sexta-feira, 16 de maio de 2014

Nostalgias


Texto sem edição

Anos de 1938 a 1941, início da segunda guerra mundial, meus primeiros contatos com as atrocidades na Europa. Na escola Romão Puigari, lembro bem, além dos gibis, (que eu lia), tínhamos um livro sobre história universal em que, entre tópicos  históricos  dos países, o autor, em desenhos rústicos mas, bem acabados apresentava,  por meio destes esboços, (pelo menos o que ele, o desenhista, imaginava), as características físicas do perfil de cada cidadão, acompanhando o texto correspondente. Textos bem resumidos, é claro pois, se destinavam ao ensino básico, na época, denominado, escola de grupo. Os desenhos, elaborados em traços simples e diretos, numa visão rápida, tinha-se noção da relação com o texto. Sem entrar em demasiados detalhes, as divisões eram por continentes. Aparecia um busto de olhos puxados: asiáticos, um rosto moreno: sul americano, um perfil bem definido de um negro: africano e assim por diante. Virando as páginas, deparei com  um perfil de um homem barbudo, traços rústicos: europeu. A imagem me deixou um tanto ou quanto, preocupado. Meu pai, tios, e outros parentes e amigos, todos italianos, europeus, naturalmente, nenhum deles usava barba. Deduzi que os que estavam no Brasil, já eram civilizados e os do livro simplesmente viviam, ainda em estado de civilização bem atrasada, pobretões, o ilustrador baseou-se pelos que ainda vivíam lá e os que estavam no Brasil, já estavam num estágio de civilização bem mais adiantada. (sonho infantil)

Tudo isso pra chegar ao ponto da minha nostalgia, ouvindo os papos em casa, meu pai lendo jornais italianos, (Fanfula) para os amigos, (a maioria analfabetos), fui revendo meus conceitos sobre a guerra. Os inimigos são os alemães, (Hitler), italianos (Mussolini) e japoneses (Hiroito), o famoso “eixo”, apontados em todos os jornais, revistas, gibis e filmes que lia e  assistia. Os grandes heróis, os americanos, principalmente Capitão América, Príncipe Submarino, Tocha Humana, Bat-Man, Super Homem etc. Meu pai tinha no Mussolini, um grande estadista, (saiu da Itália com 11 anos) e meus tios, estavam fora desta contenda, não usavam barba!

Quando um casamento, no seio da família acontecia, a primeira preocupação era o presente a ser oferecido. Se o parente era o noivo, deveria ser algo de uso pessoal, como relógio, caneta, alfinete de gravata, porta-notas com iniciais gravadas  em ouro etc. Se fosse a noiva, uma jóia, roupas de elaboração esmerada, lençóis bordados a mão, colcha ou a famosa bacia com jarro porcelanizada, pra uso íntimo no aposento dos noivos.

Pra comprar o que ficara determinado pelas conversas mantidas com meu pai e, mediante a decisão,  minha mãe se preparava, me escolhia pra companhia e eu, todo alegre, agarrado nas mãos de minha querida mãe, Felícia, sabia que no caminho tinha pipocas ou amendoim, até mesmo, chocolate. Aí começa minha nostalgia... (parte 1)


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Por Modesto Laruccia


6 comentários:

Soninha disse...

Olá, Modesto.

As lembranças são consolos para nossa alma e recursos para exercitarmos a mente, a memória... E, ainda, ensinarmos os nossos jovens.
Muita paz!

Miguel S. G. Chammas disse...

Modesto, só vou comentar depois de ler a 2a. parte.

Teresa disse...

Como o Miguel, só comentarei depoisde ler a segunda parte. A primeira promete.

margarida disse...

Modesto, quantas lembranças gostosas, você foi um menino de sorte. Um abraço.

margarida disse...

Modesto, quantas lembranças gostosas, você foi um menino de sorte. Um abraço.

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Modesto, o presente de casamento era discutido em família, quando meu tio Olindo casou meu pai deu um faqueiro da marca Wolf, me lembro que custou uma fortuna! rs.rs.rs. parabéns pelo texto.