Já se faz tarde e uma jornada árdua se avizinha.
Mas farei sempre o melhor, como sempre fiz o que pude.
Mesmo que fujam as idéias, seque a tinta, silencie-se o alaúde.
Contarei a minha historia, como faria o velho Vaz de Caminha
Apresso-me a dar-vos noticias antes que se me abandonem as forças para tal.
A rota era quase sempre a mesma, certa e segura, sem sobressaltos ou desvios.
Da Freguesia do Ó ao Brás ou de lá até a Vila Carioca, a visita semanal aos avós era certa. Ao meio da semana, vez ou outra, íamos nós, primeiro à 24 de Maio buscar o pai e dali, em velozes passadas, às casas dos avós.
Em determinado instante, porém, escapa-me o motivo, seja por excesso de ansiedade dele, ou a propalada calmaria que os livros assinalam, as naus desviaram-se do seu curso natural e vieram aportar na Lapa, mais precisamente à Rua Guaicurus, em um bar bem em frente ao Tendal.
Para a senhora minha mãe, instalada no Brás, ocupada nos cuidados com a irmãzinha recém nascida, empenho-me em descrever em rápidas palavras, o negócio recentemente feito pelo senhor seu marido, meu pai.
É um estabelecimento comercial, denominado bar, nem grande nem pequeno, digo-lhe eu, com cerca de 10 passos de largo para uns 20 ou 25, se tanto, da frente aos fundos. À esquerda ostenta imponente balcão, onde os fregueses nele se apóiam a bebericar ou degustar o que se lhe apetece. Fazem-se petiscos e lanches, vendem-se bebidas de todos os tipos e origens.
Adapta-se à casa uma residência, que não é mais do que uma sucessão de quartos incrustados em um corredor estreito, o qual desemboca em uma saleta e daí à cozinha. Nesta saleta pode-se atender a clientela servindo-lhes almoços e jantares.
O povaréu é variado. Mescla de trabalhadores e pinguços vagabundos, sendo que aqueles chegam, tomam seu lanche e se vão, estes por sua vez, chegam e ficam. Aqueles são respeitados e respeitadores, estes já debocham de tudo e se mostram insolentes.
A vizinhança é amiga. Casas de família e pequenas indústrias e lojas. À frente, temos o imponente Tendal, entreposto de carne para o exército. Circulam ônibus e bondes, estes, abertos e fechados. O ponto de ônibus é em frente, o que pode assegurar constante e continua clientela. A rua é larga, na qual estão assentados macadames. A uns trezentos metros, à direita do bar, temos outro restaurante chamado Careca e, mais adiante, um arvoredo no qual, ao entardecer, ouve-se um ensurdecedor chilrear dos pássaros que buscam seus ninhos. À esquerda, caminhando pode-se chegar à Lapa propriamente dita, com seu mercado e ruas de intenso comércio. A escola é perto, não obstante já se anuncie sua mudança para o alto da Vila Romana. Diversão, as temos pouca; o cinema Nacional, na Rua Clélia e o Roma, na rua do mesmo nome. Uma família vizinha tem televisão. Pode-se, com um pouco de sorte, assisti-la uma noite ou outra.
Com a chegada do resto da família, a nova situação entrou na sua rotina diária.
Logo de imediato acostumaram-me ao trabalho. Cedo, deveria encher as geladeiras com garrafas de cerveja e atender ao balcão. Ou a lavar o estrado, ou a conduzir a vassoura, ou deveria dizer vassoira? Para que o chão ficasse limpo. Às vezes, com a mente a divagar pelos sonhos infantis, não me apercebia do cabo da vassoura e este, ao esbarrar em garrafas de caracu que estavam nas prateleiras, lançavam-nas como peças de dominó, umas por sobre outras, para meu espanto e desespero. Espanto pelo que ocorria e desespero pelo que meu pai faria depois. Já naquele tempo dever-se-ia ter um controle maior contra o trabalho infantil, tão em evidência atualmente. Vez ou outra, podia eu brincar com amigos na Rua Vespasiano ou Coriolano, onde gostávamos de passar perto da fábrica de meias, ou então, no ferro velho buscar fios de cobre para iniciarmos nossa riqueza. Às vezes, ao soar da sineta da estrada de ferro a anunciar a passagem do trem, desatávamos a correr até a porteira e ficávamos à espreita. Tão logo elas baixassem e deixassem de fazer o TIM TIM TIM TIM TIM , nós, os moleque da rua, as empurrávamos para cima para baixar e um novo TIM TIM TIM , e assim até o passar do trem. Viu-nos, certa ocasião, um funcionário do Tendal que se apressou em nos acusar, sendo-nos determinado que não mais poderíamos descer à linha, até segunda ordem. Ou seja, poderíamos andar da Guaicurus para cima, sem ultrapassar aquele limite imposto.
