Todos os anos ao acordar em uma manhã de inverno como a de hoje,
onde os raios de sol teimam espantar o
frio e aquecem os espaços onde estão refletidos, lembro-me das manhãs em minha
casa quando criança.
Nessas oportunidades minha mãe ao acordar e perceber este
fenômeno climático dispunha algumas cobertas na calçada que contornava os
alicerces da casa, na frente leste, de onde vinham os raios solares.
Normalmente em Itaquera, extremo leste de São Paulo, a
temperatura fica em média 2 graus abaixo da média da cidade, e nessas ocasiões
acredito que convivíamos com algo em torno de 7 a 9 graus.
Após estar certa que as cobertas já haviam se aquecido com o
calor do sol, ela preparava as canecas de café com leite e passava as fatias de
pão com margarina na frigideira até dourar as bordas.
Dispunha este banquete em um caixote ao lado das cobertas e
nos acordava com todo carinho para fazermos o que ela chamava de pic-nic.
Carregava eu e a Ana minha irmã, na oportunidade eu com quatro
anos e Ana com seis e nos aconchegava nas cobertas apoiados pelos travesseiros
de penas que ela mesma fazia.
Ali ficávamos comendo, brincando e conversando até o sol ser
encoberto pelas folhas do abacateiro lá pelas 9,00 horas.
Agora tínhamos que espantar a deliciosa preguiça, juntar
toda a bagunça e darmos início a mais um dia de nossas vidas que havia começado
de forma mágica.
Saudades destes dias e dela.
Saudades da simplicidade e da felicidade.
Marcos Falcon
7 comentários:
Falcon meu querido, no frio, uma chicára de café com leite quentinho e carinho de mãe é tudo de bom.com
Caro Falcon!
Sua mãe era uma artista, no mais profundo dos significados! E dela você herdou lembranças e saudades que se transformam num poema encantador.
Sua pequena crônica nos permite viajar no tempo e relembrar sensíveis e carinhosas delicadezas das quais já não mais se ouve falar! E essa mágica viagem nos traz à memória outras delicadezas que desfrutamos lá atrás, num tempo que vai se desfazendo nas brumas...
Abraço.
A ternura e o amor materno, lenitivos suficientes pra aquecer o mais rigoroso dos invernos. Quanta belesa existe na simplicidade de uma escrita, quando o assunto é a descrição do gesto de uma mãe esbanjando amor aos seu pequerruchos. Parabéns, Falcon dos sete mares, teu súdito, te saúda.
Laruccia
seu texto :simples, delicado e repleto de amor, assim como tôda mãe!
abraço grande
Falcon, seu texto me comoveu.As cenas construí e vi vocês ali desfrutando do amor maior e da mais pura felicidade.Um grande beijo.
Falcon, peguei uma "carona" no seu belo texto e me reportei ao meu tempo de criança, mamãe preparava o café com leite bem quentinho enquanto aguardávamos pacientemente na mesa da cozinha, parabéns pela cronia, Nelinho.-
FALCON:
Um cotidiano que não volta mais. Pena.
Pena por quê? Coisa boa, isto sim! Um pedacinho do dia-a-dia que permaneceu, ficou e que se tornou maior que os grandes eventos de uma vida. Da sua, da minha, de todos.
Belo relato.
Abração,
Natale
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