quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

São Paulo chegou pelo correio

Nessa segunda feira dia 28-01-2013, depois de ter feito um corte de cabelo diferente, e de achar que fiquei muito parecido com o famoso ator norte americano Leonardo DiCaprio, mas no futuro, daqui uns 50 anos, estava eu sentado em um sofá, tomando um belo saboroso suco de maracujá bem gelado, assistindo pela Globo News e Band News, condoído diante das tristes notícias do incêndio que enlutou um grande numero de famílias na cidade gaúcha de Santa Maria.
Meus pensamentos estavam longe, pois meditava revoltado, sobre como e por que esses tristes acidentes continuam acontecendo em nosso país, como também em outros lugares do mundo sem que, na maioria das vezes, os culpados sejam responsabilizados por suas irresponsabilidades.
Absorto em meus pensamentos e meditações, fui despertado de tudo isso pelo som de palmas no meu portão, seguido do grito: CORREIOOO.
Saí ao encontro do carteiro, recebo um envelope branco, diferente de toda a correspondência da qual já estou acostumado; voltei para a minha poltrona, imaginando: será que já é o imposto de renda, (fiquei na malha fina)? Ou será o IPTU?
Abri o envelope ansioso, curioso e medroso, afinal, que correspondência seria essa? E quem a teria enviado?
E então, para minha surpresa, uma enorme beleza, não era o IPTU, mas era uma correspondência enviada pela equipe do SPMC (São Paulo Minha Cidade)... E quanta coisa bonita nela eu recebi.
Um belíssimo calendário de mesa, falando e mostrando todos os eventos que acontecerão em São Paulo nesse ano de 2013.
Como se isso não bastasse, roteiros temáticos, como: Cidade Criativa, Arquitetura pelo centro histórico, Independência do Brasil, O café e a história da cidade, futebol, e um roteiro afro, que envolve até história de nossas Escolas de Samba. (Senti falta da presença da minha escola querida, na freguesia nascida, lá na Vila Brasilândia, tão popular e famosa ROSAS DE OURO).
Roteiros com lindos textos e belas fotografias tiradas de ângulos diferentes, de dar água na boca de qualquer amante de fotografias, lindo, lindo. E então acabei sentindo, não sei se não li direito, mas não vi nenhuma referência sobre nosso Pico do Jaraguá.
Mas, como ainda não terminei a leitura, continuo lendo tudo, me sentindo o Rei da cocada, com baita orgulho de ser paulistano e viver nessa pátria amada.
 
Obrigado equipe querida, obrigado, obrigado, obrigado,
fiquei tão feliz e emocionado,
que acabei esquecendo aquele incêndio malvado,
e daqueles jovens estudantes que morreram queimados.
Rezemos agora por eles, nós todos juntos aqui irmanados.
 
Por Arthur Miranda (Tutu)

