imagem: SARPAC - Sociedade Amigos do Residencial Parque Continental
Nos 5
anos que moramos na “quadra “B”, passagem “E”, várias ocorrências se
manifestaram. A Myrte conseguiu transporte pra mais de 20 crianças, com escolas
localizadas em vários bairros, sem nunca sofrer qualquer acidente e nem queixa
de pais de alunos sobre qualquer inconveniência.
De minha
parte, trabalhando muito como vendedor de embalagens, tinha, também, minhas
tarefas concernentes as atividades da SARPC, (Sociedade Amigos do Residencial
Parque Continental), entidade juridicamente constituída, fundada por mim e mais
alguns vizinhos, como os professores da USP, Kazuko e Yogiro, do campo de
física nuclear, prof. Ivo, Eduardo, Gessy, e mais alguns vizinhos de outras
ruas. Na época, (hoje, nem tanto) estas formações eram permitidas e eram das
poucas oportunidades que tínhamos em enfrentar uma empresa politicamente
“incorreta”. A justiça, apesar dos pesares, punha um pouco de respeito.
Esta
sociedade existe até hoje, completando 40 anos de bons serviços prestados a
comunidade, pois, a Construtora Continental se indispunha muito com moradores
queixosos, devido os constantes descalabros com algumas casas que não tinham
acabamentos conforme rezava no contrato de compra. Se refugiavam com os
próceres políticos e, apadrinhados por sectários da revolução, ameaçavam os que
deixavam de pagar as prestações como protesto, com uma indicação de movimento
contrarrevolução, movimento comunista, como chegaram a fazer em outro
empreendimento. Por incrível que possa parecer, na época, nosso prefeito era o
Paulo Salim Maluf.
Saindo da
rua do Gasômetro, asfalto, barulho, cheiro de gás, (que os ingleses, diziam que
era bom pra coqueluche... de suas ações nas bolsas londrinas...), a Myrte e eu
não acreditávamos que estávamos vivendo num paraíso terrestre. Eu, louco pra
bater uma bola cujo único lugar pra isso, no Braz, era o Parque D. Pedro ll,
que já estava virando canteiro de obras do Metro.
Fiz um
levantamento sobre jogar bola no terreno da Continental.
Como boa
parte dos moradores gostava de futebol, nada melhor do que formarmos dois times
e brincarmos, todos os domingos de manhã, no terreno ainda desocupado onde hoje
se encontra o “Shopping Continental”.
Nestes 5
anos, além do futebol domingueiro, os vivinhos próximos começaram a se unirem mais
ainda.
É
evidente que novos vizinhos são como novos parentes, todos simpáticos, sem
defeitos, corretos, a proximidade das casas permitiam troca de receitas de
cozinha, de bolos, (menos de maridos), assistências médicas e a todas as
vicissitudes que ocasionam desconforto.
Mais uma
vez as iniciativas da Myrte vingam com a implantação das festividades no mês de
junho, relativas às festas juninas de todos os anos. Conversando com as
vizinhas, reuniu todas na preparação dos ornatos e obtenção dos bambus necessários
pra um arco na entrada da ruazinha. Lenha pra fogueira, carnes pros churrascos
de todo fim de semana, bebidas, salgados e doces específicos dos folguedos
juninos. Pra estas preparações que exigiam procuras externas, ficavam a cargo
da parte masculina. Outros vizinhos, de outras ruas, com o passar dos anos
queriam, podiam e vinham colaborar e passar estas gostosas temporadas;
divertimo-nos bastante e ficamos felizes com a certeza de que se devia
aproveitar o máximo, pois estas são passageiras e que nunca se repetirão.
Por Modesto
Laruccia
4 comentários:
Olá, Modesto!
Fundador de Associação... que bacana!
Eu também entendo que não há nada melhor do que morar em um lugar onde possamos nos sentir seguros e felizes e que cabe a todos fazer a sua parte para alcançar isto.
Ainda de quebra um lugar para a prática do esporte favorito, né?!
Valeu, Modesto.
Muita paz!
LARÙ:
Coisa boa ir para um bairro quase nascente e fazer parte dele desde seu início.
Pena que os bairros, antes semelhantes às cidades do interior sejam aos poucos, engolidos por esta São Paulo que se agiganta cada vez mais.
Seu texto, bem biográfico, é ótimo!
Abração,
Natale
Modesto, acompanho toda sua historia e vejo a Myrtes sempre o teu lado e tocando a vida com iniciativas que só trouxeram benefícios para você e toda sua família.Uma companheira de atitudes firme e de uma fibra permanente.Parabéns para ela e pra você também que sempre souber manter tudo isso com amor e compreensão.Um beijo para os dois.
Modesto!
Com estes relatos você nos mostra várias coisas: o grande valor da Myrtes que lutou ao seu lado para construirem uma linda família; mostra também a cumplicidade do casal que aceitou a aventura de sair do conforto do bairro já conhecido para as incertezas todas de um bairro que, além de desconhecido, ainda era nascente. Mostra que uma vida de trabalho honrado constrói, pouco a pouco, um futuro repleto de boas lembranças e mostra o passado onde o trabalho árduo de ambos não os impediu de criar novas amizades, organizar melhor as coisas do bairro através da associação, encontrar um local para o sagrado futebolzinho e do churrasco dos finais de semana e até as festas comunitárias, que tantas alegrias acrescentam à memória de todos. E ainda oferece como exemplo a vida do casal há tantos anos juntos e que soube manter o amor, o respeito, a amizade, a cumplicidade e, principalmente, a alegria de estarem juntos. Eu me comovo bastante com cada um dos teus relatos. É uma história de vida muito bonita.
E antes que me esqueça, hoje é dia do seu aniversário! Meus votos de muita saúde, paz, amor e tranquilidade para você e sua amada Myrte!
Feliz Aniversário!
Abraço.
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