Imagem abaixo retirada da internet: time do Palmeiras campeão paulista de 1942
Ano de l942... Tenho este ano guardado na memória e me
lembro bem dos fatos ocorridos no Natal daquele ano com riqueza de detalhes,
como se eles tivessem ocorrido ontem.
Eu, meu irmão Luiz, papai e mamãe morávamos na Rua Agostinho Gomes, nº. 2.197, casa simples de 1 quarto e cozinha, o banheiro ficava fora (a casa ainda existe, agora com outro aspecto). Nos fundos morava uma família de espanhóis dos quais ainda hoje me lembro com saudade.
Eu, meu irmão Luiz, papai e mamãe morávamos na Rua Agostinho Gomes, nº. 2.197, casa simples de 1 quarto e cozinha, o banheiro ficava fora (a casa ainda existe, agora com outro aspecto). Nos fundos morava uma família de espanhóis dos quais ainda hoje me lembro com saudade.
Meu pai, homem simples, porém correto e trabalhador, lutava
com dificuldade para manter a família e seu salário mal dava para chegar ao
final do mês. Naquele ano papai estava alegre porque o Palmeiras se sagrara
campão paulista, com uma vitória em cima do São Paulo e o tricolor abandonou o
campo quando o placar estava 3x1 no primeiro tempo.
Uma noite, no mês de dezembro, eu e meu irmão já estávamos deitados quando ouvi meu pai comentar, na cozinha com a minha mãe, qualquer coisa a respeito de uma distribuição de brinquedos que seria feita pela Dona Leonor Mendes de Barros, no Largo São Paulo, em frente ao Cine São Paulo, na manhã do dia 24 (esse largo ficava onde hoje passa a Radial Leste, no Viaduto que está na Rua da Glória); isso nos deixou ansiosos e não víamos a hora de ver o que iríamos receber de presente (cheguei até a ver os cupons que minha mãe tinha guardado dentro de uma caneca na cozinha).
No dia aprazado meu pai levantou bem cedo e juntos fomos para a Rua Silva Bueno, a fim de tomarmos o bonde que nos levaria até o Largo São Paulo.
Uma noite, no mês de dezembro, eu e meu irmão já estávamos deitados quando ouvi meu pai comentar, na cozinha com a minha mãe, qualquer coisa a respeito de uma distribuição de brinquedos que seria feita pela Dona Leonor Mendes de Barros, no Largo São Paulo, em frente ao Cine São Paulo, na manhã do dia 24 (esse largo ficava onde hoje passa a Radial Leste, no Viaduto que está na Rua da Glória); isso nos deixou ansiosos e não víamos a hora de ver o que iríamos receber de presente (cheguei até a ver os cupons que minha mãe tinha guardado dentro de uma caneca na cozinha).
No dia aprazado meu pai levantou bem cedo e juntos fomos para a Rua Silva Bueno, a fim de tomarmos o bonde que nos levaria até o Largo São Paulo.
De repente, comecei a me sentir enjoado (na véspera, eu
tinha comido vários bombons de chocolate que o Tio Nado havia enviado); não
chegamos nem ao ponto do bonde, pois a coisa se complicou e eu passei o dia
todo com problemas estomacais e intestinais, só melhorei no dia seguinte após
uma medicação que me foi passada por um farmacêutico conhecido nosso.
Meu pai não tinha condições de comprar nada para mim e para
meu irmão, assim, tivemos que nos contentar com um pacote de balas e uma bola
de borracha que um membro da família de espanhóis nos deu como presente.
Ainda hoje vejo
nitidamente o rosto triste de meu pai por não conseguir nos dar um presente de
Natal, mas seu amor por nós com certeza foi o melhor presente que ele pode nos dar.
Por Leonello Tesser
12 comentários:
Nada melhor do que o verdadeiro amor de nossos pais que sempre tivemos, Lelinho. esse amor, imperceptível na tenra idade é a base sólida pra uma formação de uma pessoa cujo resultado é, justamento, vc se manifestando recordando estes eventos guardados com muito carinho. tenha um ótimo e Santo Natal, um ano novo repleto de espectativas confirmadas. Um forte abraço.
Laru
Olá, Nelinho!
Que dureza, heim?! Um piriri bem na época do Natal...ninguém merece!