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Às vezes eu penso

Virando uma esquina hoje, perto de casa, tive a sensação de estar sendo observado por alguém. Olhei para trás e vi a banca de jornais e revistas, sem ninguém por perto, apenas o dono da banca, sentado em seu banquinho, entretido na leitura de um jornal. Será que ele estava me observando, disfarçadamente e, quando olhei para trás, escondeu o rosto atrás do jornal aberto?
Como nos filmes de aventuras. Segui o meu caminho mas a sensação permanecia.
Depois de uns vinte, trinta metros, olhei para trás novamente. A banca de jornais já havia sumido atrás da esquina. Ninguém mais à vista, a não ser os motoristas dos carros que passavam por mim, mas nenhum deles devagar o suficiente para estar me observando. Será que estou ficando louco? Desenvolvendo algum tipo de neurose? Como posso me sentir vigiado se não vejo ninguém por perto? Será que já inventaram a invisibilidade e eu não fiquei sabendo?
Continuei meu caminho, meio cabreiro, olhando para os lados, para trás de vez em quando e... nada! Ninguém me seguindo, nenhuma pessoa andando pela mesma calçada ou mesmo pela calçada do outro lado da rua. Aliás, a rua estava estranhamente vazia, não fossem os automóveis que passavam por mim na direção contrária, a impressão era a de um dia depois do fim do mundo, onde eu fosse o único sobrevivente. Quase dava para ouvir meus próprios passos na calçada, não fosse ela esburacada, como a maioria das calçadas de São Paulo, que me obrigava a andar devagar, olhando para onde iria pisar... por pouco não pisei num cocô de cachorro! Esse povo mal educado que sai com seus cães para fazerem as necessidades fisiológicas na rua mas não levam o necessário para recolher as fezes e jogá-las na lixeira mais próxima!
Finalmente, cheguei em casa! Quero dizer: cheguei ao prédio onde moro! Fui recebido com o sorriso mecânico do porteiro, que abriu os portões e grades que nos aprisionam e trocamos um comentário gentil sobre o calorão que tem feito ultimamente. Como se já não estivéssemos em pleno verão!
Entrei no elevador e o espelho retribuiu meu olhar meio envergonhado, pois todo mundo, quando entra num elevador e não tem mais ninguém dentro, dá uma olhadinha no espelho! Ou não dá?
A sensação de estar sendo vigiado misturou-se com a reprodução da minha imagem no espelho. Aquele cara não parecia comigo em nada! Era um sujeito meio gordinho, com pneus e barriga saliente, cabelos grisalhos denunciando os muitos anos de vida e a barba mal feita, ou feita há dois ou três dias! Eu não sou ele! Preciso falar com a síndica para que verifique o espelho do elevador, que está com algum tipo de defeito, distorcendo tanto as imagens que acabamos vendo outra pessoa do outro lado do vidro.
Será ele que anda me vigiando por aí? Mas, não! Não posso falar com a síndica, senão ela vai descobrir que eu também, homem já feito, com certa idade, costumo dar uma olhadinha no espelho do elevador. Melhor ficar quieto.
Pronto, cheguei ao meu andar. Saio do elevador e dou de cara com o faxineiro passando um pano molhado com um produto extremamente perfumado no chão. O aroma do produto é tão forte que me provoca espirros. “Saúde, doutor!” “Obrigado, meu filho!”
Enfio a chave na fechadura, confiro o número na plaquinha pra ver se não estou abrindo a porta errada e, após girá-la, entro para o conforto do meu lar. A sensação de estar sendo observado, curiosamente, desaparece assim que fecho a porta.
 
Por Zeca Paes Guedes

domingo, 27 de janeiro de 2013

A Rua Guarapuava, seu entorno e um "donnnaiolo"

 

