terça-feira, 4 de setembro de 2012

UMA MANHÃ DE INVERNO




 

Todos os anos ao acordar em uma manhã de inverno como a de hoje, onde os raios de sol teimam  espantar o frio e aquecem os espaços onde estão refletidos, lembro-me das manhãs em minha casa quando criança.

Nessas oportunidades minha mãe ao acordar e perceber este fenômeno climático dispunha algumas cobertas na calçada que contornava os alicerces da casa, na frente leste, de onde vinham os raios solares.

Normalmente em Itaquera, extremo leste de São Paulo, a temperatura fica em média 2 graus abaixo da média da cidade, e nessas ocasiões acredito que convivíamos com algo em torno de 7 a 9 graus.

Após estar certa que as cobertas já haviam se aquecido com o calor do sol, ela preparava as canecas de café com leite e passava as fatias de pão com margarina na frigideira até dourar as bordas.

Dispunha este banquete em um caixote ao lado das cobertas e nos acordava com todo carinho para fazermos o que ela chamava de pic-nic.

Carregava eu e a Ana minha irmã, na oportunidade eu com quatro anos e Ana com seis e nos aconchegava nas cobertas apoiados pelos travesseiros de penas que ela mesma fazia.

Ali ficávamos comendo, brincando e conversando até o sol ser encoberto pelas folhas do abacateiro lá pelas 9,00 horas.

Agora tínhamos que espantar a deliciosa preguiça, juntar toda a bagunça e darmos início a mais um dia de nossas vidas que havia começado de forma mágica.

Saudades destes dias e dela.

Saudades da simplicidade e da felicidade.
 
Marcos Falcon

 

 

 

7 comentários:

Miguel S. G. Chammas disse...

Falcon meu querido, no frio, uma chicára de café com leite quentinho e carinho de mãe é tudo de bom.com

Zeca disse...

Caro Falcon!

Sua mãe era uma artista, no mais profundo dos significados! E dela você herdou lembranças e saudades que se transformam num poema encantador.
Sua pequena crônica nos permite viajar no tempo e relembrar sensíveis e carinhosas delicadezas das quais já não mais se ouve falar! E essa mágica viagem nos traz à memória outras delicadezas que desfrutamos lá atrás, num tempo que vai se desfazendo nas brumas...

Abraço.

Laruccia disse...

A ternura e o amor materno, lenitivos suficientes pra aquecer o mais rigoroso dos invernos. Quanta belesa existe na simplicidade de uma escrita, quando o assunto é a descrição do gesto de uma mãe esbanjando amor aos seu pequerruchos. Parabéns, Falcon dos sete mares, teu súdito, te saúda.
Laruccia

marcia ovando disse...

seu texto :simples, delicado e repleto de amor, assim como tôda mãe!
abraço grande

margarida disse...

Falcon, seu texto me comoveu.As cenas construí e vi vocês ali desfrutando do amor maior e da mais pura felicidade.Um grande beijo.

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Falcon, peguei uma "carona" no seu belo texto e me reportei ao meu tempo de criança, mamãe preparava o café com leite bem quentinho enquanto aguardávamos pacientemente na mesa da cozinha, parabéns pela cronia, Nelinho.-

Wilson Natale disse...

FALCON:
Um cotidiano que não volta mais. Pena.
Pena por quê? Coisa boa, isto sim! Um pedacinho do dia-a-dia que permaneceu, ficou e que se tornou maior que os grandes eventos de uma vida. Da sua, da minha, de todos.
Belo relato.
Abração,
Natale