segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Cantigas de Roda

Cantigas de Rua de uma São Paulo bem antiga, em que as crianças no domingo a tarde brincavam na rua, enquanto com cadeiras nas calçadas, as mulheres comentavam as novelas da radio São Paulo e os homens ouviam a transmissão de Pedro Luiz na Radio Pan-Americana a emissora do esporte.

Atirei o Páu no Gato

Atirei o páu no gato tô tô
Mas o gato tô tô
Não morreu reu reu
Dona Chica cá
Admirou-se se
Do berro, do berro que o gato deu
Miau !!!!!!

Boi da Cara Preta

Boi, boi, boi
Boi da cara preta
Pega esta criança que tem medo de careta
Não , não , não
Não pega ele não
Ele é bonitinho, ele chora
Balaio

Eu queria se balaio, balaio eu queria ser
Pra ficar dependurado, na cintura de “ocê”
Balaio meu bem, balaio sinhá
Balaio do coração
Moça que não tem balaio, sinhá

Bota a costura no chão
Eu mandei fazer balaio, pra guardar meu algodão
Balaio saiu pequeno, não quero balaio não
Balaio meu bem, balaio sinhá
Balaio do coração
Moça que não tem balaio, sinhá
Bota a costura no chão

Ciranda Cirandinha
Ciranda Cirandinha
Vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar
O Anel que tu me destes
Era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou
Por isso dona Rosa
Entre dentro desta roda
Diga um verso bem bonito
Diga adeus e vá se embora
Capelinha de Melão

Capelinha de Melão é de São João
É de Cravo é de Rosa é de Manjericão
São João está dormindo
Não acorda não !
Acordai, acordai, acordai, João !
Fui no Itororó

Fui no Itororó beber água não achei
Achei linda Morena
Que no Itororó deixei
Aproveita minha gente
Que uma noite não é nada
Se não dormir agora
Dormirá de madrugada
Oh ! Dona Maria,
Oh ! Mariazinha, entra nesta roda
Ou ficarás sozinha !
Sozinha eu não fico
Nem hei de ficar !
Por que eu tenho o Pedro
Para ser o meu par !

Roda Pião

O Pião entrou na roda, ó pião ! (bis)
Refrão Roda pião, bambeia pião ! (bis)
Sapateia no terreiro, ó pião ! (bis)
Mostra a tua figura, ó pião ! (bis)
Faça uma cortesia, ó pião ! (bis)
Atira a tua fieira, ó pião ! (bis)
Entrega o chapéu ao outro, ó pião ! (bis)
Passa anel

Passa, passa trêis veis.
A ultima que ficá
Tem muié e filho
Que não pose assustentar
Peixe Vivo
Como pode o peixo vivo
Viver fora da água fria
Como pode o peixe vivo
Viver fora da água fria
Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia
Os pastores desta aldeia
Ja me fazem zombaria
Os pastores desta aldeia
Ja me fazem zombaria
Por me verem assim chorando
Por me verem assim chorando
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia

Pirulito Que Bate Bate
Pirulito que bate bate
Pirulito que já bateu
Quem gosta de mim é ela
Quem gosta dela sou eu
Pirulito que bate bate
Pirulito que já bateu
A menina que eu gostava
Não gostava como eu
Marcha Soldado

Marcha Soldado
Cabeça de Papel
Se não marchar direito
Vai preso pro quartel
O quartel pegou fogo
A polícia deu sinal
Acorda acorda acorda
A bandeira nacional

Menina Sapeca

Lá na rua onde eu moro
Tem uma garota sapeca.
Passa as noites namorando
até de madrugada
Com velho caréca.
Eu fico trepado no muro
Olhando no escuro
os dois se beijando.

