domingo, 28 de novembro de 2010

Natal do Brasileiro hoje em dia

Natal vem aí, afirma o calendário.
O quitandeiro que não é otário,
Já que daqui a pouco vai chegar o ano novo,
Aproveita e aumenta logo o ovo

Que se fosse importado, tudo bem,
Mas vindo do lugarzinho que vem...
Nem pega bem.

Nesse embalo, o padeiro aumenta o pão.
O supermercado o feijão.
O preço da carne do boi, do leitão,
Do macarrão, da alface do agrião,
do peixe e até do camarão.
Tudo em feliz competição.

E assim, de grão em grão,
De aumento em aumento,
O Cristão vê seu pagamento
Feito magia sumir de sua mão.
E para aumentar
Ainda mais sua desgraça,
Ele torra o que lhe resta em cachaça,
Até que sua grana se desfaça.

Ah! Mas este mês ele tem como parceiro
O já querido e tão falado décimo terceiro.
Vamos às compras!
Economia nem pense nisso,
Natal existe mesmo só pra isso.
Para a gente comprar presentes
para os amigos, também para os parentes.
E então, no lugar de mudar sua vida,
Ele prefere buscar a falsa solução
Na maior e na mais frustrante ilusão.
Que é acreditar que, ganhando na loteria,
Poderia liquidar a sua dívida,
No outro dia.


Entra ano sai ano,
E esse nosso eterno desengano,
Permanece nos engana e empobrece.
E assim, como 2010 foi pior pra ele que 2009,
2011 será também, para a grande maioria,
muito pior que 2010.

E da-lhe Mega Sena, Tele Sena.
Novenas, promessas
E até mesmo romarias.
Vale tudo pra ganhar na loteria.
Natal do brasileiro é sempre isso,
Os filhos são os Reis “Magros,”.
E o velho pai, o próprio Cristo,

Com todo mundo querendo
Apenas o seu presente.
Enquanto o amor da família,
Há muito vive ausente,
Tem gente que nessa vida
Vive esse triste papel,
De trocar o natal de Cristo.
Pelo de Papai Noel.

E o pior dessa falsa alegria,
Que deixa às vezes a gente até sem fala,
É receber um alô de Bom Natal
De alguém que durante o ano inteiro
Jamais olhou uma só vez, pra sua cara.


Por Arthur Miranda (tutu)

9 comentários:

Luiz Saidenberg disse...

Muito bonito, Arthur. Vc é um poeta e tanto. Não nos deixemos levar por essas onda consumista de fim de ano, que a tudo engole, mas é impossível não fazer uma bela, mas simples invocação ao Natal. Ao menos para reunir nossa pequena família, na sua mínima expressão. Pequena, mas sempre uma Sagrada Família, sejam quais forem as circunstãncias. Grande abraço.

Miguel S. G. Chammas disse...

Pois é Tutu, o Natal sempre foi uma data especial para mim. Presentes, comidas, alegria, comemoravam a data do nascimento do filho de Deus.
Neste ano as coisas não parecem se encaminhar para esse "gran finale", decepções várias, desemprego desanimando os dias, tudo parece conspirar contra a alegria, mas juro, não vou me deixar abater, Jesus renasce e com ele, espero, renasçam a esperança e a alegria em meu coração.
Lindo seu poema. Me fez meditar um tanto.

Soninha disse...

Olá, Arthur!

Natal é uma época bastante importante, no meu modo de pensar, pois as pessoas se enchem de esperança, ficam mais fraternas e estas vibrações são bos para envolver a Terra num clima de paz. Penso que os anjos de Deus aproveitam estas vibrações boas e as levam a todos os recantos do planeta, envolvendo a todos com paz e amor.
Somos movidos a esperança....a sonhos...
Temos de sonhar para podermos ter mais esperança, a fim de construirmos um futuro melhor. Através dos sonhos, dede que fincando nossos pés no chão, conseguimos fazer projetos e focar nossa atenção neste objetivo.
Mas, valeu por sua mensagem de Natal bem realista.
Obrigada.
Muita paz!

suely disse...

Saudade daquele Natal em que o máximo de consumo eram os biscoitos da vó e o máximo de lazer a missa do galo, à meia-noite e, rezada em latim. Sapatos na janela ganhavam bonecas de pano.Lindo poema, Arthur!

Modesto disse...

Tutu, tu es um poeta de "mão cheia".Lembrando o Natal nas suas múltiplas consequências, nos deixa em dúvida: alegria ou tristeza? alegria, é claro, tristezas ja bastam o ano inteiro com suas peculiaridades, seus entraves, suas doênças, seus desempregos, suas violências. Natal é paz, amor, fraternidade, tolerância, desapegos etc. Esqueçamos nossas fraquesas, nossas falibilidades e vamos ao encontro do Sagrado, do belo respeito, da honesta e sincera prova de amor ao próximo. O resto... é resto. Parabéns, Arthur.
Modesto

Wilson Natale disse...

Arthur: Infelizmente o NATAL é a única festa onde quem menos importa é o ANIVERSARIANTE.
Infelizmente o que importa é: Se esse feriado vai virar um feriadão ou não.
Infelizmente o que importa é beber, comer - encher a cara...
Infelizmente o NATAL perdeu o seu sentido e o ANIVERSARIANTE passa desapercebido - quase um penetra - em meio aos convidados dessa orgia de consumo e ostentação.
E nessa festa é proibida a entrada da fraternidade e da solidariedade.
E o convidado, esse só é lembrado nos momentos difíceis para, como um criado, desfazer os problemas e situações que criamos.
É NATAL!!! É.É Natal...
Muito bom, Arthur!
Abração.

MLopomo disse...

Faço uma fézinha 365 dias ao ano!

Zeca disse...

Pois é, Arthur!
Esse é o Natal tal e qual o conhecemos em todos os cantos deste país! Pelo menos nos cantos menos afetados pela extrema pobreza, onde as pessoas nem dessa forma conseguem perceber essa data que evoca momentos de paz, de esperança, fraternidade e tolerância. Onde muitas crianças esperam conseguir, ao menos, um pouquinho de comida doado por pessoas que nessa época se lembram dos menos favorecidos (ainda bem que se lembram!). E como você diz em seu poema, a maioria troca o natal de Cristo pelo de Papai Noel! Mas vomos olhar para o futuro com um toque de esperança no coração. Esperança de que as pessoas recuperem sua fé e a paz tão desejada para se(re)unirem a Jesus e festejar o Seu nascimento entre nós. E, por que não? Trocar uns presentes e fazer uma mesa de boas comidas em redor da qual possamos nos reunir, em família, com harmonia e alegria.
Abraço.

Nelson de Assis disse...

Tutu. O dia de natal, para muitos, é sinônimo de reconciliação e paz.
O ano novo, é sempre aguardado com as novas promessas de dias e tempos melhores. Contudo, a onda consumista que estes dias agregam às suas datas especiais, já se tornou recorrente e a simplicidade destes momentos, em nada tem a haver com as festas que nossos pais faziam tempos passados. Estamos em uma cadeia global de interesses monetários, onde o vil metal (ou papel) esfria os sentimentos e enrijece os corações.
Glórias damos à Deus nas alturas e paz na Terra, aos homens de boa vontade. Ainda existem alguns por aí.
Forte abraço