segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Irmã caçula

 
Lendo o texto da Vera homenageando sua irmã caçula pelo aniversário, lembrei-me do nascimento de minha irmã caçula.
Numa tarde de inverno, lá pelos idos de 1965, na nossa casa da Rua Umuarama, na Vila Prudente, logo que cheguei da escola minha mãe disse que precisava me contar uma coisa. Chamou-me em seu quarto e, enquanto arrumava algumas roupas na gaveta na cômoda, contou-me que, em breve, teríamos um nenê em casa e que ela, minha mãe, é quem daria a luz a esta criança.
Eu fiquei surpresa e confusa, mas eu queria saber tudo... Quando o bebê viria? Porque minha mãe queria mais um filho? Ela já tinha três.
Ela sentia-se envergonhada e mal me olhava ao falar... Disse que foi Deus que quis assim e pronto. E ela precisaria muito de nós, seus filhos.
Aceitei, claro e me prontifiquei a ajudar no que fosse preciso.
A partir daquele momento, eu não parava de pensar naquele bebê. Como seria ele? Como se chamaria? Seria menino ou menina?
Sentia-me feliz. Afinal, mesmo com meus quase 10 anos de idade, já entendia que era uma verdadeira benção a chegada de uma criança em casa.
Ao longo dos meses, vi o corpo de minha mãe se transformar. A barriga crescia e tinha aqueles sintomas indesejáveis... As náuseas, o desconforto, tudo enfim.
Os meses se passaram, passou o Natal de 1965, o Ano Novo também passou e minha mãe estava cada vez mais bonita, com sua barriga enorme e seu jeito delicado de acaricia-la.
Na manhã de 19 de março de 1966, minha mãe amanheceu já se sentindo mal, com dores fortes na barriga. Ela pediu-me que fosse chamar minha avó (sua mãe) e lá fui eu, correndo para casa de minha avó... Era bem pertinho, na Rua Angelina Techio Cidro, travessa de nossa rua, bem em frente à nossa casa.
Minha avó veio para nossa casa ver minha mãe e logo saiu para buscar a parteira. Era comum, naquela época, as mulheres terem seus filhos em casa mesmo, com a ajuda de uma parteira. Aliás, foi a mesma parteira que já tinha feito os outros 3 partos de minha mãe, em casa.
Lembro-me que fiquei o tempo todo no quarto ao lado, pois minha avó não nos deixava entrar no quarto de minha mãe. Eu sentia tanta dor de cabeça e minha avó me aconselhou a rezar... Sim, a fazer uma prece, para que tudo corresse bem e para que logo o nenê nascesse.
Assim fiquei; o tempo todo do trabalho de parto de minha mãe, no quarto ao lado, rezando por algumas horas.
Foi tão incrível... Assim que escutei o choro do bebê, minha dor de cabeça passou como se tirassem com a mão. Eu queria entrar no quarto imediatamente, mas minha avó não deixava... Pedia para esperarmos o momento certo e nos contou que era uma menina.
E foi assim... Quando a parteira nos autorizou a entrar para ver minha mãe e o bebê, entrei eufórica no quarto. Fui olhando curiosa por todos os lados... Muitos panos, algumas bacias com água e outras tralhas... E o bebê, nos braços de minha mãe que repousava, exausta.
Aquela menininha, tão pequena, iria mudar nossa vida para sempre. Desde seu nascimento me apeguei muito a ela e ajudava minha mãe em tudo o que fosse preciso.
Acabei mimando muito, confesso, mas hoje somos muito amigas.
Amigas e irmãs.
Ela é a Claudia Assis e amo muito.
 
Por Sonia M. de Assis Astrauskas

16 comentários:

Miguel S. G. Chammas disse...

Legal! Essa aproximação toda, foi aumentando com o tempo e hoje, pára suspresa de muitos você é considerada a irmãe da Claudi.
O que na vrdade é muito mais chique do que ser considerada de Cu (cunhado) como eu...rsrsrsrsrsrs

Arthur Miranda disse...

Sonia, como eu sou o filho cacula, lamentavelmente não posso jamais escrever sobre um irmão que vi nascer.

Anônimo disse...

Ok ok ok vc conseguiu, estou chorando muito aqui.
So tenho uma coisa a dizer: Obrigada por ser minha IRMÃE todos esses anos. Não sei o que seria de minha vida sem vc.
Te amo muito e sabe disso.
"Acho que consegui escrever sem molhar o teclado, ufa!"
Claudia Assis

margarida disse...

Soninha, muito legal a historia do nascimento de sua irmã tão querida. Naquele tempo era normal os partos acontecerem em casa. Sua reza deu certo, viu só que irmã mais linda você ganhou? E o mais bonito de tudo é o carinho que vocês tem uma pela outra. Parabéns pelo texto e parabéns pra maninha que logo vai aniversariar. Um grande beijo.

