imagem: Colégio Des Oiseaux
Hoje,
15 de Outubro de 2015, afamado por ser festejado nesta data o dia dos
professores, eu resolvi dar um pulo no passado e, lembrar dos meus primeiros
mestres.
Justiça
seja feita, na verdade minha alfabetização foi promovida por minha primeira
professora, ou seja, minha própria mãe. Ela me ensinou a ler e escrever
utilizando para tal façanha, a grande paciência que tinha as propagandas, que
eram exibidas nos transportes urbanos da época, principalmente os bondes. Foi
ali, naqueles bancos duros dos bondes camarão e aberto que eu soletrei minhas
primeiras leituras.
Depois,
já ultrapassada a fase de alfabetização, iniciei a minha peregrinação pelo
mundo dos estudos e experiências literárias. Fui cursar o Primário (assim eram
conhecidos os quatro primeiros anos de estudos de uma criança).
Para
iniciar minha vida estudantil, minha mãe optou por me matricular numa escola de
princípios católicos que era a base fundamental de minha família.
Juntando
o útil ao agradável, fui matriculado, por volta de 1947, na Escola de Santa
Monica que ficava na Rua Augusta, bem em frente a minha residência e fazia
parte do conglomerado educativo do Colégio Des Oiseaux, um colégio das freiras
belgas da Ordem das Regrantes de Santo Agostinho, que tomava a maior parte do
quadrilátero compreendido pelas Ruas Augusta, Caio Prado Jr, Consolação e
Marquês de Paranaguá.
Ora
muito bem, matriculado fui aos poucos sendo apresentado às mestras e diretora
do estabelecimento educacional.
A
primeira a me conhecer foi a diretora Madre Olavo, um anjo de ternura com um
rosto de uma boneca de porcelana, linda e delicada. Depois conheci a
vice-diretora, Madre Yvone, uma velha rabugenta com rosto de bruxa das
historias infantis (se a memória não me falha, tinha até uma verruga na ponta
do nariz), nossa convivência nunca foi das mais agradáveis.
Vieram
em seguida as professoras que deveriam cuidar de transmitir meus primeiros
conhecimentos, eram elas Da. Rina (magra, quase cadavérica, de ossos salientes,
voz esganiçada e de comportamento temido por todos), Da. Angela (aparência
comum, mas igualmente brava e determinada, que não pedia permissão a ninguém
para nos aplicar safanões e puxões de orelhas), e finalmente, a doce e querida
Da. Maria de Lourdes, que tal e qual a Madre Olavo era um anjo de candura e
paciente como ninguém, gostava de ensinar e tratava a todos os alunos
deferência especial, não me recordo de ter, por uma única vez, ouvido sua voz
extrapolar o nível de um volume agradável e inteligível.
Bem,
mesmo tendo cada uma das minhas primeiras mestras, uma personalidade única, me
ensinaram muito, e me deram todo o apoio nos primeiros passos da minha
caminhada pela vida e neste texto quero deixar expressa a minha eterna
gratidão.
Por
Miguel Chammas
6 comentários:
Olá, Miguel!
Suas lembranças nos trouxeram as nossas. De nossa escola, de nossos professores, de nossa vida estudantil e a mim, particularmente, como professora.
Valeu!
Muita paz!
Pois é, Miguel, também tenho boas e más recordações das professoras e, infelizmente, passaram pela minha vida duas cuja lembrança não me deixam nenhuma saudade, mas gosto de lembrar sempre de uma delas, a melhor e acho que a melhor de toda a minha vida estudantil: Dona Carmela de Caprio. Muito bonita, educada e tinha uma didática que estou para ver igual. Sabia conduzir a classe, com classe. As outras duas (uma do primeiro ano e a outra, para meu azar, terceiro e quarto anos), sei o nome, mas não escrevo para não perpetuar. Que Deus as tenha em bom lugar e elas estejam vendo quão mal cumpriram sua missão. O que vale é que a grande maioria dos professores cumpre a missão com amor e distribui o conhecimento que têm e, por esse motivo, deixo aqui também a minha homenagem a todos os que passaram por minha vida.
Pois -e Miguel, nosso aprendizado não foi muito diferente. O meu "primário" foi de 1940 a 1944, não repeti nem um ano. Como vc lia todos os anuncios de bonde e na sala de aul, eu era o que melhor lia, pois assistia as aulas com o Gibi debaixo da carteira. Parabéns, Miguel, gostei do seu texto.
Bela e merecida homenagem a todas aquelas que nos conduziram pelos "Caminhos Suaves" das letras e dos números! Estudei no Grupo Escolar São Paulo, na Consolação esquina da Antonia de Queiroz, e lembro das professoras Dona Alda, Dona Cynira, Dona Henriqueta e Dona Elza. E da diretora, Dona Maria Aparecida, que ficava no corredor distribuindo beliscões aos que saiam da fila ou falavam alto. Uma coisa que trago muito presente ainda hoje são uns quadros (papel lustroso sobre uma tela de tecido maleável), com cenas bucólicas (uma casinha de sítio com uma mulher distribuindo milho para as galinhas, outra com um vale entre montanhas suaves e com um riacho correndo entre pedras...). Esses quadros apareciam nas aulas de "descrição" e tínhamos que escrever o que víamos, como víamos! E várias outras lembranças, como a do sorveteiro que ficava na porta da escola nos fins de tarde, numa carrocinha puxada por um cavalo, e anunciando "Sorvete Delícia". Algumas vezes eu conseguia um dinheirinho com meus pais ou meus tios e matava a vontade de tomar aquele sorvete, que justamente por ser tão difícil de conseguir, tinha um sabor que até hoje é inesquecível!
Gostei muito do seu texto Miguel... me fez lembrar dos meus tempos de escola tbém de freiras, o Colégio Santa Inês no bairro do Bom Retiro em São Paulo... belos e velhos tempos... me emocionei com as lembranças e como dizem :_ "Recordar é viver!"... Obrigada por isso... SORRISO!!
Estudei na Escola Santa Mônica em 1954 até 1958.Lembro bem da Madre Olavo, fui aluna da prof.D.Ivan e prof.Glorinha.Amava essa escola.Obrigada por relembrar.
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