domingo, 21 de novembro de 2010

Flores de ouro - terceira geração

Incrível ! Fantástico ! Extraordinário! Esse era o título de um programa de Almirante, Henrique Foréis Domingues, nos bons tempos do rádio. É o que me ocorre agora, ao rever o pequeno pé de ipê amarelo, no nosso jardim.
Já escrevi muitas vezes sobre ele, e temo até cansar os leitores. A cada início de primavera, para ser mais preciso. Desde que, anos atrás, soltou a primeira, e única, bela flor, radiante como uma estrela.
Desde então, ele cresceu bastante, com sua floração muito irregular. Poucas flores, às vezes, logo levadas pela chuva e pelo vento. Últimamente, mais surpresas: tem tido uma segunda floração, mais abundante que a primeira. Mas, neste ano, excedeu-se.
Floriu bastante e, pontualmente para variar, logo no início de Setembro, da mesma forma que a maioria de seus irmãos de raça amarela. As flores cairam, começaram a despontar as folhas. Deram poucas favas, estas se abriram e lá se foram as sementes.
Mas, estranho, toda manhã eu continuava a ver no chão as flores caidas. Estava florindo novamente. Também isto passou. Com a copa toda reluzente de verde, pensei que o processo tivesse terminado. Agora, só ano que vem!

Que nada. Estamos já nos finais de Novembro e o ipê continua a florir. Tem até novos botões, prontos para se abrir. É uma terceira geração, quando nesta altura não creio que se ache na cidade um único ipê dourado com flor, nem para remédio.
Será El Niño? La Niña? O aquecimento global, alterando as estações e tudo mais? Se assim fôr, alguma coisa resta de bom, o consolo de uma florada, anual e efêmera, se tornar duradoura... Ou será a Natureza, mais forte que tudo, reagindo bravamente aos terríveis maus tratos impostos pelos humanos?
-Vamos mostrar a vocês, homens de pouca fé, quem realmente manda neste planeta!

Por Luiz Saidenberg

8 comentários:

Soninha disse...

Olá, Luiz!
Eu fico encantada com esta árvore.
Humilde, perde suas folhas para que suas flores sejam as estrelas da festa. Sim... a florescência do ipê é uma verdadeira festa da natureza e uma imensa alegria para nós...colírio para nossos olhos.
Que benção o seu ipê florescer por 3 vezes neste ano! Nossa!
Adorei!
Obrigada.
Muita paz!

Miguel S. G. Chammas disse...

Luiz, no 7 de setembro passado, em passeio com a Sonina por Curitiba, tive o prazerde vertoda a beleza dos vários Ipês amarelos que emolduram toda aquela cidade. Estavam carregados edavam um doce e aureo tom às ruas.
Teu Ipê, já meu conhedido de outros textos, está presenteando-lhe com a 3a. florada, este ´pe um previlégio especial. Aproveite-o com todo o prazer.
Ah! Obrigado poer registrara lembrança do grande Almirante!

Wilson Natale disse...

Ah! Os Ipês. A cara de São Paulo.
Aqui, onde moro, tem uma praça atrás da minha casa. Tanto a praça como a rua tem Ipês multicoloridos.Passou setembro, foram-se-lhes as flores. Mas um Ipê da praça e outro da minha rua, permanecem floridos.
Você tem sorte! O jardineiro me disse que essas são árvores mães, genéticamente mais fortes que as demais. Demoram a vingar, como se gestasse a si mesma. Crescem vagarosamente e suas sementes são muito mais férteis.
E nada como um Ipê-mãe amarelo transformado as ruas numa golden bric's road, alegrando nossos olhos e nosso espírito.
Abração,

Mô disse...

Como de hábito, uma saborosa narrativa do Saidenberg, enaltecendo as maravilhas do Ipê. Realmente, as flores que esta arvore propoeciona é de uma beleza indescritível. Perto de minha casa tem, atraz do clube uma igual a que vc descreve e é um encanto. Maravilha de texto, o seu, Luiz.
Parabéns e um abraço.

Arthur Miranda disse...

Caro Saidenberg. Assim como você nos agracia com seus belos textos o ano inteiro, sem nada exigir. Assim também a natureza resolveu retribuir por mais tempo através da beleza das flores do Ypê amarelo, o quintal de sua residência, em forma de perene gratidão, Olhais os Lírios dos Campos, disse-nos um dia Jesus.
O grande culpado dessa mutação da natureza, não é o El Niño ou El nina,
e muito menos da natureza reagindo aos maus tratos impostos pelos homens, mas é a natureza devolvendo a você e a sua família, com muito amor, todo o carinho que você tem dedicado a ela e a todos nós. Parabéns. E como eu constatei pelo Ypê que tenho aqui em casa, e nos outros todos que existem em Lorena, nenhum mais tem vestígio de flores ou pétala, só posso identificar um culpado. Você e o seu NOBRE CORAÇÃO DE SER HUMANO.

Luiz Saidenberg disse...

Muito obrigado a todos, mas o Arthur me deixou comovido. Ainda mais porque não pudemos ir à sua casa, e a excursão foi cancelada. Sinto muitíssimo, mas não faltará ocasião ! Você e Denise são mesmo generosos!
Grande abraço a todos.

Nelson de Assis disse...

Luiz.
Aqui na Bahia, temos o pé de jambo que, antes de dar seus saborosos frutos, antecede uma florada de pequenos talos cor de maravilha e nos alegram as vistas duas vezes por ano.
No Japão, as famosas cerejeiras oferecem um espetáculo sem igual somente uma vez por ano. Somos um povo cheios de privilégios.
Abraços

Zeca disse...

Luiz, certamente o seu ipê retribui com generosidade o carinho que você lhe devota, escrevendo sempre sobre suas floradas, o que não me incomoda, em absoluto. Pelo contrário, é sempre com prazer que leio seus textos, especialmente aqueles que falam sobre essa dourada dádiva da natureza! Felizes são você e seus familiares por terem em seu próprio quintal uma árvore tão generosa quanto linda em seu esplendor de ouro! Parabéns pelo texto!
Abraço.