imagem: Seleção da Espanha, minutos antes do jogo contra o Uruguai na Copa de 1950
Escalação: Ramallets, Gabriel Alonso, Parra,
Gonzalvo II, Gonzalvo III, Puchades, Basora, Igoa, Zarra, Molowny, Gaínza (Cap.)
Em 1950 meu tio Mané me levou ao Pacaembu para assistir Uruguai vs
Espanha; era um domingo que começou com tempo fechado mas logo o sol apareceu,
aquele solzinho de inverno, até que um pouco frio, um sol que não
aquecia. Chegamos ao Pacaembu era meio dia mais ou menos e ficamos esperando
abrir as bilheterias, acho que abriu por volta de 13:30h. havia uma fila
normal, sem empurra-empurra, claro que cheia de hermanos da Banda Oriental e
señores de Castilla la Vieja, Aragon, Galicia... e muitos brasileiros.
Prá ser sincero, para nós, aquele era mais um torneio com a Seleção do
Brasil e seleções estrangeiras, nada muito importante e, além do mais, em
relação à Seleção Brasileira, havia o problema do bairrismo exacerbado com a
escolha dos jogadores pendendo para o lado do Rio de Janeiro, com o time tendo
por base o Vasco da Gama, o expresso da vitória. Me lembro do Antonio Cordeiro
da radio Nacional do Rio justificar o encariocamento da Seleção com o seguinte
argumento: "Ninguém conhece os jogadores de São Paulo, de Minas, do
Rio Grande..." Aquela foi uma época em que o Brasil treinava contra o Torres
Homem, um time de várzea de Niterói presidido por um diretor da CBD; creio que
deveria haver uma graninha por fora para "pagar despesas, etc,
etc...(cala-te boca!)".
Uruguai e Espanha ficaram no 2 a 2 num jogo horrível, se eu estou bem
lembrado; o Brasil jogou contra a Suiça, também no Pacaembu, com um time
considerado reserva, ou melhor, com um time montado nas coxas (perdão pelo
calão!) e também empatou por 2 a 2...
No Rio, após a goleada contra a Espanha, o time saiu do Hotel das
Laranjeiras, um local sossegado, na floresta, e desceu para São Januário,
dependências do Vasco da Gama...
Era época de eleições, inclusive eleições presidenciais e políticos do
Brasil todo vieram para o Rio para serem fotografados com os jogadores; Flávio
Costa, o Alicate, era o nosso técnico, candidato à vereança do Distrito
Federal e articulador das entrevistas, fotos e filmagens com os políticos.
Zizinho, talvez na última entrevista em profundidade dada por ele para um órgão
de imprensa, no caso a para a ESPN (tá no youtube) afirmou que em 3 dias, se
ele dormiu 20 horas foi muito. A revista "O Cruzeiro" levou os
jogadores, na madrugada do dia do jogo contra o Uruguai, para um estúdio para
serem fotografados uniformizados e com a faixa no peito... e deu no que deu!
Bigode não conseguiu marcar o Gighia, faltou-lhe pique, velocidade e, de
repente, lá veio a bomba, chute cruzado, que o sonolento Barbosa, mesmo estando
bem acordado, não conseguiria defender.
Fala-se muito de 1950, mas também em 1954 a desorganização comeu solta,
jogadores preferidos por Zezé Moreira como titulares e Julinho, Cláudio,
Baltazar, Djalma Santos, entre outros, ou no banco ou não sendo convocados... A
Copa terminou tristemente para nós com a "Comissão Técnica" partindo
inteira para cima do "referee", Zezé Moreira com uma chuteira
na mão, como um malandro do morro e seu chinelo Charlot, avançando contra a
polícia da Suiça; Paulo Planet Buarque fotografado e filmado distribuindo rabos
de arraia no gramado... vergonha!
Eu me abstenho de escrever em datas especiais, efemérides, dia das Mães,
dia dos Pais, dia das Sogras e outros dias, inclusive Natal, Ano Novo e outros,
mas estão escrevendo tanto sobre essa Copa de 2014 e sobre 1950 que resolvi
deixar minha postura de molusco e relembrar certos fatos...
Talvez eu ainda volte ao assunto, sei lá!
Por
Joaquim Ignacio de Souza Netto