Parece-me semelhante ao famoso Tratado de Tordesilhas, se bem que naquele delimitavam-se terras, neste delimitaram-se espaços.
Porém, como é costume por aqui, logramos desrespeitar a norma imposta, e de novo estávamos a nos aventurar nas andanças para cima e para baixo.
De maneira geral, o povo é alegre. Ao entrudo saem todos às ruas em fantasias, homens e mulheres, eles vestidos como elas e estas como aqueles a espirrar suas lanças perfumes e papel picado, a fazer a alegria imediata dos foliões e a tristeza dos varredores no dia seguinte. Cantam-se e dançam-se à exaustão, até que a derradeira hora, quando então voltam a se recolher ao trabalho e às orações, conforme reza a santa Igreja. Esta tem presença marcante, pois toda semana estávamos a nos deslocar até a Praça Cornélia, na Igreja de São João Vianney, para o catecismo da primeira comunhão. Foi um período aterrador, pois não nos permitiam falar ou executar nossas traquinagens costumeiras e sabíamos que, ao final da jornada, teríamos que prestar contas ao padre sobre nossos atos e pecados. Menos mal que nos foi contado que crianças até sete anos de idade eram consideradas sem pecado, o que nos deixou um pouco mais aliviados, pois apenas um ano ou um ano e meio teríamos a nos comprometer. Mesmo assim, o trauma esteve presente. Na semana que antecedeu à primeira comunhão, descobrimos que no sábado iríamos nos confessar e, desde aquela hora até o domingo na hora da missa, não poderíamos mentir nem comer e ficar absolutamente em jejum nas duas coisas que mais apreciávamos. Aterrorizado, fui ao confessionário e relatei o que me vinha à lembrança.
Acho que o inquisidor estava contente, pois deu-me ele uma pena de 10 Padre Nossos e 30 Aves Maria e me liberou de imediato.
No domingo, tudo correu a contento. Deram-se até uma porção de santinhos com um angelical retrato meu a segurar um livreto cheio de preces. Deve ter alguns deles por ai , e se eu os encontrar, mostro a quem se dispuser a ver.
Para meu espanto, ao perguntar quando teria a segunda comunhão, disseram-me que não a teria. Ora, se não teria a segunda porque a primeira? Sei lá.
Minhas tarefas escolares acumulavam-se com o trabalho no bar. Indignei-me ao saber que um famoso José Carlos do Patrocínio lutava em favor da libertação dos escravos e eu, outro José Carlos, não tinha patrocinador nenhum para minha causa. Restava-me submeter aos governadores gerais que administravam o bar e o restaurante.
Porém, mesmo a ganhar algum dinheiro, meu pai se mostrava insatisfeito por ter que dividi-lo com os portugueses.
Acontece que meu pai comprou o bar a prazo e, todo mês, vinham os dois portugueses cobrar a prestação. Minha mãe falava que eles vinham cobrar as promissórias. Eu não entendia, mas deixava passar, pois nada sabia.
Meu pai ficava uma fera, porque todo mês tinha que repassar uma parte dos lucros para os portugueses. Acho que é a famosa derrama que o professor de história falava em classe. Um dia, meu pai se rebelou e disse que aquilo não estava certo. Como ele nasceu em Bragança, às portas das Minas Gerais, fez como a Inconfidência Mineira e não pagou mais.
Sinto que foi esperto, pois o Brasil demorou 30 anos, da inconfidência à proclamação da independência. Meu pai, em 6 meses vendeu tudo e, no início de 1957, estávamos saindo da Lapa.
Novamente em mar aberto, lá fomos nós em busca de novos portos. Assim, de aventura em aventura, lançamo-nos rumo ao desconhecido e, pouco mais de alguns meses, descobrimos a América.
Em maio de 1957, aportávamos na Rua Groenlândia, no limite dos Jardins Paulistano e Europa, com o Jardim América.
Meu pai sempre foi uma pessoa supimpa ( deveria falar gajo?) supimpa, mas, as vezes, fazia as coisas de traz para a frente. Neste caso, embotelou-se no Brasil para depois chegar à América.
Com respeito a estas novas terras, bem, deixo ao escriba genovês o relato.
Ao passar pela Guaicurus, o Brasil da minha infância, noto que o estabelecimento encontra-se atualmente fechado. Rezo pois que o Brasil de minha velhice não navegue pelas mesmas turbulentas águas.