M00CA, ANOS 50.
Meu tio era de uma beleza mediana. O cognome “il bello” (o belo) ficava por conta do “corujismo” da família. Afinal, para os meus avós “todos os seus patos eram cisnes”!... Titio não era nenhum Amedeo Nazzari ou um Vittorio De Sica e muito menos um Marcello Mastroianni. Mas, tinha charme, magnetismo – o famoso “sex appeal” (Apelo sexual).
Que tio Amedeo fosse um “donnaiolo” (mulherengo), ninguém tinha dúvidas. Carismático, bem-falante e “sexy”, envolvia a mulherada ao ponto de cada uma acreditar que - para ele - ela era “l’única al mondo” (A única no mundo).
E, de vez em quando, essas “únicas” encontravam as outras “únicas” e descobriam que não eram “a única”! Iradas, aos gritos, iam até a nossa casa tirar satisfações com o “bello Amedeo” que, mui corajoso, trancava-se no quarto e deixava a ”bomba estourar” nas mãos de vovó. E a “nonna” com os nervos à flor da pele, vassoura na mão, saía para dispersar o mulherio. A vizinhança se deleitava.
Para um “donnaiolo”, nada melhor do que morar na Rua Guarapuava. Lá, titio sentia-se como “una volpe dentro il pollaio” (Uma raposa dentro de um galinheiro). Lá, tio Amedeo “nadava no mulherio”. Ah! A Rua Guarapuava! Tão próxima às grandes fábricas e a um mundo de mulheres. E o mulherio eram as operárias das fábricas.
Colado à nossa casa estava a Chocolates Gardano (Mais tarde, absorvida pela Nestlé); mais adiante, a Alpargatas Roda; andando em direção à Rua dos Trilhos estava o Cotonifício Crespi. Seguindo-se pela Rua Conselheiro Justino (hoje absorvida pela Radial-Leste), atravessando os trilhos da “inglesa” (Santos a Jundiaí), entrava-se na Avenida Alcântara Machado (que estava sendo rasgada para dar origem à Radial-Leste),virava-se à esquerda, entrava-se na Rua da Mooca e ia-se ter à Fábrica de Tecidos Labor. Mulheres, mulheres, mulheres!
E titio adorava “fazer ponto” sobre as passarelas da “Inglesa” (Santos a Jundiaí) das Ruas da Mooca e Visconde de Parnaíba, aonde ele flertava com um mundo de operárias que iam e vinham...
Além das operárias, a imediação da Rua Guarapuava estava cheia de belezas locais. Havia ainda, as espanholas dos cortiços da Rua Visconde de Parnaíba e as italianas dos cortiços da Rua Caetano Pinto.
E titio vivia a vida de “na zanzara ne’mmielle” (uma mosca no mel)...
Vênus é pródiga com o mortal a quem ama. Dá-lhe o dom de ser amado. E quando o mortal abusa desse dom, Vênus se vinga.
Na trajetória “don juanesca” do meu tio Amedeo, Vênus se vingou muitas vezes, criando situações terríveis para ele, mas que eram hilárias para nós. Ela colocou no caminho do meu tio, mulheres possessivas, dramaticamente ciumentas. Mulheres que vigiavam o titio e faziam escândalo na frente de todos, ameaçando se matar... E matá-lo também! Quando não era isso, aparecia na vida dele as “mulheres carrapato” – aquelas que grudam e não soltam mais. Eram perigosíssimas! Apareciam de repente nos lugares onde ele estava, seguiam o titio por toda a parte. Houve uma que, com ou sem o titio em casa, ela entrava e “estacionava” na nossa sala a conversar com vovó e minha mãe. Titio “chiava”, mas não fazia nada... Um dia, não aguentando mais o incômodo e a “conversa mole", vovó disse “um monte” à desavergonhada, pegou-a pelo pescoço e a colocou na rua e, ambas fizeram o maior escândalo... Para alegria da vizinhança, claro!
Vênus nunca estava contente com as vinganças. Titio precisava de um corretivo mais eficiente: Então, colocou na vida dele uma mulher do tipo – como diríamos hoje – atração fatal. E pior, atração fatalíssima, dela pelo titio Amedeo...
Ermínia – a espanhola fazia parte de uma família que recentemente se mudara para a Rua Frei Gaspar, quase esquina com a Rua Guarapuava. Era tão feia a coitada. Pequenina, parecia uma anã. E meu tio, sobre ela, dizia uma frase divertida: “ Se essa dai tivesse de peito o que tem de nariz, até que “daria para o gasto”.
Pois é, minha gente. Foi “isso” o que Vênus colocou no caminho do meu tio.
