quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Primeiro e derradeiro voo




(Um dia, ao passar pelo supermercado, perto de casa, deparei com um filhote de sabiá, se estrebuchando no chão e morrendo, em seguida. Dedico estes versinhos a esta pequena criatura)

Do alto da frondosa árvore, num aconchegante ninho,
o pequeno Bentinho, via sua mãe entrar, pela bandeira
aberta do supermercado... voltar, sempre com alimentos.
Observando, atentamente, mamãe, no bico, um sorrisinho.
Chegara a hora, aprender a voar, mamãe, sempre ordeira,
Pede a Bentinho que ensaie seus primeiros movimentos.


Bentinho, sapeca, vivo e esperto, já quer voar direto.
“Primeiro, tente bater as asinhas,” Bentivenha aconselha.
Bentinho, em seu limitado saber, “eu vi a senhora voar...”
Manhã linda, ensolarada, Bentivenha sai em vôo correto,
Em busca de mais alimento, Bentinho, não é só palha,
que vai satisfazer o pequenino, que quer um vôo tentar.


Apenas o bater de asinhas, não faz um pássaro liberto,
Mirando a bandeira  do supermercado, lembrando mamãe,
Bentinho, enche o peito, ainda com casquinhas de ovo.
Vai mostrar pra mamãe que ele também voa, e é esperto,
Começa a bater as asinhas, vê a bandeira, ele se empenha.
Não vê... bandeira fechada, vai de encontro ao vidro polido
e cerrado, trágico final de vida, num triste e verdadeiro
PRIMEIRO VOO, DERRADEIRO.




Por Modesto Laruccia

6 comentários:

Soninha disse...

Olá, Modesto

Triste história de seu bentivizinho. Final infeliz.
Mas, é uma alegoria que retrata os tempos de hoje, quando os jovens tem que ter boas referências e seus pais são as melhores, mas nem sempre eles tem paciência de esperar o momento certo para "baterem suas asas" e ganhar o mundo, não é mesmo?
Valeu!
Muita paz!

Anônimo disse...

Meu querido Modesto, o sr. sempre se esmerando na capacidade de emocionar e fazer o coração pulsar mais humano. Parabéns, meu amigo. Lindo texto e sempre com sentimentos à flor da pele. Um grande abraço, Vera Moratta.

Wilson Natale disse...

LARÙ:
Eccoti, a versegiare!
Lindo texto. O agridoce da vida, em bela uma alegoria.
Com na poesia "Viver é preciso" (aquela necessidade, dos humanos e animais, de seguir em frente). E "Viver não é preciso" (viver é incerto).
Amei!
Bacioni in testa,
Natale

Miguel S. G. Chammas disse...

Modé, ainda bem que Dante não teve ideia de viver at´pe os dias atuais.Iria ficar desgososo das obras escritas diante da singeleza do teu poema-fábula educativo.
Gostei compá

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Grande Modesto! volta outra vez com um lindo texto em tom poético, parabéns.

margarida disse...

Modesto, uma triste historia! Lendo seu texto lembrei desta canção:
Menina Moça

Você botão de rosa
Amanhã a flor mulher
Joia preciosa cada um deseja e quer
De manhã banhada ao sol
Vem o mar beijar
Lua enciumada noite alta vai olhar
Você, menina moça,
Mais menina que mulher
Confissões não ouça
Abra os olhos se puder
Tudo tem seu tempo certo
Tempo para amar
Coração aberto faz chorar
A lua,
O sol
A praia
O mar
Lição de Deus,
A vida eterna para amar.
Parabéns pelo texto e um grande abraço.