Soninha disse...

Olá, Miguel!
Sempre fomos muito próximas, minha irmã e eu...
É claro que, em alguns momentos, a vida se encarregou de nos levar para nossos caminhos, mesmo que estes caminhos fossem diferentes. Mas, importante foram os reencontros.
Obrigada.
Muita paz! Beijosssssss

Soninha disse...

Olá, Arthur!

Você, como irmão caçula, pode nos contar as histórias de vida de seus irmãos mais velhos.
Né?
Obrigada.
Muita paz!

Soninha disse...

Olá, Clau!

Entendo que não é por acaso que cruzamos os caminhos.
Deus sempre nos reserva as oportunidades de nos reencontrarmos, através das reencarnações, para cumprirmos nossa tarefa.
Eu teria tanto mais a contar, mas só uma página do blog não é suficiente.
Outras histórias virão, com certeza.
Amo você!
Muita paz! Beijossssssssss

Soninha disse...

Olá, Margarida!

Minha mãe teve todos os seus partos em casa e com a mesma parteira... Esta parteira também fez os partos de muitas outras mulheres lá de nosso bairro.
Eu costumava chamá-la de Cegonha.
Ela era muito bondosa e ria quando a chamávamos assim.
Orações sempre são bem vindas, não é? E deu certo mesmo.
Obrigada.
Muita paz! Beijossssssss

Zeca disse...

Soninha!

Que linda história! Lendo-a, é como se a menina que chegava da escola recebesse a notícia de que logo logo ela mesma iria ganhar um bebê! E com que prazer recebeu a notícia! E com que amor acolheu a nova irmãzinha! Sei que o apelido de irmãe não é por acaso! Com seu jeitinho meigo tenho certeza que cuidou dela como se seu bebezinho fosse. Daí todo o amor que as une (neste e talvez em tantas outras vidas).

Abração.

Soninha disse...

Olá, Zeca!

Minha mãe morria de vergonha de falar sobre estas coisas conosco...
Durante a gravidez da Clau, ela ficava mais em casa, recolhida, pois tinha vergonha, imagine!
Mesmo sem entender muito bem, eu busquei ajudar minha mãe. Tinha a outra irmã, mais velha, mas eu é que estava mais presente com minha mãe e depois com a nenê.
Tanto que a mimei demais, protegi demais... kkkkkkk
Temos 10 anos de diferença entre nós, mas sempre me senti sua mãe, sim.
Obrigada.
Muita paz! Beijosssssss

Modesto disse...

Soninha, que passagem linda, bela cheia de amor e respeito fraternal e maternal. Em casa, fui o sétimo filho e as duas que vieram depois, eu era muito pequeno pra lembrar, quando despertei para o mundo, elas já tinham 2 e 3 anos. Mas, o que ficou gravado, com o nascimento da Claudia, foi sua espectativa com nervozismo e orações, dores de cabeça, numa garota tão novinha. Como é difícil, hoje em dia absorver singelos e gratificantes exemplos de AMOR. Parabéns, Soninha.
Modesto

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Soninha, você nos dá mais um exemplo de amor de família, sugiro que você traga a irmâzinha no próximo encontro para fazer parte da "nossa" família, tenho certeza que ela será recebida de braços abertos valorizando ainda mais o nosso grupo, abraços, Nelinho.-

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Soninha, você nos dá mais um exemplo de amor de família, sugiro que você traga a irmâzinha no próximo encontro para fazer parte da "nossa" família, tenho certeza que ela será recebida de braços abertos valorizando ainda mais o nosso grupo, abraços, Nelinho.-

Soninha disse...

Olá, Modesto!

Mesmo criança eu ra muito preocupada com família... Era apegada à minha mãe e aquela situação me deixava bastante preocupada mesmo. Minha mãe engordou muito, a barriga ficou bem grande e ela tinha alqueles sintomas desagradaveis durante toda a gestação.
No dia do nascimento, ouvia os gemidos de minha mãe, o corre corre da parteira e de minha avó... Tudo isto me deixava anciosa e preocupada.
Depois, foi só alegria.
Obrigada.
Muita paz!

Soninha disse...

Olá, Nelinho!

A minha irmã Claudia já foi a vários encontros das redondas.
Você não se lembra?
Olhe as fotos que sempre posto por aqui ou no picasa, ou mesmo as que envio por e-mail.
Ela chegou a ir até naquela confraternização de fim de ano, na casa do Arthur.
Valeu, Nelinho.
Muita paz!

Bernadete disse...

Soninha, sei bem o que é isso. Lá em casa dos nove,oito nasceram em casa. Ficávamos no quarto ao lado esperando o chorinho do bebê. Parabéns a você e sua irmã Claudia,por manterem essa bela parceria até hoje. Gostei muito dela chama-la de IRMÃE....Vou passar a usa-la também dando os devidos créditos...bjos nas duas.
Bernadete