Ermínia, quando viu o titio Amedeo pela primeira vez, apaixonou-se loucamente. Passava, repassava constantemente pela nossa rua, na esperança de ver o titio. Um dia, ela bateu de frente com ele. Fez caras e bocas, insinuou-se descaradamente e o titio, que não era cego e nem besta, saiu pela tangente, dizendo que já era comprometido e rápido foi saindo fora. Isso magoou Ermínia profundamente. Ferida pelo desdém do meu tio, cheia de ciúme e desejo de vingança, ela começou agir “nas sombras”. Vigiava, espionava o meu tio. Sabia de todos os seus passos. Mal ele começava mais um dos seus “namoros relâmpago”, a “namorada relâmpago” recebia uma carta anônima falando horrores e barbaridades sobre ele. Então, uma a uma, as “namoradas relâmpago” discutiam, ofendiam, jogavam a carta anônima na cara do meu tio, viravam-lhe as costas e iam embora. E o “donnaiolo” Amedeo desacreditado, desmoronou. Também, não era para menos. O mulherio fugia dele como quem foge do diabo! Ermínia devia estar exultante ao ver que as suas manobras maquiavélicas surtiam efeito. Mas, o “bello” Amedeo era um sortudo, nascera com o “rabo pra Lua”...
Vindo do trabalho, titio parou na porta da Celina, sua amiga de infância. Fazia um bom tempo que não se viam. Conversaram muito e meu tio despediu-se e foi embora. Na noite seguinte, Celina veio à nossa casa, trazendo uma carta na mão e contou ao titio que fora abordada por uma espanhola baixinha que lhe entregara a tal carta onde se lia barbaridades sobre ele. Celina não tinha certeza, mas achava que era a espanhola que morava na Rua Frei Gaspar. O rosto do meu tio passou da palidez à vermelhidão de quem está prestes a sofrer um ataque apopléctico. Ele agarrou a Celina pelo braço e saíram. Caminharam em direção à Rua Frei Gaspar. E eu atrás... Eu ia perder o “bafafá”? Nunquinha!
Lá, em frente a casa da Ermínia, o “bello” Amedeo fez um escândalo tremendo, discutindo com o pai da vilã! Pessoas abriam as janelas e se debruçavam nos parapeitos, para melhor apreciar o bate-boca. Outras apareciam nos portões e a criançada fazia um círculo em volta dos briguentos. Titio gritava feito um louco. Falava em ir à polícia; em processo por perseguição, difamação e calúnia. O pai da Ermínia, que era um homem com muita vergonha na cara, deu uns bofetões na filha e jurou ao meu tio que iria manter a malcriada com “as rédeas curtas”. Acalmado os ânimos, titio e eu acompanhamos Celina até a casa dela e voltamos para casa.
O escândalo da Rua Frei Gaspar rendeu muita fofoca e também comentários frutíferos. Tanto que as “namoradas relâmpago” começaram a escrever bilhetinhos, pedindo desculpas ao titio. E Ermínia reclusa, vigiada, parecia conformada com a “perda do seu grande amor”. As faladeiras diziam que ela pensava em entrar para um convento... “Vai tarde”! – Comentou o Titio, se persignando.
Passado mais de um mês, o “donnaiolo” Amedeo estava em plena atividade e feliz!... Foi quando começaram a aparecer as cartas, via correio. Chegavam duas a três, todas as semanas, sem remetente. E dentro do envelope apenas um lencinho branco, de papel fino, com a estampa de um beijo em batom vermelho e a frase: “Te quiero más que a mi alma”! (Quero-te mais que a minha própria alma!). Titio não tinha dúvidas. Eram cartas enviadas pela Ermínia! A letra era a mesma das cartas anônimas. O sangue subiu-lhe à cabeça, mas relaxou. Ele lera as primeiras, não leria as outras que, sabia, viriam.
As cartas foram acumulando e o acumulo começou a irritar meu tio. Então ele foi ao quarto de vovó, retirou alguns lenços de papel da caixa e foi ao banheiro “fazer as necessidades”. Limpou-se nos lencinhos e os dobrou delicadamente. Deu a descarga. Saiu do banheiro com os lencinhos “carimbados”, dobrados na mão. Foi para o quarto e os colocou dentro de envelopes; e os endereçou à Ermínia. Olhou para mim e disse-me, sorrindo: ”Já que a Ermínia não vai à merda, a merda vai até ela”! No dia seguinte enviou-as ao destinatário. Nunca mais ele recebeu cartas da espanhola enlouquecida.
E o meu tio aprendeu a lição!...
Não mesmo! Aprendeu sim, a ser mais cuidadoso, mais esperto!
“E Venere che se ne freghe! (E Vênus que se dane!)”.
 