Por derradeiro suspiro desta crônica, faço dueto com meu poeta maior
As mesas e os balcões sempre ocupados
Naquele bar, da Guaicurus, na Lapa Paulistana
Tornou realidade bem viva , aqueles sonhos tão desejados
A resultar a tempera do corpore sano e mente (quase ) sana
Ao rabiscar minhas letras, tomo-te emprestada a forma
E faço tua Inez de Castro voltar às ruas, sublime e serena
Encantar, como sempre fez, o mundo inteiro de maneira sutil
A quem me lê, perdão já peço, por transgredir uma norma
E relatar um pedaço de minha infância, nesta vida terrena ,
e apenas reescrever uma simples historia, como se fosse a do Brasil
Por José Carlos Munhoz Navarro
Mas farei sempre o melhor, como sempre fiz o que pude.
Mesmo que fujam as idéias, seque a tinta, silencie-se o alaúde.
Contarei a minha historia, como faria o velho Vaz de Caminha
Apresso-me a dar-vos noticias antes que se me abandonem as forças para tal.
A rota era quase sempre a mesma, certa e segura, sem sobressaltos ou desvios.
Da Freguesia do Ó ao Brás ou de lá até a Vila Carioca, a visita semanal aos avós era certa. Ao meio da semana, vez ou outra, íamos nós, primeiro à 24 de Maio buscar o pai e dali, em velozes passadas, às casas dos avós.
Em determinado instante, porém, escapa-me o motivo, seja por excesso de ansiedade dele, ou a propalada calmaria que os livros assinalam, as naus desviaram-se do seu curso natural e vieram aportar na Lapa, mais precisamente à Rua Guaicurus, em um bar bem em frente ao Tendal.
Para a senhora minha mãe, instalada no Brás, ocupada nos cuidados com a irmãzinha recém nascida, empenho-me em descrever em rápidas palavras, o negócio recentemente feito pelo senhor seu marido, meu pai.
É um estabelecimento comercial, denominado bar, nem grande nem pequeno, digo-lhe eu, com cerca de 10 passos de largo para uns 20 ou 25, se tanto, da frente aos fundos. À esquerda ostenta imponente balcão, onde os fregueses nele se apóiam a bebericar ou degustar o que se lhe apetece. Fazem-se petiscos e lanches, vendem-se bebidas de todos os tipos e origens.
Adapta-se à casa uma residência, que não é mais do que uma sucessão de quartos incrustados em um corredor estreito, o qual desemboca em uma saleta e daí à cozinha. Nesta saleta pode-se atender a clientela servindo-lhes almoços e jantares.
O povaréu é variado. Mescla de trabalhadores e pinguços vagabundos, sendo que aqueles chegam, tomam seu lanche e se vão, estes por sua vez, chegam e ficam. Aqueles são respeitados e respeitadores, estes já debocham de tudo e se mostram insolentes.
A vizinhança é amiga. Casas de família e pequenas indústrias e lojas. À frente, temos o imponente Tendal, entreposto de carne para o exército. Circulam ônibus e bondes, estes, abertos e fechados. O ponto de ônibus é em frente, o que pode assegurar constante e continua clientela. A rua é larga, na qual estão assentados macadames. A uns trezentos metros, à direita do bar, temos outro restaurante chamado Careca e, mais adiante, um arvoredo no qual, ao entardecer, ouve-se um ensurdecedor chilrear dos pássaros que buscam seus ninhos. À esquerda, caminhando pode-se chegar à Lapa propriamente dita, com seu mercado e ruas de intenso comércio. A escola é perto, não obstante já se anuncie sua mudança para o alto da Vila Romana. Diversão, as temos pouca; o cinema Nacional, na Rua Clélia e o Roma, na rua do mesmo nome. Uma família vizinha tem televisão. Pode-se, com um pouco de sorte, assisti-la uma noite ou outra.
Com a chegada do resto da família, a nova situação entrou na sua rotina diária.
