sexta-feira, 4 de maio de 2012

Super heróis

Dias atrás, folheando o “Estadão” dei, de cara na primeira página, uma foto dos “4 heróis”, Capitão América, Bat-Man Super Homem e Tocha Humana, pra citar os mais “recentes” como o Hulk, (parecendo uma broa de milho saindo do forno) , o esqueite Platinado, (que corre nos fios da rede elétrica, absurdo dos absurdo, porém, vendo bem todos são absurdos), consagrados no cinema, nas histórias em quadrinho e TV. Olhando aquilo, fiquei matutando, será que estamos progredindo ou regredindo? Senão, vejamos, quando tinha meus 7 ou 8 anos me “amarrava” num gibi qualquer e via nele a maior distração que o homem já produziu. Começava a ir ao cine Gloria mas, O Globo Juvenil, o Gibi, (diários e mensais) o Guri, o Lobinho e outras que foram aparecendo, eram, ainda minhas grandes atrações. Na hora do almoço ou janta, todos se reuniam em volta da mesa, menos eu. Minha querida mãe chamava, mas, fingia que não escutava, ficava na outra mesa, na saleta em que minhas irmãs trabalhavam, com o prato na frente, um dia macarronada, outros, arroz-e-feijão, carne, salada, brodo, verduras, batata cozida ou fritas, “molignana” (berinjela) e os mais variados pratos da semana, todos feitos com perfeição e carinho. O número de pratos podia não ser muito grande mas, o que ela fazia, era perfeito. A Myrtes, minha esposa, aprendeu com, ela só com as visitas esporádicas que ela fazia. Depois de casada, aí ela deslanchou, comecei a engordar e não parei mais. Mas, nosso papo era sobre gibis, e não vamos fugir do assunto, por favor, (é só lembrar das comidas da mama que a vontade de falar de outra coisa fica por fora).
Como dizia, com o prato na frente, o gibi escorado por qualquer objeto que estivesse por perto, (uma caixa vazia, um ferro de passar, uma peça de roupa, uma folha de jornal amarrotado) enfim, pra escorar a revista não precisa de muita coisa, é só mantê-la em diagonal, permitindo eu comer e ler ao mesmo tempo.
Era criticado a todo o momento, meus irmãos diziam que fazia mal a digestão, minhas irmãs, não diziam muita coisa, mas davam graças a Deus por morarmos em casa térrea senão, eu poderia me jogar de uma sacada de apartamento, imitando o Super Homem. Puro exagero. Mas, uma coisa se fazia presença: eram os preconceitos contra a leitura em quadrinhos. Começaram a surgir revistas com desenhos italianos, numa publicação do Adolfo Aizem, (não lembro o nome da revista), trabalhos artísticos de valor insuperáveis, não eram simples gibis. Quando vejo na primeira página dos jornais estas promoções, fico com vontade de gritar: “Já passei por isso, é do meu tempo, não do vosso.”
Quem diria que um dia, minhas preferências em leitura, execradas por todos, servem, hoje pra embalar no berço crianças e fazer milionários os adultos. Os nossos heróis, na época, mocinhos, não envelheceram, fizeram questão de se manterem na mesma faixa afim de continuarem sua missão de voar, viver de baixo d’água, pegar fogo, corpo a prova de balas, gritar um termo de origem hebraica e se transformar em um musculoso homem de aço, fazer mágicas em nome da justiça, viver sempre nas selvas por anos e anos, vestir roupas que parece morcego e por aí a fora. Que tempo bom, gostoso de se viver, mas...., “pêra aí”, eles estão ainda aqui, não desapareceram, por que tenho que me lastimar sobre o tempo que passou? Sabe por que? Porque eles continuam jovens, vigorosos, fortes, imbatíveis, justiceiros e invencíveis. Estão, até mais bonitos, enquanto eu, o principal defensor deles, teimosamente agarrado aos seus feitos, ENVELHECI, porca miséria.
Por Modesto Laruccia

7 comentários:

Miguel S. G. Chammas disse...

kkkkkk Mô, teu texto me fez soltar algumas gargalhadas, não de gozação, mas de lembranças, e por concordar que nos estamos passando e os Super-herois estão por aí, lindos e faceiros.
Num pensamento introspectivo me pergunto, como estará meu amigo Mandrake? E o Fantasma continua eterno?
Possivelmente em ótimo estado, enquanto eu sofro por aqui as dores de uma coluna vertebral desgastada; Aiii que injustiça!

Luiz Saidenberg disse...

Os heróis da Marvel e DC Comics continuam soltos por aí, Mô, barbarizando em filmes com os maiores efeitos especiais.
Mas, a mim não impressionam mais, se é que um dia impressionaram.
E olhe que já desenhei quadrinhos. Naquele tempo, como hoje, o verdadeiro Super Herói dessas histórias era o desenhista nacional, abnegado e sub pago.
Enquanto os americanos, e agora os japoneses deitam e rolam....

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Modesto, gostei do texto, será que o Mandrake casou com a pricesa Narda? será que o Lothar perdeu a massa muscular ao passar dos anos?, boas lembranças caro Modesto mas super heróis somos nós para sobreviver com a o salário de aposentado, parabéns Nelinho.-

suely aparecida schraner disse...

Boa analogia Modesto, o tempo alcança a todos, só não aos super-heróis.Rarará.

Marcos Falcon disse...

Amigo Modesto não se preocupe, pois você é imortal através de suas crônicas e estará presente nas futuras gerações como "O Espirito que Anda" e sempre sua marca da caveira será reconhecida em seus textos.
Grande abraço de seu amigo Guran

http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Fantasma

Soninha disse...

Oieee...

Nossos heróis, de todos os tempos...
Que bacana!
Muitos de nossos verdadeiros heróis jamais morrerão, pois são e serão as referências boas em nossas vidas.
Tomara possamos ser, também, heróis de paz que possam marcar a vida de nossos descendentes!
Obrigada, Modesto.
Muita paz!

Wilson Natale disse...

Ahahahahahaaaa!
Larù carissimo, em casa tínhamos uma biblioteca!
Ela ficava no banheiro. Era uma caixa grande, transformada em estante pelo meu avô.
E todos n´s éramos intelectuais "gibizeiros"...Ahahahaaaaa! Banheiro transformado em sala de leitura, imagina as encrencas que davam...
Ao contrário do que se pensa, os gibís nos ensinavam a ler, formavam o nosso intelecto de forma positiva. Pois, sempre traziam lições e mensagens positivas.
Meu grande herói foi o FANTASMA.
No seu texto pude perceber que - como criança - éramos todos iguais. Variava no gosto e preferência. Mas o gosto pelos GIBIS era o mesmo.
E continua hoje em dia. E, hoje, a preferência é pelos MANGÁS.
Bacio in testa,
Natale