 
Por Wilson Natale

Parabéns, Wilson Natale!


sábado, 26 de janeiro de 2013

Mais um pouquinho de Sampa

 
Vista Aérea do Parque no dia da inauguração. Foto: Oswaldo Luiz Palermo
Ele não é o maior parque da cidade, mas com certeza é o mais badalado. O Parque do Ibirapuera é um paulistano tão típico que "nasceu" em 1954, ano do 4º Centenário da cidade. Deveria ter sido entregue em Janeiro, mas as obras projetadas pelo arquiteto Oscar Niemayer, em parceria com o paisagista Roberto Burle Marx, atrasaram e o parque dó foi inauguado em 21 de Agosto de 1954.

Queria ter-me inspirado para escrever algum texto sobre o aniversário de São Paulo, mas não me ocorreu nada de interessante. 
O que eu sempre lembro, quando chega 25 de janeiro, é que estive na inauguração do Parque do Ibirapuera, onde, à noite, vi um motociclista fazendo manobras no Globo da Morte; andei pela primeira vez no carrinho bate-bate; e assisti a um desfile no Anhangabaú no dia do IV Centenário e vi o Getúlio Vargas. 
Eu tinha 9 anos e meu cunhado (ainda noivo de minha irmã), funcionário da Prefeitura, fazia parte da Comissão de Festejos e eu, seguradora oficial de vela, ia aos programas noturnos com eles. 
Fatos inesquecíveis para mim e, é claro, não posso deixar de mencionar a chuva de triângulos prateados que caiu na noite da grande festa.

 
 
Por Teresa Fiore

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

São Paulo faz 459 anos


SÃO PAULO FAZ 459 ANOS.
 
25 de janeiro, 1554\2013

Nossa gigantesca metrópole aniversaria, ocupando a privilegiada posição de uma das maiores cidades do mundo. Sim, um trabalho gigantesco de brasileiros de todos os rincões e representantes de todos os paises do mundo.  

Pra formar esse paulistano trabalhador, puro, legítimo, casto, hercúleo, batalhador, bravo e intransigente diante de qualquer obstáculo, foi necessário amalgamar raças, credos e povos de origens estranhas afim de mostrar ao mundo o soberbo desenvolvimento de nossa bendita terra. 

A cidade que amamos, cultuamos, respeitamos e formamos nos devolve, com a beleza de seu perfil nunca sobrepujada, uma vida de progresso contínuo, em vastíssimos campos de quaisquer atividades.  

Altaneira e acolhedora de mãos interessadas no progresso e na liberdade, em qualquer recorrência, seja no campo industrial, comercial, escolar, intelectual e político.  

São Paulo alcança, nesse aniversário, um destaque precioso nas áreas da indústria, tecnologia, comunicação, saúde, (HC, o maior e melhor hospital do Brasil), no ensino, (USP, a melhor e maior universidade da América latina), desenvolvimento intenso no mercado imobiliário.

Novos bairros, ruas, viadutos, avenidas abertas, praças de lazer, monumentos, museus, edifícios majestosos, parques, esportes de todas as modalidades, o melhor e maior metrô do Brasil.

Nas artes, em todas as modalidades, destacam-se pinturas, esculturas, teatros, cinemas, músicas para todos os gostos e prazeres, gastronomia, vida noturna enfim, um mundo só nosso, um mundo paulistano por excelência, um orgulho de ser paulistano.

PARABÉNS A TODOS NÓS E VIVA SÃO PAULO.

 