Logo de imediato acostumaram-me ao trabalho. Cedo, deveria encher as geladeiras com garrafas de cerveja e atender ao balcão. Ou a lavar o estrado, ou a conduzir a vassoura, ou deveria dizer vassoira? Para que o chão ficasse limpo. Às vezes, com a mente a divagar pelos sonhos infantis, não me apercebia do cabo da vassoura e este, ao esbarrar em garrafas de caracu que estavam nas prateleiras, lançavam-nas como peças de dominó, umas por sobre outras, para meu espanto e desespero. Espanto pelo que ocorria e desespero pelo que meu pai faria depois. Já naquele tempo dever-se-ia ter um controle maior contra o trabalho infantil, tão em evidência atualmente. Vez ou outra, podia eu brincar com amigos na Rua Vespasiano ou Coriolano, onde gostávamos de passar perto da fábrica de meias, ou então, no ferro velho buscar fios de cobre para iniciarmos nossa riqueza. Às vezes, ao soar da sineta da estrada de ferro a anunciar a passagem do trem, desatávamos a correr até a porteira e ficávamos à espreita. Tão logo elas baixassem e deixassem de fazer o TIM TIM TIM TIM TIM , nós, os moleque da rua, as empurrávamos para cima para baixar e um novo TIM TIM TIM , e assim até o passar do trem. Viu-nos, certa ocasião, um funcionário do Tendal que se apressou em nos acusar, sendo-nos determinado que não mais poderíamos descer à linha, até segunda ordem. Ou seja, poderíamos andar da Guaicurus para cima, sem ultrapassar aquele limite imposto.
Parece-me semelhante ao famoso Tratado de Tordesilhas, se bem que naquele delimitavam-se terras, neste delimitaram-se espaços.
Porém, como é costume por aqui, logramos desrespeitar a norma imposta, e de novo estávamos a nos aventurar nas andanças para cima e para baixo.
De maneira geral, o povo é alegre. Ao entrudo saem todos às ruas em fantasias, homens e mulheres, eles vestidos como elas e estas como aqueles a espirrar suas lanças perfumes e papel picado, a fazer a alegria imediata dos foliões e a tristeza dos varredores no dia seguinte. Cantam-se e dançam-se à exaustão, até que a derradeira hora, quando então voltam a se recolher ao trabalho e às orações, conforme reza a santa Igreja. Esta tem presença marcante, pois toda semana estávamos a nos deslocar até a Praça Cornélia, na Igreja de São João Vianney, para o catecismo da primeira comunhão. Foi um período aterrador, pois não nos permitiam falar ou executar nossas traquinagens costumeiras e sabíamos que, ao final da jornada, teríamos que prestar contas ao padre sobre nossos atos e pecados. Menos mal que nos foi contado que crianças até sete anos de idade eram consideradas sem pecado, o que nos deixou um pouco mais aliviados, pois apenas um ano ou um ano e meio teríamos a nos comprometer. Mesmo assim, o trauma esteve presente. Na semana que antecedeu à primeira comunhão, descobrimos que no sábado iríamos nos confessar e, desde aquela hora até o domingo na hora da missa, não poderíamos mentir nem comer e ficar absolutamente em jejum nas duas coisas que mais apreciávamos. Aterrorizado, fui ao confessionário e relatei o que me vinha à lembrança.
Acho que o inquisidor estava contente, pois deu-me ele uma pena de 10 Padre Nossos e 30 Aves Maria e me liberou de imediato.
No domingo, tudo correu a contento. Deram-se até uma porção de santinhos com um angelical retrato meu a segurar um livreto cheio de preces. Deve ter alguns deles por ai , e se eu os encontrar, mostro a quem se dispuser a ver.
Para meu espanto, ao perguntar quando teria a segunda comunhão, disseram-me que não a teria. Ora, se não teria a segunda porque a primeira? Sei lá.
Minhas tarefas escolares acumulavam-se com o trabalho no bar. Indignei-me ao saber que um famoso José Carlos do Patrocínio lutava em favor da libertação dos escravos e eu, outro José Carlos, não tinha patrocinador nenhum para minha causa. Restava-me submeter aos governadores gerais que administravam o bar e o restaurante.
Porém, mesmo a ganhar algum dinheiro, meu pai se mostrava insatisfeito por ter que dividi-lo com os portugueses.
Acontece que meu pai comprou o bar a prazo e, todo mês, vinham os dois portugueses cobrar a prestação. Minha mãe falava que eles vinham cobrar as promissórias. Eu não entendia, mas deixava passar, pois nada sabia.
Meu pai ficava uma fera, porque todo mês tinha que repassar uma parte dos lucros para os portugueses. Acho que é a famosa derrama que o professor de história falava em classe. Um dia, meu pai se rebelou e disse que aquilo não estava certo. Como ele nasceu em Bragança, às portas das Minas Gerais, fez como a Inconfidência Mineira e não pagou mais.
Sinto que foi esperto, pois o Brasil demorou 30 anos, da inconfidência à proclamação da independência. Meu pai, em 6 meses vendeu tudo e, no início de 1957, estávamos saindo da Lapa.
Novamente em mar aberto, lá fomos nós em busca de novos portos. Assim, de aventura em aventura, lançamo-nos rumo ao desconhecido e, pouco mais de alguns meses, descobrimos a América.