Mas, estas recordações tasmbém fazem parte de sua história de vida, exemplos valorosos de seus pais que, mesmo com dificuldades, não deixarvam de proporcionar natais repletos de amor e paz para os filhos.
Legal, né?!
Feliz Natal, a você, Jurema e a todos os seus.
Boas Festas!
Muita paz!
.
Nelinho!
Um relato comovente que mostra bem como o amor e o carinho dos seus pais acabou substituindo os presentes que a esposa do governador distribuiria! E você soube tão bem captar toda essa dedicação, o melhor de todos os presentes que poderia ganhar! Isso, certamente ajudou a criar e solidificar os alicerces do homem de bem no qual você se tornaria!
Que o seu Natal seja muito feliz e repleto de saúde, paz, alegrias e realizações! A você e a todas as pessoas que lhe são caras!
Abraço
.
Nelinho, meu secreto amigo das noitadas ´paulistanas, sei que na época o problma estomacal lhe trouxe uma frustação grande. Se fosse mais velho iria pensar bem e concordar que o 2o. maior presente já havia sido dado pelo PALMEIRAS que como campeão, escurraçou os bambis de campo. Ah! o 1o. maikor presente, lógico eram seus pais te abraçando e te dando todo o carinho do mundo.
Feliz Natal Nelinho a você e todos de sua família!
Nello: Texto lindo!
Não porque fala do MEU "PARMÊRA".
Mas sim, porque fala da simplicidade das nossas vidas, do nosso dia-a-dia; e do dia de Natal que vivíamos.
E desse presente caríssimo que você recebeu - a memória do rosto triste do seu pai, provando que ele se importava com você.
E importou muito neste texto a sua sensibilidade de ter percebido a agonia do seu pai. Isto se chama relação de Amor.
Abração.
Natale
Nelinho, família,agregados, vizinhos...Feliz Natal, Feliz Ano Novo de 2012.
Já se vão 70 anos desde aquele seu Natal sofrido, são fatos passados, o saquinho de balas, a bola de borracha, o sofrimento de seus pais.
70 anos é muito tempo e, no entanto, a gente não esquece de certas coisas, boas ou más, um aniversário, um amigo, uma decepção; cabeça de criança é um mata-borrão, absorve tudo e, em nossa idade idealizamos aqueles "tempos maravilhosos que não voltam mais", por não lembrarmos mais da dureza que eram aqueles tempos de frio, do racionamento de alimentos básicos, de dinheiro curtíssimo de nossos pais, dos sapatos que precisavam durar um ano no mínimo, dos lápis apontados até se transformarem num toquinho, tudo isso a gente tirava e letra..., mas, aquele Natal de 1942 vc não esqueceu e nos levou até ele...
Abraço do Ignacio
Nelinho, isso que eu chamo "A vida da gente". Momentos de grandes emoções e que não serão esquecidos. Este é o amor familiar que acredito.Que presentão nosso Palmeiras nos trouxe neste ano. Um Feliz Natal cheio de amor.
Nelinho,
no final vc recebeu um verdadeiro presente de Natal, a dedicação de seu pai. Muito melhor do que receberia no belo e infelizmente extinto Lgo.São Paulo.
Pode ter sido muito triste mesmo, mas agora tem belo sabor de nostagia. Um feliz Natal!
Nelinho,quando se tem o amor dos pais ,a gente sobrevive sempre, mesmo sendo torcedor do Palmeiras kkk. Brincadeira. Parabéns, só brinquei por que sua historia me trouxe a recordação do meu pai, que eu perdi quando tinha 7 anos.
Nelinho momentos difícieis da vida!
Infelizmente momentos como êsse continuam sendo a realidade da vida.
Um grande abraço para você , Jurema e toda família
e que vocês tenham um belo e tranquilo Natal!
Como já disse o filósofo, "aquilo que não me mata, me fortalece". O amor venceu. Eu gostei do seu texto!
Nelinho, texto emocionante; me identifiquei com algumas situações vividas, mas o "papel guardado dentro de uma caneca na cozinha", ahhh, menino, você foi loooonge. Lindo, lindo , lindo e apesar de triste, retrata uma situação muito comum às famílias da época. Abraços, feliz ano novo.
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