Por Modesto Laruccia

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Memórias esfarrapadas

 
imagem: Os esfarrapados Miguel Chammas (sanfoneiro) e seus amigos
 
Estamos em janeiro de 2013, o ano acaba de começar, mas para a maioria do povo brasileiro, 2013 vai começar de verdade na quinta-feira depois do Carnaval, em plena quaresma. Até lá iremos levando os dias em banho-maria.
O verão está em plena atividade, o calor é insano, então por que iremos nos preocupar com a vida? Vamos esperar... como canta aquela modinha: “Prá quando o Carnaval chegar...”.
Dizem (mas não provam) que São Paulo não tem Carnaval, então pergunto o que aconteceu naquela segunda-feira de fevereiro do ano de 1947?
Explico: Precisamente naquele dia, um grupo de foliões de São Paulo, moradores do bairro do Bixiga, decidiu, na melhor forma de direito popularesco, organizar um bloco carnavalesco. Esse bloco que primava pela peculiaridade de não ter estatutos, diretores e demais burocráticas atitudes tão a gosto dos cultores de formalidades.
Foi ele batizado por “BLOCO DOS ESFARRAPADOS”, pois, de acordo com sua base estrutural, não defenderia cores, nem teria fantasias formais. Seria formado apenas por um grupo de foliões dispostos a desfilar pelas ruas do bairro, fantasiados, cada qual, com fantasias criadas por suas ideias, confeccionadas em papeis, em jornais, em roupas velhas ou o que mais fosse conveniente.
Ideia aprovada, saiu o bloco pela vez primeira naquela tarde de segunda-feira levando, de início, uns poucos adeptos e, entre eles, Armandinho Pugliesi (que o organizou por vários anos) a percorrer o bairro do Bixiga.
Em cada rua por onde ele passava, mais carnavalescos aderiam ,e ao final, centenas de foliões, na maioria homens, devidamente zonzos pelo desfile etílico que também se  instalara na passeata, terminavam a brincadeira já no início da noite.
Essa atividade foi se instalando no tradicionalismo do bairro e até hoje é motivo de orgulho dos moradores do Bixiga.
Eu, quando jovem e solteiro, também desfilei nesse bloco. Primava por me fantasiar com temas da época. Foram várias fantasias, de Palhaço, de Cruzeiro Novo, de Capanga/capenga, e muitas outras. Eu e os outros componentes dos Duques de Piu-Piu nos divertíamos prá valer e, lógico, bebíamos como gente grande.
O Bloco tem uma peculiaridade ímpar, permite que as pessoas com vontade de sair nele, mas sem coragem de irem ao ponto de concentração devidamente fantasiadas, esperem a passagem na porta de sua casa e, então, se incorporem à bagunça.
No meu entender, este é, realmente, o grande carnaval de rua, não requer luxo ou grandes aparatos, cada um vai do jeito que quiser e entra ou sai do bloco em qualquer lugar.
Hoje, residindo distante do meu Bixiga, tenho, por vezes, uma vontade enorme de me misturar aos componentes desse bloco, só não levando a cabo minha vontade, por saber que as pernas não mais me permitirão esse ousado desvario a transitar no carnaval.
Salve, então, o Zé Pereira que foi o primeiro “bloco de sujos”.  

Por Miguel Chammas

domingo, 20 de janeiro de 2013

Tô de olho no Sinhô

Esse era o bordão famoso que tornou conhecido o meu querido amigo e ex colega, Clayton Silva, no Brasil inteiro, através dos programas A Praça da Alegria, no passado, e A Praça é Nossa no presente.
Clayton foi um pioneiro na televisão paulistana, acompanhei seu trabalho na antiga TV Paulista, na TV Bandeirante, na TV Record, e no SBT. 
Entre 1967/68 quando trabalhamos juntos na TV Bandeirantes (programa Cidade de Araque), eu, minha família e a dele, as vezes nos finais de semana, saíamos de nossa São Paulo e seguíamos para a Via Raposo Tavares, na altura de Cotia e lá, a beira da estrada, fazíamos nossos churrascos e bebíamos água pura, diretamente da fonte que corria ao lado do local que, naquela época, era uma área de descanso, que eu nem sei se ainda existe hoje em dia.  
A estrada era tranquila, cercada de muito mato, tudo era mais barato, ninguém falava de assaltos, a gente se divertia, era feliz e não sabia. 
Depois de lutar contra um câncer por três anos seguidos, Clayton deixa esse nosso mundo, levando com ele a sua grande fortuna acumulada nesses anos todos de vida artística, que são: seu coleguismo, sua simplicidade, seu talento, sua fidelidade e a saudades de todo mundo que teve a oportunidade de conviver com ele, que mesmo estando há muitos anos radicado em São Paulo, nunca perdeu o jeitinho mineiro de ser.  
Clayton Geraldo Silva, nascido em Uberlândia em 06 de Fevereiro de 1938, faleceu em Campinas onde morava com sua esposa, no último dia 16-01-2013. 
Meus Deus! Que saudades estou sentindo.
 