Em maio de 1957, aportávamos na Rua Groenlândia, no limite dos Jardins Paulistano e Europa, com o Jardim América.
Meu pai sempre foi uma pessoa supimpa ( deveria falar gajo?) supimpa, mas, as vezes, fazia as coisas de traz para a frente. Neste caso, embotelou-se no Brasil para depois chegar à América.
Com respeito a estas novas terras, bem, deixo ao escriba genovês o relato.
Ao passar pela Guaicurus, o Brasil da minha infância, noto que o estabelecimento encontra-se atualmente fechado. Rezo pois que o Brasil de minha velhice não navegue pelas mesmas turbulentas águas.
Por derradeiro suspiro desta crônica, faço dueto com meu poeta maior
As mesas e os balcões sempre ocupados
Naquele bar, da Guaicurus, na Lapa Paulistana
Tornou realidade bem viva , aqueles sonhos tão desejados
A resultar a tempera do corpore sano e mente (quase ) sana
Ao rabiscar minhas letras, tomo-te emprestada a forma
E faço tua Inez de Castro voltar às ruas, sublime e serena
Encantar, como sempre fez, o mundo inteiro de maneira sutil
A quem me lê, perdão já peço, por transgredir uma norma
E relatar um pedaço de minha infância, nesta vida terrena ,
e apenas reescrever uma simples historia, como se fosse a do Brasil
Por José Carlos Munhoz Navarro
9 comentários:
É meu irmão, a vida é cheia de vales e montanhas. Você veio, foi chegando, escrevendo, "pero nom caminhando", nem de lusiadas foi se equipando.
Não precisava, tudo que escreves tem gosto de poesia da mais alta qualidade.
Hoje, aniversarias e quem ganha o presente somos nos, teus leitores.
Parabéns e obrigado!
Navarro, Que bela narrativa, eu gostaria que jamais mesma chegasse ao fim, para que eu pudesse continuar por muito tempo lendo, relendo e vendo, o velho Tendal, O Cine Nacional, a praça da Igreja do Cura d'ars, a Guaicurús,a Cleria,a Faustolo, a Scipião, a rua Catão. Aquela Agua Branca, Lapa e Pompéia inteira, onde passei minha infância morando na Freguesia e quase vivendo na Lapa, ouvindo diariamente o tim,tim,tim das porteiras. Parabéns duas vezes por esse texto gostoso, e pelo seu aniversário. Pois hoje eu também faço anos. Hoje exatamente hoje está fazendo 67 anos, que um dia de tarde na geral do Pacaembu, eu me fiz sofredor e me tornei Corintiano.
Navarro,
com que então, agora é o aniversariante quem dá presentes?! Esse texto delicioso foi um presentaço para iniciar a minha manhã ensolarada com mais alegria e disposição. Obrigado e Feliz Aniversário!
Abraço.
Navarro: Mais que Caminha, temos neste teu belo relato, um sabor de Odisséia, de Ilíada e Eneida. Temos História!
Está ai a grande aventura da Vida, com seus "mares tenebrosos". Temos também os aventureiros - os varões a desgarrarem-se em busca de conquistas.
No teu texto, retalhos de história pessoal, está o relato do passado que, junto ao relato de outros dão essência à História. Na vida, não fosse cada um de nós, não haveria razão para se aventurar por "mares nunca d'antes navegados.
Lembra que a beleza de uma tela está nos pequenos detahes que lhe formam o todo. E nós somos os detalhes que fazem o todo da História.
Abração,
Natale
Olá, José Carlos!
Recordar é viver.
Que boas lembranças, as suas, não?!
Assim, pudemos conhecer um pouco mais de sua vida e dos lugares em que você viveusua infância e juventude.
Valeu, amigo.
Obrigada.
Muita paz!
PS: QUEREMOS BOLOOOOOOOOOOO!
E em perigos e guerras sublimados,
mais que prometia a força humana, entre gente remota edificaram um novo reino, que tanto sublimaram.
Parabéns, Pero Vaz!
E tb Camões, além do Caminha!
Zé Carlos, a pena de ouro que nos prende a leitura de sua brilhante lavra.
Que beleza de memória, de sutileza, de poesia, de lirismo, de valores incubados nas entranhs de seu sublime saber. Que crônica deliciosa, Navarro, vc soube, como poucos levar encanto no interior de um bar, descreve-lo de tal maneira que parecia o roteiro de um finíssimo restaurante, com as mais conceituadas das clientelas, ofertando quitutes da mais nobres procedências. Parabéns, Zé Carlos.
Modesto
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