
Natale

Soninha disse...

Olá, Luiz!

Concorrência desleal, jogos de favores,lobismos, abuso de poder, entre tantas outras oisas, é uito ruim mesmo no loal de trabalho.
Demitidos ou indo mbora por livre vontade...de ualquer forma, é sempre triste quando temos de deixar um trabalho, pessoas com quem convivemos, rotina, etc...
Mas, por outro lado, é bacana quando podemos iniciar um novo trabalho, cheios de vontade e sangue novo.
Penso que a maioria de nós já enfrentou situações de demissões enão é legal mesmo.
Valeu, Luiz.
Obrigada.
Muita paz!

Soninha disse...

Em tempo...

Perdoe-me as falhas na digitação.
Teclado ruim.

Mais paz!

suely schraner disse...

Em tempos que num "bater de pestanas", estava garantido o emprego. Num piscar de olhos, o tempo a alcançou. Bem feito.
Eu gostei. Abraço.

Luiz Saidenberg disse...

Amigos, meus casos de demissaõ foram selecionados porquê a Criação de uma agencia, antes, tinha muitos tipos exóticos, artistas, neuróticos, ególatras, revoltados. A luta contra o status quo é sempre a semente da criação. Daí, tb demissões curiosas. Hoje, a coisa se banalizou e pasteurizou muito, e as demissões passaram a ser mais corriqueiras...e anônimas, coisas do quotidano. Agora, que sacangem, Miguel! Isso não podia ser feito com vc! Abraços.

Zeca disse...

Luiz,

felizmente nunca senti o amargo sabor de ouvir a famosa frase. Mas, em minha longa vida profissional, vi muita coisa triste acontecer. Eu, que cheguei a diretor de departamento em multinacional, tive que demitir muitas pessoas, mas sempre analisei e discuti muito cada demissão e só a aprovava quando se provava sua inevitabilidade. Algumas pessoas marcadas eu até consegui salvar, seja com a transferência para outro departamento ou com a reconsideração por parte da chefia. Creio que hoje, com todas as "relações" tão banalizadas, dificilmente alguém irá perder tempo com a avaliação de uma demissão, se é justa ou injusta, passa-se a caneta e pronto! Agora, uma coisa que eu nunca consegui aceitar, foram os puxa-sacos, os delatores ou os aproveitadores. Desses, eu nunca aproveitei nenhum.

Abraço.