Por Arthur Miranda

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Uma mulher dinâmica - 4ª parte

 
imagem: vista parcial do bairro Parque Continental
 
Moramos nessa rua (ou viela, como queiram), lá no Parque Continental, durante cinco anos. Como contei antes, as casas são sobradinhos de 6X25, com entrada pra carro. Fizemos uma boa reforma, mais dois dormitórios, melhoramos o visual da frente com pedras brancas e escadas em caracol para o acesso ‘a área superior, sobre a garagem, formando uma bela sacada, um modesto belvedere, sempre ideias da Myrtes.

Nestes 5 anos temos a grande transformação de nossas vidas, Compramos a Kombi, a Myrtes quis “0”km, com o transporte das crianças as escolas da região, pagaria as prestações do veículo. Chegava a levar crianças até a Lapa, pois várias famílias que haviam se mudado para o parque, tinham seus filhos ainda em escolas dos bairros de origem, exigindo da Myrtes um rápido conhecimento geográfico de toda região oeste.

Não foi problema nenhum, as crianças adoravam a “tia” Myrtes, se desvencilhava bem das tarefas diárias, sem esquecer que cuidava dos cinco filhos e de mim!
Precisando de ajuda em casa, arrumamos uma garota, Helena, morena, ainda criança, com alguns hábitos poucos lisonjeiros. O coração bondoso e prático, a Myrtes não despediu a garota de 14 anos, educou-a, mostrando o certo e o errado, (ela era a filha de Dona Maria, que fazia limpeza em casa), mostrando, mais tarde, nos anos que permaneceu conosco, a gratidão que dura até hoje. Helena está casada, com Antonio, que namorou, noivou e casou sob a guarda da Myrtes, praticamente, a sexta filha. Tem um casal de filhos, dos quais batizamos um, prestes a ser avó, Helena, leva a vida bem confortável, visitando-nos constantemente, pois alega que se tivesse voltado à casa dos pais, pobres, não teria a felicidade que está vivendo. (continua)
 
Por Modesto Laruccia

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Vidência

Imagem: Fachada do Centro Espírita Ana Viera
 
- E estas crianças, vão ficar ali?
- Que crianças?
- Aquelas ali, sentadas nas cadeiras do corredor?
- Eeeehhh... Vamos embora... Não tem ninguém ali, não! 
Explico: 
O Centro Espírita Ana Vieira fica situado na Mooca, na Rua Entá. Ali, estudei e colaborei por 31 anos, e agradeço imensamente a Deus por esta oportunidade.
Os sábados eram especiais na casa, pois eram dedicados às crianças e jovens e, também, a todos os que não podem ir ao Centro durante a semana, como é até os dias de hoje.
Eu adorava, pois eu ia ao Centro e colaborava na assistência espiritual (passes) e, depois, dava aulas nos cursos de Educação Mediúnica e Aprendizes do Evangelho.
Alguns pais e mães aproveitavam o sábado para levar seus filhos para os passes e aulinhas de Moral Cristã para a garotada e, também, ficavam para seus cursos, que sempre aconteciam após o atendimento às crianças. Alguns deles até levavam as crianças para casa e voltavam para as aulas, mas, os que moravam um pouco mais longe, ficavam com as crianças no Centro mesmo... Elas podiam ficar na biblioteca ou numa sala, desenhando, lendo, escrevendo, conversando, etc, até seus pais terminarem as aulas.
Certa ocasião, eu já havia terminado a minha aula e vários outros colegas também. E nós tínhamos o hábito, até por orientação, fecharmos o portão à chave, deixando em segurança os que ainda estavam em aula.
Eu costumava dar uma carona de carro para nosso querido presidente do Centro, o Sr. Gonçalves, que morava na Rua Dr. José Higino (perto do Centro), mas com uma ladeira e tanto para subir. Naquele sábado não foi diferente... Terminei minha aula e o Sr. Gonçalves também terminou seus afazeres. Fomos em direção à saída, cuidando por fechar a porta dianteira de acesso ao Centro que, naquela época, ainda sem passar pela reforma, tinha a escada de acesso ao andar superior dentro do salão principal.  Ele já ia fechando a porta e eu perguntei para ele sobre aquelas crianças que eu via sentadas nas cadeiras do corredor do andar de cima, pois de lá de baixo conseguíamos ver o corredor superior. E ele, com seus olhos azuis e arregalados, olhava para cima e me olhava em seguida, perguntando: - Que crianças? E eu: - Aquelas que estão lá em cima, sentadas nas cadeiras.
Ele foi fechando a porta rapidamente, me puxava pelos braços e dizia:
- Eeeehhhh... Vamos embora, Sonia... Não tem ninguém lá, não!
E lá fomos nós, rindo. Sim, porque ele sempre dizia que era espírita, mas que era cego, surdo e mudo, mediunicamente falando, e a situação mostrava que era outro tipo de crianças que só eu via e ele não... Ao menos aquele dia.
Ao longo destes 31 anos, muita coisa pudemos vivenciar.
Qualquer hora destas volto a contar.
 