O Cravo e a Rosa
O Cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada
O Cravo ficou ferido
E a Rosa despedaçada
O Cravo ficou doente
A Rosa foi visitar
O Cravo teve um desmaio
A Rosa pos-se a chorar
Terezinha de Jesus

Terezinha de Jesus deu uma queda
Foi ao chão
Acudiram três cavalheiros
Todos de chapéu na mão
O primeiro foi seu pai
O segundo seu irmão

O terceiro foi aquele
Que a Tereza deu a mão
Terezinha levantou-se
Levantou-se lá do chão
E sorrindo disse ao noivo
Eu te dou meu coração
Dá laranja quero um gomo
Do limão quero um pedaço
Da morena mais bonita
Quero um beijo e um abraço

Por Mário Lopomo

10 comentários:

Miguel S. G. Chammas disse...

Coisas do foolclore infantil e que nos trazem uma linda recordação de nossa infância. Valeu.

Anônimo disse...

Sônia e leitores. A cantiga Boi da Cara Preta é de autoria de Dorival Caimmi. Ele fez para sua filha Nana, para que ela dormir. A composição. Marina tambem foi feito para ela, que desde menina gostava de de maquiar. Marina Morena, Você se pintou...

Zeca disse...

Mário, que boas lembranças de um tempo em que a meninada podia se fartar nas brincadeiras de rua, enquanto as mães, em frente às suas casas, com um olho nos filhos, batiam papo e descansavam ao lado das vizinhas! Hoje, creio, nem no interior poderemos rever cenas como essas! As mudanças ocorrem cada vez mais rapidamente, como jamais aconteceu antes. Então, só nos resta recordar e deixar o sorriso da saudade brincar em nossos corações.
Abraço.

Arthur Miranda disse...

Mário, muito boas recordações de uma época maravilhosa que com certeza não haverá outra igual. Espero que você jamais comente com os nossos companheiros do Blog o e-mail que lhe enviei dizendo como os censores da ditadura de 64 diriam da pornografia contida nas letras dessas cantigas de Roda. Parabéns pela saudáveis lembranças.

Wilson Natale disse...

"Nesta rua, nesta rua
Tem um bosque
Que se chama, que se chama solidão.
Dentro dele, dentro dele
Mora um anjo,
Que roubou, que roubou meu coração"...

"È arrivato l'ambasciatore,
A cavallo d'un camello"..

Beleza, Lopomo! Bastou as letras dessa cantiga para que eu voltasse à minha infancia e saisse a brincar na rua com os meus amigos.
Dias de sol, massaneta e futebol. E as meninas formando grandes cirandas no meio da rua.
"Se esta rua, esta rua
Fosse minha,
Eu mandava eu mandava ladrilhar.
com pedrinhas, com pedrinhas
De brilhantes,
Para o meu, para o meu
Amor Passar"...
Felizes somos nós que vivemos tudo isso!
Abração,
Natale

Arthur Miranda disse...

Quero esclarecer para que não paire nenhuma duvida, que a única razão do meu pedido ao Mário para não comentar com os companheiros o e-mail que eu enviei a ele. É que no mesmo eu postei notas com palavras chulas e pornográficas com respeito às Cantigas de Roda na visão dos Censores Teatrais em 1964. Apenas isso, e nada mais.

Mô disse...

Feliz época de nossa infância, uma felicidade impossível de se repetir pelo simples fato de sermos nós mesmos os protagonistas dessas brincadeira e gostavamos de tudo o que rimava. Aquilatamos, agora aquela felicidade porque não conheciamos a infelicidade de ser adulto. Portantanto, eramos simplesmente, alegres, nunca felizes plenamente. Não poderiamos dizer: "sou muito feliz agora porque vou crescer e deixar de ser criança". Parabéns, Tomate.

Soninha disse...

Olá, Mário!

Seu texto me fez voltar aos meus tempos de menina,quando brincavade roda com minhas amigas e com minhas irmãs...
Doces recordações!
Valeu!
Obrigada.
Muita paz!

Luiz Saidenberg disse...

Roda, roda, roda gigante...
Rodamoinho, roda pião,
o tempo rodou num instante
nas voltas do meu coração...

Roda Viva- Chico Buarque.

Nelson de Assis disse...

É sempre bom ter estes registros do cancioneiro infantil. Quem sabe, poderei cantá-las para meus netos.
Abraços