 
Por Sonia Astrauskas

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Por um instante olhei para trás

Para assistir, clique no PLAY

O ano que passou eu só ganhei um conto.
Este ano quero ver se ganho dois;
E se não der para comprar castanhas,
Vou garantir o meu feijão com arroz.
Vamos dar adeus ao ano velho
E cumprimentar o ano novo,
Pedindo felicidade e prosperidade para o povo.
Boa noite ano velho, bom dia ano novo!
 
Desde criança, lembro-me de cantar esta canção nas viradas de ano que eram feitas lá em casa. Não sei de quem era ou cantava; acho que os Demônios da Garoa, mas meu pai, como gostava de música e era possuidor de uma voz belíssima, nos ensinou. Ao som de seu violão, formava o mais lindo coral improvisado que já conheci: seus nove filhos e mais os agregados que quisessem, naquele momento de alegria, participar da nossa festa de final de ano.
Nosso repertório era grande, mas esta canção foi uma das marcas que ficou para sempre. Não faltava a tradicional Adeus ano Velho, Adestes Fideles, as de carnaval e as italianas, cantadas pela nossa saudosa Maria Italiana, sempre presente nesta data.
Não posso deixar de registrar outra que também marcou nossa infância nesta época, era o Ceuzinho; cantávamos em duas vozes com o grupo das meninas e dos meninos, ficava até que afinado e muito bonito e, apesar de ser tudo improvisado, a plateia sempre pedia bis.
Depois de comemorarmos em casa era de costume sair nas ruas e levar nossa alegria para as casas dos vizinhos e, assim, íamos pela madrugada esticando estes saudáveis momentos até o sinal vermelho de meu pai. Enquanto éramos crianças e adolescentes a festa de final de ano era assim: musical, alegre, participativa, festiva, saudável e de muitas guloseimas que minha mãe preparava.
O tempo passou e as mudanças vieram. Muitos casamentos, novos agregados, e com os novos núcleos formados, por muitos anos fizemos a virada na casa de minha irmã Bernadete, que teve um fim com sua mudança para o Rio de Janeiro.
Com as novidades que iam acontecendo ao longo da nossa vida, lembro-me de muitos dos nossos finais de ano na casa de Peruíbe. Quantas vezes nas viradas, saíamos com o Sinkler ao violão e, pelas ruas do lugarejo, levávamos nossas músicas, fazendo com que muitos se juntassem ao nosso grupo que terminava lá na praia, onde fazíamos nossos pedidos para o ano que se iniciava com os tradicionais pulinhos nas ondas do mar.
Hoje, com a formação de terceira geração das famílias, tudo ficou mais disperso e as comemorações da virada tem sido bem diversificadas, mas, sempre que possível, procuro reunir os irmãos e, por um instante, olhar para traz, e de volta ao passado revivo nosso coral infantil , as andanças pelas ruas na madrugada, nossos brindes e por tantas alegrias espalhadas e compartilhadas.
Neste momento, em que mais uma ano está prestes a começar, convido a todos a um brinde de amor, de amizade e de muita saúde.
Que 2013 venha com muito mais sonhos, mais alegrias e muito mais paz.
Feliz Ano Novo!
 
Por Margarida Peramezza